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TRIBUTAÇÃO DA ATIVIDADE MINEIRA

3. OS IMPOSTOS E RECEITAS PÚBLICAS NO SISTEMA FISCAL

3.9. REGIME FISCAL APLICÁVEL À ATIVIDADE MINEIRA

3.9.2. TRIBUTAÇÃO DA ATIVIDADE MINEIRA

3.9.2.1. IMPOSTO DE RENDIMENTO SOBRE A ATIVIDADE MINEIRA

O imposto de rendimento sobre a atividade mineira, em Angola, é o imposto industrial que se encontra gene-ricamente regulado na legislação comum. Este imposto de rendimento incide sobre os lucros imputáveis ao exercício das entidades nacionais ou estrangeiras, que tenham adquirido os direitos mineiros, à taxa de im-posto de 25%, dos quais 5% revertem a favor da autarquia sob cuja jurisdição esteja a mina respetiva; por sua vez, se a área da atividade mineira abranger mais que uma autarquia, a taxa de 5% é repartida, proporcional-mente. (arts.244.º, 245.º e 246.º, n.º1, do Código Mineiro).

Ficam isentas deste imposto, as entidades que estejam sujeitas ao pagamento da taxa artesanal sobre o exercí-cio da atividade mineira. (art.247.º do Código Mineiro).

Para efeitos de determinação do lucro tributável, consideram-se custos ou perdas imputáveis ao exercício, nos termos do artigo 248.º do Código Mineiro, os seguintes encargos: encargos da atividade básica, acessória ou complementar; encargos com distribuição e venda; encargos de natureza financeira; certo tipo de encargos de natureza administrativa; encargos aduaneiros; provisões incluindo a provisão para recuperação ambiental; o

Imposto sobre o Valor dos Recursos Minerais (“royalty”); custos de prospeção e pesquisa; indemnizações e

prejuízos, cujo risco não seja segurável; e a contribuição para o Fundo Ambiental.

São, ainda, permitidas, segundo o artigo 249.º do Código Mineiro, deduções dos custos ou perdas do exercí-cio, dos seguintes encargos de reintegração e amortização do ativo imobilizado, tais como:

1. Equipamentos mineiros fixos 20%;

2. Equipamentos mineiros móveis 25%;

3. Ferramentas e utensílios de mineração 33,3%;

4. Equipamentos de acampamento: 20%;

5. Bens incorpóreos, incluindo despesas de prospeção e pesquisa: 25%.

De notar um aspeto específico especialmente regulado no Código Mineiro, quanto ao imposto de rendimento - as entidades que detêm direitos de exploração mineira devem constituir uma provisão destinada a custear a restauração ou recuperação do ambiente, resultante dos danos provocados pelas atividades geológicas e mi-neiras e a vida útil da exploração, por outro lado, havendo manifesta incúria do titular do direito mineiro ou de quem legalmente proceda à atividade de exploração mineira, as despesas efetuadas para a respet iva

peração ambiental não são dedutíveis da matéria coletável do imposto de rendimento. (art.250.º, nº1 e 5, do Código Mineiro).

No que diz respeito aos incentivos fiscais previstos para as entidades que levam a cabo a atividade mineira, podem ser atribuídos sob a forma de custo dedutível ao lucro tributável e, bem assim, sempre que a atividade mineira em causa comporte relevante interesse para a economia angolana, tais como, no desenvolvimento da atividade em zonas remotas, na contribuição para a formação e treinamento de recursos humanos angolanos, na realização de atividades de pesquisa e desenvolvimento em cooperação com instituições académicas e científicas angolanas, ou seja relevante na contribuição para o aumento das exportações. Contudo, os titulares dos direitos mineiros podem ainda obter prémios de investimento (“uplift”) ou períodos de graça no paga-mento do imposto de rendipaga-mento. De referir, ainda, que o Governo pode conceder incentivos fiscais sob a forma de isenções fiscais e aduaneiras a empresas de direito angolano que se dediquem exclusivamente ao tratamento, beneficiação e lapidação de minerais extraídos em Angola. (art.253.º do Código Mineiro).

3.9.2.2. IMPOSTO SOBRE O VALOR DOS RECURSOS MINERAIS (“ROYALTY”)

Este imposto, conhecido como royalty, é um imposto ad valorem, que vai incidir sobre o valor dos minerais extraídos à boca da mina ou, quando haja lugar a tratamento, sobre o valor dos concentrados. No caso de se tratar de mineração artesanal143 de diamantes, o royalty irá incidir, igualmente, sobre o valor dos lotes adqui-ridos pelos órgãos públicos de comercialização; no caso de se tratar de mineração artesanal de outros mine-rais, estratégicos ou não, o royalty vai incidir sobre o valor dos minerais adquiridos pelos órgãos públicos de comercialização e outros compradores autorizados. (art.254.º do Código Mineiro). Para efeitos de cálculo do

royalty, este é determinado em função do preço médio efetivo das vendas feitas no período reportado ou, quando tal não seja possível, é fixado em relação à média das cotações internacionais (art.255.º, n.º2, do Código Mineiro). No entanto, as entidades sujeitas ao royalty devem, até ao dia quinze de cada mês, entregar na repartição fiscal competente, uma declaração Modelo D, contendo as quantidades mensais produzidas no mês anterior, o seu valor, as bases utilizadas para a determinação do seu preço e outros elementos necessários ao cálculo do imposto sobre o valor dos recursos minerais. (art.255.º, n.º1, do Código Mineiro).

