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O idoso após acidente vascular cerebral: alterações no relacionamento familiar.

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Academic year: 2017

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O I DOSO APÓS ACI DENTE VASCULAR CEREBRAL: ALTERAÇÕES

NO RELACI ONAMENTO FAMI LI AR

Sueli Mar ques1 Rosalin a Apar ecida Par t ezan i Rodr igu es2 Lu cian a Ku su m ot a3

Os obj et iv os dest e est udo for am : ident ificar os idosos at endidos, na Unidade de Em er gência de um hospit al governam ent al do m unicípio de Ribeirão Pret o- SP, com diagnóst ico m édico de acident e vascular cerebral, e su as r espect iv as fam ílias, bem com o iden t ificar as alt er ações, n o r elacion am en t o fam iliar , qu e ocor r er am a p ó s o ev en t o . Ut i l i zo u - se a Técn i ca d e I n ci d en t es Cr ít i co s a d a p t a d a p a r a i d en t i f i ca r a s a l t er a çõ es n o r elacionam ent o fam iliar , ocor r idas após a doença e, par a a análise, a r eflex ão do Cam inho do Pensam ent o. A am ost ra const ou de 11 fam ílias, t ot alizando 34 part icipant es. A análise das conseqüências revelou as alt erações no relacionam ent o fam iliar que const it uíram 13 subcat egorias, 5 posit ivas e 8 negat ivas, perfazendo o t ot al de 58 alt er ações, sendo 30 posit iv as e 28 negat iv as. O est udo r ev elou a necessidade de t r abalhar com a fam ília para ident ificar as alt erações e desenvolver um plano de ações que possa favorecer as relações e a adapt ação da fam ília às dem andas, com v ist as a m elhor ar as condições de v ida de seus m em br os, inclusiv e o idoso.

DESCRI TORES: idoso; aciden t e cer ebr ov ascu lar ; fam ília; en fer m agem

CEREBROVASCULAR ACCI DENT I N THE AGED: CHANGES

I N FAMI LY RELATI ONS

The aim s of t his st udy were: t o ident ify t he aged persons who were vict im s of Cerebrovascular Accident and r eceived car e at t he Em er gency Unit of a Public Hospit al in Ribeir ão Pr et o- SP, Br azil, and t heir r espect ive fam ilies, as well as t o ident ify t he changes in fam ily relat ions t hat occurred aft er t he event . I n order t o ident ify t hese changes, t he adapt ed Crit ical I ncident Technique w as used, w hile t he analysis w as based on t he idea of Current of Thought . The sam ple consist ed of 11 fam ilies, t ot aling 34 part icipant s. The analysis of t he consequences display ed t he changes in fam ily r elat ions, w hich m ade up 13 subcat egor ies, 5 of w hich w er e posit iv e and 8 negat iv e, t ot aling 58 alt er at ions, 30 of w hich w er e posit iv e and 28 negat iv e. The st udy r ev ealed t he need t o work wit h t he fam ily in order t o ident ify changes and develop an act ion plan t o favor t he fam ily’s relat ions and adapt at ion t o t he dem ands, w it h a view t o im pr oving t he living condit ions of it s m em ber s, including t he aged p er son .

DESCRI PTORS: aged; cer ebr ov ascular accident ; fam ily ; nur sing

EL ANCI ANO TRAS ACCI DENTE CEREBROVASCULAR: ALTERACI ONES

EN EL RELACI ONAMENTO FAMI LI AR

Las f in alidades de est e est u dio f u er on las de iden t if icar a los an cian os con diagn óst ico m édico de Accident e Cer ebr ov ascular , at endidos en la Unidad de Em er gencia de un Hospit al Guber nam ent al de Ribeir ão Pr et o- SP, Br asil, y a su s r esp ect iv as f am ilias y t am b ién id en t if icar las alt er acion es en el r elacion am ien t o fam iliar, que ocurrieron t ras el event o. Fue ut ilizada la Técnica de I ncident es Crít icos adapt ada para ident ificar las alt er aciones en el r elacionam ient o fam iliar ocur r idas t r as la enfer m edad. Par a el análisis, fue adopt ada la reflexión del Cam ino del Pensam ient o. La m uest ra fue com puest a por 11 fam ilias, t ot alizando 34 part icipant es. El análisis de las consecuencias r ev eló las alt er aciones en el r elacionam ient o fam iliar , que const it uy er on 1 3 subcat egorías, 5 posit ivas y 8 negat ivas, con un t ot al de 58 alt eraciones, siendo 30 posit ivas y 28 negat ivas. El est udio r eveló la necesidad de t r abaj ar con la fam ilia par a ident ificar las alt er aciones y desar r ollar un plan de acción que pueda fav or ecer las r elaciones y la adapt ación de la fam ilia a las dem andas, con v ist as a m ej or ar las condiciones de v ida de sus m iem br os, incluso el anciano.

