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TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA COM O DESENVOLVEDOR Introdução

Luise: “Bem-vindo à nossa entrevista, e antes de tudo, muito obrigada pela sua participação. Eu preparei uma série de perguntas, e, caso a gente acabar se delongando ou surgir um imprevisto de você precisar sair, podemos quebrar tudo em duas etapas sem problemas. Eu sugiro começarmos e vermos quanto tempo será necessário, conbinado? Eu ainda preciso te falar que a pesquisa possui fim acadêmico, será anônima e nem a empresa nem seu nome serão divulgados. As perguntas que farei serão bastante abertas, então normalmente não existe uma resposta sim ou não, e com certeza não existe um correto ou falso. Então, se tiver perguntas ou quiser adicionar alguma coisa, por favor fique à vontade!”

Perguntas demográficas

1. Qual é sua função nesta empresa?

Dev: “Sou desenvolvedor front-end. Ou seja eu implemento as lojas em quesitos de códigos front-end. Seriam isso?”

Luise: “Sim, perfeito. Não se preocupe, pode responder o que vier à sua mente e se eu tiver dúvidas eu faço mais perguntas.”

Dev: “Maravilha.”

2. Quais são as principais atividades relacionadas à sua função?

Dev: “Implementação eu diria. Isso quer dizer pegamos o Layout aprovado pelo cliente e buscamos representar ele exatamente assim na loja, nos diferentes browsers, resoluções de telas e tudo. Também somos responsáveis pelas funcionalidades, precisa estar tudo

funcionando corretamente e trazer os dados do backend, comportamentos esperados, tudo isso para não ocorrer nenhum bug. Às vezes também desenvolvemos alguma coisa específica que o cliente tenha contratado dentro da loja. Funcionalidades mais complexas que fogem o padrão e necessitam de um esforço extra.”

3. Você é formado em que área?

Dev: “Originalmente em design gráfico, mas trabalho com desenvolvimento no front há mais de 13 anos.”

4. E trabalha aqui há quanto tempo? Dev: “Há quase dois anos.”

Perguntas sobre a área de projetos em geral

5. Qual seu envolvimento com os projetos da empresa?

Dev: “Na verdade eu só trabalho com os projetos, sou do time de devs da área de projetos.” 6. A organização em projetos reflete no seu fluxo de trabalho?

Dev: “Reflete muito. O fluxo no suporte é bem diferente, vêm demandas pequenas, diárias e normalmente se trata de bugs. Aqui desenvolvemos todo o site do zero e temos a

responsabilidade de evitar bugs.”

Luise: “Você diria que é um trabalho mais exigente?”

Dev: “De certa maneira sim. Você tem que ter um conhecimento muito mais amplo. Mas ficar horas em cima da descoberta de um bug também pode ser tricky.”

7. Quais similaridades você vê entre os projetos desta empresa?

Dev: “Que são ecommerces? Pelo menos normalmente. às vezes tem mobile junto, às vezes não e alguns projetos são maiores e outros mais padrão, mas existe uma série de atividades que sempre se repetem.”

8. Quais desafios você vê nos projetos nesta empresa?

Dev: “Desafio sempre é a entrega a tempo. E a garantia que não terá nenhum bug e que esteja tudo de acordo com o Layout aprovado. O Layout pode ser um grande desafio às vezes, os designers nem sempre facilitam para a gente.” (ri)

Luise: “Você vê a questão dos prazos como um problema?”

Dev: “Às vezes. A questão do Layout eu acho mais crítica mesmo. Isso inclusive pode impactar o prazo e a quantidade de ajustes necessários depois.”

9. De quais melhorias no setor você sente necessidade? E se puder mencionar junto em que área específica e quem seria o responsável, por favor.

Dev: “No setor em geral eu não vou saber dizer, tipo, o que seria prioridade. Mas para nós, por exemplo, seria importante falarmos mais com os designers, e eles também precisam nos consultar mais antes de colocar algo no Layout que pode depois ser muito difícil ou impossível de implementar. Acho que sempre há espaço para melhorarmos a qualidade dos projetos e aprendermos as novas tecnologias que estão surgindo.”

Perguntas sobre as áreas de conhecimento da GP baseados em modelo do Guia PMBOK e resultados das pesquisas sobre razões do fracasso de projetos

10. (Integração) Você acredita que o seu Gestor de Projetos possui uma boa visão do todo dos projetos?

Dev: “Acho que em geral sim. Tecnicamente não de tudo, mas ele sabe quando nos perguntar.”

Luise: “E você diria que ele sempre sabe em qual ponto do desenvolvimento um projeto está? Por exemplo, para saber quando corre o risco de atrasar?”

