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Descrição clínico-laboratorial de uma série de casos de Miosite Aguda Viral.

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ARTIGO

ORIGINAL

Clinical

and

laboratory

description

of

a

series

of

cases

of

acute

viral

myositis

,

夽夽

Silvana

Paula

Cardin,

Joelma

Gonc

¸alves

Martin

e

Claudia

Saad-Magalhães

DepartamentodePediatria,FaculdadedeMedicinadeBotucatu,UniversidadeEstadualPaulista(Unesp),Botucatu,SP,Brasil

Recebidoem5dejunhode2014;aceitoem12denovembrode2014

KEYWORDS

Influenza; Acutemyositis; Creatine phosphokinase

Abstract

Objective: Describetheclinicalandlaboratoryprofile,follow-up,andoutcomeofaseriesof casesofacuteviralmyositis.

Method: A retrospective analysis of suspected cases under observation in the emergency departmentwasperformed,includingoutpatientfollow-upwiththerecordingofrespiratory infectionandmusculoskeletalsymptoms,measurementofmuscleenzymes,creatine phosphoki-nase(CPK),lactatedehydrogenase(LDH),transaminases(ASTandALT),bloodcount,C-reactive protein, anderythrocyte sedimentation rate inthe acutephase andduring follow-up until normalization.

Results: Between2000and2009, 42suspectedcaseswereidentifiedand35 (27boys)were included. The median age was 7 years and the diagnosis was reported in 89% inthe first emergencyvisit.Theobservedrespiratorysymptomswerecough(31%),rhinorrhea(23%),and fever(63%),withameandurationof4.3days.Musculoskeletalsymptomswerelocalizedpainin the calves (80%), limited ambulation (57%), gait abnormality (40%), and muscle weakness inthelowerlimbs(71%),withameandurationof3.6days.Therewassignificantincreasein CPKenzymes(5,507±9,180 U/L),LDH(827±598U/L),andAST(199±245U/L),witha tendencytoleukopenia,(4,590±1,420)leukocytes/mm3.Thecompleterecoveryoflaboratory

parameters was observed in 30 days (median), andlaboratory and clinical recurrence was documentedinonecaseaftertenmonths.

Conclusion: Typicalsymptomswithincreasedmuscleenzymesafterdiagnosisofinfluenzaand self-limited courseof thedisease were the cluesto the diagnosis. The increase inmuscle

DOIserefereaoartigo:

http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2014.11.008

Comocitaresteartigo:CardinSP,MartinJG,Saad-MagalhãesC.Clinicalandlaboratorydescriptionofaseriesofcasesofacuteviral

myositis.JPediatr(RioJ).2015;91:442---7.

夽夽EstudoconduzidonoDepartamentodePediatria,FaculdadedeMedicinadeBotucatu,UniversidadeEstadualPaulista(Unesp),Botucatu,

SP,Brasil

Autorparacorrespondência.

E-mail:claudi@fmb.unesp.br(C.Saad-Magalhães).

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enzymesindicatetransientmyotropicactivityrelatedtoseasonalinfluenza,whichshouldbe considered, regardlessoftheviral identification,possibly associatedwith influenzavirus or otherrespiratoryviruses.

©2015SociedadeBrasileiradePediatria.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Allrightsreserved.

PALAVRAS-CHAVE

Influenza; Miositeaguda; Creatina-fosfoquinase

Descric¸ãoclínico-laboratorialdeumasériedecasosdeMiositeAgudaViral

Resumo

Objetivo: Descreveroperfilclínico-laboratorial,oacompanhamentoeodesfechodeumasérie decasosdemiositeagudaviral.

Método: Foiconduzidaumaanáliseretrospectivadecasossuspeitos,emobservac¸ãoem uni-dade de emergência, e seguimento ambulatorial com o registro de sintomas de infecc¸ão respiratória,sintomasmúsculo-esqueléticos,determinac¸ãodeenzimasmusculares, creatina--fosfoquinase (CPK), desidrogenase lática (DHL), transaminases (AST e ALT), hemograma, proteínaCreativaevelocidadedehemossedimentac¸ão,nafaseagudaenoacompanhamento, atéanormalizac¸ão.

