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O professor Claudio nasceu em São Paulo, capital, tem 29 anos, é solteiro, auto declara-se branco. Reside com seus pais, uma irmã e um irmão, na cidade de Guarulhos/ SP.

Das memórias de sua infância traz que já sabia ler antes de entrar na escola, que seu pai o ensinava e que nunca teve dificuldade para aprender. Na escola, lembra-se que teve professoras e que só foi ter professor na sexta série, “professor de história”.

Quanto aos estudos dos seus familiares, diz que sua mãe cursou até o Ensino Fundamental I (antiga quarta série) e seu pai Superior Incompleto (Engenharia). Dos seus dois irmãos e uma irmã; o mais velho e sua irmã fizeram o Ensino Médio completo, ele estuda música, e seu irmão caçula está cursando Engenharia de Produção. Somente o irmão mais velho é casado, sem filhos.

O professor Claudio sempre estudou em escola pública, em torno dos 13, 14 anos, fez Curso de Mecânica no SENAI/SP, e posteriormente Técnico em Mecânica, na Escola Técnica Federal/SP. Trabalhou um tempo na indústria (estágio), mas sentia-se infeliz diante do ambiente de forte concorrência e, hoje vendo seu irmão mais novo, que trabalha em indústria, acha que fez a escolha certa de não ir para esse lado, “talvez em outras coisas que eu poderia ter feito, não”.

Relata que cursou o SENAI, porque seu pai também fez, pois segundo o professor Claudio, somos o reflexo de nossa família. Disse ter pensado muito sobre isso posteriormente, “principalmente se você toma um rumo diferente, porque é o que se apresenta mais fácil para você. Aquele caminho [...] que alguém já percorreu”. Assim sendo, prestar concurso público, ter um emprego público, não fazia sentido se não fosse sua mãe falar.

Foi na época que estava no SENAI, fazendo estágio, que sua mãe o estimulou a prestar o concurso para Agente de Desenvolvimento Infantil (ADI) na rede de ensino de Guarulhos. “Era um trabalho temporário, mais a questão do concurso público”. Ele tinha em torno de vinte e um anos,

[...] havia umas 200 vagas, e tinha vários homens na época e bastante gente passou. [...] Eu não tinha muita ideia do que ia me esperar e eu acho que eles também não, e a maioria encarava como temporário, não tinha uma visão de continuar naquilo [...]. Tinha a questão de ser funcionário público (grifo nosso).

Lembra-se de dois deles que não estão mais na rede, um é advogado e o outro empresário, e de outro, que também era da sua época, estava como PEB, mas não sabia dizer

se ele continuava na rede, “mas eu acho que a maioria das pessoas (...) mudaram para outras atividades”.

A ideia era fazer “uma engenharia”, mas desistiu, pois embora pensasse na questão financeira estava com dúvida do que fazer. “[...] Meu pai esperava que eu me tornasse engenheiro, muito do que eu fiz foi baseado nessa expectativa dele [...]”. Considera que financeiramente ia ser mais reconhecido e valorizado, já como professor não. Além de engenheiro, também advogado, médico, seria muito mais valorizado. Pensou muito, porque há um questionamento social. Tem aquela visão, “trabalhar com criança é mulher, professora, [...] a questão familiar também via dessa maneira”.

Trabalhar na educação via como um serviço temporário, para avaliar o que realmente gostaria de fazer. Foi aprovado no concurso para ADI27, e ficou por quase dois anos, primeiro com BII e depois Maternal.

6.3.1 A docência na Educação Infantil

O professor Claudio diz que foi uma realidade muito diferente, quando assumiu como ADI, no BII, pois não tinha tido contato com crianças na sua família, e que foi “aquele choque inicial”, mas considerava mais interessante que a indústria. “Eu sentia uma certa recompensa, não digo financeira, mas você vê as crianças aprendendo, (...) era diferente do trabalho na indústria”. Trabalhar na indústria era para ganhar o seu dinheiro e para o dono desta, e isso era uma questão para ele, pois “não via nada de interessante humanamente”. Acredita que o dinheiro é importante, mas não sabe se estava disposto a trabalhar só por dinheiro. “Eu acreditava em mim, eu tinha um potencial e seria engenheiro. Poderia passar na USP, ou em qualquer lugar. [...] Mas a questão era mais o que eu queria fazer para o resto da minha vida”.

