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O professor Eduardo tem 38 anos, é solteiro, auto declara-se branco, nasceu e morou em São Paulo/SP até a adolescência. Na adolescência, mudou-se para a cidade de

Itaquaquecetuba/SP e, após um breve período, a família retornou para São Paulo e, por fim, vieram definitivamente para Itaquaquecetuba. Reside atualmente com os pais. Ele tem duas irmãs casadas, sendo ele o filho do meio. Sua irmã mais velha tem duas meninas (20 e 12 anos) e um menino (07 anos) e a irmã mais nova uma menina (04 anos).

Seu pai e sua mãe são nascidos no interior do Estado de São Paulo, estudaram até a quarta-série, do então primário, “eu achei interessante que quando foi em dois mil e alguma coisa, eles resolveram voltar a estudar, e é assim, meu pai já está com setenta e quatro anos [...], minha mãe com sessenta e cinco, [...] eles fizeram o EJA, terminaram a oitava série”.

Quanto à escolaridade das suas irmãs, a mais velha concluiu Pedagogia recentemente, trabalha em escola como Agente de Apoio da secretaria; prestou concurso atualmente para professora e está aguardando para ser chamada na Prefeitura de São Paulo. A mais nova trabalha no cartório, concluiu o Ensino Médio.

Das lembranças de infância, ele conta que sua mãe fala que viajavam muito para Curitiba, quando ele ainda era bebê, porque seu pai prestava serviço para um Banco – era uma “espécie de Office Boy”. Por volta dos cinco, seis anos lembra-se que ia sempre à casa de sua avó materna, que morava em São Paulo e também de seu padrinho de batismo que morava próximo à sua avó. E que vinha algumas vezes para Itaquaquecetuba visitar seus tios e primas, inclusive várias delas são professoras.

Mudou-se para Itaquaquecetuba na adolescência, em torno dos treze anos, quando então ficaram de vez na cidade. Refere-se à adolescência como um período normal, estudava e ia junto com suas primas para a escola.

Estudou sempre em escola pública, e iniciou sua trajetória escolar na primeira série. No Ensino Médio, fez Auxiliar Contábil por indicação de seu pai que já trabalhava em Banco

[...] meu pai tinha muito aquela coisa de que ‘não, você tem que arrumar um emprego no Banco’. Porque como ele também já trabalhou em Banco e sabia de muitas histórias de pessoas que entraram como Contínuo, como na época se falava (...).

Relata que foi uma época difícil para arrumar emprego, porque estava na fase do alistamento e não tinha experiência. Lembra-se que quando cursava o segundo ano de Contabilidade, o Banco estava contratando estagiários, mas como não tinha ainda pego a “carteirinha de dispensa do exército”, perdeu a oportunidade. Num curto período de tempo trabalhou em loja, padaria e depois com tele-mensagem (mensagem fonada), por nove anos até recentemente, que o possibilitou concluir o Magistério.

Ainda com relação ao curso de Auxiliar Contábil, lembra-se que quando ia iniciar o último ano do Magistério, seu primo contador, falou-lhe que havia surgido uma vaga de

Auxiliar Contábil onde ele trabalhava. Diz que ficou num dilema “ou eu termino o meu último ano de Magistério ou eu deixo tudo de lado e assumo uma nova profissão, só que aí eu pensei, repensei”, e por fim decidiu-se por terminar o curso de Magistério, e nunca atuou na área contábil.

Cursou o Magistério, depois de dez anos, na mesma escola onde havia feito o curso de Auxiliar Contábil.

O curso do Magistério veio como uma decorrência de sua proximidade com as crianças e, se intensificou ainda mais, quando suas/seu sobrinhas/o nasceram, pois suas irmãs sempre trabalharam e ele colaborava com elas. Tem também várias professoras na família. Assim ele comenta sua decisão,

Vou fazer, porque acredito ser uma profissão aonde eu vou me realizar também. Eu gosto muito desse contato com o ser humano. Você poder fazer a diferença na vida das pessoas, principalmente da criança. Eu acho que isso é fundamental. E foi onde eu resolvi fazer.

