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Transtorno Psicótico Devido a Outra Condição Médica

No documento DSM V português (páginas 159-162)

Critérios Diagnósticos

A. Alucinações ou delírios proeminentes.

B. Há evidências da história, do exame físico ou de achados laboratoriais de que a perturbação é a consequência fisiopatológica direta de outra condição médica.

C. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental. D. A perturbação não ocorre exclusivamente durante o curso de delirium.

E. A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.

Determinar o subtipo:

Código baseado no sintoma predominante:

293.81 (F06.2) Com delírios: Se os delírios são o sintoma predominante.

293.82 (F06.0) Com alucinações: Se as alucinações são o sintoma predominante.

Nota para codificação: Incluir o nome da outra condição médica no nome do transtorno mental (p.

ex., 293.81 [F06.2] transtorno psicótico devido a neoplasia pulmonar maligna, com delírios). A outra condição médica deve ser codificada e listada em separado imediatamente antes do transtorno psi- cótico devido à condição médica (p. ex., 162.9 [C34.90] neoplasia pulmonar maligna; 293.81 [F06.2] transtorno psicótico devido a neoplasia pulmonar maligna, com delírios).

Especificar a gravidade atual:

A gravidade é classificada por uma avaliação quantitativa dos sintomas primários de psicose, o que inclui delírios, alucinações, comportamento psicomotor anormal e sintomas negativos. Cada um desses sintomas pode ser classificado pela gravidade atual (mais grave nos últimos

sete dias) em uma escala com 5 pontos, variando de 0 (não presente) a 4 (presente e grave). (Ver Gravidade das Dimensões dos Sintomas de Psicose Avaliada pelo Clínico no capítulo “Instru- mentos da Avaliação”.)

Nota: O diagnóstico de transtorno psicótico devido a outra condição médica pode ser feito sem

a utilização desse especificador de gravidade.

Especificadores

Além das áreas de domínio de sintomas identificadas nos critérios diagnósticos, a avaliação dos sintomas dos domínios cognição, depressão e mania é fundamental para que sejam feitas distin- ções importantes entre os vários transtornos do espectro da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos.

Características Diagnósticas

As características essenciais do transtorno psicótico devido a outra condição médica são delírios e alucinações proeminentes atribuídos aos efeitos fisiológicos de outra condição médica, não sen- do mais bem explicados por outro transtorno mental (p. ex., os sintomas não são uma resposta psicologicamente mediada por alguma condição médica grave, caso em que deve ser apropriado um diagnóstico de transtorno psicótico breve, com estressor evidente).

Podem ocorrer alucinações em qualquer modalidade sensorial (i.e., visual, olfativa, gustativa, tátil ou auditiva), mas alguns fatores etiológicos provavelmente evocam fenômenos alucinatórios específicos. Alucinações olfativas sugerem epilepsia do lobo temporal. As alucinações podem va- riar de simples e informes a altamente complexas e organizadas, dependendo de fatores etiológicos e ambientais. Transtorno psicótico devido a outra condição médica não costuma ser diagnosticado se o indivíduo tem o teste de realidade preservado para alucinações e avalia que elas resultam da condição médica. Delírios podem ter uma variedade de temas, incluindo somático, de grandeza, religioso e, mais comumente, persecutório. Em geral, porém, as associações entre delírios e condi- ções médicas particulares parecem ser menos específicas do que no caso das alucinações.

Na determinação de se a perturbação psicótica é atribuível a outra condição médica, precisa ser identificada a presença de uma condição médica considerada a etiologia da psicose por meio de um mecanismo fisiológico. Embora não existam diretrizes infalíveis para determinar se a rela- ção entre a perturbação psicótica e a condição médica é etiológica, várias considerações oferecem alguma orientação. Uma delas é a presença de associação temporal entre o início, a exacerbação ou a remissão da condição médica, bem como da perturbação psicótica. Outra consideração é a presença de características atípicas para o transtorno psicótico (p. ex., idade atípica de início ou presença de alucinações visuais ou olfativas). A perturbação deve também ser diferenciada de transtorno psicótico induzido por substância/medicamento ou de outro transtorno mental (p. ex., transtorno de adaptação).

Características Associadas que Apoiam o Diagnóstico

A associação temporal do início ou da exacerbação da condição médica oferece a maior certeza diagnóstica de que os delírios ou as alucinações são atribuíveis a uma condição médica. Outros fatores podem incluir tratamentos concomitantes para a condição médica subjacente que confe- rem risco de psicose independente, como tratamento com esteroides para distúrbios autoimunes.

