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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.4. Fatores a serem considerados no processo de resfriamento e/ou

2.4.1. Variação individual de varrões

A herdabilidade é a precisão por meio da qual o valor fenotípico representa o valor genético do indivíduo, podendo variar de 0,0 a 1,00 ou de 0 a 100%. Quando a herdabilidade for de 0,0 a 0,20 é considerada baixa. Valores baixos significam que grande parte da variação da característica é devida às diferenças ambientais entre os indivíduos, enquanto valores altos (>0,40) implicam que diferenças genéticas entre indivíduos são responsáveis pela variação da característica avaliada. De modo geral, as características reprodutivas apresentam baixa herdabilidade (Lopes, 2011).

Na produção de suínos, a maioria dos animais resulta do cruzamento entre matrizes de linhagens maternas com sêmen heterospérmico de machos de terminação. Estes varrões são selecionados quase que exclusivamente para crescimento e características de carcaça, dando-se uma

ênfase mínima ao volume, qualidade e fertilidade do sêmen. Consequentemente é razoável especular que o verdadeiro mérito genético da grande maioria dos varrões comerciais com relação aos parâmetros reprodutivos não é conhecido. Desta forma, uma importante questão a se considerar é quanta variação existe nos parâmetros reprodutivos de machos de linhagens de terminação utilizados atualmente na produção de suínos. Do ponto de vista prático, a quantidade e a qualidade do sêmen são os dois principais fatores que afetam o número de doses que podem ser produzidas a partir de um único ejaculado, e que podem afetar os custos associados à utilização da IA (Flowers, 2008).

Vários estudos envolvendo múltiplas linhagens genéticas têm reportado a existência de grandes variações quanto à qualidade e quantidade da produção seminal de varrões. De acordo com pesquisas realizadas em universidades e em criações comerciais, varrões híbridos produzem, normalmente, sêmen de melhor qualidade e também maior volume, seguidos pelos de linhas terminais puras. Em último lugar estão situados os varrões oriundos de linhas maternas puras (Sonderman e Luebbe, 2008).

59 As diferenças observadas incluem:

sensibilidade à infertilidade sazonal, interação volume do ejaculado x idade, frequência ótima de coleta, taxa de ejaculados descartados, idade à puberdade, libido, facilidade de treinamento para a coleta e, finalmente, a resistência do sêmen durante a estocagem (Sonderman e Luebbe, 2008).

Existem diferenças entre as raças com relação à produção espermática, havendo, ainda, interações com a idade. Os varrões começam a ser coletados com aproximadamente 7-9 meses de idade. Estes varrões jovens, normalmente têm seus ejaculados descartados por baixos volume e concentração espermática. Logo após a sua coleta inicial, as linhas terminais (puras ou cruzadas) irão normalmente apresentar ejaculados admissíveis ou processáveis, embora as linhagens maternas parecem atrasar aproximadamente 2-8 semanas para que atendam às mesmas exigências (Sonderman e Luebbe, 2008).

A produção espermática difere consideravelmente entre raças. Um dos estudos que avaliou tais diferenças foi realizado por Kennedy e Wilkins (1984). Neste estudo, avaliaram-se as características seminais de varrões puros em granjas canadenses durante 10 anos. Segundo os autores, varrões Yorkshire produziram, normalmente, 10-12 x 109 de espermatozoides a mais que os da raça Hampshire, sendo que os varrões das raças Landrace e Duroc produziram volumes intermediários. Outros estudos têm reportado ainda maiores diferenças quanto ao número total de espermatozoides por ejaculado, quando as comparações envolveram varrões europeus, chineses e africanos (Flowers, 2008).

