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O professor Gilberto nasceu em Guarulhos/SP, 29 anos, auto declara-se branco, é casado há quatro anos, um filho, reside na cidade de São Paulo, em São Miguel Paulista. Filho de uma família numerosa, tem dois irmãos, o mais velho com 42 anos, e quatro irmãs, a mais nova com 26 anos. Todos são casados (com filhos/as), com exceção da mais nova, solteira, e uma irmã separada.

Seu pai e sua mãe são do interior de São Paulo. Seu pai cursou o Ensino Fundamental e sua mãe é professora. Ela trabalha no Centro de Educação Infantil (CEI), São Paulo, e está para se aposentar. Iniciou na carreira como educadora leiga e depois de vários anos de atuação, cursou o Magistério.

Das lembranças de sua infância o professor diz que desde criança queria ser médico, “eu queria cuidar, eu já tinha isso inculcado em mim, que eu queria cuidar, não sei como, mas eu gostaria”. Lembra-se que quando foi para a Creche não era uma criança feliz, não socializava e era muito quieto, tanto que sua mãe foi orientada por uma Coordenadora Pedagógica a colocá-lo numa EMEI (Escola Municipal de Educação Infantil) e aí ele passou a ter progressos.

Essa experiência na creche, quando pequeno, parece tê-lo marcado, pois faz um paralelo com o tempo que trabalhou em uma creche, posteriormente.

Eu sempre tive [...] do cuidar bem, procurar estar fazendo o meu melhor, [...] eu tive essa consciência. Porque é difícil para a criança ficar 12 horas dentro de uma creche, é quase desumano se for pensar bem [...]. Eu sempre tive muito inculcado isso do cuidar, do fazer o meu melhor, tanto que eu fiquei meio decepcionado. Se eu não tivesse essa visão, que eu gostaria de ser uma pessoa boa para eles se espelharem (...). E foi gratificante também, o ponto bom de eu ter passado por creche, é que as crianças são muito carinhosas com você e isso te completa, não é demagogia, realmente te completa, entendeu? E eu tinha muito do cuidar, gostava muito disso, cuidar da integridade física deles, pegar no colo quando precisasse, eu tinha muito isso, será que eu era bobo?

Ainda sobre sua infância, disse que seus sobrinhos eram pequenos, e que gostava muito de ajudar, cuidar deles “brincando, conversando, pegando no colo”. Diz que duas das

suas sobrinhas, já moças agora, são muito apegadas com ele. “Eu sempre tive isso muito assim, assim meio que um não sei nem como falar, um instinto, não sei” (grifo nosso).

O professor Gilberto frequentou a creche desde os dois anos, onde sua mãe trabalhava como educadora, na cidade de São Paulo. Estudou a pré-escola, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, sempre em escolas públicas.

Ao término do Ensino Médio, da mesma forma que o professor Eduardo (6.4), como não tinha nenhuma experiência profissional e estava na fase do exército, ninguém queria contratá-lo para trabalhar. Lembra-se que foi uma época muito difícil, que saia sempre para procurar emprego e não achava.

Nesse período fez diversos cursos, desenho arquitetônico, “[...] eu gostava de desenho", computação, cursos básicos, mas ele não tinha ideia do que queria ser, e continuava procurando emprego.

Disse que “até” cogitou a ideia de ser médico, mas viu que a área da medicina “é uma coisa para poucos, porque é um estudo integral, material caro, [...] mas depois, logo falei, não, irreal!”.

O curso de Magistério e Pedagogia fez em instituições particulares. Após o término do curso do Magistério faz o curso de Pedagogia pela Universidade Metodista, Ensino a Distância (EAD), semipresencial.

Atualmente trabalha, à noite, como Monitor de Cursos à Distância da Universidade Metodista. Acompanha turmas na Pedagogia, Filosofia, Ciências Sociais e Teologia. Pontua que gosta de estudar e ter uma base de tudo.

6.5.1 A docência na Educação Infantil

Seu primeiro emprego foi na Prefeitura de São Paulo, em uma Creche. Na época, estavam pedindo apenas o Ensino Médio. Fez uma prova, acertou todas as questões e foi chamado para trabalhar como Agente de Desenvolvimento Infantil (ADI).