Dev: “Ele sabe em qual etapa está, só tem duas grandes etapas mesmo. Mas em qual momento específico, só quando perguntar para a gente. E para saber se vai atrasar, tem que olhar mais do que isso, tem que olhar quais tipos de funcionalidades ainda estão para

desenvolver. Porque isso pode depender de projeto a projeto. Não quer dizer que, porque estou terminando o carrinho de compras, amanhã pode ir para homologação do cliente. Isso pode ser o caso, mas também pode ser que ainda falte muita outra coisa. Às vezes também ele (o gestor de projetos) não sabe quais são as informações que faltam do cliente, isso acontece

que precisamos lembrar ele. Quando eu não tenho essas informações não posso terminar certas partes.”

11. (Escopo) Você normalmente conhece o escopo dos projetos? Ou seja, sabe quais as entregas finais esperadas?

Dev: “Com certeza. Se não, não saberia fazer meu trabalho. Claro, algumas coisas eu preciso perguntar. Mas já conheço mais ou menos as partes que podem ou não estar envolvidas no escopo. Se é padrão, tocamos ficha direto. Se não, preciso tirar algumas dúvidas com o (nome do gerente de projetos).”

12. E você e sua equipe normalmente se sentem capaz de desenvolver o requisitado? Dev: “Isso é uma boa pergunta. Se é um projeto padrão, sem dúvidas. Só não pode esperar uma entrega em tempo recorde. Mas às vezes vêm algumas demandas que foram vendidas ou apresentadas sem considerar a parte técnica e aí eu preciso pesquisar e testar bastante.”

13. Você sente que ao longo do projeto são desenvolvidas atividades que não contribuem às entregas finais?

Dev: “Que eu saiba não.”

14. Acontece de ter retrabalho porque os objetivos ou as entregas finais não foram bem definidos?

Dev: “Acontece mais quando o dev não implementa corretamente o Layout. Também acontece às vezes de ter aprovado algo que não faz sentido em termos de usabilidade, mas é mais raro. Nosso objetivo é implementar o Layout e fazer o site funcionar. É óbvio que isso é bem mais complexo do que soa, mas não tem muito como errar esse objetivo. Um trabalho ruim, tipo uma gambiarra no código mais cedo ou mais tarde se percebe. E quem fizer isso, principalmente quando existe uma alternativa limpa, não fica muito tempo no time.”

Luise: “Existe bastante rotatividade no time?”

Dev: “Mais ou menos, para uma agência é até pouco. Depois que uma pessoa passar do tempo de experiência, ela normalmente fica um certo tempo. Nisso, estou falando do time de projetos somente. Tem um pouco de rotatividade quando alguém saiu e estão tentando ocupar a posição vaga. Se a pessoa não mostrar desempenho não vai ficar. Se não prejudicaria o time todo. Não temos essa margem de teste nos projetos, todos tem que saber implementar todas as funcionalidades.”

15. (Tempo) Como você percebe o tempo para o desenvolvimento dos projetos? Dev: “É curto. Com alguns projetos corremos bastante para a entrega. Mas normalmente é okay. É curto, mas dá certo. Mas tem que dizer que com mais tempo às vezes conseguiríamos entregar soluções melhores.”

16. Quais você diria são as principais razões para o atraso de projetos?

Dev: “Internamente atrasamos pouco, digo, por culpa da agência. Só quando o projeto já foi fechado com prazos impossíveis ou quando surge algo muito complexo ao longo do projeto.” Luise: “O que seria isso?”

Dev: “Um comportamento ou funcionalidade incomum. Que é demorada de fazer e não sabíamos antes que teria ou fizemos de uma certa maneira mas o cliente não gostou. Dependendo de quem é o cliente precisamos fazer mesmo assim.”

Luise: “E como você e sua equipe se organizam para evitar atrasos? Consegue pensar em alguma ferramenta que poderia ajudar nisso?”

Dev: “Nos separamos as atividades necessárias para a loja ficar pronta entre a gente. E cada um cuida de sua parte. Se eu sou responsável por algo eu atraso menos, porque serei...bom, responsabilizado por isso. Já tivemos uma política também de ter um pai de cada projeto, eu gostava disso.”

Luise: “O que seria esse pai de projeto?”

Dev: “Alguém da nossa equipe responsável pela organização e pela qualidade do projeto. A gente ia revezando nisso.”

Luise: “E essa prática não tem mais?”

Dev: “Digamos que não é algo constante, às vezes tem um pai do projeto e às vezes não.” Luise: Então vocês não registram essas responsabilidades de cada um? É distribuído e aí cada um sabe sua parte, seria isso?”

Dev: “Basicamente, sim. Até tinhamos um documento disso, mas confesso que não é uma prática muito frequente preenchermos. O (nome do gerente de projetos) briga às vezes conosco, mas como não é tanto reforçado no início do projeto, acabamos definindo entre a gente e aí cada um já parte para suas responsabilidades.”