Narrando sobre o seu início explicita suas aprendizagens, no contato com as crianças e com as profissionais que trabalhou, além das reflexões que essa experiência suscitou.

Trabalhar com as crianças é uma experiência, é muito importante, mudou minha vida assim de certa forma. Você pensa na sua família, você pensa a questão das crianças. Mudou muito a minha vida, na maneira que eu enxergava, aprendi não só com as crianças, mas com as pessoas que eu trabalhei. A dificuldade inicial foi grande, era um universo totalmente diferente, eu aprendi muito com as pessoas que estavam ali comigo, que foi o mais importante do que eu carrego. [...] Coisas que eu não fazia ideia. Eu não tinha ideia do que era uma criança, como ela se desenvolvia [...], o que ela fazia em cada idade. Eu tinha convivido com meu irmão, mas criança não presta atenção nesse tipo de coisa, e assim, não só, mas as experiências de vida da própria pessoa. [...] Na época, eu já pensava sobre isso, já pensava sobre a minha

trajetória e dos outros e via várias histórias - desde a senhora que era dona de casa e resolveu trabalhar, porque os tempos estão mudando; e pessoas que estavam lá só para pagar a faculdade (grifo nosso).

E ainda mais,

Você vai aprendendo, você vai automatizando algumas coisas, você vai compreendendo como eles se desenvolvem, a personalidade de cada um, conforme vão surgindo as situações. Eu lembro que eu [...], é até engraçado, eu não tinha contato com criança e a minha imunidade era muito baixa. [...] Duas vezes eu fiquei com começo de pneumonia (sorri), porque assim, era fatal, ficava indisposto. [...] Eu lembro que no começo eu fiquei muito doente, e eles tudo, lá, doentinhos, você fica doente junto (sorri); depois eu fui adquirindo [...] imunidade e depois eu fui conseguindo trabalhar com isso, mas ali eu já fui percebendo [...] que era um ambiente diferente (grifo nosso).

Quanto ao trabalho que ele desenvolvia assim que entrou na rede, ele conta que naquela época, já girava em torno de atividades e que ele estava aprendendo. As crianças ficavam em período integral e os/as ADIs, das 8h às 17h, e que sobrava pouco tempo para as atividades e brincadeiras. Relata que tinha uma parte “muito braçal, [...] de dar banho”. Diz quenaquela época, não tinha muito essa questão de preconceito, pois era todo mundo junto no trocador e que “não tinha caído minha ficha ainda, nesse sentido”.

Da mesma forma que o professor André (6.2), o professor Claudio (ambos entraram no mesmo ano na Rede) também prestou o concurso interno para trabalhar na secretaria da escola como Apoio Administrativo28, pois conforme este afirma, pagava melhor. Relata ter ficado durante sete anos nessa função, e que aprendeu muito sobre a “máquina educacional, que a gente como professor desconhece”, embora fosse desgastante mentalmente, por conta dos prazos a serem cumpridos, mais do que trabalhar com as crianças.

Retorna, em 2011, para a sala de aula, com BII, devido estar cursando Pedagogia, e que são três pessoas na sala, caso necessite se ausentar. No Maternal, são somente duas pessoas e seria mais complicado, já o BI

[...] está um pouco além de mim, pela questão assim mais maternal, a questão da mãe, eles são muito pequenos. [...] Nunca visei pegar o Berçário I, por escolha própria não. [...] Se eu tivesse que pegar, não por escolha, eu trabalharia normalmente, até porque a faixa de zero a três, né? Eu não pegaria BI, [...] sei lá as crianças são muito pequenininhas, exige talvez uma delicadeza maior, [...] talvez seja a minha própria visão, a mulher está mais apta, até pela questão biológica (sorri); está mais propensa para isso, pelo menos nos primeiros meses da criança, esta mais apta para exercer a função (grifo nosso).