Até lembro a minha colocação era décimo quarto, umas pessoas foram na minha frente, por idade, por terem filhos. Eu lembro porque me marcou. Foi o meu primeiro emprego. Nossa, maior expectativa do mundo (com ênfase)! Eu fiquei tão feliz, mesmo sabendo que eu ia ter uma pedreira pela frente, um homem trabalhando na Educação Infantil, ainda em creche (grifo nosso).

Sua mãe já havia lhe passado algumas coisas sobre o ritmo e a rotina da creche. Não ficou na mesma Creche onde sua mãe trabalhava, embora houvesse essa possibilidade, pois disse não gostar de trabalhar com família, acha que prejudica a autonomia. Acredita que teve

influência dela na escolha de sua profissão, mas que trabalhar na Prefeitura também representava um “bom início”, mesmo sendo contrato emergencial (grifo nosso).

Lembra-se que naquela época era tudo muito engessado, sempre a mesma rotina. A primeira turma que ele ficou era de idade pré-escolar. Trabalhava no período da manhã e tinha outra professora que trabalhava à tarde. As crianças, em torno de seis anos de idade, ficavam o dia todo na creche.

Quando iniciou na Educação Infantil, não sabia como era o trato com a criança, ficou muito receoso, pois não sabia como chamar a atenção das crianças, “se eu estava passando dos limites na minha chamada de atenção, se eu estava sendo mole”, e inclusive ele nunca tinha trabalhado e era muito jovem, estava com dezoito para dezenove anos.

A fala do professor Gilberto e sua dúvida de como comportar-se nos remete a Elisabeth Badinter (1993, p. 6), referindo-se à certeza que os homens tinham de sua identidade masculina e a consequente perda desta antiga referência, diante da atual redefinição da mulher “e isso causa vertigem a todos esses jovens que navegam a olho nu para evitar dois escolhos: não ser macho o bastante ou sê-lo em excesso”, indo ao encontro do “novo homem”, na relação com as crianças, com as mulheres; diferente do “velho homem” que sabia o que era esperado dele – a obediência irrestrita.

Ficou por quatro anos nesta creche e trabalhou com outras faixas etárias, diz que no Berçário menor (BI) ficou pouco tempo. Recorda-se que passou por um período de negação, que não queria trabalhar em educação, porque a Creche o assustou no início devido a

[...] crianças agitadas. [...] Foi assim, um período terrível. [...] Tinha uma criança lá, que nossa, [...] super agitada, ele subia pelos colchonetes, pulava. Eu fiquei um ano nessa sala, mas eu penei, pastei, eu pastei! (grifo nosso).

Lembra-se que seu começo na educação foi “muito estranho”, apesar de sua mãe ser professora, pois ele não sabia programar uma rotina e se posicionar na sala de aula, além de não ter nenhuma base teórica. Por outro lado, sobre as crianças, afirma que,

[...] o carinho das crianças é gratificante, é o que paga realmente o professor, nós sabemos que nós não estamos por dinheiro, a gente está por escolha, por opção. Acho muito forte falar amor, mas poderia até estar falando, [...] as pessoas poderiam estar em outras áreas, mas não estão porque gostam da profissão. E eu acredito nisso, é gratificante, eu gosto muito.

Seu posicionamento sobre a creche se pauta na experiência vivida. Para ele, apesar do Estatuto da Criança e do Adolescente falar que a criança tem direito ao convívio familiar, acha que isso é tirado delas muito cedo. Acredita que muitas coisas precisam ser revistas. Concorda que é uma ajuda para a mãe que trabalha, mas priva em demasia a criança do convívio familiar e, consequentemente, as crianças ficam muito carentes de afeto, embora

reconheça que são crianças muito independentes. Declara que houve melhoras a partir da LDB, profissionais com maior qualificação e com outras estratégias pedagógicas.

Concomitante ao trabalho na creche, ainda no primeiro ano de serviço, ele não estava se encontrando, e parte para um Curso Técnico de Mecânica, à noite, mas não chegou a concluir, pois

[...] sabe onde eu me achei, na verdade? Foi quando eu saí dos grupos maiores e fui para os grupos dos menores, que era Berçário Maior, Mini Grupo, até porque no Berçário Maior a gente trabalhava em três, porque eram nove crianças para cada adulto, era essa a proporção, [...] um ajudava o outro, então eu comecei a ter essa visão do profissional ajudando o outro, e no começo isso é tudo! [...] Porque vale tanto [...], você não sabe o que vale uma pessoa te ajudar no começo de carreira, nossa vale demais! Aí eu fui tendo outra visão de creche (grifo nosso).