Estão isentos do pagamento do royalty, os minerais extraídos pelas entidades que exerçam apenas atividades de prospeção e pesquisa, cujo valor comercial seja irrelevante. (art.256.º, n.º1, do Código Mineiro).

Relativamente às taxas do royalty a aplicar sobre o valor dos recursos minerais, de acordo com o artigo 257.º do Código Mineiro, elas variam de 2% a 5%:

1. Minerais estratégicos 5%;

2. Pedras e minerais metálicos preciosos 5%;

3. Pedras semipreciosas 4%;

4. Minerais metálicos não preciosos 3%;

5. Materiais de construção de origem mineral e outros minerais 2%.

143 Veja-se a diferença entre Mineração Artesanal, é a exploração Artesanal de Diamantes, trata-se de uma atividade de exploração com uso exclusivo de métodos e meios artesanais, não mecanizados e sem tecnologia mineira industrial, por sua vez, a Mineração Estratégi-ca, é a exploração mineira com uso de tecnologia, ou uso de técnicas especificas na sua exploração, e considerada importante para o desenvolvimento económico do país. São considerados minerais estratégicos, os diamantes, o ouro e os minerais radioativos.

No que importa ao pagamento do royalty, ele deve ser feito até ao final do mês respetivo, ao da entrega da Declaração Modelo D. Não havendo notificação para pagamento em espécie, este é sempre efetuado em dinheiro (art.258.º, n.º1 e 2, do Código Mineiro).

3.9.2.3. TAXA DE SUPERFÍCIE

As taxas de superfície são verdadeiras taxas (ou contribuições especiais, na terminologia da CRA). A sua criação tem subjacente a ideia de penalizar a ocupação inexplorada da área da concessão.144

No período inicial de cinco anos e enquanto decorrer as fases de reconhecimento, prospeção, pesquisa e ava-liação, o detentor dos direitos mineiros fica sujeito ao pagamento da taxa de superfície, na unidade monetária com curso legal, por quilómetro quadrado da área correspondente a cada título, nos seguintes valores (art.261.º do Código Mineiro):

1. Para os diamantes: variam de 7 a 40 dólares/km2;

2. Outros minerais estratégicos: variam de 5 a 35 dólares/km2; 3. Pedras e metais preciosos: variam de 5 a 35 dólares/km2; 4. Pedras semipreciosas: variam de 4 a 20 dólares/km2;

5. Minerais metálicos e não preciosos: variam de 3 a 18 dólares/km2;

6. Materiais de construção de origem mineira e outros minerais: variam de 2 a 15 dólares/km2.

Contudo, segundo o disposto no artigo 262.º, n.º1 do Código Mineiro, os detentores dos direitos mineiros devem proceder ao pagamento da taxa de superfície junto da repartição fiscal competente, com base numa guia de pagamento a emitir em triplicado pelo ministério de tutela, onde deverá constar a seguinte informa-ção:

- O mineral objeto do título de prospeção;

- Área abrangida pelo título de prospeção, em quilómetros quadrados ou suas frações e sua localização; -A fase de reconhecimento, prospeção, pesquisa e avaliação, distinguindo-se o período inicial ou prorrogação em que se deve enquadrar;

- O montante a pagar anualmente, nos termos estabelecidos no Código Mineiro.

Os pagamentos subsequentes ao primeiro ano devem ser efetuados até 31 de janeiro do ano a que respeita o título, sendo dispensada a apresentação de nova guia, salvo se se verificar qualquer alteração nos seus termos. (art.262.º, n.º2, do Código Mineiro).

3.9.2.4. TAXA ARTESANAL

As entidades que exerçam atividade de exploração artesanal de minerais não estratégicos estão sujeitas ao pagamento da taxa sobre o exercício da mineração artesanal, também conhecida como Taxa Artesanal. (art.264.º do Código Mineiro). Esta taxa varia consoante o tipo de mineral explorado. (art.265.º do Código Mineiro).

Por seu turno, os titulares dos títulos de exploração artesanal de minerais estratégicos estão sujeitos ao paga-mento de impostos e taxas legais, bem como a um royalty de até 5% dos valores dos minerais. Ainda de salientar que os impostos e taxas legais referidos acima são retidos na fonte, a cargo do órgão público de comercialização e entregues nos cofres do Estado através da Repartição Fiscal da área do exercício da ativi-dade artesanal. (art.266.º do Código Mineiro).

3.9.2.5. FUNDO AMBIENTAL

Com exceção da atividade mineira artesanal, as entidades que exerçam atividade de exploração mineira estão sujeitas ao pagamento de uma contribuição ao Estado que se destina à constituição de um Fundo Ambiental, a ser criado e aprovado pelo Titular do Poder Executivo, o qual deve regular o montante da contribuição, bem como outras regras, incluindo a forma da arrecadação e afetação das receitas respetivas. (art.267.º do Código Mineiro).