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Rev. Bras. Anestesiol. vol.67 número2

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Academic year: 2018

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REVISTA

BRASILEIRA

DE

ANESTESIOLOGIA

PublicaçãoOficialdaSociedadeBrasileiradeAnestesiologia www.sba.com.br

ARTIGO

CIENTÍFICO

Comparac

¸ão

dos

efeitos

de

sugamadex

e

neostigmina

em

náusea

e

vômito

no

pós-operatório

Özgür

Ya˘

gan

a,∗

,

Nilay

Tas

¸

a

,

Tu˘

gc

¸e

Mutlu

a

e

Volkan

Hancı

b

aOrduUniversity,SchoolofMedicine,DepartmentofAnesthesiology,Ordu,Turquia

bDokuzEylulUniversity,SchoolofMedicine,DepartmentofAnesthesiologyAlsancak,Izmir,Turquia

Recebidoem18defevereirode2015;aceitoem17deagostode2015 DisponívelnaInternetem28desetembrode2016

PALAVRAS-CHAVE

Sugamadex; Neostigmina; Pós-operatório; Náusea; Vômito

Resumo

Justificativaeobjetivos: Oobjetivodenossoestudofoicompararosefeitosdesugamadexe neostigmina, usadospara oantagonismodobloqueioneuromuscularemnáusea evômitono pós-operatório(NVPO).

Métodos: Oestudofoiconcluídocom98 pacientesderiscoASAI-II,submetidosàintubac¸ão traquealsobanestesiageral.Aofinaldacirurgia,ospacientesforamaleatoriamentedivididos emdoisgruposquereceberam2mgkg−1desugamadex(GrupoA)ou50

␮gkg−1deneostigmina mais0,2mgkg−1deatropina(GrupoN).Ostemposdemonitorac¸ãoeregistroforamdefinidos

comoumahoradepós-operatórioede1-6,6-12e12-24horas.Asquantidadesadministradas deantieméticosforamregistradas.

Resultados: Naprimeirahoradepós-operatório,13pacientesdoGrupoN(27%)e4doGrupo S (8%) apresentaram náusea e/ou vômito e a diferenc¸a foi estatisticamente significativa (p=0,0016). Nãohouvediferenc¸a significativanaincidênciaegravidadede NVPO(p>0,05) duranteas24horasdemonitorac¸ão,porémonúmerodepacientesquereceberamondansetron paraotratamentodeNVPOnoGrupoNfoiestatísticaesignificativamentemaiorqueonúmero depacientesnoGrupoS(16e6,respectivamente,p<0,011).

Conclusões: Aofinaldoestudoquandocomparamosneostigminacomsugamadexparao anta-gonismodobloqueioneuromusculardescobrimosquesugamadexapresentoumenorincidência deNVPOnaprimeirahoradepós-operatórioeconsumomenordeantieméticoem24horasde monitorac¸ão.

©2016SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eum artigo OpenAccess sobumalicenc¸aCCBY-NC-ND (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

EsteestudofoiconduzidonoOrduUniversityEducationandTrainingHospital.

Autorparacorrespondência.

E-mail:ozguryagan@hotmail.com(Ö.Ya˘gan).

http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2015.08.004

(2)

KEYWORDS

Sugammadex; Neostigmine; Postoperative; Nausea; Vomiting

Comparisonoftheeffectsofsugammadexandneostigmineonpostoperativenausea

andvomiting

Abstract

Backgroundandobjectives: Theaim ofour studyis tocomparethe effectsofsugammadex andneostigmine,usedforneuromuscularblockageantagonism,onpostoperativenauseaand vomiting(PONV).

Methods:Ourstudywascompletedwith98ASAI-IIriskpatientsundergoingendotracheal intu-bationundergeneralanesthesia.Attheendofthesurgerypatientswererandomlyallocatedinto twogroupsgiven2mgkg−1sugammadex(GroupS)or50

␮gkg−1neostigmineplus0.2mgkg−1 atropine(GroupN).Monitoringandrecordingtimesweresetas1hourpostoperativeandfrom 1---6,6---12,and12---24hours.Theanti-emeticamountsadministeredwererecorded.