Ainda com relação ao BI, diz que não pegaria também por uma questão dele próprio,

[...] talvez até por preconceito (sorri). [...] Essa questão da sexualidade é um problema sério, não só a sua, o professor é gay, que não é meu caso, [...] e muita gente relaciona, homem cuidar de criança, de bebê, é um preconceito social.

São diversos os relatos dos professores pesquisados sobre a representação e o estereótipo da imagem da homossexualidade masculina, que permeia o trabalho dos profissionais na Educação Infantil, profissão esta considerada como “feminina”. Como nos diz o professor Claudio “[...] quando você não segue os padrões da sociedade, as pessoas procuram respostas para explicar (...). O que o levou, né?”.

Sobre a “questão masculina”, em relação às mulheres, o professor Claudio diz que quando estava na secretaria (da escola) a diretora falava que contava tudo em casa, e que ele não fala nada, nem antes e nem agora e que a sua mãe não tem nem ideia do que ele faz. “Que diferença vai fazer se ela souber? Sei lá, pra mim é um trabalho como qualquer outro. Não é uma questão de falar por ter vergonha, é um trabalho como qualquer outro”.

Pontua que há outras diferenças, que ser homem é diferente, o lado racional, menos emotivo, se um aluno tem problema de disciplina, “o pessoal fica abalado”. Já para ele, é um problema que tem que ser resolvido e trabalha para isso, “[...] essas (professoras) que eu tive contato são muito mais emocionais. [...] A TPM, é até engraçado (risos), [...] é uma questão, você é homem, não tem isso”.

O professor Claudio, ao afirmar, constantemente, aquilo que o diferencia das mulheres, revela o quanto é típico as negativas na afirmação da masculinidade. Nesse sentido, Badinter (1993), ressalta que a definição da identidade masculina se faz mais por um trabalho de diferenciação e oposição do que a identidade da mulher: “Ser homem significa não ser feminino; não ser homossexual; não ser dócil, dependente ou submisso; não ser efeminado na aparência física ou nos gestos [...]” (BADINTER, 1993, p.117, grifos da autora).

Com relação à disciplina, diz que independe de sexo, tem a ver mais com a postura que se tem com as crianças, mas as professoras comentavam que as crianças tinham mais respeito “pelo fato de eu ser homem”, mas que ele acha que é por ele mesmo, pois conhece outros colegas que apesar de ser homem não é assim.

O professor Claudio ao descrever como demonstra o afeto para as crianças, que considera básico, faz uma diferenciação entre os homens e as mulheres,

[...] você faz carinho, você abraça, você dá risada, você cuida da criança, você toma cuidado para que ela não se machuque e tudo, né? Você tem uma troca assim, né? Você vê que a criança tem uma resposta certa, dá a mão para você, como ela te trata, abraça, se ela te procura e tudo. Mas eu não sei, é diferente, pelo menos para mim eu acho, com os homens que eu trabalhei, é diferente. Eu não saberia te dizer, eu teria que observar muito mais, reparar em mais detalhes para te dar algo sólido. Existem diferenças sim, pelo menos na minha opinião, sabe? Não sei se também a criação influencia, né? Mas eu acho que é isso, não sei, eu acho que pelo menos a maioria das mulheres é uma coisa mais maternal. Os homens não têm tanto aquela proximidade, mas tem.

É possível depreender da fala do professor, mesmo ele dizendo que há diferenças entre os homens e as mulheres, a troca afetiva que está presente na relação dele com as crianças, e que nos possibilita perceber a desconstrução do modelo de masculinidade colocando em evidência o modelo socialmente aceito como feminino: o da afetividade e ternura associadas aos cuidados.

Considera a profissão que desenvolve de fundamental importância, e que é nítido para ele que a criança da creche é diferente da criança que fica em casa. O professor Claudio acredita que a profissão deveria ser bem paga “pelo que a gente faz, pela especialização que você tem que ter para lidar com seres humanos, até a valorização do próprio ser humano”, e vê como uma profissão em que há o aspecto humano, que mexe com você e com o outro.

Não faz uma diferenciação entre ser professor e ser professor de Educação Infantil. Para ele, tem a questão de ser funcionário público, que também é considerado como um estigma, mas por outro lado não precisa se preocupar com emprego. Relata que quando diz que é professor de Educação Infantil, todo mundo fala, “é mais tranquilo”, comparando com os professores de colegial, com relação à violência, armas etc.