DESCRI PTORES: an cian o; acciden t e cer ebr ov ascu lar ; f am ilia; en f er m er ía

1 Professor Doutor, e- m ail: sm arques@eerp.usp.br; 2 Professor Titular, e- m ail: rosalina@eerp.usp.br; 3 Professor Assist ent e, e- m ail: kusum ot a@eerp.usp.br.

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I NTRODUÇÃO

D

ent re as doenças do aparelho circulat ório, o a ci d e n t e v a scu l a r ce r e b r a l ( AVC) é u m d o s pr oblem as neur ológicos m ais pr ev alent es ent r e os idosos. É a terceira causa m ais com um de m orte nos países desen v olv idos. Apr ox im adam en t e 2 0 % dos pacientes que sofrem AVC falecem dentro de um m ês, ap ós o ev en t o; cer ca d e 5 0 % d os sob r ev iv en t es a p r e se n t a m i n ca p a ci d a d e s p e r m a n e n t e s e significant es, que requerem assist ência e supervisão; e os out r os 30% apr esent am déficit s neur ológicos, m as são capazes de viver independent es( 1).

O idoso que sofreu AVC, após o período de i n t er n ação h o sp i t al ar, p o d e r et o r n ar ao l ar co m seqüelas físicas e em ocionais, que com pr om et em a capacidade funcional, a independência e aut onom ia e, t am bém , podem t er efeit os sociais e econôm icos que invadem t odos os aspect os da vida. Geralm ent e, quando ocorre um declínio funcional em decorrência de algu m pr ocesso pat ológico, é a f am ília qu e se env olv e em aspect os da assist ência, na super v isão d a s r esp o n sa b i l i d a d es e n a p r o v i sã o d i r et a d o s cuidados.

Os hospit ais est ão dim inuindo o período de internação dos clientes, devido a vários fatores, dentre eles o custo da assistência à saúde. Porém , o retorno d o id oso ao d om icílio, ap ós a in t er n ação, r eq u er cuidado e at enção. Os efeit os desse ret orno sobre o i d o so e a f a m íl i a m u i t a s v e ze s p o d e m se r d esest r u t u r ad or es, u m a v ez q u e o r et or n o ex ig e d isp on ib ilid ad e d e esp aço, p essoa p ar a p r est ar o cuidado e, ainda, recursos econôm icos. Ainda assim , a m aioria dos idosos prefere ser cuidada em casa.

Frent e a event os significat ivos da vida com o o a p a r e ci m e n t o d e d o e n ça cr ô n i ca , d i v ó r ci o , desem prego ou m ort e de um m em bro da fam ília, é p ossív el ocor r er em t r an sf or m ações r elev an t es n o sist em a f am iliar com o u m t od o. No caso d e u m a f a m íl i a , a a l t e r a çã o p o d e se d a r n o s d o m ín i o s co g n i t i v o , a f e t i v o o u co m p o r t a m e n t a l , p o r é m , ocor r en d o em u m d eles, cau sa im p act o sob r e os outros. É im portante que o enferm eiro que atua j unto às fam ílias observe e avalie cuidadosam ent e desses aspect os par a que possa ident ificar as alt er ações e desenvolver um plano de intervenção de enferm agem capaz de cont ribuir para o alcance do reequilíbrio no sist em a fam iliar.

A a l t e r a çã o n a e st r u t u r a d a f a m íl i a é e x p e r i m e n t a d a co m o u m a p e r t u r b a çã o n o se u sistem a, sendo que há um a finalidade de se preservar

a su a est ab i l i d ad e. Um a al t er ação é v i st a co m o m udança de com por t am ent o, que pode ou não ser acom panhada de discer nim ent o e, por t ant o, suger e a inv est igação das difer enças ent r e os padr ões de interação fam iliar. A alteração e a estabilidade devem ser consideradas em conj unt o( 2).

As alt er ações ocor r em const ant em ent e em int er ações sociais do dia- a- dia e no am bient e, m as m uitas vezes não se tom a conhecim ento e, ainda, se a co st u m a co m e l a s. Ta m b é m , n a s f a m íl i a s, a s a l t er a çõ es se d esen v o l v em co n st a n t em en t e e o enfer m eir o que at ua j unt o a elas pode ou não t er consciência desse fat o. Esse é o t ipo de alt er ação cont ínua ou espont ânea que ocorre na vida diária e per cor r e os est ágios de desenv olv im ent o fam iliar e individual( 3).

É d e i n t e r e sse d o e n f e r m e i r o o b t e r a participação ativa e responsável da fam ília no cuidado do idoso dependent e. No ent ant o, para que isso se concretize, é necessário investir em pesquisas e incluir cada vez m ais as fam ílias no cuidado de saúde.

Consider ando a r elev ância dessa t em át ica, foi proposto aqui, para este estudo, identificar idosos at endidos na Unidade de Em ergência de um hospit al governam ent al da cidade de Ribeirão Pret o- SP, com d i a g n ó st i co m é d i co d e AVC ( h e m o r r á g i co o u isquêm ico) , cuj o prim eiro episódio t enha ocorrido no ano de 2002, e suas respect ivas fam ílias, bem com o ident ificar as alt erações no r elacionam ent o fam iliar, que ocorreram após o AVC, utilizando um a adaptação da Técnica do I ncident e Crít ico.

