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Uma leve camada de pó de arroz, um toque de ruge

No documento Além Do Carnaval - James Naylor Green (páginas 170-189)

Gilda de Abreu, que criou seu personagem inspirado na famosa estrela de filmes brasileiros dos anos 30, morava na vizinhança dos bordéis, cinemas e locais de encontros homoeróticos do Vale do Anhangabaú. De sua cidade natal, no Estado da Bahia, Gilda migrara inicialmente para o Rio de Janeiro, com 17 anos. Durante o dia, traba- lhava como atendente de uma loja. À noite, saía para encontrar par- ceiros sexuais. Com 18 anos, ele resolveu desistir da “vida” e arranjar uma namorada, mas voltou às relações homossexuais dois anos depois, concluindo que preferia o sexo com homens. Após mudar-se para São Paulo no início dos anos 30, ele passou a se manter exercendo a pros-

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tituição. Gilda vivia num quarto modesto. A mobília consistia de uma cama, uma mesa rústica e uma cadeira. Na parede havia fotos de es- trelas famosas e alguns cabideiros para pendurar suas roupas. Para divertir-se, ele ia ao cinema ou visitava outros homossexuais na vizi- nhança. Preferia não andar nas ruas durante o dia, porque tirava as sobrancelhas e seus cabelos eram longos como os de uma mulher. Ele também andava de modo efeminado. Seu jeito exagerado de se vestir era geralmente notado e provocava escândalos, vaias, palavrões e per- seguições da polícia. Por volta das seis da tarde, ele jantava e depois ia até o Parque do Anhangabaú, para procurar parceiros “ativos”.105

O uso expressamente feminino de roupas, maquiagem e sobran- celhas tiradas e os apelidos não masculinos eram comuns entre os bi- chas dos anos 30. A adoção de um “nome de guerra” feminino, tais como Gilda, Zazá, Tabu, Marlene, Conchita e Damé, assim como ou- tros indicadores tradicionais de gênero, expressava a noção difundida de que os homossexuais eram seres transgêneros.* Para aqueles que

exerciam a prostituição, as marcas de estilo tradicionalmente femini- nas funcionavam como sinais de disponibilidade sexual. Para aqueles empregados em outras atividades, as quais permitiam algum grau de transgressão de gênero nas roupas e na aparência, as autoapresenta- ções não convencionais ajudavam a definir uma identidade que cor- respondia à imagem padrão da mulher na sociedade brasileira. Essas representações femininas tradicionais também implicavam uma imita- ção alegre, exagerada, satírica das qualidades que esses homens efe- minados possuíam de fato ou achavam que deviam possuir. Contudo, para essas pessoas que tinham de esconder seus desejos sexuais a maior parte do tempo, um apelido significativo compartilhado com os amigos ou uma discreta camada de pó de arroz e um toque de ruge, aplicados pouco antes de sair para um passeio noturno no Parque do Anhangabaú, fornecia uma leve indicação do feminino, embora pre- servasse uma representação, no geral, masculina.

* No inglês, cross-gendered. Expressão ainda não dicionarizada em português, mas empregada nos estudos acadêmicos sobre gênero. (N. T.)

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Até 1940, o travestismo em público constituía uma violação do Código Penal. Os homens que apareciam nas ruas vestidos como uma mulher ou com acessórios excessivamente femininos ou maquiagem estavam sujeitos a detenção e a uma permanência prolongada na ca- deia. Portanto, muitos homens usavam trajes masculinos, mas os sub- vertiam para sugerir um estilo feminino. Gilda, por exemplo, vestia um paletó curto e acinturado. Zazá, quando usava terno, também op- tava por um estilo exagerado. Ele usava um paletó curto e calças de cintura alta, que eram justas nos quadris e largas nas barras. Quando descreveram Conchita, um alfaiate de profissão, os alunos do Instituto de Criminologia notaram que sua indumentária era menos exagerada que a dos seus amigos, com uma pequena exceção: “O seu modo de vestir, ao contrário dos outros pederastas que costumam frequentar o Parque do Anhangabaú, é de certo bom gosto, acompanhando a moda, mas fazendo-o sem exagero. Traja-se muito bem e com sobrie- dade. Não usa pinturas, não depila as sobrancelhas, passando apenas uma leve camada de pó de arroz no rosto”. Damé, que como Conchi- ta trabalhava como alfaiate, também usava ternos com corte masculi- no e sem um estilo excessivo. Ele admitia, contudo, que gostaria de se vestir com roupas femininas, mas não o fazia para evitar o cons- trangimento de sua família. Não sabemos se Conchita usava a camada de pó de arroz para sugerir a identificação com o feminino, a dispo- nibilidade sexual ou ambos. Porém, quando Kay Francis foi pressio- nado a responder por que ele e seus amigos no Rio gostavam de usar ruge, pó de arroz e maquiagem nas ruas nos anos 30, ele respondeu mais pragmaticamente: “Porque me cai bem”.106