O magistério é uma escolha tardia na vida do professor Eduardo, confirmando o que aponta os estudos realizados pelas autoras Bueno, Catani e Sousa (2000), em comparação com as mulheres, para quem este segue uma lógica de “destinação”.

Logo após ter se formado, sua irmã lhe disse que na escola do Estado, próximo à sua casa, estava precisando de professor eventual. Ele foi, conversou com a diretora, e em seguida assumiu uma classe de 4ª série (Ensino Fundamental I), na vaga de uma professora que saiu de licença gestante. Foi sua primeira experiência “a diretora gostou do meu trabalho e eu fui ficando, fui ficando e aí, conclusão, estou lá até hoje”. Trabalha a nove anos nesta escola. Prestou concurso em 2005, mas não conseguiu se efetivar. Contudo, devido à legislação, é considerado como estável há cinco anos.

Além dessa experiência na escola do Estado teve outras. Trabalhou, por um breve período, em uma escola particular, que inclusive queriam contratá-lo, mas ele não quis abrir mão do Estado. Trabalhou também, por alguns meses com Educação de Jovens e Adultos (EJA), numa proposta da faculdade onde sua prima estudava, e que para ele foi uma experiência muito boa “[...] é uma troca, você pensa que está ensinando, mas na realidade você está aprendendo. Nossa, foi uma lição de vida a cada dia”.

Este ano está com 5º ano do Ensino Fundamental (antiga 4ª série), trabalha no período da manhã. Não fez Pedagogia, mas pretende fazer no próximo ano, pois está fazendo outros cursos, oferecidos pela SME, que somados aos já realizados no Estado, podem ser apresentados na SME, para efeito de evolução funcional conforme consta do Plano de Carreira da SME da Prefeitura de Guarulhos.

O trabalho de tele-mensagem fazia em casa, concomitante ao seu trabalho nesta escola do Estado.

6.4.1 A docência na Educação Infantil

O professor Eduardo relata que prestou concurso, em 2009 na Rede, mas iniciou somente dois anos depois, em 2011. É sua primeira experiência trabalhar com Maternal, “mas não é minha primeira experiência em estar com crianças nessa idade, porque como eu tenho quatro sobrinhos [...], já troquei fraldas deles, a gente já tem esse convívio”. Na época que estudava (Magistério) e trabalhava por conta (tele-mensagem), ele quem fazia os seus horários, e ajudava suas irmãs, pois seus cunhados estavam trabalhando, “[...] era eu que levava ao médico, já fui chamado várias vezes de pai (sorri), [...] e até hoje...”, ele ajuda as irmãs com as/o sobrinhas/o.

Não escolheu trabalhar com Educação Infantil, vieram lhe falar do concurso e ele resolveu prestar. Entretanto, como já trabalhava com crianças do primeiro ciclo do Ensino Fundamental e, da experiência com os cuidados com seus sobrinhos; quando saiu o concurso, optou por fazer. Considerou que poderia sair-se bem profissionalmente com essa faixa etária, uma vez que tinha “[...] certo conhecimento do que viria”. Conta sobre uma de suas primas que trabalhou muitos anos no Estado, concursada, efetiva, inicialmente no Ensino Médio, e que ela prestou concurso para Educação Infantil, na Prefeitura de São Paulo, há mais de 05 anos, e segundo o professor ela trocou tudo para poder ficar com esse nível de ensino. Ela trazia e ainda traz “as experiências, contava (...)”, e inclusive hoje “trocamos ideias e experiências, é bem legal; eu digo que é um campo que não era obscuro, não era nada que eu não imaginasse como fosse”.

O seu início na escola descreve como tranquilo, pois como ele já vem de uma experiência do Estado, “desse universo de professores, escola”; apresentou-se e foi bem recebido pela Coordenação e, posteriormente, pela equipe escolar.

Contudo, relata que teve um impacto ao entrar em uma sala do Maternal, porque ele estava acostumado a lidar com crianças maiores, de 9, 10 anos, crianças independentes, que há responsabilidade da parte do professor, mas de forma diferente; “e de repente você vem (...), entra numa sala que as crianças estão chorando, [...] derrubou o leite, é diferente, o dia- a-dia é diferente. Todo mundo: ‘tio, tio’ e você já percebe pela fala a mudança: lá eu sou professor, aqui eu sou tio” (grifos nossos).