METODOLOGI A

Trata- se de estudo qualitativo e, na tentativa de identificar as alterações no relacionam ento fam iliar, após o episódio do AVC com um de seus m em bros, foi ut ilizada a Técnica de I ncident es Crít icos, para a colet a de dados.

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En f im , a t écn ica con sist e em solicit ar aos a t o r e s d e u m a a t i v i d a d e r e l a t o s d e si t u a çõ e s vivenciadas que serão observados e analisados pelo pesquisador, considerando o obj et ivo preest abelecido. Par t icipar am do est udo fam ílias, r esident es no m unicípio de Ribeirão Pret o- SP, que possuíam em seu núcleo fam iliar um idoso com 60 anos e m ais de idade, que foi atendido na Unidade de Em ergência do HCFMRP- USP, com diagnóst ico de AVC ( hem orrágico ou isquêm ico) , cuj o prim eiro episódio havia ocorrido no ano de 2002.

As fam ílias for am selecionadas no m ês de agost o de 2003, logo após o par ecer fav or áv el do Com itê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas d a Fa cu l d a d e d e Med i ci n a d e Ri b e i r ã o Pr e t o d a Universidade de São Paulo.

Solicit ou- se ao Serviço de Arquivo Médico e Est at íst ico ( SAME) do HCFMRP- USP u m a list a dos pacientes com idade igual ou superior a 60 anos, com diagnóstico m édico de AVC, atendidos no ano de 2002, na Unidade de Em ergência do HCFMRP- USP, núm ero de regist ro, endereço e t elefone e obt eve- se o t ot al de 109 idosos. Após esse levant am ent o, realizou- se o pr im eir o con t at o t elef ôn ico com as f am ílias dos idosos, para viabilizar o agendam ento das entrevistas. Os crit érios de exclusão ut ilizados foram : idosos que haviam falecido e os não resident es no m unicípio de Rib eir ão Pr et o. For am en t r ev ist ad as 1 1 f am ílias, t ot alizando 34 par t icipant es. O núm er o de fam ílias ent revist adas foi det erm inado pelo m om ent o em que houve sat uração do cont eúdo das respost as.

A coleta de dados foi realizada no período de agost o a n ov em br o de 2 0 0 3 . Par a as en t r ev ist as, ut ilizar am - se dois inst r um ent os de colet a de dados com quest ões abert as e fechadas. O prim eiro t rat a-se de um questionário para identificação do idoso que consta de inform ações referentes ao perfil social: data e local de nascim ento, sexo, cor, estado civil, núm ero de filhos, grau de escolaridade, profissão/ ocupação, renda ( em salário m ínim o) , endereço e t elefone.

O segundo refere- se a um questionário para: a) id en t if icar a f am ília d o id oso, v ít im a d e AVC, contendo com posição fam iliar, renda m ensal e religião d e cad a m em b r o; b ) id en t if icar as alt er ações n o relacionam ent o fam iliar, após esse event o, por m eio de duas quest ões elabor adas par a a obt enção dos i n ci d en t es cr ít i co s: 1 ) p en se n a s si t u a çõ es q u e aco n t ecer am d ep o i s q u e o i d o so ( a) r et o r n o u ao dom icílio, após o período de internação, por ter sofrido o d e r r a m e . 2 ) t e n t e l e m b r a r - se d e si t u a çõ e s

relacionadas com o idoso e o derram e que envolveram o am b ien t e e os m em b r os d a f am ília e q u e v ocê co n si d er a q u e p r o v o ca r a m a l t er a çõ es p o si t i v a s/ negat ivas. Cont e- m e as sit uações, quais as pessoas envolvidas, o que elas fizeram e no que resultou? No prim eiro m om ent o, fazia- se referência às alt erações posit ivas, a seguir, repet ia- se a m esm a quest ão com r efer ência às alt er ações negat ivas.

A colet a de dados foi realizada por um a das p esq u i sad o r as n o d o m i cíl i o d as f am íl i as, ap ó s o co n t a t o t e l e f ô n i co e o co n se n t i m e n t o d e ca d a part icipant e. Foram realizadas de duas a t rês visit as p a r a ca d a f a m íl i a e e m m é d i a t r ê s co n t a t o s t elefônicos.

Os r elat os das sit uações for am r egist r ados no diário de cam po e, ao térm ino de cada um deles, o texto era apresentado em voz alta e clara para ser v alid ad o p elos en t r ev ist ad os. As ob ser v ações d o pesquisador, t am bém , foram r egist radas.

Par a a an ál i se, u t i l i zo u - se a r ef l ex ão d o Ca m i n h o d o Pe n sa m e n t o a p r e se n t a d a “ co m o possibilidade de r ealização t écn ica em r elação às com unicações r efer ent es à ár ea de saúde”( 5). Todo

m at er ial colet ado, inclusiv e o sent ido das r elações sociais, foi r eunido na análise par a a ident ificação d as alt er ações n o r elacion am en t o f am iliar. Nest e est udo, realizou- se a análise das conseqüências das sit uações vivenciadas pelos m em bros da fam ília.