Results:In thefirst postoperative hour13patients inGroup N(27%) and4inGroup S(8%) wereobservedtohavenauseaand/orvomitingandthedifferencewasstatisticallysignificant (p=0.0016).Duringthe24hoursofmonitoringtherewasnosignificantdifferenceinthe inci-denceandseverityofPONV(p>0.05),howeverthenumberofpatientsgivenondansetronfor PONVtreatmentinGroupNwassignificantlyhigherthanthenumberinGroupS(16inGroup N,6inGroupS,p<0.011).

Conclusions:Attheendofourstudycomparingneostigminewithsugammadexfor neuromus-cularblockageantagonism,wefounduseofsugammadexhadlowerincidenceofPONVinthe postoperative1sthourandlessanti-emeticusein24hoursofmonitoring.

©2016SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Thisisan openaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Introduc

¸ão

Ao longo dos anos, a náusea e vômito no período pós--operatório (NVPO) tem sido um dos problemas mais importantes na prática da anestesia. Em 1991, Kapur1 descreveu NVPO como o ‘‘grande pequeno problema’’. EnquantoWatcha,2 ao resumirosprópriospontos devista sobreNVPO,modificouumpoucoadefinic¸ãodeKapurpara o‘‘grandeproblema’’.NVPOéumadascomplicac¸õesmais comunsapós anestesiageral que podemaumentara mor-bidade e prolongar permanência hospitalar.3 Durac¸ão da anestesia; tipo de cirurgia; analgesia pós-operatória com opiáceos;bemcomofatoresrelacionadosaopaciente,como idade,sexo,tabagismoehistóriapréviadeNVPOecinetose são conhecidos como fatores de risco para o desenvolvi-mentodeNVPO.3---5

Osbloqueadoresneuromuscularessãoumaparte neces-sáriadaanestesiageral.Alémdisso,nofimdoprocedimento cirúrgico, o bloqueio neuromuscular residual é na mai-oria das vezes revertido com inibidores da esterase de acetilcolina.6Osinibidoresdacolinesteraseforam implica-dos no desenvolvimentode NVPO devido a seuspotentes efeitos muscarínicos notrato gastrointestinal e centro do vômito nocérebro.7 Neostigmina,administrada no fimde uma cirurgia para bloqueio neuromuscular residual, está associada ao aumento do risco de NVPO, especialmente quandoadministradaemdoseselevadas(>2,5mg).7Alguns estudosprévios recomendaram evitar o uso de inibidores daesterasedeacetilcolina para reduziro vômito no pós--operatório.8

Sugamadex, uma ␥-ciclodextrina modificada, é um

agentedeligac¸ãoseletivaabloqueadoresneuromusculares

esteroidais como o rocurônio. Ao formar complexos com rocurônionacirculac¸ãoejunc¸ãoneuromuscular,permitea excrec¸ãodadroganaurinasemmetabolizac¸ão.9Sugamadex possibilitaareversãorápidaeseguradobloqueio neuromus-cular induzido por rocurônio.10,11 Sugamadex é conhecido como um medicamento seguro, sem efeitos colaterais sérios conhecidos. Os efeitos colaterais mais comuns de sugamadex sãotosse mínima, desconforto oral, hipersen-sibilidade, prolongamento temporário do intervalo QT e prolongamento temporário do tempo de tromboplastina parcialmente ativada (< 30min).12 Estudos dos efeitos de sugamadexnaNVPOsãomuitolimitados.13

Ahipótesedenossoestudofoiqueousodesugamadex paraantagonizarosefeitosdosagentesbloqueadores neu-romuscularesreduziriaanáuseaeovômitoemcomparac¸ão comneostigmina.Como objetivodetestaressa hipótese, comparamososefeitosdesugamadex(2mgkg−1)e neostig-mine(50␮gkg−1)sobreaincidência deNVPO.Definimos o

principal resultado como a presenc¸a deNVPO no período de uma hora de pós-operatório e o número de pacientes queprecisoudeondansetronaparatratamentosintomático durante24horasdepós-operatório.