O medo de perder o emprego ou de ter problemas com os vizi- nhos também motivava muitos jovens a ter cuidado com o modo de se comportar e de se vestir. Jurema, um escriturário de 19 anos, havia fu- gido da casa de seus pais em busca de maior liberdade. Ele vivia com um amigo, próximo ao centro. Contudo, ninguém no seu escritório ou no edifício de apartamentos em que morava sabia que ele era um “pe- derasta”, e nem ele queria que soubessem. Jurema se vestia de acordo com a última moda, mas sem exageros, e não usava maquiagem. Tam-

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pouco se vestia como mulher, porque a primeira vez que o havia fei- to foi detido pela polícia e teve de passar algum tempo na cadeia.107

Marcadores femininos, obviamente, podiam resultar em ostracismo social, especialmente se a pessoa vivesse com os pais ou parentes. Conchita, cujos pais moravam em Santos, saiu de casa para não cau- sar problemas à sua família.

Modos de vestir não convencionais podiam, até, levar à internação numa instituição para doentes mentais. O pai de um advogado de 29 anos, do Rio de Janeiro, internou seu filho no Sanatório Pinel, um hos- pital psiquiátrico particular em São Paulo, porque o jovem estava de- monstrando “excessiva preocupação com sua beleza”; passava “horas, quatro ou cinco, no banheiro ‘preparando-se’. Saía ao anoitecer”. Segun- do seu histórico médico no arquivo do sanatório, o jovem advogado usava batom, uma “cabeleira postiça” e raspava os pelos do peito e do abdômen. O médico que lhe atendia receitou um tratamento de ele- trochoques durante seis semanas para corrigir esse comportamento.108

Nem todos os homens que admitiam abertamente sua atração se- xual por outros homens usavam marcadores femininos para se iden- tificar aos potenciais parceiros. Alfredinho, que tinha um apelido mas- culino e trabalhava como impressor, vestia-se com roupas masculinas comuns e não usava nenhum tipo de maquiagem. Ele veio a ter con- tato com os entrevistadores por meio de um encontro acidental, na casa de um amigo que morava na zona de prostituição. Solteiro, com 24 anos na época em que foi entrevistado, ele morava com sua famí- lia no bairro operário do Brás. Alfredinho relatou que ele não tentava “pegar” ativos nas ruas, porque vinha de “uma família honesta” e tinha muitos conhecidos que provavelmente o reconheceriam. Pelo fato de o Parque do Anhangabaú ser conhecido como um local público para viados, Alfredinho não queria correr o risco de ser visto lá; isso só cau- saria tensões com sua família e amigos.109

Homens como Alfredinho, que gostavam de dormir com outros homens mas não se encaixavam nos estereótipos comuns dos “pede- rastas” efeminados, são apenas raramente representados nos estudos sobre a subcultura homossexual de São Paulo nos anos 30. É possível

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supor que o número desses homens era relativamente pequeno. Con- tudo, é mais provável que homossexuais como Alfredinho, que não se vestiam de modo efeminado e que evitavam essas áreas da cidade onde podiam ser reconhecidos e associados com um comportamento “imoral e impróprio”, eram em geral invisíveis para os observadores externos, que procuravam marcadores óbvios para identificar “pederastas”, em lugares onde eles notoriamente se reuniam. De fato, Alfredinho só apareceu nesse estudo de 1939 por acaso, e não por meio de uma amostragem sistematizada efetuada pelos estudantes de criminologia. Dada a quantidade de evidências disponíveis, é impossível reconstruir um perfil acurado de todos os tipos de homem que se engajavam em atividades homoeróticas nesse período. Também não é possível de- senvolver um modo preciso de calcular a proporção relativa daqueles cujo comportamento, identidade e vida social conformavam-se a pa- drões mais semelhantes ao de Gilda do que ao de Alfredinho. Os do- cumentos históricos disponíveis, contudo, ao menos revelam que as construções de identidade de gênero, comportamento sexual e intera- ções sociais eram muito mais disparatadas e complexas do que os cientistas sociais brasileiros dos anos 30 levavam o leitor a acreditar.

