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REVISTA
BRASILEIRA
DE
REUMATOLOGIA
Artigo
original
O
envolvimento
do
nervo
mediano
na
artrite
reumatoide
tem
sido
excessivamente
valorizado?
Rajalingham
Sakthiswary
a,∗e
Rajesh
Singh
baUniversitiKebangsaanMalaysiaMedicalCentre(UKMMC),DepartmentofMedicine,Cheras,Malásia
bMonashUniversityMalaysia,JeffreyCheahSchoolofMedicineandHealthSciences,DepartmentofOrthopaedics,BandarSunway,
Malásia
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem18desetembrode2015 Aceitoem5dejulhode2016 On-lineem30deagostode2016
Palavras-chave: Nervomediano Artritereumatoide Síndromedotúneldocarpo
r
e
s
u
m
o
Aartritereumatoide(AR)éumacausabemeamplamentereconhecidadesíndromedotúnel docarpo(STC).Nopunhoacometidopelaartritereumatoide,aexpansãosinovial,aserosões articulareseafrouxidãoligamentarresultamemcompressãodonervomedianodecorrente doaumentodapressãointracarpal.Avaliaram-seosestudospublicadosparadeterminara prevalênciadeSTCeascaracterísticasdonervomedianonaAResuaassociac¸ãocom parâ-metrosclínicos,comoaatividadeedurac¸ãodadoenc¸aeasoropositividade.Preencheram oscritériosdeelegibilidade13estudos.Osdadosagrupadosdosoitoestudoscomselec¸ão aleatóriadepacientescomARrevelaramque86de1.561(5,5%)indivíduostinhamSTC.Por outrolado,aSTCsubclínicateveumaprevalênciacombinadade14%(30/215).Aáreadesec¸ão transversadonervomedianodospacientescomARsemSTCfoisemelhanteàdecontroles saudáveis.Agrandemaioriadosestudos(8/13)nãoapresentourelac¸ãosignificativaentre osachadosnonervomedianoeosparâmetrosclínicosoulaboratoriaisnaAR.Aligac¸ão entreaAReasanormalidadesdonervomedianofoiexcessivamentevalorizadaemtodaa literatura.AprevalênciadeSTCnaARésemelhanteàdapopulac¸ãoemgeral,semqualquer correlac¸ãoentreascaracterísticasdonervomedianoeosparâmetrosclínicosdaAR.
©2016ElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCC BY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Has
the
median
nerve
involvement
in
rheumatoid
arthritis
been
overemphasized?
Keywords: Mediannerve Rheumatoidarthritis Carpaltunnelsyndrome
a
b
s
t
r
a
c
t
Rheumatoidarthritis(RA)isawellandwidelyrecognisedcauseofcarpaltunnelsyndrome (CTS).Intherheumatoidwrist,synovialexpansion,jointerosionsandligamentouslaxity resultincompressionofthemediannerveduetoincreasedintracarpalpressure.We eva-luatedthepublishedstudiestodeterminetheprevalenceofCTSandthecharacteristicsof
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:sakthis5@hotmail.com(R.Sakthiswary). http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2016.07.002
themediannerveinRAanditsassociationwithclinicalparameterssuchasdisease acti-vity,diseasedurationandseropositivity.Atotalof13studiesmettheeligibilitycriteria. Pooleddatafrom8studieswithrandomselectionofRApatientsrevealedthat86outof 1561(5.5%)subjectshadCTS.SubclinicalCTS,ontheotherhand,hadapooledprevalence of14.0%(30/215).ThecrosssectionalareaofthemediannerveoftheRApatientswithout CTSweresimilartothehealthycontrols.Thevastmajorityofthestudies(8/13)disclosed nosignificantrelationshipbetweenthemediannervefindingsandtheclinicalor labora-toryparametersinRA.ThelinkbetweenRAandthemediannerveabnormalitieshasbeen overemphasizedthroughouttheliterature.TheprevalenceofCTSinRAissimilartothe generalpopulationwithoutanycorrelationbetweenthemediannervecharacteristicsand theclinicalparametersofRA.