Quanto ao seu trabalho diz que sempre procurou fazer o melhor que podia, mas que para ele têm algumas pessoas que tem o “dom, um jeito diferenciado” e que sempre procurou aprender com essas pessoas. Sobre esse aspecto, define o que é um jeito diferenciado:

[...] é o jeito de ela lidar com as crianças, [...] o jeito que você se posiciona, o que você espera, o que você faz, se você gosta do que faz, eu acho que isso influencia no trabalho da pessoa. Se você vai mal humorado, se você só trabalha para ganhar o seu salário no fim do mês, isso vai refletir. [...] A expectativa, o quanto você se empenha com a sua profissionalidade e tudo, vai influenciar ali. [...] Não sei, talvez pelo fato de eu ser homem também, a posição é diferente com as crianças, dificilmente eu tenho problema com disciplina.

Em relação às meninas e meninos, o professor Claudio afirma que eles agem de forma diferente, que não é só a questão da construção social. Para ele os meninos normalmente são mais agressivos (grifo nosso), gostam de correr e têm uma tendência mais competitiva,

[...] não quer dizer que é uma regra, mas via de regra, você vai vê-los bagunçando mais. E assim (...), mas também tem meninas que a gente brinca: menina menino (sorri), que são crianças que tem aquele comportamento de menino [...] (grifo nosso).

Acompanhando a fala do professor, sobre a “menina menino”, Finco (2010b) ressalta que meninas vistas como abrutalhadas, ou meninos que se vestem de noiva, quando destoam dos padrões tradicionais de gênero, normalmente as/os professoras/es insistem em reforçar, com recompensas ou sanções. Entretanto, esses corpos mesmo ainda pequenos insistem em

resistir e rebelar-se dos padrões estabelecidos ao tipo de comportamento considerado “mais adequado” para cada sexo.

Ainda sobre esse assunto, o professor Claudio diz que no Berçário II, as crianças trazem muita coisa de casa e, normalmente o menino brinca com carrinho e a menina com boneca.

[...] Esse tipo de coisa não tem. Porque menina quer brincar com carrinho, brinca com carrinho, não vejo problema nisso, não acho que isso vai ser fator determinante para alterar a sexualidade (sorri) da criança. Não. É uma brincadeira, ela vai ser influenciada pelo que está ali próximo. Se ela brinca com meninos, ela vai querer brincar de carrinho. Se ela está brincando com meninas, vai querer brincar de casinha, com pratinho, de comidinha.

Contudo, acha que se os pais ensinam dessa forma, menino brinca com carrinho e menina com boneca “você tem que também respeitar a família e como a família educa, não é só nós que educamos. [...] A criança vai experimentar o que ela quiser experimentar”. Diz que os brinquedos ficam disponíveis, e as crianças vão brincar da maneira que elas quiserem. “Não vou estimular em nenhum sentido. Vamos observar o que ele traz de casa, o que ele quer fazer, não vou censurar, pelo menos eu não sinto necessidade”.

Diferentemente dos professores Alexandre (6.1) e Eduardo (6.4), que buscam possibilitar às crianças brincarem com os brinquedos, interagindo e intervindo com elas, sem que estes ou aqueles precisem ser “os certos” para as meninas (bonecas) e para os meninos (carrinho), portanto favorecendo ações mais solidárias, e usando de “estratégias sutis”, como nos diz o professor Eduardo; o professor Claudio reproduz o senso comum, apoiando-se tão e somente na educação da família.

Considera importante homens ensinar crianças e que deveria haver mais, porque é uma oportunidade para a criança ver outra forma de se comportar “eu não vou rebolar numa música [...]; e o jeito é diferente, não tem como dizer, feminilidade e masculinidade estão presentes”. Só que acha que o preconceito é forte e por isso tem poucos homens. Embora ache que a diversidade é importante “seja cultural, religiosa, professor homem, mulher, gay também, crianças com deficiência. A verdade é essa, quanto mais heterogêneo mais vai te adaptar para o meio que você vive”.