Quanto ao desempenho do seu trabalho, diz que está aberto para aprender, que a professora que estava quando ele chegou, o recebeu de braços abertos e, ele bastante

questionador, conseguiu entender a rotina do trabalho na creche. Pensa que ainda tem muito a aprender “a gente aprende todos os dias”, mas acredita que tem desenvolvido seu trabalho de forma satisfatória.

Diz sentir-se mais seguro, experiente, maduro e capacitado dentro dessa profissão. Que essa faixa etária é totalmente diferente da outra realidade que tem no Estado, mas

[...] sempre com a convicção de que a gente aprende cada dia um pouco mais. Eu acho que a partir do momento que você tem essa certeza dentro de você, você busca melhorar, porque quando você chega a uma conclusão que não precisa aprender mais nada, eu acho que você está mostrando que realmente não aprendeu nada, porque a vida é um eterno aprendizado, e na profissão mais do que nunca. Eu penso assim.

Ainda com relação à avaliação do seu trabalho, diz que é o resultado deste que fica evidenciado quando depois de um tempo percebe que a criança que chorava para entrar na escola, agora ela entra sorrindo, dando tchau para a mãe “você fala: acho que eu atingi o objetivo”.

6.4.2 Ver-se com os olhos do Outro

A posição de sua família quanto à profissão de professor é de apoio. Diz que seu pai, por ter vindo de uma criação mais antiga, dá força, mas é mais reservado. Já sua mãe quer comemorar, falar e, que inclusive, seu pai sente-se feliz porque, como ele diz, seus três filhos são todos trabalhadores e honestos, em relação a alguns colegas do professor Eduardo que seguiram por outros caminhos. Quanto às suas irmãs, não houve qualquer objeção.

Seu círculo de amigos são professores, a maioria do Estado, e todos/as dão força e apoio.

Quanto à equipe escolar, diz que vem de uma criação, e também por si próprio, de valorizar muito o ser humano pelo ser humano, “eu não valorizo o ser humano pelo que ele tem, pelo que ele é, pelo que ele representa, eu acho que isso é só uma consequência do que ele é”. Diz tratar a todas as pessoas bem, conversa com todo mundo e acredita que dessa forma dá espaço para que as pessoas também possam conhecê-lo melhor.

Quando questionado sobre como acha que as crianças veem o seu trabalho, ele acredita que o “termômetro do trabalho” do professor é a própria criança, e que isso é perceptível pelas respostas que eles/elas dão. Comenta sobre uma criança do Estado, que estava preocupada por achar que ele ia sair da sala de aula, “é sinal que eles estão realmente reconhecendo o professor enquanto professor, enquanto um trabalho legal, um trabalho sério que a gente tenta passar”.

Quanto aos seus alunos, diz que são carinhosos, referindo-se às crianças do Estado. Na sala, “[...] é como se eu fosse um pai: quando tem que chamar atenção, a gente chama atenção”, mas sempre procura conversar, dar carinho, no sentido de elogiar, valorizar os progressos, e que percebe que essa valorização faz a diferença. Fala sobre as professoras que conhece que também trabalham muito bem. Sobre os seus alunos do Estado, diz que a resposta deles em relação ao seu trabalho é muito carinhosa, nunca teve problemas.

Com os/as pequeninhos/as, acredita que o comportamento das crianças está muito pautado no comportamento que elas têm no dia-a-dia em casa, com a família. Assim sendo, para algumas é mais fácil demonstrar afeto, já para outras não.

É interessante observar, que o professor Eduardo arrumou uma estratégia, que o possibilita ter contato físico com as crianças, explicitando claramente seu objetivo e sem suscitar fantasias.

É como eu falei para a diretora. A gente faz a hora do abraço: que é aquela hora que as crianças abraçam; elas vêm e abraçam o professor; abraçam a professora. Eu sinto da parte deles, essa importância, essa proximidade.

Quanto à discriminação e preconceito disse não ter percebido e nem sentido, em momento algum, qualquer tipo de rejeição. Sua chegada na escola foi uma recepção muito comum, muito normal, até porque diz se apresentar de uma forma normal.