Conform e as Resoluções 196/ 96 e 251/ 97 do Co n se l h o Na ci o n a l d e Sa ú d e , e st e p r o j e t o f o i encam inhado para a apreciação do Com it ê de Ét ica em Pesquisa do Hospit al das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Recebeu aprovação em reunião de 18/ 08/ 2003, Processo HCRP nº 4700/ 2003.

RESULTADOS

Os r esult ados ser ão apr esent ados em duas etapas, descritas a seguir: a) identificação dos idosos com diagnóst ico de AVC e suas respect ivas fam ílias e b ) d escr ição d as alt er ações n o r elacion am en t o fam iliar.

I dent ificação dos idosos com diagnóst ico de AVC e suas r espect ivas fam ílias

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Em ergência do Hospit al das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. A idade dos idosos variou de 62 a 84 anos, com m édia de 73,4 anos. Quanto ao sexo, 7 ( 63,6% ) er am d o sex o m ascu lin o. A m aior ia ( 7 2 , 7 % ) er a casada e 3 ( 27,3% ) , viúvos. No que se refere ao grau de escolaridade, 5 ( 45,4% ) sabiam ler e escrever, 4 ( 36,4% ) t inham prim eiro grau incom plet o, 1 ( 9,1% ) cu r sou o seg u n d o g r au com p let o e 1 ( 9 , 1 % ) er a analfabet o.

Quant o à profissão/ ocupação, a m aioria era aposentada, sendo 5 ( 45,4% ) com um salário m ínim o por m ês, 2 ( 18,2% ) com um salário m ínim o e m eio por m ês, 1 ( 9,1% ) com quat ro salários m ínim os por m ês, 1 ( 9,1% ) com seis salários m ínim os por m ês e 2 ( 1 8 , 2 % ) n ão t in h am r en d a p r óp r ia. Qu an t o ao d i a g n ó st i co m é d i co , 1 0 ( 9 0 , 9 % ) so f r e r a m AVC i sq u ê m i co e so m e n t e 1 ( 9 , 1 % ) so f r e u AVC h em or r ágico.

Quant o às fam ílias, 1 ( 9,1% ) era com post a por set e m em bros, seguida de 3 ( 27,3% ) com seis m em bros, 1 ( 9,1% ) , com cinco m em bros, 2 ( 18,2% ) , com quat ro m em bros, 1 ( 9,1% ) , com t rês m em bros e 3 ( 27,3% ) , com postas por dois m em bros. Em m édia, a s 1 1 f a m íl i a s p o ssu ía m 4 , 3 m e m b r o s e m su a com posição.

Em r el a çã o à r en d a f a m i l i a r, 5 ( 4 5 , 4 % ) f am íl i as r eceb i am d e u m e m ei o a d o i s sal ár i o s m ín i m o s, 4 ( 3 6 , 4 % ) , d e d o i s a q u a t r o sa l á r i o s m ínim os, 2 ( 18,2% ) , de quat ro a seis e som ent e 1 ( 9 , 1 % ) r eceb i a n o v e sal ár i o s m ín i m o s p o r m ês. Dest aca- se, ainda, que o salário m ínim o vigent e no país era de R$ 240,00.

No q u e t a n g e à r el i g i ã o , em 8 ( 7 2 , 7 % ) fam ílias t odos os m em bros do núcleo fam iliar eram católicos, em 1 ( 9,1% ) o idoso era espírita, a esposa adv en t ist a e a filh a e n et os er am cat ólicos, em 1 ( 9,1% ) o idoso e a esposa eram católicos e os netos evangélicos e em 1 ( 9,1% ) a idosa, o genro e duas net as eram cat ólicos, a filha era espírit a e um a das net as era budist a.

Descrição das alt erações no relacionam ent o fam iliar

A a n á l i se d a s co n se q ü ê n ci a s r e v e l o u a s alterações no relacionam ento fam iliar que constituíram 1 3 su b ca t e g o r i a s, 5 p o si t i v a s e 8 n e g a t i v a s, perfazendo o t ot al de 58 alt erações, 30 posit ivas e 28 negat ivas, conform e referência dos m em bros da fam ília ( Tabela 1) .

Tabela 1 - Cat egoria de alt eração no relacionam ent o fam iliar e respect ivas subcat egorias, com referência p o si t i v a o u n e g a t i v a , e x t r a íd a s d o s r e l a t o s d e fam iliares de idosos com diagnóstico de AVC - Ribeirão Pret o, 2003

DI SCUSSÃO

A idade m édia dos 11 idosos foi de 73,4 anos, sendo 63, 6% do sex o m asculino. Esses dados são sem elhant es aos de um est udo( 6) sobre condições de

saúde de pessoas com 60 anos e m ais na cidade de São Paulo, por m eio da avaliação aut o- r efer ida, na qual foi constatado que a incidência dos AVCs foi m ais freqüente em idosos com idade acim a de 75 anos do sex o m ascu l i n o , ap r esen t an d o m ai o r n ú m er o d e seqü elas.