Por outro lado, trabalhar com crianças de um para dois anos, há muito contato físico, trocar, dar banho, em que é necessário “desfraldar, eu trocava fralda, pensei que eu nunca fosse fazer isso na minha vida (risos)”. E segundo o professor, “era muito estranho, só tinha eu de homem”, embora não sentisse estranheza da parte das mães, “eu recebia muitos elogios, eu nunca recebi nenhuma crítica, mas quanto aos funcionários tinha [...] preconceito”.

Só que o professor Gilberto, ciente de sua função, “porque a gente quando presta um concurso, [...] no edital, a gente já sabe o que nos espera”, achou que tinha que fazer o que era de sua competência e não sobrecarregar as outras professoras. Os funcionários não estavam acostumados “com um homem, um homem trocando, um homem dando banho, eu me sentia meio assim: um estranho no ninho”. Contudo diz que se sentia recompensado, pois as crianças não eram tão agitadas. “Eu me realizei, a gente cuidar da integridade física, a gente sentar, cantar com eles, eu fui me achando [...] e, foi nessa época que eu me achei, eu fiquei bastante tempo, uns dois anos só trabalhando com os pequenininhos” (grifo nosso).

Faz uma autocrítica com relação ao seu trabalho com as crianças maiores, quando do seu início na creche, que se “perdeu” devido a sua inexperiência.

Declara ter se encontrado na Educação Infantil e decidiu cursar o Magistério, em uma escola particular, quando estava para terminar seu contrato na Prefeitura de São Paulo. No decorrer do curso, por razões financeiras, interrompe este e trabalha em diversas coisas (atendente de lanchonete, Creche Conveniada) e retorna dois anos depois e conclui.

Sobre o curso do Magistério, o professor Gilberto da mesma forma que o Professor Alexandre (6.1), avalia como ótimo e complementa dizendo que foi uma pena ele ter acabado. Disse ter tido uma base teórica boa, o que o possibilitou rever sua prática docente “porque a gente como leigo é uma coisa; e teoria, a gente sabe, a prática é tudo; mas se você não aliar à

teoria é NADA (com ênfase), a mesma coisa é o inverso, a teoria é tudo, não! Teoria e prática têm que estar aliada”.

Nesse sentido, Paulo Freire (1996, p. 24) afirma “a reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação Teoria/ Prática sem a qual a teoria pode ir virando blábláblá e a prática, ativismo”.

O curso de Pedagogia fez na Universidade Metodista, EAD, semipresencial, instituição particular, concluído em 2009. Trabalhou por poucos meses, em uma creche Conveniada, com crianças de quatro anos, enquanto esperava ser chamado para o concurso da cidade de Rio Grande da Serra. Disse que ficava em desvio de função; acredita que por ser homem, colocavam-no para carregar peso; sentia-se explorado.

No ano de 2007 é aprovado no concurso municipal da cidade de Rio Grande da Serra, no ABC Paulista, como professor de Educação Infantil que o possibilitou ver o que era “ser professor de EMEI”, uma vez que já possuía uma base teórica, segurança e preparo para a implementação de práticas pedagógicas. Trabalha por um ano com crianças de 05 anos. E mais uma vez, vai reafirmando para si mesmo que a educação é sua área de atuação “Aí que eu percebi que realmente era minha área mesmo [...]” (grifo nosso).

Trabalhou, concursado, posteriormente, por três anos na Prefeitura de Poá, e concomitante, um ano na cidade de Suzano. Nas duas redes de ensino trabalhou com Ensino Fundamental, de primeira à quarta-série. Exonerou de Poá, para assumir em Guarulhos.

Na rede municipal de Guarulhos foi admitido em 2011, quase quatro anos após o concurso. Leciona para o Estágio II, crianças de cinco para seis anos30. Relata ter gostado da estrutura da Rede. Recebeu um mês de formação inicial, e gostou pela socialização e conhecimento do organograma da SME, além da estrutura física e de recursos humanos da escola onde foi lotado.