©2016ElsevierEditoraLtda.ThisisanopenaccessarticleundertheCCBY-NC-ND license(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Introduc¸ão
Além das manifestac¸ões articulares, a artrite reumatoide (AR)podeapresentarmanifestac¸õesextra-articulares,como fibrosepulmonar,nódulossubcutâneoseneuropatia perifé-ricaematé10a20%dospacientes.1Opunhoéaarticulac¸ão
maisacometidanaAR,asíndromedotúneldocarpo(STC)é umapotencialsequela.Nopunhocomartritereumatoide,a expansãosinovial,aserosõesarticulareseafrouxidão liga-mentar resultam em perda na altura do túnel do carpo e aumentodapressãonotúneldocarpo.Issocontribuiparao prejuízonotransporteaxonaleacompressãodonervo medi-anoedevasosnoperineuro,quecausamisquemiadonervo mediano.2,3 Osoutros mecanismos responsáveis plausíveis
quetêmsidoimplicadosnaneuropatiareumatoidesãoa toxi-cidadeporfármacos,avasculiteeaamiloidose.4
Asíndrome dotúneldocarpo (STC)éemgrande parte umdiagnósticoclínico,emboratesteseletrofisiológicos (estu-dosde conduc¸ãonervosa [ECN], eletromiografia [EMG])e a avaliac¸ão ultrassonográfica do nervo mediano possam ser úteispara apoiarodiagnóstico,detectaraSTCsubclínica e excluiroutrasanormalidades.5Infelizmente,ador
neuropá-ticanaARmuitasvezespassadespercebidaeéconfundida comadordaartrite.6
Hartetal.foramosprimeirosadescreveraneuropatiana ARem1957.7 Desdeentão,váriosestudoseletrofisiológicos
eultrassonográficostêmexaminadoonervomedianonaAR comresultadosvariáveis.Oobjetivodestarevisãosistemática é,portanto,resumirosresultadosdessesestudose determi-nar,naAR,aprevalênciadeSTC,ascaracterísticasdonervo medianoesuaassociac¸ãocomparâmetrosclínicos,comoa atividadeeadurac¸ãodadoenc¸aeasoropositividade.
Métodos
Estratégiadebusca
Buscaram-senaliteraturaensaiosclínicossobreonervo medi-ano na AR nas seguintes bases de dados: Science Direct, Pubmed/Medline,Ovid,ISIWebofKnowledge,EBSCOe Sco-pus.Foramusadososseguintestermosdepesquisa:“artrite reumatoide”,“nervomediano”,“síndromedotúneldocarpo”
267 estudos identificados
245 excluídos
: 16 - Outros idiomas
: 46 - Relatos de caso
- Estudos não relacionados/não atenderam aos : 183 critérios de inclusão
8 excluídos
- Estudos não relacionados/não atenderam aos critérios de inclusão: 8
22 artigos para recuperação de textos completos
14 estudos incluídos
Figura1–Algoritmoparaselec¸ãodosestudosnesta revisãosistemática.
e “neuropatia”. Para garantirque todos os artigos relevan-tesfossemencontrados,buscaram-senãoapenasartigosque abordassem explicitamentea STC,mas tambémcondic¸ões menos específicas que pudessem abranger o nervo medi-ano/STC,comoneuropatiaperiférica.Osresumosdosestudos foramexaminadosparaadequac¸ão antesdeserecuperaro texto completo dos artigos. Pesquisaram-se as referências bibliográficasdetodososartigosimportantesparaevitarque estudos adicionais relevantes passassem despercebidos. A figura1resumeoalgoritmousadoparaaselec¸ãodosestudos. Nãofoinecessáriaaprovac¸ãopeloComitêdeÉticaparaesta revisãosistemática,poisnãohouverecrutamentode pacien-tesnemintervenc¸ãodepesquisanopresenteestudo.
Critériosdeselec¸ão
Critériosdeinclusão
selecionados. Foram consideradosos estudos publicados a partirde1980.ForamincluídosestudossobreaARque:
1. examinassemascaracterísticasdonervomediano (ultras-sonográficase/oueletrofisiológicas);
2. fossemsobreaSTC;
3. fossempublicadoseminglês.
Critériosdeexclusão
Foramexcluídosrelatosdecasoeartigosderevisão.Também nãoforamconsideradosestudossobreneuropatiaperiférica quenãoforneceramdadosespecíficossobreonervomediano.