Hou v e o p r ed om ín io d e casad os en t r e os hom ens e o de viúvas ent re as m ulheres. O est ado de casado, dos hom ens, favorece que o cuidado sej a prest ado por suas fam ílias.

Quanto ao grau de escolaridade, predom inou os que sabiam ler e escrever, seguidos dos que tinham pr im eir o gr au incom plet o, não ex cedendo a quat r o anos de estudo. Fato esse condizente com a realidade br asileir a, em que a m aior ia dos idosos v iv os não t ev e a opor t unidade de ser alfabet izada( 7). O baix o

n ív e l d e e sco l a r i d a d e p o d e co n t r i b u i r p a r a o aparecim ent o da doença, pois esse fat o associado a

O Ã Ç A R E T L

A SUBCATEGORIAS

S A V I T I S O

P NEGATIVAS

o t n e m a n o i c a l e R r a il i m a F 8 5 = N s o d o ã ç a r o b a l o C a il í m a f a d s o r b m e m o d o d a d i u c o a r a p . o s o d i

7 Piorouo o d o t n e m a n o i c a l e r s o r b m e m s o m o c o s o d i . a il í m a f a d 1 1 u o r o h l e M e rt n e o t n e m a n o i c a l e r . a il í m a f a d s o r b m e m s o 2

1 Aumentoua

o s o d i o d e d a d i v i s s e r g a . a s o p s e a m o c 5 a d s o r b m e m s o d o i o p A ri d i c e d a r a p a il í m a f . o t n e m a t a rt o e r b o s

4 Fatloucolaboraçãodos a il í m a f a d s o r b m e m o d o d a d i u c o a r a p . o s o d i 4 e d o ã ç a r o b a l o C . s o g i m a e s o h n i z i v

6 Atlerouacomposição .r a il i m a f o e l c ú n o d 2 r e d o p o u o t n e m u A . a s o p s e a d o ir ó s i c e d

1Cobrançasdevidoà o ã s i c e d e d a d a m o t . o t n e m a t a rt o e r b o s 1 s o h li f s o d a ç n a r b o C o d o ã ç n e t a s i a m r o p m o c e ã m a a r a p i a p . C V A 1 o s ó p a o t n e m a s a C . C V A 1 e d o t n e m a t s a f A . s o g i m a e s o h n i z i v 3 L A T O

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fat ores socioeconôm icos e cult urais podem dificult ar a conscient ização par a as necessidades de cuidado com a saúde ao longo da vida, adesão ao tratam ento e à m anutenção de estilo de vida saudável que lim ite a ação de fat ores de risco( 8).

No que se refere à profissão/ ocupação, 81,8% eram aposentados e o restante não tinha renda própria e dependia dos cônj uges. Essa condição leva a m aioria dos idosos a necessit ar de aj uda de seus fam iliares para com plem ent ar seus baixos rendim ent os, com o a g r a v o d e q u e o a p a r e ci m e n t o d a d o e n ça g e r a aum ent o dos gast os.

A m a i o r i a d o s i d o so s, 9 0 , 9 % , t e v e AVC i sq u ê m i co e a p e n a s 9 , 1 % , o h e m o r r á g i co . Pr ov av elm ent e, isso se dev e à alt a let alidade par a os AVCs hem or r ágicos( 6).

Qu an t o à com posição f am iliar, as f am ílias possuíam em m édia 4 , 3 m em br os. Na m aior ia, as f a m íl i a s co a b i t a v a m d u a s o u m a i s g e r a çõ e s, caract erizando o dom icílio m ult igeracional. Esse fat o pode gerar a necessidade da realização de um arranj o fam iliar para o enfrent am ent o da sit uação de t er em casa um idoso doent e e dependent e.

Con st at ou - se q u e a m ai or i a d as f am íl i as sobr ev iv ia com r enda fam iliar m ensal em t or no de um e m eio a dois salários m ínim os, possuíam alguns m em bros desem pregados, e os genit ores acom et idos pela doença não se encont r av am em condições de t rabalho. Assim , algum as delas m encionaram a falt a d e r e cu r so s p a r a co m p r a d e a l i m e n t o s, m ed i ca m en t o s, f r a l d a s d esca r t á v ei s, a l u g u el d e equipam ent os para o cuidado, ent re out ros.

Houve o predom ínio da religião cat ólica nas fam ílias em que todos os m em bros do núcleo fam iliar t inham a m esm a religião. Mem bros de um a m esm a fam ília m encionaram religiões diferentes, evangélicos, espírit as, budist as e advent ist as. A m iscigenação de religião não afet ava o relacionam ent o dos m em bros da fam ília, pois, quando indagados, r elat av am que r espeit av am a r eligião de cada um . Os ev angélicos er am fr eqüent ador es r egular es da igr ej a, por ém , a m aioria dos m em bros das fam ílias que eram católicas f r e q ü e n t a v a a i g r e j a e sp o r a d i ca m e n t e . Pô d e - se con st at ar qu e a doen ça r esgat ou o v ín cu lo com a r eligião, apont ada com o possibilidade de esper ança para a recuperação dos agravos à saúde, decorrentes da doença crônica.