17. Entendi. E você diria que fica ocioso em certos períodos?

Dev: “Isso já é mais raro. Sempre tem um projeto ou algum ajuste ongoing. Até queria estar mais ocioso - não ocioso no sentido da palavra, mas para poder ter um tempo e pesquisar e testar novas tecnologias, repensar um pouco nossas metodologias de trabalho.”

Luise: “Entendi. Você se sente estressado com o pouco tempo disponível para entregar os projetos?”

Dev: “Às vezes sim.”

1. (Custos - Não avaliados por não se tratar de função de liderança). 18. (Qualidade) Como é a sua satisfação com a qualidade dos projetos?

Dev: “A princípio entregamos com uma qualidade muito boa, é uma razão de muito lojista procurar a gente. Já trabalhei em outros lugares e aqui a qualidade realmente é prioridade. Por exemplo o tempo de carregamento de nossas lojas é muito curto, elas carregam muito rápido, o que é algo muito importante para o usuário. Eu só acho que às vezes teríamos ainda menos ajustes se tivêssemos um pouco mais de tempo no próprio desenvolvimento. E o carregamento podia ser mais rápido ainda com esse tempo a mais. Muito ainda acontece na correria.”

19. Quais para você seriam os critérios para um projeto de qualidade? Existe alguma medida que possibilita a comparação entre os projetos?

Dev: “O que define um projeto de qualidade é acuracidade com o Layout, liberdade de bugs, boa usabilidade e carregamento rápido. Nem tudo isso depende só da gente, mas sem a gente todos os planos desses fatores não dariam certo.” (ri)

Luise: “Sabe se vocês chegam a medir esses fatores?”

Dev: “Pois é, deveríamos. Isso normalmente só ocorre quando o projeto vai para o setor de performance, ou quando o próprio cliente monitora seus analytics a respeito do site. Mas não é com todos os projetos. O tempo de carregamento eu olho às vezes por curiosidade, é fácil de medir, tem ferramentas para isso.”

20. (Recursos Humanos) Mudando um pouco de assunto, você acredita que sua equipe é grande o suficiente?

Dev: “Olha, com mais pessoas seríamos mais rápido. Mas também tem que ter uma

coordenação em equipe melhor. E teria que ser uma pessoa boa. Então acho que no momento está bom.”

21. Como você avalia a sua motivação?

Dev: “Depende. Eu não diria que ando todos os dias super motivado. Mas está okay, afinal é trabalho, não é pra ser divertido o tempo todo. E aqui ainda temos um clima bastante

agradável. O administrativo organiza pequenas ações, tem bolo cada mês, quando tiver um pequeno problema eu posso falar sem ter que ter medo de ser demitido. Claro, isso porque já mostrei muito serviço e porque precisam de mim (ri). Mas o que quero dizer é que aqui ninguém grita com ninguém e essas coisas.”

22. Vocês possuem treinamentos individuais ou da equipe?

Dev: “Organizados pela empresa nenhum. Eu busco algumas coisas por conta própria, mas não me lembro de termos tido isso aqui. Acho que é falta de tempo e teria que investir também. O que temos às vezes são talks internos, com alguém repassando um certo conhecimento específico. Mas é para a empresa toda e dura em torno de uma hora então não dá para entrar muito em detalhes técnicos. E infelizmente virou algo bastante raro.”

23. Se eu pedisse para você avaliar o desempenho de sua equipe, quais critérios utilizaria?

Dev: “É difícil de dizer. O tempo que leva para implementar uma funcionalidade específica pode variar de acordo com o Layout, fatores como instabilidades na plataforma e outras coisas. O mesmo é o tempo de carregamento de uma página, porque é um trabalho em conjunto. Mas avaliar a equipe como um todo acaba sendo um pouco injusto também. Sinceramente, eu não saberia dizer. Acho que é algo mais qualitativo mesmo. O que sempre acho legal observar é quando alguém traz algo novo que nos ajuda ou quando melhora seu próprio desempenho. Quando percebo, por exemplo, que hoje levo metade do tempo para desenvolver a página de produto, do que quando comecei na área. Esses pequenos sucessos deveriam ser vistos também.”

24. (Comunicações) Você sente que possui todas as informações necessárias para exercer seu trabalho?

Dev: “Acho que seria bom ter uma visão mais geral do projeto como um todo, antes de começarmos a desenvolver ele. Não que precise disso necessariamente para meu trabalho,

mas nos motivaria mais, acho. E více-versa, podíamos dar algumas sugestões ainda na fase da criação. Isso iria agregar ao projeto como um todo.”

25. Quando algum novo designer/desenvolvedor entrar na sua equipe, existe algum material de apoio para essa pessoa? Como ela é treinada?

Dev: “Material específico nosso não temos, mas eu recomendo alguns sites e tutoriais. De qualquer forma passa por uma fase de aprendizado.”