Método

(3)

termosdeconsentimentoinformadoassinadosdetodosos pacientesqueparticiparamdoestudo.

Os critérios de exclusão foram: neurocirurgia; lapa-roscopia; cirurgia oncológica, ginecológica e de mama; estrabismoecirurgiadoouvidomédio;históriadeabusode drogaseálcool;índicedemassacorporal(IMC)>30kgm-2; usodeanalgésicos,sedativosouantieméticosnas24horas que antecederam a cirurgia;doenc¸as psiquiátricas e neu-rológicas;alergiaoucontraindicac¸ãoaosmedicamentosdo estudo.Tambémforamexcluídosospacientessubmetidosa cirurgiacommaisdeduashoras.

Medicac¸ãopré-anestésicanãofoiadministrada. Nasala decirurgia,ospacientesforammonitoradoscomECG, pres-sãoarterialnãoinvasiva,níveisdesaturac¸ãoperiféricadeO2 (SpO2)edeCO2expirado(Mindray,BeneViewT8,Shenzhen, República Popular da China). Uma linha intravenosa foi inserida para infusão de soluc¸ão de Ringer com lactato (10mLkg---1)através de cateter venosode calibre20G em veiadodorsodamãonãodominante.Comousode computa-dor,umasequênciadenúmerosaleatóriosfoigeradaecom atécnicadeenvelopeslacradoscomosnúmerosalocamos ospacientesemdoisgrupos:GrupoN,pacientes(n=50)que receberamcombinac¸ãodeneostigmina/atropina;GrupoS, pacientes(n=50)quereceberamsugamadexparareversão dobloqueio neuromuscular.A monitorac¸ão neuromuscular foi feita com o uso de aceleromiografia (TOF-Watch SX®, Organon Ltd., Dublin, Irlanda), com eletrodos deregistro desuperfícieposicionadossobreonervoulnarpararastrear ascontrac¸õesdomúsculoadutordopolegar.

Antes daoperac¸ão,para avaliarosriscosde NVPOdos pacientes,umsistemasimplificadodo escoredeApfel foi usado: (gênero: masculino=0, feminino=1)+(história de NVPO ou cinestese: não=0, sim=1)+(tabagismo: não=0, sim=1)+(uso antecipado de opiáceos no pós-operatório: não=0, sim=1).14 Ospacientescom escore=2 receberam 4mgdedexametasonaIV(Deksamet8mg/2mL,OselILAC, Beykoz,Istambul)antesdainduc¸ão,enquantoospacientes comescore≤3receberamadicionalmente 4mgde ondan-setrona IV (4mg Ondaren/2mL, Vem ILAC, Mecidiyeköy, Istanbul)nofimdacirurgia.15

A anestesia geral foi administrada por via intravenosa com1␮gkg---1defentanile2,5mgkg---1depropofol.Com a

perdadeconsciência(perdadoreflexociliar),rocurônioIV (0,6mgkg---1)foiadministrado.Aintubac¸ãoorotraqueal foi feitaquandonãohouverespostaàsequênciadequatro estí-mulos (TOF). Após a intubac¸ão, o paciente foi ventilado mecanicamente no modo controlado e a pressão de CO2 expirado foi mantida entre 35-40mmHg. A anestesia foi mantidacomsevofluranoa2%emmisturade50%O2/50%ar e infusão IVde remifentanil(0,2---0,7␮gkg---1min---1). Bolus