D a a n á l i se d a s co n seq ü ên ci a s d o AVC e si t u a çõ e s g e r a d a s p e l o m e sm o , e m e r g i r a m a s alt erações no relacionam ent o fam iliar. O conceit o de

relacionam ent o fam iliar est á at relado às ligações e/ ou convívio ent re os m em bros da fam ília ou pessoas si g n i f i cat i v as p ar a el es. Est e t r ab al h o r ev el a as alt er ações ocor r idas no âm bit o dom iciliar do idoso que sofr eu AVC.

Pa r a a s p e sso a s i d o sa s, a f a m íl i a t e m f u n d a m e n t a l i m p o r t â n ci a n o q u e se r e f e r e à solidariedade e à prot eção, bem com o nas relações de afet o que per m eiam a dinâm ica fam iliar. Com o apar ecim en t o da doen ça, além de r om pim en t o do equilíbr io or gânico, ocor r e int er fer ência em out r os nív eis da v ida, pr incipalm ent e na conv iv ência com fam iliar es pr óx im os( 9). Assim , a ocor r ência de um a

doença com o o AVC, que pode ger ar seqüelas em u m d o s m e m b r o s d a f a m íl i a , f a v o r e ce a desor gan ização e alt er a o equ ilíbr io e os padr ões p r e e st a b e l e ci d o s d e i n t e r a çã o . A p r o m o çã o d a h a r m o n i a e co m p r e e n sã o e n t r e o s m e m b r o s é prim ordial para a reorganização do sist em a fam iliar. Para as pessoas viverem j untas, é necessário que haj a um a relação interpessoal entre os m em bros da fam ília, ou sej a, com preender um ao outro, o que não é t arefa fácil, pois int erpret ar o com port am ent o do out ro e reconhecer as diferenças, algum as vezes, acarreta preocupações, desavenças e dificuldades nos relacionam entos( 10). O aut or acrescent a, ainda, que a

com unicação é im por t ant e est r at égia par a a busca d e a p r o x i m a çã o d a s p e sso a s, e o d i á l o g o é fundam ent al nas relações fam iliares.

As alt er ações de m aior ex pr essão par a as subcat egorias posit ivas dizem respeit o à colaboração para o cuidado, m elhora do relacionam ent o ent re os m em bros da fam ília, apoio dos m esm os nos processos decisórios e colaboração de vizinhos e am igos.

D a s 1 1 f a m íl i a s i n v e st i g a d a s, a m a i o r i a m encionou que o cuidador fam iliar recebia aj uda para as at ividades de cuidado ao idoso, t ant o de suport e infor m al quant o for m al. As pessoas que assum ir am a responsabilidade do cuidado diret o do idoso foram as esposas, filhas e net os.

Duas fam ílias obt iveram apoio, no dom icílio, de um a equipe de v isit a dom iciliar de um hospit al, que as orient aram para as at ividades de cuidado. A experiência de possuir apoio dessa equipe foi descrita co m o p o si t i v a p el o s f am i l i ar es, p el o f at o d e t er p r o p o r ci o n ad o seg u r an ça ao s cu i d ad o r es p ar a o m anej o das sit uações cuidat ivas.

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oport unidade de obt erem nova percepção de si e do ou t r o, p ois o p r ocesso d e cu id ar im p lica em u m co n j u n t o d e a çõ e s q u e e n v o l v e m a t i t u d e s, sent im ent os e com pr om issos.

A m aior pr ox im idade, dev ido às at iv idades de cu idar, pr opiciou a m elh or a do r elacion am en t o ent re os m em bros da fam ília, incluindo- se o idoso. A m ãe da fam ília 4 r efer iu qu e a m aior ia dos filh os en con t r av a- se com m aior f r eq ü ên cia e, além d e cuidar do pai, eles cuidav am um do out r o. Eles se pr eocupav am em não deix ar a r esponsabilidade do cuidado apenas com um a pessoa e a afet ividade e a com pr eensão er am per cept ív eis.

Em 5 4 , 5 % d a s f a m íl i a s, se u s m e m b r o s passar am a dedicar m aior at en ção aos idosos, ou se j a , e sp o sa s, g e n r o s, f i l h o s, n e t o s e b i sn e t o s passavam m aior período de tem po na com panhia dos m e sm o s, co n v e r sa n d o , a ssi st i n d o à t e l e v i sã o , acom panhando em at ividades de lazer, ent re out ros. As m anifest ações de relações fam iliares harm ônicas cont ribuem para o confort o em ocional do idoso( 11).