Luise: “Como é essa fase?”

Dev: “A princípio a pessoa tem que se virar, é o mínimo. Mas eu e o time estamos sempre abertos para dúvidas.”

26. Falando em aprendizado, é comum aproveitar códigos de projetos passados para outros?

Dev: “Onde possível, sim, a base. Mas nem todos nossos códigos estão estruturados da maneira que isso seria possível. E o principal trabalho, a adequação do Layout, permanece porque é diferente em cada projeto.”

27. (Riscos) Quais você considera os principais riscos dos projetos nesta empresa? E o que é feito para prevení-los?

Dev: “A plataforma da VTEX estar fora, talvez. Isso não acontece tanto, tanto, mas quando acontecer em um dia importante, próximo à entrega, pára todo nosso trabalho. O mesmo vale para o cliente não liberar ou não pagar a parcela da plataforma. E quando não temos luz ou internet. Nesses casos esperamos um pouco e se não voltar geralmente trabalhamos de casa. Mas até chegar lá e baixar e instalar tudo, e sem a comunicação com a equipe, quer dizer só via Slack, não é tão eficiente assim. Dias assim atrapalham muito.”

28. (Aquisições - respondido em cima.)

29. (Stakeholders) Você observa às vezes conflitos de interesse entre as partes envolvidas impactando nos projetos?

Dev: “Observo, e bastante. Entre designers e devs, entre a homologação interna e o cliente. Talvez isso seja um risco também. Que talvez desenvolvemos algo e não é exatamente aquilo que o cliente deseja. Não é em tudo que isso pode acontecer, mas existe uma margem para esses conflitos. Também às vezes a VTEX possui o interesse de implementar a solução mais complexa e nós de aplicar a mais performática ou pelo menos que cabe no escopo vendido.” Perguntas sobre a atual Estrutura de Gestão de Projetos

30. Você acha a Gestão de Projetos nesta empresa organizada?

Dev: “Com certeza hoje é muito mais do que era antigamente. Mas ainda tem muita coisa que está um pouco perdida. Muita coisa que não nos comunicamos, não ficamos sabendo, fazemos de última hora, sabe? Vejo o nosso gestor muito sobrecarregado, ele está o tempo todo

31. Você conhece as estruturas que são usadas para gerenciar os Projetos aqui na empresa? Quais partes você possui mais contato?

Dev: “Eu conheço uma parte. Na verdade exatamente as que eu mais tenho contato. Por exemplo as planilhas de homologação. Que é onde fazemos nossa controle de qualidade, e o cliente também pontua seus desejos de ajustes. Claro que aí tem o filtro da GP, para ver o que será feito e o que não, de acordo com o escopo. Eu sei também que existe um cronograma para cada projeto e um projeto de Painel, não sei em qual pé está. Ah, e acho que o Jobber conta também.”

Luise: “Essas ferramentas te auxiliam? Em algum momento você se sente incomodado pelo uso delas?”

Dev: “A planilha de homologação é muito boa. O registro das horas me incomoda muito, porque é algo chato de lembrar todos os dias. Mas eu vejo que é algo necessário, então eu faço.”

Luise: “Você teve envolvimento com a escolha ou o desenvolvimento da estrutura atual de projetos?”

Dev: “Que eu lembre não.”

32. Quais ferramentas você julga como importantes para o projeto? Das que você conhece e que poderia imaginar também.

Dev: “Acho que a planilha de homologação, porque assegura a qualidade. E o cronograma para a gestão e o cliente. E o Painel eu adoraria ver completo. As vezes que eu vi não estava atualizado e acho que eu não tenho acesso, mas seria muito bom ver todos os projetos que já implementamos, que estão para vir e tudo isso. Talvez com algumas infos do porque

atrasaram, o que foi muito bem feito e tudo isso. E eu não sei se isso existe, mas eu queria muito uma ferramenta para dar sugestões nos projetos.”

33. O quão aberto você estaria para um novo sistema? Você possui alguma ferramenta como referência?

Dev: “Olha, sinceramente, não estaria muito aberto não. Claro que pode melhorar algumas coisas, mas eu acho que deveríamos focar no próprio trabalho de desenvolvimento, e ter algumas planilhas, documentos e tal, como apoio. Se melhorar um pouco nossas planilhas que existem e talvez dar uma atenção para aqueles pontos que falei antes, acho que seria bem mais proveitoso do que ter que se acostumar a um sistema novo, cheio das funcionalidades que nem usamos, sabe?”

34. Entendi. Muito obrigada por todas essas informações, com certeza agregou muito ter sua visão de tudo. Tem mais alguma coisa que gostaria de agregar?

Dev: “Acho que não, por enquanto. Se não, posso te falar depois?” Luise: “Com certeza, fique à vontade.”