adicionalderocurônio(0,1---0,2mgkg---1)seriaadministrado durante oprocedimento,caso a TOF estivesseem 10% ou inferior. Nenhum bloqueador neuromuscular seria admi-nistrado seo temporestante para o fimda cirurgiafosse inferior a30minutos.No fimda cirurgia,a administrac¸ão doagenteanestésicofoisuspensaeopacientefoiventilado manualmente com oxigênio a 100%. De acordo com o processo derandomizac¸ão, a reversão dobloqueio neuro-muscularfoiprovidenciadocomaadministrac¸ãointravenosa deneostigmina(0,05mgkg---1eatropina(0,02mgkg---1)para os pacientes do Grupo N e sugamadex (2mgkg---1) para os pacientes do Grupo S, no reaparecimento da segunda

contrac¸ão(T2)naTOF.Ospacientesforamextubadosapósa aspirac¸ãodesecrec¸õesdaorofaringe,comrecuperac¸ãode 90%dovalordaTOF.Administrac¸ãoIVadicionalde neostig-mina (0,025mgkg---1) e atropina(0,01mgkg---1)no Grupo N edesugamadex(2mgkg---1)noGrupoSfoiplanejada,caso necessário(valordaTOFabaixode90%após5minutos).

Emtodosospacientes,umainfusãode1gdeparacetamol (Parol 10mgmL---1, Atabay, Kadıköy, Istanbul) foi adminis-tradaparaanalgesianopós-operatório,nofimdacirurgia eacadaoitohorasnoprimeirodiadepós-operatório.Ador foiavaliadacomumaescalavisualanalógica(EVA)de1a10. Umadoseintravenosade50mgdedexcetoprofeno(Arveles 50mg/2mL,UFSAILAC,Topkapi,Istambul)foiadministrada quandooescoreEVAficousuperioraquatro.Aadministrac¸ão de1mgkg---1detramadol(Contramal50mgmL−1,A˙I,Sarıyer, Istanbul)foiplanejadacomoagente deresgate para anal-gesianopós-operatório.

Ospacientesforammonitoradoseavaliadospor24horas; a cada hora nas primeiras seishoras, a cada duashoras no intervalo de 6-12horas e, posteriormente, a cada quatrohoras. Também foramperguntadosespecificamente sobredor, náusea,vômito e outros efeitos colaterais. Em todosospacientes,náuseaevômito foramavaliadospelo mesmo pesquisador (NT), que usou uma escaladescritiva verbal de quatro pontos, conforme descrito em estudos anteriores: 0=sem náusea; 1=com náusea, sem vômito; 2=com náuseae uma dois episódios devômitos; 3=com náuseaemaisdedoisepisódiosdevômitosduranteoperíodo deobservac¸ão).16

Na presenc¸a de náusea contínua (> 5min) ou vômito ativo, 4mg de ondansetrona IV eram administrados, caso nãoadministradoscomoprofilático.Casoondansetronfosse previamenteadministrado, a medicac¸ão não era adminis-tradanovamente dentrode seishoras, mas0,2mgkg---1 de metoclopramidaeramadministradoscomoopc¸ão.

Características dos pacientes, tipo de cirurgia, quan-tidade de consumo de opiáceos e durac¸ão da anestesia foramregistrados. Complicac¸ões pós-cirúrgicas, como dor decabec¸a,tosse,depressãorespiratória,hipertensão, bra-dicardia, dor de garganta e problemas gastrointestinais, também foram registradas. FC abaixo de 50pulsosmin---1 foi considerada como bradicardia e tratada com atropina (0,5mgIV).PAM acimade125mmHgfoiconsideradacomo hipertensãoetratadacomnitroglicerina(0,1mgIV).