Resultados: Entre2000e2009,42casossuspeitosforamidentificadose35(27meninos)foram incluídos.Amedianadeidadefoideseteanoseodiagnósticorelatadoem89%,naprimeira visitadeemergência.Ossintomasrespiratóriosobservadosforam:tosse(31%),coriza(23%)e febre(63%),comdurac¸ãomédiade4,3dias.Ossintomasmúsculo-esqueléticosforam:dor loca-lizadanaspanturrilhas(80%),deambulac¸ãolimitada(57%),marchaanormal(40%)efraqueza muscularnosmembrosinferiores(71%),comdurac¸ãomédiade3,6dias.Observou-seelevac¸ão importantedasenzimasCPK(5.507±9.180)U/l,DHL(827±598)U/leAST(199±245)U/l etendênciaaleucopenia(4.590±1.420)leucócitos/mm3.Arecuperac¸ãocompletados

parâ-metroslaboratoriaisfoiobservadaem30dias(mediana)earecaídaclínicaelaboratorialem umcasoapós10meses.

Conclusão: Ossintomastípicoscomenzimasmusculareselevadasapósdiagnósticodeinfluenza eocursoautolimitadoforamosindíciosparaodiagnóstico.Aelevac¸ãodeenzimasmusculares indicaaatividademiotrópicatransitóriarelacionadaàinfluenzasazonalquedeveser conside-rada,adespeitodaidentificac¸ãoviral,possivelmenteassociadacomovírusinfluenzaououtros vírusrespiratórios.

©2015SociedadeBrasileiradePediatria.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todososdireitos reservados.

Introduc

¸ão

A miosite aguda viral é uma síndrome caracterizada por acometimento músculo-esquelético após afecc¸ões de vias aéreas superiores que leva a limitac¸ões transitórias de mobilidade em crianc¸as e é predominante em meninos. Manifesta-se com dor e fraqueza muscular em mem-bros inferiores, em particular em panturrilhas e coxas.1-4

A sua incidência não é conhecida, mas é considerada

infrequente. É descrita principalmente durante surtos

epidêmicosdeinfluenza.5Ossintomasrespiratórios

prece-dentes são comuns e incluem febre, indisposic¸ão, tosse,

odinofagia,cefaleiaerinorreia.

Os sinais e os sintomas músculo-esqueléticos, embora

transitórios e autolimitados, frequentemente demandam

prontoatendimentoem emergência, preocupamospaise

trazemalgunsdilemas para odiagnóstico, sobretudo pela

limitac¸ãodemobilidade.

Há relatos de literatura de casos isolados, pequenas

sériesoudesurtosepidêmicos.2,6-12Ainvestigac¸ãosobrea

suapatogêneseaindaé limitada.Oseu pronto

reconheci-mentopoderámelhoraroatendimentodeemergênciaeos

cuidadosconservadores.Oobjetivo foiexplorar e

descre-veraapresentac¸ãoclínico-laboratorialeodesfechodeuma

sériedecasosdemiositeagudaviral.

Métodos

(3)

consecutivos suspeitos foram observados em um hospital público,pordiferentesmédicosassistentes,comaavaliac¸ão clínica do primeiro até último atendimento registrada no prontuário.Identificou-senesseintervaloasdatasdo diag-nóstico, do início dos sintomas e na qual se constatou a normalizac¸ão dos exames laboratoriais e seus respec-tivos valores. A durac¸ão dos sintomas de apresentac¸ão e as complicac¸ões, bem como a identificac¸ão de sinto-mas respiratórios, músculo-esqueléticos e a recorrência, foram identificadas nas consultas ambulatoriais. Possíveis diagnósticos diferenciais considerados durante o pronto atendimentoforamregistradosnoprotocolo.

Os exames laboratoriais foram indicados pelo médico assistente de acordo com a suspeita ou o encaminha-mentodiagnósticonoprontoatendimento,consistiramem determinac¸ãodeenzimasmusculares,creatina-fosfokinase (CPK) e sua frac¸ão isoenzima MB (CK-MB), desidrogenase lática(DHL),transaminaseglutâmico-oxalo-acética(TGO)e glutâmico-pirúvica(TGP) e foramfeitos nolaboratóriode rotinadohospital,pormeiodeensaioenzimático colorimé-trico.Osresultadosforamexpressosemunidadesporlitro (U/L).Hemogramaeexamedeurinaforamfeitospor méto-dosderotina,velocidadedehemossedimentac¸ão (método Westergreen) com resultados expressos em mm/hora, proteína-Creativa porensaionefelométrico automatizado eosresultadosforamexpressosemmg/dL.