Extrac¸ãodosdados
Nestarevisãosistemática,extraíram-seosdadosaseguirde todososestudosincluídos:desenhoepopulac¸ãodoestudo, incluindodetalhesdogrupocontrole, tamanhodaamostra, prevalênciadeSTCnaAR,característicasdonervomediano noAR(ultrassonográficaseeletrofisiológicas),relac¸ão entre ascaracterísticasdo nervomedianoeparâmetrosclínicos. Registraram-seosvaloresestatísticosrelevantese, especial-mente,osvaloressignificativos(valoresdeper).
Resultados
Atenderam aos critérios de elegibilidade 13 estudos.6,8–19
A maior parte (12/13) era transversal e cinco eram de caso-controle.9,10,12,13,18Oscontrolesempregadosforam
indi-víduossaudáveis9,10,13,18oupacientescomARsemsintomas
deSTC.9Otamanhodaamostravarioude2314a1.07016
indi-víduos.Doisdosestudos11,14abordaramaSTCsubclínica,ou
seja,foramfeitoscomindivíduossemsinaisesintomasde STC.Astabelas1e2destacamosresultadosdosestudos espe-cíficos.
PrevalênciadeSTCnaAR
Namaiorpartedosestudos,odiagnóstico deSTCfoi base-adoemumacombinac¸ãodesintomas(parestesia,sensac¸ão deformigamento,dornaáreainervadapelonervomediano), sinais(testesdeTinelouPhalenpositivos)eachados eletrofisi-ológicos.Oscritériosdiagnósticosexatoseadefinic¸ãodeSTC usadosforambastantediversificados.Hammeretal.12
defini-ramaSTCcombaseemuminíciodelatênciapalma-punho dopotencialdeac¸ãodonervosensitivo(SNAP)mediano>2ms ou ausência de SNAP e latência motora distal do medi-ano>4,9ms;enquantoisso,Simetal.18definiramaSTCcomo
umalatênciapalma-punhodonervomedianoinferiora50%.A prevalênciadeSTCnaARvarioude3,5%16a22,8%.17Osdados
coletadosnosoitoestudos6,8,9,13,15–17,19comselec¸ãoaleatória
depacientescomARrevelaramque86de1.561(5,5%) indiví-duostinhamSTC.ASTCsubclínica,poroutrolado,teveuma prevalênciacombinadade14%(30/215)(tabela2).
AchadosultrassonográficosdonervomedianonaAR
Aáreadesec¸ãotransversa(AST)donervomedianofoi deter-minada com a ultrassonografia em três dos estudos.11–13
Dois12,13dessestrêsestudoseramdotipocaso-controle,com
indivíduossaudáveiscomocontroles.Hammeretal.11
investi-garampacientescomARsemsinaisesintomasdeSTC.AAST donervomedianobilateralmentedospacientescomARsem STCfoisemelhanteàdoscontrolessaudáveis.Amédia(desvio padrão)deASTdonervomedianodireitoempacientescom ARassintomáticosfoide8,3(1,5)mm2eparaonervo
medi-anoesquerdofoide8,3(1,4)mm2.11AASTdonervomediano
empacientescomSTCfoisignificativamentemaior,comuma medianade15,7mm2(11,1a21,8).12
AchadoseletrofisiológicosdonervomedianonaAR
A avaliac¸ão eletrofisiológica do nervo mediano foi feita em 10/13 estudos.6,8–10,12,14–16,18,19 Apenas duas pesquisas
(Lanzilloetal.10eCalderetal.15)forneceramdetalhesdoECN
emtermosdevelocidade,amplitudeelatênciadonervo medi-ano.Oprimeiroestudorelatouqueavelocidadedeconduc¸ão sensitivadonervomedianoestavareduzidaem25,2%aolongo do segmento distaldo nervoem57,5% dos pacientes com ARemcomparac¸ãocomapopulac¸ãoemgeral.Aamplitude das respostassensitivas estava significativamente reduzida no punhoenocotoveloem17,5%e5%dospacientes, res-pectivamente.Alatênciadistalaomúsculoabdutorcurtodo polegar erasignificativamentemaislentaem10%dos paci-entes,enquantoavelocidademáximadocotoveloaopunho eraprolongadaem12%emquaseumquartodosindivíduos. Calderetal.10descobriramqueaamplitudedoSNAPdonervo
medianoerasignificativamentemenornosgruposARe oste-oartrite de mão, em comparac¸ão com controles saudáveis (p<0,05);contudo,nãohouvediferenc¸aestatisticamente sig-nificativanalatênciaevelocidadedeconduc¸ãodoSNAPdo nervomedianoentreospacientescomARecontroles sau-dáveis.Valeressaltarqueesseestudotinhaumtamanhode amostra extremamente pequeno, de apenasoito pacientes comAR.
