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Um passeio pelo campus: as instituições de ensino superior

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.2 A educação superior: contextos e números

2.2.2 Um passeio pelo campus: as instituições de ensino superior

Esta seção apresenta as instituições e seu ambiente, assim como as inúmeras mudanças que assolam o mundo acadêmico e o marketing educacional. Pela Ilustração 3, pode-se depreender a razão de ser conhecido como ensino superior — abaixo dele está o ensino fundamental e o médio, o qual pode ter âmbito técnico — ou terceiro grau — depois dos nove anos do primeiro grau e três do segundo grau.

Ilustração 3 – Classificação do ensino pelo MEC segundo a formação

Fonte: MEC. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/sesu/index.php?option=content&task =view&id=598&Itemid=292>. Acesso em: 13 jan. 2008.

A Ilustração 3 também mostra os tipos de cursos oferecidos, que podem ser de (i) graduação, ou seja, bacharelado, licenciatura e tecnologia; (ii) sequenciais, que envolvem formação específica (que provê diploma) ou complementar (certificação) e (iii) de extensão, os quais proporcionam certificado de caráter social. Para a continuidade da formação acadêmica, há a pós-graduação, dividida em lato sensu (certificado) ou stricto sensu (diploma).

Faz-se necessário também clarear a forma como se referir às instituições de ensino superior (IES). Neste trabalho, por questão de simplificação, optou-se por essa nomenclatura para designar, não importando sua organização administrativa ou acadêmica, adotando-se ainda, em seu sentido genérico, as expressões IES, escola, instituição e universidade, para não tornar o texto repetitivo. Conforme o MEC e a Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional), as instituições são classificadas em:

universitárias: de caráter pluridisciplinar, responsáveis por “quadros profissionais de

nível superior”, que desenvolvem “atividades regulares de ensino, pesquisa e extensão” (MEC, 2006). A extensão envolve também a prestação de serviços à comunidade. Dividem-se em:

o universidades (propriamente ditas): pluridisciplinares, com autonomia nos termos da lei. Segundo o art. 52 e incisos da Lei nº. 9.394/96, destacam-se por formar quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, extensão, domínio e cultivo do saber humano, caracterizados por sua “produção intelectual institucionalizada” com estudo sistemático dos temas e problemas relevante científica e culturalmente

e qualificação e dedicação de seu corpo docente — um terço deles, pelo menos, deve ter mestrado ou doutorado e regime de tempo integral,

o universidades especializadas: podem ser unidisciplinares. Focam uma área de formação profissional ou conhecimento específica, oferecendo “ensino de excelência e oportunidades de qualificação ao corpo docente e condições de trabalho à comunidade escolar” e

o centros universitários: pluricurriculares, oferecem “ensino de excelência e oportunidades de qualificação ao corpo docente e condições de trabalho à comunidade escolar” (MEC, 2006), dispensando a pesquisa. Segundo o parágrafo único do art. 1º do Decreto nº. 5.786/2006, os requisitos para se denominar como tal são ter um quinto do corpo docente em regime de tempo integral e mais de um terço do corpo docente com mestrado ou doutorado.

não universitárias:

o centros federais de educação tecnológica (Cefets) e centros de educação tecnológica (CETs): pluricurriculares, são “especializados na oferta de educação tecnológica nos diferentes níveis e modalidades de ensino” (MEC, 2006). Sua atuação prioritária, como o próprio nome diz, é na área tecnológica, e são conhecidos popularmente pelo ensino técnico em nível médio.

o Faculdades integradas: possuem “propostas curriculares em mais de uma área do conhecimento”, em nível de graduação, cursos sequenciais e de especialização como de pós-graduação (mestrado e doutorado). Seu regimento é unificado e possuem um diretor geral.

o Faculdades isoladas: também com “propostas curriculares em mais de uma área do conhecimento”, vinculam-se a um único mantenedor, mas têm administração e direção isoladas. Oferecem cursos nos mesmos níveis das faculdades integradas (MEC, 2006).

o Institutos superiores de educação: ainda conforme o MEC (2006), “ministram cursos em vários níveis sendo eles de graduação, cursos sequenciais e de especialização, extensão e programas de pós-graduação (mestrado e doutorado) e faculdades, escolas e institutos superiores ou estabelecimentos isolados, que ministram um ou mais cursos da educação superior.

Pode-se perceber nessas classificações a importância que se atribui ao regime de trabalho e à qualificação docente. Para o MEC, ambos interferem nos conceitos obtidos pela IES.

Segundo a Ilustração 4, as instituições de ensino superior são classificadas quanto a sua estrutura administrativa em públicas ou privadas As públicas são “criadas ou incorporadas, mantidas e administradas pelo Poder Público” e podem ser federais, estaduais ou municipais. Já as privadas, “mantidas e administradas por pessoas físicas ou pessoas jurídicas de direito privado”, podem ser (i) com fins lucrativos ou particulares em sentido estrito, cuja “vocação social é exclusivamente empresarial” ou (ii) sem fins lucrativos, dividindo-se em:

comunitárias: têm em seus colegiados representantes da comunidade, como cooperativas de professores e alunos,

confessionais: de “motivação confessional ou ideológica”, ou seja, que adotam uma confissão religiosa, um conjunto de conceitos e valores explícitos no desempenho de suas atividades,

filantrópicas: mantenedora sem fins lucrativos com certificado de assistência social, que colocam à disposição da população serviços em geral, complementares aos públicos, sem qualquer remuneração.

Ilustração 4 – Classificação das IES pelo MEC segundo sua organização administrativa

Fonte: MEC. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/sesu/index.php?option=content&task=category& sectionid =1&id=88&Itemid=517>. Acesso em: 13 jan. 2008.

Tais classificações não abrangem a diversidade do universo das instituições de ensino superior no Brasil. Calderón (2004) ilustra a dimensão dessas diferenças:

A heterogeneidade existente entre as universidades é tão grande e acentuada que a expressão “universidade brasileira” perdeu seu sentido. [...] Por exemplo: será que toda universidade produz novos conhecimentos por meio da realização de pesquisas? Será que toda universidade realiza atividades de prestação de serviços à comunidade? Será que toda universidade professa claramente um forte compromisso social? Será que toda universidade está preocupada com a questão da qualidade? Ou com a questão de formar cidadãos autônomos, críticos, polivalentes e criativos? (op. cit., p. 105).