Comonãohácritériospadronizadosparaodiagnósticode miositeagudaviral,oprotocolofoiestabelecidodeacordo ossintomasmaisfrequentementedescritosnaliteratura,a dornosmembroseafraquezamuscularacompanhadosde elevac¸ãodeenzimasmusculares.Foramincluídososcasos quepreencheramosseguintescritérios:menoresde18anos comasuspeitaconfirmadaduranteoseguimento ambulato-rial,de 2000 a 2009,com avaliac¸ãoclínica e laboratorial ao diagnóstico e pelo menos uma consulta de acompa-nhamento. Foram excluídos os casos suspeitos, mas sem elevac¸ãodeenzimasmusculares,adespeitodesintomasde mialgiaedoremmembroscomevoluc¸ãoautolimitadaque ocorreuapósinfecc¸ãorespiratória.

A frequência das variáveis foi registrada, incluindo gênero, primeiro diagnóstico, procedência, especialida-des consultadas, complicac¸ões, exames complementares indicados e exames complementares alterados, doenc¸as associadas e a presenc¸a de sinais clínicos. Observaram--seprincipalmentemialgia,dornaspanturrilhas,limitac¸ão paradeambulac¸ão,anormalidadenamarcha,comoandarna pontadospés,efraquezamuscular.Ossintomas respirató-riosprecedentes,taiscomoespirros,obstruc¸ãonasal,tosse, coriza,febre,cefaleia,dordegarganta,vômitos,diarreia, epistaxe,faringo-amigdaliteeusodemedicac¸ões,também foramregistrados.Oprotocolofoiaprovadopelocomitêde éticaempesquisainstitucionalem 7dedezembrode2009 (n◦.3409/2009).

A análise estatística foi conduzida e os dados quanti-tativossão apresentados por mediana, valores mínimos e máximo,médiae desvio-padrãoe asvariáveis categóricas pormeiodevalores absolutose porcentagem.A frequên-ciae a distribuic¸ão anual de casos são apresentadas por meiodehistograma defrequência.Acomparac¸ãoentreas variáveislaboratoriaisnaapresentac¸ãoclínicaedurantea resoluc¸ãodossintomas(tempo variável)foifeitapormeio detestetpareado.Olimiardesignificânciafoiestabelecido

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

0 1 2 3 4 5 6 7 8

2001 2000

Meses

Fev

Jan Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Incidência Anual

Número de casos

Número de casos

2004 2003 2002

Ano

Incidência por meses do ano

2009 2008 2007 2006 2005

Figura1 Frequênciaedistribuic¸ãomensaldoscasosde mio-siteagudaviralde2000-2009.

em5%ouvalordepcorrespondente(p<0,05).Ostestese aapresentac¸ãográficaforamfeitospormeiodoprograma PrismGraphPadv.4.0®(GraphPadSoftwareInc.,Califórnia,

EUA).

Resultados

Foramidentificados42casoscomsuspeitaclínicademiosite agudaviralnosregistrosdeatendimentodeemergênciae ambulatorial,dejunhode2000adezembrode2009.Desses, foramincluídos 35 casos,27 meninose oitomeninas. Um delesteverecorrênciaemumsegundoepisódio.

A distribuic¸ão anual de casos, assim como a frequên-cia de acordo com os meses do ano, é apresentada na

figura 1.Observa-semaiorfrequêncianos mesesdemaio,

junho,julhoesetembro,comparativamenteaosdemais,o

quecorrespondeaosmesesmaisfriosdoano.Houvemaior

frequênciadecasosdiagnosticadosde2004a2006.

Aidadedeiníciodossintomasvarioude3,4a12,5anos,

medianade7,5.Ointervaloentreoiníciodossintomasea

primeira consultavariou deumaseisdias.Adurac¸ão dos

sintomasrespiratóriosvarioudeuma15dias,medianade

3,5emédiade4,3±2,8dias.Entreossintomasrelatados,

febre,tosseecorizaforamobservadasem63%,31%e23%,

respectivamente.Natabela 1sãoapresentadosossinaise

sintomas músculo-esqueléticosdescritos de acordo com o

protocolodecoletadedados.Oexameneurológicofoi

con-sideradonormalem todososcasos.Adurac¸ãodafraqueza

(4)

Tabela1 Descric¸ãodesintomasmúsculo-esqueléticosde apresentac¸ãoemumasériedecasosdemiositeagudaviral

Sinaisesintomas Númerodecasoscomo sintomadescrito/ númerototaldecasos comosintoma investigado