Análisedopoderdaamostra

Emestudoanterior,16 aincidênciadeNVPOfoiclassificada em30% comneostigmina,namesma doseque usamosem nossoestudo, ede11% complacebo.Deacordocom uma avaliac¸ãobaseadanesseestudopresente,44pacientesem cadagruposeriamnecessáriosparadetectarumaalterac¸ão de20% com poder de 80% e significânciade 5% (˛=0,05;

ˇ=0,80)eminterac¸ãosignificativaentredoisfatores (Mini-tab 13.1 Inc.,State College, PA, EUA). Em nosso estudo, planejamosincluir100pacientesparapermitirdesistências.

Análiseestatística

(4)

Tabela1 Característicasclínicasdospacientes

GrupoN n=48

GrupoS n=50

p

Idade(anos) 40,8±11,2 40,3±13,3 NS

Peso(kg) 73±9,2 71±10,5 NS

IMC(kgm---2) 23,9±3,5 22,8±3,6 NS

Sexo(F/M) 18/30 16/34 NS

ASAI/II 37/11 36/14 NS

EscoredeApfel 0/1/2/3(n)

14/20/14/0 16/19/15/0 NS

Tempo cirúrgico (min)

49,9±22,3 54,7±22,0 NS

Consumode remifentanil (␮g)

624±196 681±186 NS

ASA, American Society of Anesthesiologists; F/M,

femi-nino/masculino; IMC, índice de massa corporal; NS, não

significativo.

Dadosexpressosemmédia±DPoufrequências.

A estatística descritiva foi expressa em média±desvio padrãoparaasvariáveiscontínuaseemnúmeroe porcen-tagemparaasvariáveisnominais.Aanálisedadistribuic¸ão foifeita como teste de Kolmogorov-Smirnov.Idade, IMC, consumo de remifentanil e tempo de cirurgia foram ava-liadoscomo testetde Student.Otestedoqui-quadrado e o teste exato de Fisher foram usados para os dados categóricos como sexo, estado físico ASA, taxa de NVPO e efeitos colaterais. Um valor-p<0,05 foi aceito como estatisticamentesignificativo.

Resultados

O estudo incluiu dois grupos com 50 pacientes cada. Dois pacientes do Grupo N foram excluídos porque suas cirurgias duraram mais de duas horas. Os dados demo-gráficosdosdoisgruposeramsemelhantes(tabela1).Não houvediferenc¸asignificativaentreospacientesemrelac¸ão aosescoresderiscodeNVPO,temposcirúrgicos e quanti-dadesconsumidasderemifentanil(tabela1).NoGrupo N, 24pacientes(50%)foramsubmetidosàcirurgiadecabec¸ae pescoc¸o,13(27%)àcirurgiaurológica,quatro(8%)àcirurgia ortopédicaesete(15%)aprocedimentosdecirurgiageral. NoGrupoS,29pacientes(58%)foramsubmetidosàcirurgia decabec¸a e pescoc¸o,11 (22%) àcirurgia urológica, cinco (10%)àcirurgiaortopédicae cinco(10%)aprocedimentos de cirurgia geral. Não houve diferenc¸a estatisticamente significativa entre os grupos quanto ao tipo de cirurgia (p>0,05).

Na sala de recuperac¸ão pós-anestesia (SRPA), o moni-toramento foi de uma hora; 13 pacientes do Grupo N (27%)e quatrodoGrupoS(8%)apresentaramnáuseae/ou vômito.AincidênciafoisignificativamentemaiornoGrupo N(p=0,016). Durante o monitoramento de24 horas, não houvediferenc¸aestatisticamentesignificativanaincidência egravidade deNVPO entreosgrupos (p>0,05, tabela2). Porém,o número depacientes tratados com ondansetron no Grupo N foi significativamente maior (16 pacientes do Grupo N, seis do Grupo S, p=0,011). O tratamento

Tabela2 IncidênciaegravidadedeNVPOetratamentodos gruposcomantieméticoeanalgésico

GrupoN n=48

GrupoS n=50

p

NVPOemSRPA 0,016

Não 35(73%) 46(92%)