Correlac¸ãoentreascaracterísticasdonervomediano eosparâmetrosclínicos
Entreosestudos,oparâmetroclínicomaisfrequentemente avaliadofoiadurac¸ãodadoenc¸a(9/13estudos)6,8,11,13–18em
comparac¸ãocomaatividadedadoenc¸a(4/13estudos).6,8,9,13
Além dosindicados previamente, os seguintesparâmetros clínicos elaboratoriaisforam comumente analisadospelos estudosselecionados:idade,altura,peso,medicamentos usa-dos,fatorreumatoide(FR),velocidadedehemossedimentac¸ão (VHS)eproteínaC-reativa(PCR).Cercademetadedesses estu-dos foi desenhada de modo a comparar as características dospacientesentreindivíduoscomARcomesemSTC13,16
oucomesemneuropatia.6,8,17,18 Agrandemaioriados
estu-dos(8/13)nãorevelouqualquercorrelac¸ãosignificativaentre oenvolvimentodonervomedianoeparâmetrosclínicosou laboratoriais na AR. Noentanto, Karadag et al.13 e Biswas
etal.6revelaramumaassociac¸ãosignificativaentreadurac¸ão
Tabela1–ResumodosestudosselecionadossobreaSTCnaAR
Referência Teste(s) Populac¸ãodoestudo Prevalência deSTCnaAR n(%)
Parâmetrosclínicos elaboratoriais
Achados
Lanzilloetal.,1998 ECNdenervos periféricos
40pacientescomAR 5(12,5%) Idade,durac¸ãoda doenc¸a,tratamento comesteroides, estágiofuncional.
Osachados eletrofisiológicosnão estavamcorrelacionadosàs característicasclínicasda AR.
Sivrietal.,1999 ECNeestudodo potencialevocado somatossensorial
33pacientescomAR e20controles saudáveis
2(6%) Nãohouvecorrelac¸ãoentre
aneuropatiaeasvariáveis clínicas.
Sakinietal.,2005 ECN,EMG 80pacientescomAR 8(22,8%) Durac¸ãodadoenc¸a Nãohouveassociac¸ãoentre adurac¸ãodadoenc¸aea ocorrênciadeneuropatia. Hammeretal.,2006 USdonervo
medianonaentrada dotúneldocarpo, ECN,testesdeTinel ePhalen.
7pacientescomAR comsintomasde STC
5pacientescom outrasformasde artritecomsintomas deSTC
Controles:30 pacientescomAR semsintomasde STCe30controles saudáveis
Altura,peso AASTdonervomedianofoi significativamentemaior nospacientescomSTCem comparac¸ãocomos controlescomARe indivíduossaudáveis;a mediana(intervalo)daAST foide15,7mm2(11,1a 21,8),8,5mm2(5,8a11,0)e 8mm2(4,9a12,0), respectivamente (p<0,0001). Nãofoiencontrada correlac¸ãoestatisticamente significativaentreaASTdo nervomedianoe
parâmetrosclínicosno grupoAR.Oscontroles saudáveisapresentaram correlac¸ãoestatisticamente significativaentreaASTdo nervomedianoeaaltura (r=0,6,p<0,001)epeso (r=0,43,p=0,001). Agarwaletal.,2008 ECNdosnervos
periféricos
108pacientescom AR
11(10,1%) Ausênciadereflexos tendinosos profundos, manifestac¸ões extra-articulares (doenc¸aintersticial pulmonar,vasculite, nódulos
subcutâneos), durac¸ãodadoenc¸a, FR,erosões articulares, deformidades articulares,usode DMARDou glicocorticoides, atividadedadoenc¸a epresenc¸ade amiloidena almofadadegordura abdominal
Aausênciadereflexos tendinososprofundos (p<0,005)eavasculite (p<0,01)forammais evidentesnogrupocom neuropatia.Nãohouve relac¸ãoentreaneuropatiae outrosparâmetros.