Os custos fixos associados com a coleta do sêmen de varrões são altos, quando considera-se o modesto número de doses inseminantes produzidas por ejaculado. Consequentemente, tecnologias que

permitam a identificação de varrões com testículos maiores e que produzam um maior número de doses por coleta poderiam reduzir os custos de produção em sistemas que usam a inseminação artificial (Ford et

al.,2006). Diferenças no número de

espermatozoides por ejaculado podem variar até três vezes entre raças (Kennedy e Wilkins, 1984; Colenbrander et al., 1993), observando-se uma maior produção espermática nas raças encontradas, normalmente, em sistemas intensivos de produção (Ford et al., 2006).

A produção espermática aumentou até os dois anos de idade, em resposta à seleção direta para tamanho testicular e também como consequência da heterose (Wilson et

al., 1977). No entanto, o completo

entendimento das bases biológicas relacionadas às diferenças observadas na produção espermática entre raças não existe. Entretanto, o número de células de Sertoli quando da complementação da puberdade pode ser considerado como o fator limitante primário (Ford et al., 2006). Diferenças entre raças quanto ao desenvolvimento testicular pós-natal, contrastam com a similaridade presente no desenvolvimento durante o período pré- natal. A progressão do desenvolvimento testicular pré-natal de duas raças, Landrace- Yorkshire (LY – Composto branco) e Meishan, uma raça chinesa com testículos pequenos e com menor idade à puberdade do que os varrões LY foi comparada. De acordo com este estudo, a produção de hormônio anti-mulleriano ocorreu em 40%- 50% dos machos dentro de cada raça, aos 26 dias de gestação, e em 100% dos machos de ambas as raças aos 28 dias de gestação. Da mesma forma, a presença do citocromo P450 17 alfa-hidroxilase/17,20 – liase, um indicador da síntese de esteróides pelas células de Leydig, foi observada em ambas as raças aos 30 dias de gestação. Entre os dias 30 e 50 de gestação, os fetos machos LY alcançaram pesos maiores do que os machos Meishan (Hunter, 1994), além de

60 possuírem maior peso testicular e massa de

túbulos seminíferos aos 60 dias de gestação. O número de células de Sertoli foi consistentemente maior nos fetos LY do que nos fetos Meishan, sendo a magnitude desta diferença proporcional às diferenças observadas no tamanho dos testículos à maturidade entre as duas raças (Ford et al., 2006). O aumento do número de células germinativas foi logarítmico durante a metade final da gestação (Van Straaten e Wensing, 1977).

No que concerne ao desenvolvimento testicular pós-natal, observou-se que durante os primeiros 25 dias após o nascimento, os varrões Meishan acumularam células de Sertoli e túbulos seminíferos mais rapidamente do que varrões LY, produzindo maior massa tubular, apesar do menor tamanho testicular. Os varrões Meishan mantiveram esta vantagem quanto à massa de túbulos seminíferos, em relação aos de outras raças, durante os primeiros 100 dias de vida (Ford

et al., 2006).

Um rápido aumento da massa tubular, com expansão do diâmetro dos túbulos seminíferos e aumento da taxa de acúmulo de células de Sertoli define o desenvolvimento púbere inicial dos machos, na maioria das espécies já estudadas (França et al., 2005).

Varrões Meishan atingem a puberdade mais cedo, sendo esta caracterizada pelo aumento do diâmetro dos túbulos seminíferos aos 30-45 dias de idade, enquanto os varrões de outras raças exibem este aumento após os 100 dias de idade (França et al., 2000). Com relação aos determinantes genéticos relacionados à massa testicular, sabe-se, atualmente, que em ratos, apenas alguns genes tem impacto sobre o peso testicular, com herdabilidade de 0,52. Uma proporção significativa desta variação no peso testicular é normalmente atribuída ao cromossomo Y. Entretanto, estudos recentes determinaram que regiões

específicas do cromossomo X também afetam significativamente o peso dos testículos (Oka et al., 2004). Em linhagens de varrões Landrace-Large White, a seleção direta para maior tamanho testicular aos 150 dias de idade levou a um aumento significativo do tamanho testicular de machos maduros, com consequente aumento da produção espermática diária (Ford et al., 2006).

2.4.2. Tipo de colheita do sêmen: total ou