Sim 13(27%) 4(8%)

NVPOemSRPA NS

0 35(73%) 46(92%)

1 9(19%) 3(6%)

2 3(6%) 1(2%)

3 1(2%) 0

1-6horas NS

0 43(90%) 48(96%)

1 4(8%) 2(4%)

2 1(2%) 0

6-12horas NS

0 45(94%) 50(100%)

1 3(6%) 0

2 0 0

Tratamento antiemético(n) (Ondansetron)

16(33%) 6(12%) 0,011

Tratamento analgésico(n) (Dexcetoprofeno)

14(30%) 17(34%) NS

Tratamento analgésico(n) (Tramadol)

3(6%) 4(8%) NS

Dadosexpressosem frequências.NS,não significativo;NVPO, náuseaevômitonopós-operatório;SRPA,saladerecuperac¸ão pós-anestesia.NVPOfoiavaliadacomoaseguir:0=semnáusea; 1=náuseasemvômito;2=náuseacomum adoisepisódiosde vômitos;3=náuseacommaisdedoisepisódiosdevômitos.

Tabela3 Efeitoscolateraisnopós-operatório

GrupoN n=48

GrupoS n=50

p

Dordecabec¸a 4(8%) 2(4%) NS

Hipertensão 2(4%) 3(6%) NS

Bradicardia 2(4%) 0 NS

Tosse 2(4%) 0 NS

Tremor 0 1(2%) NS

Dordegarganta 1(2%) 0 NS

Depressãorespiratória 2(4%) 0 NS

Dadosexpressosemfrequências.

analgésiconopós-operatóriofoisemelhanteparaambosos grupos (tabela 2).Não houvediferenc¸asignificativaentre osgruposquantoaefeitoscolaterais(tabela3).

Discussão

(5)

em comparac¸ão com neostigmina. Os pacientes que receberam sugamadex apresentaram uma reduc¸ão sig-nificativa da quantidade consumida de antieméticos nas primeiras24horasdepós-operatório,emcomparac¸ãocom osquereceberamneostigmina.

Muitos estudos relataram efeito emético com o uso de doses elevadas de neostigmina para antagonizar o bloqueio neuromuscular.King et al.,17 em umestudo que avaliouosefeitosdeneostigminaemNVPO,administraram neostigmina-atropina a um grupo para antagonizar o blo-queio neuromuscular e não administraram medicamento algumaooutrogrupo.Emconclusão,osautoresobservaram uma diferenc¸a significativa entre os grupos, com maior incidência de náusea (68% a 32%) e vômito (47% a 11%) no grupo neostigmina-atropina. Ding et al.18 avaliaram a incidência de NVPO em laqueadura laparoscópica e observaramincidênciasignificativamentemaiordeNVPOna SRPAquandoneostigminafoicomparadacomplaceboapós omivacúrio,65%versus25%,respectivamente.Metanálises demonstramqueadoseelevadadeneostigmina(>2,5mg) está associada ao aumento de NVPO e que a reduc¸ão da dosepodediminuiroriscodeNVPO.7,19

Contudo, a importância clínica dos efeitos de neostig-minasobreaNVPO foiquestionada.Osresultadosdeuma metanálise que incluiu 15 estudos apontaram que a evi-dênciadequeneostigminaaumentouorisco deNVPOera insuficiente.20 Umestudoqueavaliouosefeitosde neostig-mina sobrea NVPOpós-histerectomia abdominaldesignou umgrupopararecuperac¸ãoespontâneadobloqueio neuro-muscularinduzidopormivacúrioenquantoooutrogrupofoi antagonizadocomneostigmina(2mg).Osautoresnão obser-varam diferenc¸a significativa entre os grupos em relac¸ão à incidência de náusea e vômito. Em conclusão, declara-ramqueousodeneostigminaparaantagonizarobloqueio neuromuscular não aumentou a incidência ou gravidade de NVPO.21 Relatou-se que o antagonismo do bloqueio neuromuscular com neostigmina (2mg) em laparoscopias ginecológicasnãoaumentouaincidênciadeNVPO.22A ques-tão de interesse nesses dois estudos é a quantidade de neostigminausada.Determinou-sequeousodeneostigmina emdosesacimade2,5mgaumentaoriscodeNVPO.7,15---17