Embora as noções populares de transgressões de gênero, no Bra- sil, dividissem os homens entre bichas “passivos”, efeminados e ho- mens “ativos”, “penetradores”, “verdadeiros”, os indivíduos nos anos 30 não se encaixavam perfeitamente nesses parâmetros. Em primeiro lugar, por que os homens “verdadeiros” preferiam os bichas e não as mulheres? Uma possibilidade pode ter sido porque as mulheres mo- ralmente honradas não estavam facilmente acessíveis para os prazeres sexuais. Com o tabu criado em torno da virgindade das mulheres, al- guns homens “verdadeiros” podem ter sido forçados a buscar homens efeminados como substituições sexuais temporárias. Francisco Ferraz de Macedo, em 1872, explicou a proliferação da sodomia no Rio de Janeiro imperial empregando essa lógica. Por que, então, os ativos es- colhiam Zazá ou Gilda de Abreu em vez de alguma prostituta feminina que vivesse na mesma área? Os prostitutos aparentemente ganhavam o mesmo que as prostitutas e mantinham padrões de vida igualmente

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precários, e portanto não seria mais barato para um homem com difi- culdades financeiras escolher um bicha em vez de uma mulher.110

Também não há nenhuma indicação de que os homens que buscavam prostitutos fossem particularmente pobres. Se esse fosse o caso, o cri- me supostamente comum, o conto do suador, teria sido uma iniciativa bem pouco lucrativa para aqueles que atendiam clientes masculinos. Eu afirmaria, ao contrário, que alguns homens “verdadeiros” sentiam uma atração especial por homens com traços delicados, com sobran- celhas tiradas e ruge nas bochechas, que seus desejos iam além da necessidade pragmática de obter um corpo, qualquer corpo, para pe- netrar por prazer sexual.

A lógica por trás da ideia da universalidade do paradigma homem “verdadeiro”/bicha também implica a inviolabilidade do papel sexual “ativo” do homem “verdadeiro”. Mesmo que alguns homens “verda- deiros” tenham optado por homens e não por mulheres, por sentirem desejos específicos ligados aos corpos de homens em oposição aos corpos de mulheres, esses homens “verdadeiros”, assim diz esse argu- mento, ainda exercem o papel de penetradores. Mais uma vez, a rea- lidade se mostra mais rica do que a construção teórica. Flor de Aba- cate viveu com um caminhoneiro durante dois anos, e depois com um cabo da Polícia Especial. Presume-se que esses dois amantes eram ho- mens “verdadeiros” que o penetravam sexualmente. Contudo, quando entrevistado pelos estudantes de criminologia, Flor de Abacate estava vivendo e supostamente tendo relações sexuais com uma mulher prostituta.111 Zazá ficou chocado quando seu primeiro parceiro sexual

quis alternar os papéis e ser penetrado em vez de exercer o papel de penetrador. Alfredinho surpreendeu os estudantes que o entrevistaram porque, embora tivesse iniciado suas atividades homoeróticas pene- trando seus parceiros, logo passou a permitir que outros o penetras- sem. A situação de Alfredinho foi descrita nos seguintes termos: “Cum- pre notar aqui que, quando ingressou nesse meio, o fez na qualidade de pederasta ativo; chegou mesmo a ter, por duas vezes, doenças ve- néreas, moléstias estas que contraiu mantendo relações com pederas- tas passivos. Continuou a frequentar tal meio e mais tarde, com o

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correr do tempo, inverteu-se, passando a ser passivo. Todavia, a ca- racterística mais interessante deste pederasta é a circunstância de ser passivo e ativo ao mesmo tempo. Mantém não poucas vezes, como qualquer homem normal, relações sexuais com mulheres...”.112 Mada-

me Satã também gerou uma ansiedade social porque ele não se ade- quava nitidamente às concepções populares acerca do comportamen- to sexual “apropriado” para os bichas. Ele era agressivo e violento, dois indicadores de masculinidade, e contudo admitia abertamente seu desejo de ser penetrado por outro homem.