Os d é f i ci t s co g n i t i v o s e m o t o r e s q u e acom et em um a pessoa em conseqüência de um AVC acar r et am a r edist r ibuição de papéis fam iliar es em g r a n d e e sca l a . O p o d e r d e d e ci sã o d a p e sso a acom et ida fica ser iam ent e com pr om et ido e, m uit as vezes, fica apenas a ilusão de que ainda se decide. Na f a m íl i a 7 , a n t e s d a d o e n ça , o i d o so t i n h a au t o n o m i a, ap esar d o al co o l i sm o e m esm o sem assum ir os proventos da fam ília. Após o AVC, o poder d ecisór io p assou a ser d a esp osa, q u e av aliou a situação com o positiva, um a vez que ocorreram várias m udanças na organização fam iliar.

As fam ílias 1, 5 e 8 vivenciaram experiências r ef er en t es à r esp on sab ilid ad e d e d ecid ir sob r e a realização de procedim entos cirúrgicos no idoso, bem com o da ret irada da sonda nasogást rica e início de diet a, por v ia or al. Quant o a esses pr ocedim ent os, per cebe- se a im por t ância da par t icipação de t odos os m em bros da fam ília no processo decisório, pois a coesão deixa- os m ais seguros em relação à at it ude final para a int ervenção.

Houve m enção da colaboração de vizinhos e p e sso a s a m i g a s r e l a ci o n a d a s à n e ce ssi d a d e d e t r anspor t e, segur ança, com panhia par a o idoso na a u sê n ci a d o cu i d a d o r e a p o i o n a s si t u a çõ e s d e em er gên cia.

Na fam ília 3, a filha relatou o relacionam ento est r eit o da fam ília com os v izinhos m ais pr óx im os que ofer ecem aj uda par a algum as necessidades. A

esposa da fam ília 5, que é idosa, passa part e do dia sozinha com o idoso em casa e tam bém pode contar com os vizinhos para qualquer event ualidade.

É natural que os m em bros da fam ília cultivem e inv ist am em sist em as de am izade, t am bém for a dela. Alguns indivíduos consideram am igos as pessoas co m q u e m d e se n v o l v e m r e l a ci o n a m e n t o s significat ivos e m ais profundos. O convívio com t ais pessoas pode ocorrer na vizinhança, no am bient e de t rabalho, na escola, ent re out ras inst it uições sociais. Ficou evident e a r elevância do r elacionam ent o com vizinhos e am igos, no que t ange à colaboração deles em sit uações adv er sas no cot idiano das fam ílias, o qu e f az com qu e os m em br os r espon sáv eis pelos idosos sint am - se am parados e seguros.

No q u e se r e f e r e à s a l t e r a çõ e s p a r a a s su b cat eg or ias n eg at iv as, f or am r elat ad as aq u elas relacionadas à piora do relacionam ento do idoso com os m em br os da fam ília, aum ent o da agr essiv idade do idoso com a esposa, falt a de colaboração para o cuidado e afast am ent o dos vizinhos devido ao m au hum or do idoso.

Os idosos das fam ílias 2 e 7 tinham o hábito d e i n g er i r b eb i d a al co ó l i ca, o q u e co m p r o m et eu ser iam en t e o r elacion am en t o de am bos com su as respectivas fam ílias, antes do AVC. O alcoolism o pode distorcer ou destruir a autoconfiança e a auto- estim a d a f am ília. Os f am iliar es p od em isolar o p ar en t e a l co ó l a t r a , m a n t e n d o co n t a t o l i m i t a d o co m o m esm o( 12).

Na fam ília 2, a esposa discorre que o idoso j á m antinha relacionam ento conflituoso com ela e com o s f i l h o s, a n t e s m e sm o d a o co r r ê n ci a d o AVC. Acr escen t a, ain d a, q u e at u alm en t e ele est á m ais agressivo e durante as atividades de cuidado a ofende com palavras, cospe em seu rosto e j á tentou ofendê-la fisicam ent e. At r ibui esse com por t am ent o ao fat o de que “ ele j á tem o gênio ruim ”, não aceita depender dela para os cuidados com o corpo e com quest ões de or dem financeir a, ent r e out r as dependências. É conflit uoso t am bém o relacionam ent o do idoso com os filhos, net os, genros, nora, irm ãos e cunhados.

A esp osa d a f am ília 7 r elat a q u e o id oso ofendia psicológica e fisicam ent e t ant o ela, quant o as filhas. A violência, ou m aus- tratos, é um problem a de saúde pública, é com plexo e t em suas raízes na in t er ação de f at or es biológicos, sociais, cu lt u r ais, e co n ô m i co s e p o l ít i co s( 1 3 ). A f i l h a m a i s v e l h a é

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d o cu i d a d o . A m ã e é q u e m a ssu m e t a l r esp on sab ilid ad e, além d o t r ab alh o ex t er n o p ar a sust ent ar a fam ília.

As r elações con f lit u osas, ob ser v ad as n as d u a s f a m íl i a s ci t a d a s, j á e r a m d e co r r e n t e s d e sit uações ant eriores da ocorrência do AVC no idoso. No entanto, houve piora acentuada após a doença. A esposa da fam ília 2 relatou que os vizinhos e pessoas am igas deix ar am de fr eqüent ar o dom icílio dev ido ao m au h u m or e com p or t am en t os ag r essiv os d o idoso.