Frequência

Mialgiadifusa 9/35 26%

Dornapanturrilha 28/35 80%

Limitac¸ãode deambulac¸ão

20/35 57%

Anormalidade damarcha

14/35 40%

Dor/Edema tornozelo

1/35 3%

Fraquezamuscular localizada:

25/35 71%

Empanturrilhas 17/25 68%

Emcoxas 1/25 4%

Fraquezamuscular generalizada

6/25 24%

emédiade2,7± 1,9.Otempoderesoluc¸ãodossintomas variou deuma16 dias,commediana detrês e médiade 3,6±3,3.Foramfeitasdeumaatrês3consultasdurante a fase aguda, internac¸ão de até 48horas ocorreu em 4/35(11%).Adurac¸ãodoacompanhamentovarioude30a 180dias,commedianade32.

O tratamento sintomático das manifestac¸ões respi-ratórias e músculo-esqueléticas incluiu analgésicos ou anti-inflamatórios.Adurac¸ãodeusodesintomáticosvariou de dois a 45 dias, com mediana de dois e média de 16,3 ± 24,8.Antibióticos foramprescritos em casos com-plicados por faringo-amigdalite ou sinusite. A durac¸ão do usodeantibióticosvarioudecincoa15dias,commediana de10emédiade10,6±3,3.

As alterac¸õesdos exameslaboratoriaissãodescritasna

tabela2.Otempoderesoluc¸ãoatéanormalizac¸ãodas

enzi-masmusculares,bemcomoosparâmetrosdohemograma,

velocidadedehemossedimentac¸ão(VHS)eproteínaC

rea-tiva(PCR),varioude30a180dias(medianade32).

Foramindicadosapenastrês(9%)examesdeurina,com

resultadoanormalemumdosexames,querevelou

protei-núria2+,masnenhumindicoumioglobinúria.Foramfeitos

examesdesorologia,incluindo toxoplasmoseIgM

+/mono-nucleosenegativa/citomegalovírusIgG+emumúnicocaso.

Nesse caso, o diagnóstico inicial foi dor em membros

inespecífica.Nãoforamindicadosexamedeimagemou

ele-tromiografia.

A normalizac¸ãodos parâmetroslaboratoriais,das

enzi-mas musculares (CPK, CK-MB, DHL, TGO e TGP) e o

decréscimo dos valoresdarelac¸ão TGO/TGP são

apresen-tadosnatabela2.Houvediferenc¸asignificativapelotesteT

pareado,quecomparouvaloresiniciaisederesoluc¸ãopara

aCPK(p<0,002),CK-MB(p<0,0003),DHL(p<0,006)eTGO

(p<0,008),relac¸ãoTGO/TGP(p<0,0001),masadiferenc¸a

nãofoisignificativaparaTGP.

Anormalizac¸ãodosparâmetrosdehemogramaeas

pro-vas de fase aguda, apresentadas na tabela 2, indicaram

igualmentediferenc¸aestatísticaentreosparâmetros

inici-aisederesoluc¸ãoparaacontagemabsolutadeleucócitos

(p<0,0001),neutrófilos(p<0,0004),linfócitos(p<0,0001)

eplaquetas(p<0,005),masnãofoisignificativaadiferenc¸a

entreosvaloresiniciaisederesoluc¸ão parahemoglobina,

proteínaCreativaevelocidadedehemossedimentac¸ão.

O intervalo de tempo entre as determinac¸ões de

apresentac¸ão e a resoluc¸ão foi variável (67 ± 78 dias).

Houve recorrência em um único caso, com dois episódios

distintos.Oprimeiroocorreuaos8,3anoseosegundoaos

9,1 anos. Apenas o primeiro episódio foi considerado na

análise.Odiagnósticoinicialfoidemiositeagudaviralem

ambos.Ascaracterísticasclínicasdoprimeiroedosegundo

episódiosforammialgia, dornaspanturrilhas,limitac¸ão à

deambulac¸ão,anormalidadenamarchaefraquezamuscular

localizadanosmembrosinferiores.Adurac¸ãodossintomas

foi de três dias no primeiro episódio e de cinco dias no

segundo.Operfillaboratorialfoisemelhante,

comparando--seoprimeiroeosegundoepisódio,ambosprecedidospor

sintomasrespiratórios.