O fato de os criminologistas, médicos, psiquiatras e juristas que investigaram e escreveram sobre a homossexualidade nos anos 30 te- rem fundamentado seu pensamento na teoria hiperabrangente da imu- tabilidade do modelo ativo/passivo, homem/bicha, impediu-os, em geral, de tomar conhecimento dos homens que não se encaixavam no molde do efeminado. Os homens que eram vulneráveis às prisões e ao poder disciplinador resultante das observações médico-legais, conduzidas sob a supervisão da polícia, eram visíveis precisamente porque transgrediam as normas de gênero. Por circular em áreas da cidade onde a homossociabilidade podia resultar em ligações ho- moeróticas, mediante a exibição de comportamentos femininos, ou por meio da prática de atos sexuais públicos, os indivíduos estudados por Ribeiro tornaram-se objetos de uma investigação “científica” sobre os homossexuais. Os resultados desse estudo baseiam-se no exame daqueles que, em algum grau, já se conformavam a uma noção pre- concebida do comportamento homossexual. No próximo capítulo, examinaremos as formas pelas quais a predisposição, por parte dos profissionais, para vincular seu pensamento a parâmetros de gênero moldou os discursos oficiais a respeito da homossexualidade, bem como as ações do Estado.

Notas

1 Gautherot, Rio de Janeiro, 1965, p.57; e Orazil, Rio de Janeiro and Environs, Travelers’s Guide, 1939, p.485-6.

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2 Rosa, Rio de Janeiro, notícias históricas e descritivas da capital do Brasil, 1978,

p.43-5.

3 “Copacabana, Ipanema e Leblon parecem destinadas a representar no litoral Atlântico da América do Sul, o papel que Ostende, Biarritz, Deauville, o Lido e Miami representam na Europa e nos Estados Unidos”, O Cruzeiro, 1928, p.7; Lima,

Arquitetura do espectáculo: teatros e cinemas na formação do espaço público

das Praças Tiradentes e Cinelândia. Rio de Janeiro 1813-1950, 1997, p.235-85. 4 Andrade, “As transformações do Rio de Janeiro”, Jornal do Brasil, 1928, p.5, ci-

tado em Lima, Arquitetura do espectáculo, p.246. 5 Gibson, Rio, 1937, p.49-50.

6 Caulfield, In Defense of Honor: The Contested Meaning of Sexual Morality in

Law and Courtship, Rio de Janeiro, 1920-1940, 1994, p.74-87. Caulfield descre- ve a visita oficial do rei Albert e da rainha Elizabeth da Bélgica ao Rio de Janei- ro, em 1920, e a forma pela qual as reformas urbanas de influência europeia foram usadas pelo governo para promover a imagem de um país sofisticado e civilizado.

7 Ribeiro, Homossexualismo e endocrinologia, prefaciado por Gregório Marañón,

1938, p.109-10. 8 Ibidem, p.109.

9 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Recenseamento geral do Brasil [1º

de setembro de 1940], Parte XVI-Distrito Federal, 1951, p.1.

10 Araújo Filho, “A população paulistana”, v.2, A evolução urbana, 1958, p.169. 11 Besse, Modernizando a desigualdade: reestruturação da ideologia de gênero no

Brasil, 1914-1940, 1999, p.135, 143-7. 12 Ibidem, p.33.

13 Ibidem, p.40.

14 Ver Costa, História da psiquiatria no Brasil: um corte ideológico, 1976.

15 Freyre, Casa grande e senzala. A formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal, 1983.

16 Ver Stepan, The Hour of Eugenics: Race, Gender and Nation in Latin America, 1991.

17 O Bloco Operário e Camponês (BOC) malogrou em sua tentativa de desafiar a oligarquia brasileira nas eleições de 1928. Para uma análise da relação entre o fracasso do BOC em 1928 e a criação de um discurso a respeito da “Revolução de 30” na perspectiva dos vitoriosos, ver Decca, 1930: o silêncio dos vencidos, 1981.

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18 A proposta de Luzardo para reformar a polícia do Rio de Janeiro foi, em parte, uma tentativa de afastar do corpo policial os oponentes do novo regime. Quan- do o chefe da Polícia Militar protestou contra o plano Luzardo por estar centra- lizando a força policial, o novo chefe de polícia de Vargas renunciou. Conniff,

Urban Politics in Brazil: The Rise of Populism, 1925-1945, 1981, p.138. Ribeiro,

no entanto, continuou em seu posto como chefe do Instituto de Identificação até 1946, um ano após o fim do Estado Novo. Ribeiro, De médico a criminalista: depoimentos e reminiscências, 1967, p.3.

19 Ribeiro, De médico a criminalista, p.105.

20 Ibidem, p.116-7. Ao estabelecer um sistema uniformizado para identificar a po- pulação, Ribeiro convenceu o governo a usar as impressões digitais como uma técnica única e diferenciada. Segundo uma matéria de jornal citada por Ribeiro em suas memórias, o propósito do Instituto era estabelecer um sistema para a identificação eleitoral. Contudo, suas atividades foram além dessa meta, para incluir também assuntos criminais e civis, levando à criação do Instituto Félix Pacheco, que passou a controlar passaportes, carteiras de identidade e os estran- geiros residentes no Brasil.