Segundo o professor, os dois anos iniciais do Fundamental I estão difíceis, porque as crianças têm que sair melhor preparadas da Educação Infantil (coordenação motora, lateralidade). “É isso que o Ensino Infantil prioriza, é a preparação para o Fundamental, apesar de não ser obrigatório, deveria ser [...]”, comenta também sobre o número elevado de alunos/as no Estágio II (trinta e cinco) na sala, “é muito aluno para um professor, é muito aluno”.

Com relação à Educação Infantil, Campos (2006) ressalta que alguns/mas estudiosos/as denominam “educabilidade” a esse período de adaptação da criança ao meio

escolar, para que então ela proceda de forma adequada e se desenvolva na primeira série do Ensino Fundamental. Porém, a autora refere que tem mais a ver com objetivos comportamentais do que com aquisição de conhecimentos.

O professor Gilberto considera que esta etapa de ensino, a Educação Infantil, é o alicerce. Há muitos/as alunos/as chegando à quarta série sem saber nada, e que o professor precisa ser melhor preparado para alfabetizar, contudo se a criança “faz o Infantil bem fundamentado é o alicerce, aí ela vai embora, primeiro ano [...], segundo ano já está formando texto, a gente espera esse cronograma ser alcançado, mas muitas vezes (...)”.

Ainda sobre esse tema, Vianna e Unbehaum (2006), citam Haddad (1998), Faria e Palhares (2001), para quem a Educação Infantil deve ter a criança como foco e não o Ensino Fundamental; chamam a atenção para o risco de antecipar a escolarização e descaracterizar essa primeira formação que deve ter como centralidade a articulação entre o cuidar e educar.

O professor Gilberto acredita que não só as crianças de zero aos dois anos aprendem muitas coisas, mas até os seis anos de idade estas são “uma máquina de aprender”. A base na Educação Infantil para ele é imprescindível, pois é o que vai dar instrumentos para a criança estar fazendo um bom Ensino Fundamental e Médio. Na sua concepção, todo professor tinha que fazer pelo menos um estágio de seis meses a um ano em uma creche, para ver “a dinâmica de ensino efetivamente (grifo nosso); ensino, educação, cuidar, integral”.

Ainda sobre a estrutura de Guarulhos, avalia como bom o fato de não ter material apostilado “que engesse o professor” e que há muito material pedagógico (livros, jogos, etc.). Entretanto, diz que na maioria das vezes os/as professores/as não sabem utilizar, e dá exemplo dele mesmo que não sabia usar Material Dourado, Escala de Cuisinaire, na época que trabalhou no Ensino Fundamental, “e eu sinto falta dessas formações para trabalhar com material didático”. Sobre o curso de Pedagogia, diz que há mais teoria, na área de Filosofia, Psicologia, Ciências Sociais, já o Magistério tem mais prática. E conclui,

[...] mas como a Pedagogia é obrigatória para o professor fazer, tem que ser feito, até porque [...] não vai possibilitar o cara ter acesso ao meio acadêmico (sorri), é mais ou menos isso, é progressão funcional, todo mundo quer ganhar melhor, eu quero (risos).

Além de lecionar em Guarulhos, trabalha como Monitor de EAD na Universidade Metodista de São Bernardo, onde fez o curso de Pedagogia e, posteriormente, recebeu o convite para trabalhar. Acredita que este convite se deve ao fato de ter sido um bom aluno, quando fez este curso.

Com relação às turmas que acompanha, ressalta que na sua turma de Pedagogia, e nas outras três da faculdade, têm um número maior de professores homens, em torno de sete, da totalidade do alunado, que gira em torno de duzentos. Embora o número seja pequeno, diz que anos atrás era somente um por escola. Observa, conversando com os alunos, que “eles entram realmente com uma expectativa de estar atuando na educação e de estar mudando a realidade, tanto educacional quanto dos projetos pessoais deles”, e que, de modo geral, eles tem mais inclinação para o Ensino Fundamental.

Questionado sobre o que acha da sua profissão de professor, declara que é a melhor profissão do mundo, porque nunca vai ser uma profissão extinta; e que as pessoas vão ter que se preparar para o novo paradigma, “que é o Ensino à Distância, [...] a Inclusão que tem muita coisa que tem que ser sanada, [...] então assim, para mim é a profissão necessária para o desenvolvimento de qualquer comunidade, país, estado [...]”.