Um estudo conduzido por Lovstad et al.16 comparou o efeitodeumadose de50␮gkg---1 deneostigminacom

pla-cebonaincidênciadeNVPOemmulheresapóslaparoscopia ginecológica.Nofim dacirurgia,todos aspacientes rece-beram 0,05mgkg---1 de ondansetrona. Nas primeiras seis horas, a incidência de náusea no grupo neostigmina foi de30%,enquanto nogrupoplaceboessa incidência foide 11%.Anecessidadedemedicamentoantieméticoderesgate (0,2mgkg---1demetoclopramidae0,025mgkg---1de droperi-dol)foide28%nogruponeostigminae7%nogrupoplacebo. Osautoresrelataramqueambasasdiferenc¸asforam estatis-ticamentesignificativas.Ospesquisadoresnãoobservaram diferenc¸asignificativanaincidênciadevômitonasprimeiras seishoras.Nomonitoramentode6a24horas,o chamado período tardio, não houve diferenc¸a significativa na inci-dência de náusea ou vômito. Em conclusão, este estudo relatouqueneostigminaemdoseelevadaparaantagonizaro bloqueioneuromuscularaumentouoriscodenáuseanas pri-meirasseishorasdepós-operatórioemmulheressubmetidas àlaparoscopia,mesmocomondansetronprofilática.Adose deneostigminaadministradanesseestudo, quandoopeso

dospacientesdoestudoéconsiderado,ésuperioràdosede 2,5mgrelatadaporprovocaraumentodoriscodeNVPO.

Osestudosqueavaliaramoefeitosobrenáuseaevômito com o uso de sugamadex e neostigmina para reverter o efeito de bloqueadores neuromusculares são muito limitados.Deacordocomosresultadosdeumestudoque avaliou os desfechos pós-operatórios do antagonismo do bloqueioneuromuscularem 1.440pacientes (772 designa-dosparasugamadex,212paraneostigminae510paranão reversão),observou-sequeaincidênciadeNVPOem SRPA foisignificativamentemaiselevadanogrupo neostigmina, emcomparac¸ãocomogruposugamadex(21,5%vs.13,6%, p<0,05). Os pesquisadores não observaram diferenc¸a significativa entre os grupos sugamadex e não reversão. Umestudo relatou que o uso deantieméticos noperíodo intraoperatóriofoimaisfrequentenogruponeostigminar osautoresenfatizaramqueacausadoaumentodoriscode NVPOnogruposugamadex foia feituradeprocedimentos cirúrgicos abdominais de emergência. Quando avaliaram osresultados do estudo, os pesquisadores afirmaram que oaumento doscustos causado pelouso desugamadex foi compensadopelareduc¸ãodaincidênciadeNVPO.23

UmestudoconduzidoporKoyuncuetal.13 comparouos efeitosdeneostigmina(70␮gkg---1)esugamadex(2mgkg---1)