21 Esses artigos, que em geral repassavam as mesmas informações, incluíram: “Aspectos médico-legais da homossexualidade.” Arquivo de Medicina Legal e

Identificação, v.5, p.12, 1935; “El problema medicolegal del homosexualismo.

Contribución a su estudio bajo el punto de vista endocrinológico.” Archivos de

Medicina Legal (Buenos Aires), p.362, 1935; “Homossexualismo e endocrino-

logia.” Revista Brasileira (Rio de Janeiro), v.5, p.155, 1935; “O problema medi- co-legal do homossexualismo sob o ponto de vista endocrinológico.” Revista

Jurídica (Rio de Janeiro), v.3, p.185, 1935; “O problema medico-legal do ho-

mossexualismo.” Arquivo de Medicina Legal e Identificação (Rio de Janeiro), v.5, p.145-60, 1936; “Aspectos médico-legais da homossexualidade.” Arquivo de An-

tropologia Criminal, v.56, p.425-36, 1936; “Homossexualismo e endocrinologia.” Arquivos de Medicina Legal e Identificação, p.167, 1937; “Omosessualitá ed en-

docrinologia.” La Giustizia Penale (Roma), v.44, n.1, p.527, 758, 1938; “Homo- sexuality: Etiology and Therapy.” Arquivos de Medicina Legal e Identificação, p.8-15, 1938; “Etiologia e tratamento da homossexualidade.” Arquivos de Medi-

cina Legal e Identificação, v.1, p.xcvii-c, 1938; “Homossexualité et glandes en-

docrines.” Parte 1. Arquivos de Medicina Legal e Identificação, p.98, 1938. 22 As edições italianas, intituladas Omosessualità e endocrinologia, foram publica-

das em Roma pela Livraria Città de Casttello, e em Milão por Fratelli Bocca. La Caz, Vultos da medicina brasileira, v.4, 1977, p.42.

23 Em 1975, um ano antes de sua morte, Ribeiro publicou suas memórias. Incluiu no volume uma versão adaptada de um artigo intitulado “Problemas médico-

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-sociais da homossexualidade”, que apresentara numa conferência em Lisboa em 1935. Ribeiro referiu-se aos resultados de pesquisa do relatório de Kinsey e reconheceu os fatores psicológicos apontados por Freud que afetavam o com- portamento homossexual. Ele também mencionou uma matéria jornalística so- bre uma manifestação de cinco mil homossexuais no Central Park, em Nova York, que protestavam contra a discriminação, sem dúvida uma referência à Gay Pride March. No entanto, ele ainda insistia na validade de sua teoria sobre a causa da homossexualidade, a qual defendera nos anos 30. Ver Ribeiro, Memó-

rias de um médico legista, 1975, v.1, p.83-94.

24 Gonçalves era um delegado auxiliar. Ribeiro, Homossexualismo e endocrinolo-

gia, p.105.

25 “Henrique”, provavelmente, não fazia parte do grupo dos 195 homens estuda- dos, uma vez que foi preso em 1935.

26 Essa batida policial não foi um acontecimento único. Em 1923, por exemplo, o chefe de polícia do Rio, Franca, havia “expedido determinações no sentido de uma rigorosa fiscalização nas hospedarias e casas de tolerancia afim de cohibir o commercio carnal de menores e o desenvolvimento da pederastia”. Franca, “Serviço Policial”, 1920, p.75; citado em Caulfield, In Defense of Honor, p.119. 27 A distribuição racial para os homens no Distrito Federal era: total, 878.299; bran-

cos, 642.207; mestiços, 145.179; negros, 88.451. O censo de 1920 não incluiu questões sobre raça e o de 1930 não ocorreu por causa dos levantes políticos daquele ano. Portanto, usei as estatísticas que foram coletadas oito anos após o estudo de Ribeiro, o que pode ser outra razão para que a composição racial do grupo seja diferente das estatísticas para a população do Rio de Janeiro como um todo.

28 Ver Skidmore, Preto no branco: raça e nacionalidade no pensamento brasileiro, 1989.

29 Para a categoria raça, o entrevistador do censo foi instruído a proceder da se- guinte maneira: em primeiro lugar, perguntava ao entrevistado se ele ou ela era preto, branco ou amarelo. Se o indivíduo declarasse que tinha uma diferente identidade racial, era classificado como pardo. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Recenseamento geral do Brasil, xv. Desse modo, o censo direciona-

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