A ausência de colabor ação par a o cuidado pode t r azer conflit os ent r e os m em br os da fam ília, pois o desej o de aj udar pode não depender única e exclusivam ent e de um a só pessoa.

A filha da fam ília 3 refere que houve conflitos e n t r e o s i r m ã o s, e m d e co r r ê n ci a d a d i v i sã o d e responsabilidades para o cuidado da idosa, pois, na t ent at iva de t ransferi- la para o dom icílio da irm ã, o cu n h ado n ão aceit ou , o qu e f ez com qu e a idosa r et or nasse par a o dom icílio e cuidador a de or igem . Nesse caso, um a das irm ãs ficou im possibilit ada de aliv iar a sobr ecar ga da ou t r a, em decor r ên cia da oposição do m ar ido em aceit ar a idosa no convívio de seu lar.

Vá r i o s o u t r o s e m p e ci l h o s p a r a a n ã o -co l a b o r a çã o f o r a m o b se r v a d o s n o s r e l a t o s d o s fam iliares. Os m ais com uns foram t rabalho ext erno, deveres com m arido e filhos e a presença de m ágoas e rancores com o idoso.

As relações fam iliares são relevant es no que se refere à t roca de am or, afet o, respeit o e valores, pois cont ribuem para o envelhecim ent o saudável( 14).

Os aut or es r essalt am , ainda, que em sit uações de agravos à saúde, a relação com pessoas significativas e de seu convívio pode aj udar o idoso a enfrentar e a se adapt ar às inst abilidades da doença.

O desenvolvim ento e a busca de am izades e r elacionam ent os ínt im os são essenciais quando as p e sso a s p r e ci sa m u m a s d a s o u t r a s. Os r e l a ci o n a m e n t o s i n t e r d e p e n d e n t e s e com plem ent ar es, car act er izados pela aj uda que um ofer ece ao ou t r o, qu an do n ecessár io, v iabilizam o supor t e de segur ança e am par o, r elev ant es par a a sobr ev iv ên cia ao lon go dos an os e pr im or diais n a velhice( 15).

A desorganização, pela falt a de cont role das sit uações ger adas pela doença cr ônica e agr avadas pela própria hist ória de vida da fam ília, leva os seus

m em bros a buscar sua reorganização para alcançar o equ ilíbr io, por m eio de est r at égias qu e possam gar ant ir o enfr ent am ent o dessas sit uações, com a finalidade de prosseguir na sua t raj et ória.

O esforço e o potencial de cada fam ília devem ser r eco n h eci d o s e v al o r i zad o s p el o p r o f i ssi o n al enfer m eir o que ut ilizar á o que é posit ivo nela par a fornecer o suporte necessário a cada um a. As fam ílias devem ser encoraj adas e auxiliadas a reorganizar e a equilibrar o sistem a fam iliar, por m eio da busca nas suas próprias dem andas e desafios do cotidiano. Essa at it u de pode f or t alecer e capacit ar a f am ília par a at ender às necessidades de cuidado do idoso, bem com o para adm inist rar a sit uação que t odos os seus m em bros vivenciam com m enor grau de sofrim ent o e desaj ust es.

CONSI DERAÇÕES SOBRE O ESTUDO

O AVC pode causar um a variedade de déficits neurológicos que acarret am a presença de seqüelas, com pr om et endo o desem penho par a o aut ocuidado e a m anut enção da v ida. Além das conseqüências físicas, as funções psicológicas e sociais t am bém se a l t e r a m , co m p r o m e t e n d o a e st r u t u r a , o desenvolvim ent o e o funcionam ent o fam iliar.

No âm bito fam iliar, as alterações decorrentes d o p r ocesso d a d oen ça, associad as às p er d as d o env elhecim ent o, são dem onst r adas nos r elat os dos fam iliares com referências posit ivas ou negat ivas. As alt er ações influenciar am e for am influenciadas pelo r elacion am en t o f am iliar e n o p r óp r io con t ex t o d a fam ília.

O viver e conviver com idosos no processo de cu idado con t ín u o é per m eado por sen sação de can saço, est r esse, esg ot am en t o, p or ém , alg u m as vezes, de acolhim ent o, afet o e t ernura. O cuidado e o ca n sa ço p e l o p r ó p r i o p r o ce sso d o cu i d a r sã o condições hum anas que necessit am de reflexão e de apoio à fam ília cuidadora.

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A d i n â m i ca f a m i l i a r p o d e i n f l u e n ci a r d e m aneir a posit iva ou negat iva sobr e um ou m ais de se u s m e m b r o s. A a t u a çã o d e u m a e q u i p e m u l t i d i sci p l i n a r p o d e f a v o r e ce r a s r e l a çõ e s e

Recebido em : 2.2.2005 Aprovado em : 1º .2.2006

adapt ação da fam ília às dem andas. Se o enferm eiro n ã o co n h e ce r a e st r u t u r a d a f a m íl i a , n ã o d e v e valorizar as dificuldades da m esm a, com a int enção de solucionar os problem as.

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