[...] Mas assim, como eu já venho com uma postura [...] que não permite isso. É como a gente fala brincando, a gente já chega, chegando. [...] A recepção aqui foi muito boa, os pais também me receberam muito bem, nunca tive nenhum problema pelo fato de eu ser homem, eu não tive esse tipo de problema, não.

Lembra-se de um fato, que define como engraçado, foi quando entrou no Estado. Relembra que na época usava-se uniforme – um agasalho azul escrito professor – e uma vizinha sua falou: “Ah, que legal você está dando aula [...], e é bom ser professor de Educação Física?” e que ele disse que dava aula para crianças de 1ª a 4ª série. Ele não considera como um preconceito esse comportamento da sua vizinha, mas como uma ideia pré-concebida que as pessoas têm, “você fala que é professor [...], é Matemática ou é Educação Física”. Por outro lado, “[...] É uma ideia já formada, que para ser professor de primeira a quarta-série ou de maternal, de creche, tem que ser mulher”.

Considera importante ter professores homens, devido às mudanças ocorridas nas famílias e o pouco contato que algumas crianças têm com a figura masculina. Acredita que “tem que ter as duas representações: a masculina e a feminina”, para que as crianças possam comparar e, que percebe no dia-a-dia do Maternal as crianças imitando a ambos – ele e a professora.

Acredita que o professor homem acaba se tornando uma referência para a criança, enquanto representação masculina, e tem uma responsabilidade ainda maior, além de ser professor, “[...] a gente sabe que aquela criança, de repente, olha pra gente e vê na gente um exemplo da figura masculina, então a gente também tem que ter esse cuidado”. Considera que não é só educar, ensinar, mas é também mostrar uma postura de vida, e ser uma referência para elas. Uma referência de pessoa que quer o bem da outra pessoa, fazendo com que os/as alunos/as entendam que são inteligentes.

Eu trabalho muito esse lado do ser humano, da importância de respeitar o outro, eu acho que esses direcionamentos, indiretamente, acabam sendo um pouco a função dos pais, mas que muitas vezes eles não têm, não sei por qual motivo; ou se tem também, sente falta de outra pessoa reafirmando isso, então sempre procuro trabalhar nessa linha.

Diz não ser uma pessoa presa a preconceitos, uma vez que, segundo ele, estamos cada vez mais lidando com a diversidade. Conta que no seu início, como professor, sentia-se um pouco deslocado “ficava meio assim quando tinha reuniões (na escola), geralmente só tinha eu de homem”, mas nunca se sentiu discriminado e por sua vez, nunca se prendeu a isso porque “esses preconceitos tem que estar bem longe da cabeça da gente”.

Ainda com relação ao preconceito, ressalta que se viesse a sofrer de forma que fosse bem evidente ia ficar chateado, mas por outro lado diz se sentir “bem resolvido em relação a isso”, e que ficaria mais chateado pela pessoa do que por ele próprio. Acredita que nos dias de hoje uma pessoa que ainda carrega um preconceito desses, ela tem muito a aprender, e conclui “[...] ter essa ideia do preconceito é um fator meio empobrecedor [...]”.

Sobre homens ensinarem crianças, ele diz que “ensinar NÃO TEM SEXO (com ênfase)” (grifo nosso).

Corroborando com essa ideia, não é possível deixar de citar Foucault quando este diz: “[...] as práticas sexuais não têm absolutamente nada a ver com os fatores relacionados à competência para exercer uma determinada profissão” (FOUCAULT, 2000, p.18), sem dúvida nenhuma, essa assertiva é válida para todos os sujeitos.

O professor Eduardo considera que ter um professor na sala de aula que ensina, favorece que os pais também possam ensinar seus filhos e não só as mães, e que principalmente “esses mais antigos reflitam”, que nem tudo tem que ser a mãe. Faz um paralelo com a situação vivenciada pelos casais, onde os dois trabalham fora, e o marido chega em casa, toma banho e vai deitar-se no sofá e a mulher vai cuidar do serviço da casa, o que considera errado, “porque se os dois estão indo para ajudar, então acho que cabe também dentro de casa essa divisão de tarefas, [...] e que tem mais a somar do que prejudicar”.