Faz uma avaliação sobre o trabalho do professorado, e diz que

[...] ainda estamos muito no tradicional. [...] Dá uns flashes de a gente achar que nós somos os detentores do saber, não somos detentores [...], não temos ainda a postura de mediadores. Lá, talvez, na Metodista eu sou mediador, porque estou ali, estou um link ali. Mas, nós em sala de aula, regendo uma sala, a gente tem que ter mais consciência de que o aluno tem conhecimento para trazer; a gente muitas vezes não socializa isso, por falta de tempo na sala, por quantidade de alunos, entendeu? Esse é o desafio: nós nos tornarmos mediadores. Acredito nisso. É Freire. Paulo Freire é o máximo, [...] apesar de nosso sistema em si não estar baseado muito na concepção freiriana. A gente sabe que a escola é uma reprodução da sociedade, a gente sabe, a gente vê a sociedade como está e a escola não é diferente, mas acredito que Paulo Freire resume muito bem o que é ser professor, o que é essa profissão [...]: sermos críticos (grifo nosso).

Para ele, ser professor de Educação Infantil

[...] é você ser criativo, é você ser mediador, é você dar voz ao seu aluno, dar vez a ele e, estar preparado para estar acompanhando o ritmo deles. [...] Porque na Educação Infantil eles que impõem o ritmo a você. [...] Na verdade não é o professor que está impondo um ritmo ali. Você está ali tentando dar uma freada; quando precisa, dar uma acelerada [...].

Quanto ao seu desempenho no trabalho com as crianças da Educação Infantil, disse que para ele foi “um ano maravilhoso”, por conta do ambiente da escola, de trabalhar de forma coletiva com os demais professores/as: “trazíamos experiências uns aos outros e conseguíamos trabalhar com projetos que é muito importante. O projeto, ele tem a dinâmica do que a sociedade exige hoje, tudo é projeto. [...] É ótimo, porque é isso que eles vão ter”.

Para o professor Gilberto as crianças de cinco, seis anos, são crianças muito inteligentes “[...] essas crianças estão dando nó em pingo d’água, a verdade é essa. E, nós professores temos, é o que eu falo: nós temos que nos preparar para esse novo paradigma, esse novo momento educacional [...]”.

Avaliando sua trajetória de professor, diz que entrou “inexperiente, perdido, não sabia o que eu queria” e hoje considera que tem “uma base acadêmica boa, uma teoria boa”, está sempre buscando coisas novas e sente-se melhor preparado para trabalhar com as crianças. Saber que cada ser humano se desenvolve no seu ritmo melhorou sua prática pedagógica, pois via isso nos livros, mas não levava em consideração.

Pessoalmente, declara que a experiência obtida na sua profissão, contribuiu muito na educação de seu filho, desde que se tornou pai, aos vinte e cinco anos, “eu já sabia muita coisa, eu trocava meu filho, dava banho, cantava. Até hoje conto história, canto [...]”.

Considera necessário homem ensinar crianças, devido à ausência da figura paterna, em função das várias estruturas familiares, e que a figura masculina é importantíssima, nem que seja um pai, um avô, um tio, na formação da criança. Segundo o professor Gilberto as crianças se achegam muito quando tem um homem na escola, e ele acredita que seja porque o pai sempre foi o provedor, “é aquele cara que sai cedo, chega estressado em casa, vai deitar, dormir, muitas vezes, ele nem fala: ‘Como foi seu dia, filho?’, faz um carinho no filho; então assim, eles anseiam isso, eles pedem isso, muitos”.

Não sabe como as crianças o veem “é uma pergunta difícil heim (risos), [...] não sei o que passa pela cabecinha deles, deve ter alguma identificação, acredito eu (risos)”. No início acha que tem “aquele impacto, [...] não estão acostumados”. Acredita que as crianças estão mais familiarizadas com a imagem feminina, o cuidar feminino, porque se não é a mãe, é a avó ou a tia que cuidam.

Para o professor Gilberto, as crianças o veem “como aquele tio gozador, que brinca com tudo, [...] eles esperam isso; não sei (risos), é difícil entrar na cabeça deles”. Disse que nunca quis “ser aquele professor chato”, que sempre quis que as crianças o vissem como “uma pessoa bacana para eles, [...] aquele tio gozador, vamos dar risada, mas vamos prestar