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3.1 GAIA: perspectiva teórica mãe

3.1.2 Uma teia complexa de pesquisas recentes

O GAIA, por quase duas décadas, esteve respaldado institucionalmente pela UNISC, mas com conexões que se estendiam por inúmeras IES, não só do Brasil. Algumas das principais parcerias recentes do GAIA no Brasil estavam relacionadas à contribuição de colegas pesquisadores da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Em Portugal, as parcerias se davam principalmente com a Universidade do Minho (UMINHO) e com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). A imagem a seguir (Imagem 1) era comumente empregada pelo GAIA para sinalizar nossas relações de colaboração com essas universidades.

Imagem 1 – Ilustração das instituições parceiras do GAIA

Recentemente, entretanto, esse esquema foi reconfigurado. Com a ida da professora Nize Pellanda para Programa de Pós-Graduação em Cognição, Tecnologias e Instituições da UFERSA, em 2020, interpreto que o GAIA deixou de ter como sede principal a UNISC, embora muito dos pesquisadores do grupo permaneçam na instituição.

Hoje com sede na UFERSA, e ainda sob liderança da professora Nize, o GAIA não deixa de manter muitas de suas parcerias anteriores; pelo contrário, atualmente o grupo se estende a algumas novas. Se pensarmos os projetos de pesquisa, extensão e ensino vinculados ao GAIA como pontes de parcerias interinstitucionais, podemos somar agora mais uma IES parceira: a UFSM, mais pontualmente, o curso de Letras - Espanhol e Literaturas EaD. Afinal, a pesquisa registrada nesta tese emerge de um projeto que correlaciona investigações desenvolvidas no GAIA (PELLANDA et al., 2017; CHAGAS, 2019; IOP, 2020) e, da minha parte, de trabalhos referentes ao referido curso de Letras - Espanhol e Literaturas EaD (UFSM-UAB).

Conforme já elucidei, em comum, os projetos do GAIA se relacionam à ontoepistemogênese, tema central do grupo de pesquisa e também da presente tese. Os projetos vinculados ao GAIA convergem para esse conceito matriz em uma via de duas mãos: alimentam a acepção de ontoepistemogênese com suas operações e se baseiam nela para avançar em novas reflexões e debates.

Na imagem a seguir (Imagem 2), apresento o fluxograma18 de projetos de pesquisa e extensão que compõem o GAIA:

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No GAIA, consideramos este como um fluxograma-vivo, dinâmico, em contínua atualização. Os projetos são frequentemente adaptados, o que leva a alterações constantes. A imagem referida contempla os projetos em vigor no mês de agosto de 2019, momento de escrita desta seção da tese.

Imagem 2 – Fluxograma de projetos do GAIA

Fonte: do autor. Adaptado de: acervo do GAIA. 2019.

A partir dos referidos projetos, foram confeccionados não apenas livros (coletâneas), como a obra Viver/conhecer na perspectiva da Complexidade (PELLANDA; BOETTCHER; PINTO, 2017b), já citada, mas também diferentes publicações, na forma de TCC, dissertações de Mestrado, teses de Doutorados etc. Dentre essas publicações, opto por referenciar as duas mais diretamente vinculadas ao meu percurso de pesquisa e com contribuições mais perceptíveis a esta tese: os estudos de Chagas (2019) e Malacarne (2010).

Chagas (2019), em seu projeto de tese de doutorado em Educação, propoe-se a abordar, com docentes da Educação Básica, as tecnologias digitais como possibilidade de potencializar a tecitura de redes de aprendizagem, tanto no ensino presencial como no ensino online. Os participantes do estudo de Chagas (2019) são docentes da rede pública de Santa Cruz do Sul (RS) e de Mossoró (RN), mais especificamente no contexto dos Núcleos de Tecnologias Educacionais (NTE) desses municípios. A escolha dos NTE relaciona-se com o fato de estes serem espaços organizados e credenciados pelo Ministério da Educação (MEC) para promover formação continuada aos educadores e aos funcionários da Educação Básica da rede pública. Além disso, eles também são espaços equipados com diversas tecnologias que contribuirão com os agenciamentos coletivos, em ações cognitivas-subjetivas de acoplamento tecnológico. De forma semelhante ao que proponho em meus estudos, o arcabouço teórico da

pesquisa de Chagas (2019) contempla os trabalhos de Lévy (2010a), Pellanda (2009) e Maturana e Varela (2001), entre outros.

Para além do mesmo arcabouço teórico, a contribuição maior da pesquisa de Chagas (2019), para minha tese, está no desenho de uma cartografia complexa. Até o presente momento, considero a pesquisadora (CHAGAS, 2019) como aquela que melhor esboça a cartografia complexa como método transdisciplinar de pesquisar no fluxo do viver dos processos de formação de professores no viés do Paradigma da Complexidade. Para tanto, e a partir das autonarrativas (escrita, fala, gestos, emoções...), a autora percebe a ação de cartografar como um modo de enfrentamento aos pensamentos lineares de controle, negação do outro e competição que produz sofrimento (CHAGAS, 2019).

Por sua vez, Malacarne (2010), em sua dissertação de Mestrado em Educação, optou por estudar as principais características do processo de aprendizagem de estudantes de EaD, tendo como elemento central as interações cognitivo-afetivas. Em sua pesquisa, a autora denunciou não ser possível fazer meras transferências de técnicas da educação presencial para a EaD, mas, sim, buscar novas teorias que priorizem o papel da inversão, da criação e, nesse sentido, das aprendizagens.

Os resultados da pesquisa qualitativa desenvolvida por Malacarne (2010) indicam que os processos de aprendizagem analisados oportunizaram a criação de redes cognitivo-afetivas, e dão indícios de que tais processos são potencializados a partir das interações em convergências entre ser-viver-conhecer. A proposta inicial da autora (MALACARNE, 2010) de estudar apenas os laços afetivos-coginitivo, com o passar do tempo, reverberou em um estudo maior, concomitante ao movimento de ligação das pessoas participantes da pesquisa com o ambiente. Dessa investigação, destaco a sensibilidade de Malacarne (2010, p. 73) de notar que, na convivência, ela e as participantes do estudo (nove acadêmicas de graduação de um curso EaD) foram se ―complexificando e estreitando os vínculos‖, emergindo nesses processos um acoplamento tecnológico-estrutural. Em comum, esses dois estudos – que potencializam o meu caminho de pesquisa – contam com o suporte teórico da Complexidade e da Biologia da Cognição.