sobreaincidênciadeNVPOusadosnareversãodobloqueio neuromuscularem 100 pacientessubmetidosàcirurgiade extremidade. Noestudo, a induc¸ão da anestesia foi feita compropofol,fentanilerocurônioeamanutenc¸ãocom des-flurano,óxidonitrosoeoxigênioe meperidina(0,5mgkg---1 IV)foi administrada no fim da cirurgia para analgesia no pós-operatório.Ospesquisadoresnãoadministraram medi-camentoantieméticonoperíodointraoperatório.NVPOfoi tratadacom ondansetrona (4mg IV) e, caso continuasse, commetoclopramida(10mgIV).Contudo,quandoos resul-tadosdoestudo foramavaliados, nãohouve diferenc¸a na durac¸ão deanestesia e noescorede Apfeldospacientes; osautoresrelataram queaincidência denáuseae vômito na SRPA foi significativamente menor no grupo sugama-dex.Porém,durante24horas depós-operatório,náuseae vômito foramobservados em 60% dos pacientesdo grupo sugamadexeem 58%pacientesdogrupo neostigminaeos autores relataram que não houve diferenc¸a significativa. Em conclusão, ao comparar sugamadex com neostigmina, relataramquehouveumaleveetemporáriareduc¸ãona inci-dênciadeNVPO;nãoobservaramefeitopositivonoretorno das func¸ões gastrointestinais e na deambulac¸ão. Os pes-quisadoresassociaram a elevadaincidência de NVPO, em comparac¸ão com a da literatura,ao uso de óxido nitroso paramanutenc¸ãodaanestesiaedeopiáceosparaanalgesia nopós-operatório.13

(6)

casos com escore de Apfel≤2, administramos medica-mentos antieméticos. Outra razão importante pode ser a quantidadede neostigmina administrada. Em seu estudo, Koyuncuetal.administraram70␮gkg---1.Emnossoestudo,a

dosedeneostigminafoide50␮gkg---1---dosesemelhanteàde

váriosestudosnaliteratura.7,16,20 Quandoospesosmédios foram considerados, a quantidade média de neostigmina administradaaospacientesdenossoestudofoide3,65mg; enquantonoestudodeKoyuncuetal.aquantidadefoide 5,25mg. Outras possíveis razões podem ser as diferenc¸as nométododeanestesia(nãousamosN2Oparamanutenc¸ão oumeperidinaparaanalgesianopós-operatório)e onosso menor tempo cirúrgico (cerca de 30 minutos menos). Determinou-se que o aumento do tempo cirúrgico pode aumentaraincidênciadeNVPO(acada30mindeaumento, orisco deNVPO aumentaem 60%,de modoque umrisco basalde10%éaumentadoem16%após30min).10

Emnossoestudo,duranteoperíododemonitorac¸ãode 24horaspós-cirurgia,onúmerodepacientestratadoscom ondansetroncomoantieméticofoisignificativamentemenor nogruposugamadex(12%vs.33%).Emestudoretrospectivo, Ledowski et al.23 relataram resultados semelhantes com administrac¸ão menor deantiemético ao grupo sugamadex naSRPA.

A limitac¸ão mais importante de nosso estudo é que, embora não tenhamos incluídocirurgias conhecidas como fatoresderiscoparaNVPO,oestudonãofoiconcluídocom umúnicotipodecirurgia.

Em conclusão, este estudomostra quea reversão com neostigminaaumentouaincidênciadeNVPOnaSRPAeouso demedicamentoantieméticoderesgatedurante24horasde pós-operatório.Em termosde NVPO,o uso desugamadex parareverterobloqueioneuromuscularpodeseramelhor escolhaparapacientescomaltoriscoouemcondic¸õesnas quaisessasituac¸ãoéindesejável.

Registro

do

estudo

clínico

NCT02286752.

Aprovac

¸ão

do

Comitê

de

da

Ética

Aaprovac¸ãoparaesteestudofoiconcedidapeloComitêde ÉticadaUniversidadeOndokuzMayıs(2014/779).

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

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Imagem

Tabela 1 Características clínicas dos pacientes Grupo N n = 48 Grupo Sn=50 p Idade (anos) 40,8 ± 11,2 40,3 ± 13,3 NS Peso (kg) 73 ± 9,2 71 ± 10,5 NS IMC (kg m ---2 ) 23,9 ± 3,5 22,8 ± 3,6 NS Sexo (F/M) 18/30 16/34 NS ASA I/II 37/11 36/14 NS Escore de Apfel

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