Na escola disse não ter tido muita dificuldade em conhecer o mundo das crianças, por conta da experiência com seus sobrinhos “[...] eu já troquei os meus sobrinhos”, mas na Creche não houve a necessidade da troca, porque tem a outra professora e “geralmente essa parte da troca a gente divide e fica um pouco para ela, mas no caso eu já tinha trocado os meus sobrinhos, [...] eu já tinha um pouco [...] essa noção, esse convívio”.

É sabido que o envolvimento do pai com os/as filhos/as depende da “autorização” da mãe, que muitas vezes dificulta essa aproximação, seja por ciúmes da relação pai-criança em que a mãe se vê excluída, seja por um poder que não quer dividir. Nesse aspecto, é possível fazer um paralelo, com a Educação Infantil, dado que esta não se feminizou, mas já nasceu feminina, e que as mulheres reinam “quase” que absolutas. Assim, para que haja mudanças nestas situações apontadas acima, faz-se necessário que o conjunto da sociedade ratifique como sugere Badinter (1993, p.183) “uma nova distribuição dos poderes masculinos e femininos”.

É possível perceber que as experiências obtidas no cuidado com as sobrinhas e o sobrinho, explicitadas pelo professor Eduardo, contribuem para o exercício do trabalho docente.

O professor Eduardo diz que é a própria necessidade que faz com que os homens aprendam a cuidar. Exemplifica com seu cunhado, que ele e sua irmã trabalham fora e quem chega primeiro em casa, adianta o jantar e se a filha deles precisa tomar banho “ele vai dar banho na nenê”. Já com o professor, seu aprendizado, ocorreu quando sua irmã precisou sair e deixou sua sobrinha, hoje com 20 anos, com ele “a necessidade fez com que eu colocasse a mão na massa como dizem, [...] já deixou de ser uma coisa diferente, passou a ser uma coisa comum”. Acredita que o cuidar vem da necessidade e do interesse da pessoa.

Na escola, se há necessidade de trocar ele faz, mas sabe que a sociedade ainda carrega alguns valores, por isso na maioria das vezes é a professora quem troca, e levar ao banheiro, o combinado é que “ela leva as meninas e eu levo os meninos”. Mas que as crianças são “grandinhas” e é só acompanhar. Fazem essa divisão, por conta da sociedade, pois os/as educadores/as pensam diferente, “[...] a gente não pode sair atropelando esses valores que eles (pais) carregam, porque a gente vai comprar uma briga. Aos pouquinhos a gente vai buscando que isso é possível, que essas mudanças [...] precisam acontecer”.

Comenta que sua irmã, a mais nova, cuja sobrinha fica na creche, disse que se lá tivesse um professor, entenderia como uma situação normal. Para ela, segundo o professor Eduardo, “[...] ele pode ser um bom profissional independente do sexo que ele tem”. Sobre esta visão de sua irmã, o professor disse que é porque na casa dela ela divide tarefas com seu

marido; “mas [...] uma família que divide as tarefas no sentido de que a mãe só cuida e o pai só traz o dinheiro para dentro de casa, então talvez essa visão seja um pouco ainda (...)”.

Sobre essa visão, comenta que ainda é forte e percebe que ainda tem “uma certa” resistência. Disse que uma mãe (na escola) lhe perguntou se era ele quem levava as crianças ao banheiro. “[...] Eu vi que ela não perguntou em tom de maldade. [...] Essa preocupação em querer saber a gente já imagina que é uma forma meio antiga de ver as coisas (...), mas eu até entendo e respeito também”.

Quanto ao trabalho com os meninos e as meninas, procuram nas atividades trabalhar a igualdade e contemplar a todos/as. Faz referência ao curso que está fazendo sobre Diversidade, pela SME, onde eles questionam por que o menino não pode ter uma boneca nas mãos, se depois quando for pai ele vai cuidar do filho. Embora o professor Eduardo acredite que a sociedade tenha mudado, esse preconceito ainda é forte.

E, exemplifica como trabalha em sala de aula,

A gente não valoriza e não reforça essa ideia que tem que ser assim. O azul tem que ser só para menino, e o rosa só para a menina. A cor é feita para qualquer pessoa. [...] A gente tenta trabalhar isso de uma forma mais sutil. Por quê? Porque a gente