Nessasérie,otempoderesoluc¸ãodossintomas

músculo--esqueléticos variou de um a 16 dias. Ocorreram outras

manifestac¸ões registradas em 20% dos casos, incluindo os

diagnósticosdesinusite,pneumoniaesinovitetransitóriado

quadril.Osprincipaisdiagnósticosdiferenciaisedeexclusão

registradosnoprontoatendimentomediantealimitac¸ãode

mobilidadeforam:sinoviteinespecífica,sinovitedequadril,

síndromedeGuillain-Barré,doenc¸aneuromuscularprimária

edermatomiosite.

Discussão

Nestasérie,observou-seumamaiornúmerodecasosde mio-siteagudaviralentre2004e2006.Adistribuic¸ãoanualfoi nosmesesfrios,semoutraexplicac¸ãoaparente.Houve pre-domínionogêneromasculino 3:1e atendimentoem setor deemergêncianamaioria,oquedenotaoseuimpactona saúdedacrianc¸a. Oreconhecimento desintomas respira-tóriosassociadoscomsintomasmúsculo-esqueléticoslevou àsuspeitaconfirmadapelaelevac¸ãomarcante deenzimas musculares,principalmentedaCPK,alémdeoutrasenzimas musculares,como DHLe TGO.Contudo, aaldolase, outra enzimacom especificidadepara inflamac¸ão muscular, não estavadisponível.

Alémdossintomasrespiratóriosprecedentesque indica-ram reac¸ão hematológicacomumàsinfecc¸ões virais,com tendência à leucopenia transitória, e alterac¸ões inespe-cíficas e discretas da reac¸ão de fase aguda, a suspeita diagnósticaconfirmou-semediantesintomatologia músculo--esquelética autolimitada, por determinac¸ão seriada das enzimas musculares, em casos de dor nas panturrilha e recusaparaandaroualterac¸ão damarcha, emassociac¸ão comsintomasdeinfluenza.

(5)

Tabela2 Parâmetroslaboratoriaisdeapresentac¸ãoeseguimentodamiositeagudaviral

Parâmetrolaboratoriala Valorinicial(Média

±DP) Valorfinal(Média±DP) TesteTpareado

Creatina-Fosfoquinase(CPK-U/L) (5.507±9.180) (127±59) p<0,002

Frac¸ãoMB(CKMBU/L) (96±96) (28±57) p<0,0003

Desidrogenaselática(DHLU/L) (827±598) (520±233) p<0,0003

Transaminase(TGOU/L) (199±245) (57±129) p<0,008

Transaminase(TGPU/L) (68±66) (44±45) NS

Relac¸ãoTGO/TGP (3±1,48) (1±0) P<0,0001

Hemoglobina(Hbmg/dL) (13±0,93) (13±1) NS

Leucócitos(Nabsoluto/mm3) (4,59±1,42)x103 (8,07±2,72)x103 P<0,0001

Neutrófilos(Nabsoluto/mm3) (2±0,88)x103 (4,02±1,93)x103 p<0,0004

Linfócitos(Nabsoluto/mm3) (2,02±0,76)x103 (2,93±0,89)x103 p<0,0001

Plaquetas(Nabsoluto/mm3) (206±59)x103 (332±164)x103 p<0,0005

VHS(mm/h) (17±10) (13±13) NS

ProteínaC-reativa(PCRmg/dL) (0,4±0,8) (1±4) NS

NS,nãosignificativo.

aValoresdereferência:CPK0-80U/L,CKMB0-6U/L,DHL313-618U/L,TGO17-37U/L,TGP30-65U/L,VHS<20mm/h,PCR<1mg/dL.

miocardite,meningiteassépticaeencefalite,ocorremcom menorfrequência.12

A frequência de miosite aguda viral é

proporcional-mente mais elevada na influenza do tipo Be os meninos

sãomaisacometidos.5Amiositetambémpodesercausada

porinfecc¸õesbacterianas,fúngicaseparasitárias.13 Outras

doenc¸as infecciosaspodem associar-secom mialgias,com

ousemmiosite,incluindo,alémdainfluenza,dengue,

ric-ketsioses,endocarditeinfecciosa,toxoplasmose,doenc¸ade

Lymeeainfecc¸ãopelovírusHIV.Aetiologiabacterianapor

agentespiogênicosédenominadapiomiosite,quepodeter

umaevoluc¸ãoagudaemaisgrave,maso acometimentoé

localizadoemdeterminadosgruposmuscularesemcrianc¸as

emidadeescolar,visivelmenterelacionadaaotrauma

mecâ-nicodessesgruposmusculares,comooquadrícepsfemoral

eglúteos.