Prevalência

Taxas de prevalência para transtorno psicótico devido a outra condição médica são de difícil es- timativa, considerando-se a ampla variedade de etiologias médicas subjacentes. A prevalência ao longo da vida é calculada como variando de 0,21 a 0,54%. Quando os achados da prevalência são

estratificados por faixa etária, pessoas com mais de 65 anos têm prevalência significativamente mais elevada de 0,74% na comparação com as que pertencem a faixas etárias mais jovens. As taxas de psicose também variam conforme a condição médica subjacente; as condições mais co- mumente associadas à psicose incluem distúrbios endócrinos e metabólicos não tratados, distúr- bios autoimunes (p. ex., lúpus eritematoso sistêmico, encefalite autoimune do receptor N-metil- -D-aspartato [NMDA]) ou epilepsia do lobo temporal. Psicose em decorrência de epilepsia foi, ainda, diferenciada em psicose ictal, pós-ictal e interictal. A mais comum é a pós-ictal, observada em 2 a 7,8% dos pacientes com epilepsia. Entre os indivíduos com mais idade, pode haver eleva- da prevalência do transtorno em mulheres, embora características adicionais relativas ao gênero não estejam claras, e apresentem variações consideráveis em razão das distribuições por gênero das condições médicas subjacentes.

Desenvolvimento e Curso

Transtorno psicótico devido a outra condição médica pode ser um estado passageiro isolado ou pode ser recorrente, ciclando com as exacerbações e remissões da condição médica subjacente. Embora o tratamento da condição médica subjacente costume resultar em resolução da psicose, nem sempre é esse o caso, e os sintomas psicóticos podem persistir por muito tempo após o evento médico (p. ex., transtorno psicótico por lesão encefálica focal). No contexto de condições crônicas, como esclerose múltipla ou psicose interictal crônica da epilepsia, a psicose pode assu- mir um curso prolongado.

A expressão de um transtorno psicótico devido a outra condição médica não difere substan- cialmente na fenomenologia, dependendo da idade na ocorrência. Grupos de pessoas com mais idade, porém, têm alta prevalência do transtorno, o que é, mais provavelmente, devido à maior sobrecarga médica associada à idade avançada e aos efeitos cumulativos de exposições nocivas e processos relacionados ao envelhecimento (p. ex., aterosclerose). A natureza das condições médicas subjacentes provavelmente muda ao longo da vida, com grupos mais jovens mais afetados por epilepsia, trauma encefálico, doença autoimune e doenças neoplásicas no começo ou porção in- termediária da vida, e pessoas mais velhas mais afetadas por doença como acidente vascular cere- bral, eventos anóxicos e múltiplas comorbidades sistêmicas. Os fatores subjacentes ao aumento da idade, como prejuízo cognitivo preexistente e prejuízos visuais e auditivos, podem significar risco maior de psicose, possivelmente funcionando para baixar o limiar para a ocorrência da doença.

Fatores de Risco e Prognóstico

Modificadores do curso. A identificação e o tratamento da condição médica subjacente cau-

sam o maior impacto no curso, ainda que lesão preexistente no sistema nervoso central possa conferir um resultado pior no curso (p. ex., trauma encefálico, doença cerebrovascular).

Marcadores Diagnósticos

O diagnóstico de transtorno psicótico devido a outra condição médica depende da condição clínica de cada pessoa, e os exames diagnósticos irão variar conforme essa condição. Uma va- riedade de condições médicas pode causar sintomas psicóticos. Incluem condições neurológicas (p. ex., neoplasias, doença cerebrovascular, doença de Huntington, esclerose múltipla, epilepsia, lesão ou prejuízo nervoso visual ou auditivo, surdez, enxaqueca, infecções do sistema nervoso central), condições endócrinas (p. ex., hiper e hipotireoidismo, hiper e hipoparatireoidismo, hi- per e hipoadrenocorticismo), condições metabólicas (p. ex., hipoxia, hipercarbia, hipoglicemia), desequilíbrios hídricos e eletrolíticos, doenças hepáticas ou renais e distúrbios autoimunes, com envolvimento do sistema nervoso central (p. ex., lúpus eritematoso sistêmico). Achados associa- dos do exame físico, achados laboratoriais e padrões de prevalência ou aparecimento refletem a condição médica etiológica.

Risco de Suicídio

O risco de suicídio no contexto de um transtorno psicótico devido a outra condição médica não está delineado com clareza, embora algumas condições como epilepsia e esclerose múltipla sejam associadas a taxas mais altas de suicídio, que podem aumentar ainda mais na presença de psicose.

Consequências Funcionais do Transtorno

No documento DSM V português (páginas 159-162)