Ainda sobre esse assunto, acredita que um dos problemas da Educação Infantil e que afasta os homens é “aquela coisa muito bonitinha”, que é considerado “coisa de mulherzinha”, mas que são coisas que faz parte do universo infantil e não dá para fugir disto.

Sobre o professor de Educação Infantil, diz que há um estereótipo que pende para o lado feminino, devido ao grande número de mulheres na função. Como não há um estereótipo

de professor de Educação Infantil masculino, há a problematização, “então o cara é gay, porque ele vai ter que agir como uma mulher para fazer a função”.

Contudo, acredita que “não é isso que a função pede” (grifo nosso), embora, socialmente, acha que isso é esperado, devido às construções do masculino e do feminino e os estereótipos presentes. “[...] O homem que vai para a educação, não precisa ficar que nem uma mulher fazendo dancinha para as crianças”. Ele é contratado para fazer um serviço e tem que atender as proposições deste; a metodologia pode variar, mas tem que cumprir com os objetivos propostos. Nesse sentido, acredita que “[...] homens são mais objetivos que as mulheres. Porque assim, não é ficar cantando musiquinha bonitinha a manhã inteira; não é ficar fazendo desenhinho bonitinho na Educação Infantil”. Acredita que há metas a atingir, e o trabalho tem que refletir em algo, caso contrário é necessário uma justificativa do porque não atingiu os objetivos.

Com relação à identidade de professor homem, dentro da escola, o professor Claudio declara que o professor tem que ter postura. “Eu sou homem, tem coisas que eu não vou fazer, acho que não é legal, até por causa das minhas questões sociais, familiares, do que eu acredito”. Quanto ao jeito das professoras, diz não saber “especificar, até porque as pessoas, mesmo entre elas, elas são diferentes; mesmo as mulheres”. Na construção da identidade do professor, uma vez que são poucos; os que estão, têm a responsabilidade de não ser um homem fazendo o papel de mulher na sala.

Ainda quanto à construção da identidade do professor, diz que “não está muito fixado”, é necessário um tempo maior e mais professores dando aula. Há poucas referências, diferente das mulheres que tem uma história na educação e que foram professoras à vida inteira. Não há “professores velhos” na Educação Infantil, até porque é algo novo. “Na época que eu comecei, eu não conseguia constituir essa imagem de um professor já velho dando aula para crianças”. Considera que hoje, talvez estejamos mais próximos, devido a gerações diferentes e que algumas coisas estão mudando. “[...] O trabalho do professor se valorizou um pouco, pelo menos em Guarulhos [...]. É uma opção um pouco melhor do que muitas outras coisas”. Entretanto, acredita que o preconceito ainda existe, não só no sentido da sexualidade, mas também de ser uma profissão que não remunera bem, e como “uma opção para pessoas que não tem opção, espera ser professor e essa é outra questão também”.

Quanto à discriminação no contexto da escola, o professor Claudio relata que nunca se sentiu discriminado, mas que também não dá margem para isso, “até porque eu sempre fui muito seguro do que eu fazia”, mas que não dá para ignorar ou negar o contexto social, e que

é importante o professor pensar sobre isso: como proceder, as consequências do está sendo feito, pois “não é só a questão de dar aula, aluno-professor”. E explica,

A gente sabe das questões sociais, da questão da pedofilia, da questão do homem, é complicado. Mas assim, se você trabalha corretamente, se você tem uma postura condizente, correta, você não vai ter problemas com isso. Eu nunca tive problemas com isso. Não tenho problemas nesse sentido, [...] eu acho que tem uma demonização do homem [...]. Ele é sempre um perigo em potencial, a gente sempre espera o pior (sorri).

Quanto ao preconceito diz ser seguro de si mesmo, sabe de sua formação, do seu caráter, e de sua conduta. Acredita que se você quer mudar “um pouco a mentalidade”, tem que assumir certas coisas e ter uma postura. Relata que nunca teve problema. É normal para ele trocar fraldas, tanto de menina, quanto de menino; levar ao banheiro. “Até porque você está educando eles, se você mesmo carrega esse preconceito eu acho que você vai passar isso para eles”.

Diante disso, explicita suas reflexões sobre a sua prática.