Entreasinfecc¸õesparasitárias,cisticercose,

esquistosso-moseeatriquinosepodemcausarsintomascomomialgiase

febre,acompanhadasporeosinofilia.Odiagnósticodo

aco-metimentomuscular nessescasosé maiscomumentefeito

pelaidentificac¸ãodecistoscalcificadosemradiografiaseda

pseudo-hipertrofiadosmúsculosdascoxasedapanturrilhas,

emformasdisseminadas.

O diagnóstico ideal da miosite aguda viral seria pela

identificac¸ãoviral,pormeiodesorologiaoubiópsia

medi-ante o quadro músculo-esquelético inespecífico. Outras

investigac¸ões, como a eletromiografia, têm como fator

limitanteainvasibilidadedatécnicaearelac¸ãode

custo--benefício, na prática. A despeito da não identificac¸ão

porsorologia6,7 naprática,estudosqueidentificaramo

vírusinfluenzaemtecidosmuscularesdepacientesafetados

por miosite aguda viral. Mas os seus mecanismos

etiopa-togênicos ainda são desconhecidos. Há hipótese de dano

muscular por mecanismo imunológico ou por invasão de

tecidosmuscularesporpartículasvirais,quecausadanoàs

fibrasmusculares.Háevidênciasdepartículas virais

isola-dasembiópsiasdemúsculosdapanturrilha,comalterac¸ões

degenerativas não específicas e mionecrose.13 Entre as

complicac¸ões, arabdomiólise, embora rara,poderesultar

emdanorenalsecundárioàmioglobinúria.14

Amiosite aguda viral associada à influenzapandêmica

H1N1foidescritaemcrianc¸aseadultos.15,16Emumdoscasos

houveacometimentodemúsculosorbitários,o que

carac-teriza umaformararade miositeorbitária15 em lactente.

Arecentepandemia,assimcomotodososcicloshistóricos

dainfluenzaepidêmicaesazonal,indicouosbenefíciosda

vacinac¸ãoemmassa.

O presente estudo foi feito em um período no qual a

vacinac¸ão para influenzasazonal tinha coberturalimitada

naredepúblicaeadocumentac¸ãodevacinac¸ãoespecífica

nestesérienãofoidiscriminada.Aassociac¸ãoentreo

sta-tusimunológicoporvacinac¸ãocontrainfluenzaeoriscode

miositeagudaviralédesconhecida.Emboraospacientesque

receberamavacinaparaainfluenzasazonalpudessem

assu-midamente ter menor risco de complicac¸ões respiratórias

(ex.pneumonia, otitemédia),nãohá demonstrac¸ão clara

dereduc¸ãodasoutrascomplicac¸õessecundárias.

Háque se considerarentre aslimitac¸ões deste estudo

a descric¸ão de uma série pequena, atendida dentro dos

limites de um hospital, e o delineamento retrospectivo.

Idealmente, os estudos populacionais prospectivos

prove-riam a melhor descric¸ão da incidência de miosite aguda

viral.5 A relac¸ão com a identificac¸ão dos vírus

respirató-rios nãofoi possível.17,18 A despeito dessas limitac¸ões, os

resultadosapontamparaalgumasrecomendac¸ões,como a

avaliac¸ão sistemática de crianc¸as com mialgia nos

mem-bros inferiores, na vigência de quadro respiratório, e o

acompanhamento com a determinac¸ão seriada das

enzi-mas musculares, sobretudo da CPK, concordantes com

observac¸õesrecentes.19

Amaioria das crianc¸as commiosite agudaviral é vista

nos setores de emergência,20,21 pois os sintomas podem

ser alarmantes para os pais e há tendência de

consul-tas múltiplas em diversas especialidades e investigac¸ões

dispendiosas.4,11,22Opediatranosetordeemergênciadeve

sentir-seconfortávelparadispensaropaciente,fazero

diag-nósticodiferencialcomdoenc¸asneuromusculareseverificar

oacompanhamentoambulatorialpararevisãodossintomase

adeterminac¸ãodasenzimasmuscularesatéanormalizac¸ão

(6)

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

Agradecimentos

Coordenac¸ão de Aperfeic¸oamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Programa de Pós-Graduac¸ão em Saúde Coletiva,FaculdadedeMedicinadeBotucatu,Universidade EstadualPaulista(Unesp).

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Figura 1 Frequência e distribuic ¸ão mensal dos casos de mio- mio-site aguda viral de 2000-2009.
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