Aktekinetal.,2009 EMGeECNdos nervosperiféricos
56pacientescomAR 32controles saudáveis
2(4%) Corticoterapia,teste deSchirmer,FR, atividadedadoenc¸a.
Nãohouvecorrelac¸ãoentre osachados
Tabela1–(Continuac¸ão)
Referência Teste(s) Populac¸ãodoestudo Prevalência deSTCnaAR n(%)
Parâmetrosclínicos elaboratoriais
Achados
Biswasetal.,2011 ECNdosnervos periféricos
74pacientescomAR 3(10,3) Idade,durac¸ãoda doenc¸a,atividadeda doenc¸a,FR,doenc¸a intersticial pulmonar,nódulos subcutâneos, vasculite, corticosteroides, DMARDeerosões articulares.
Adurac¸ãodadoenc¸aea positividadedoFRforam significativamentemaiores empacientescom neuropatia(p=0,001para ambos).Nãohouve diferenc¸aestatisticamente significativaemoutros parâmetrosentrepacientes comesemneuropatia. Calderetal.,2012 ECNdosnervos
periféricos, mapeamento sensorial(SM), limiardepercepc¸ão vibratóriaede correnteelétrica (VPTeCPT)do2◦e 5◦dígitos
7mulherescomAR 9mulheres saudáveis
11mulherescomOA demão
Todasasamplitudesde SNAPforam
significativamente inferioresnosgruposdeOA demãoeARdemãoem comparac¸ãocomogrupo saudável(p<0,05).Não foramencontradas diferenc¸asnavelocidadede conduc¸ãodoSNAP,SM,VPT eCPTentreosgrupos. Karadagetal.,2012 DiagramadeKatzda
mão,questionário deBostonparaSTC, testesdePhalene Tinel.
USdasarticulac¸ões dopunhoetúneldo carpoemescalade cinzaeDoppler. PacientescomAST donervomediano entre10,0e13,0 mm2foram avaliadoscom eletromiografia (EMG)
100pacientescom AR
45controles saudáveis
18(18%) Idade,sexo,índice demassacorporal, durac¸ãodadoenc¸a, bócio,atividadeda doenc¸a,HAQ-DI, VHS,PCR,avaliac¸ão globaldaSTC, durac¸ãodos sintomasdaSTC, escoredeBostonda gravidadedos sintomas,estado funcionaldeBoston
NogrupoARcomSTC,a idade(57[36-73]vs.50 [24-76],p=0,041),ahistória deDM(35,3%vs.6%, p<0,001),adurac¸ãoda doenc¸a(108[12-396]meses
vs.72[6-360]meses, p=0,036),oescoreno HAQ-DI(1,93[0,75-2,87]vs. 1,13[0-2,75],p=0,013),a pontuac¸ãoglobaldo pacientecomSTC(52[1-97]
vs.25[0-91],p=0,001),o escoredeBostonda gravidadedossintomas (2,81[1,18-4,17]vs.2 [1-4,01],p=0,01)eoescore doestadofuncional(3,37 [1,37-5]vs.2,25[1-5], p=0,008)forammais elevadosemcomparac¸ão comospacientessemSTC. Simetal.,2014 ECN,Neuropathic
SymptomsScale (NSS)
30pacientescomAR comsintomasde neuropatiaperiférica
7(23,3%) Idade,anti-CCP,tipo demedicac¸ão, durac¸ãodadoenc¸a, estadofuncional, sintomas
neuropáticos,VHS, PCR
Aidademédiados pacientescomesem neuropatiaperiféricafoide 69,4e56,5anos,
respectivamente(p<0,05).
Leeetal.,2015 EMG,ECN,testesde PhaleneTinel.
1.070pacientescom AR
37(3,5%) PCR,durac¸ãoda doenc¸a
Nãohouvecorrelac¸ão estatisticamente significativaentrea ocorrênciadeSTCea durac¸ãodaAReosníveis dePCR.
Tabela2–ResumodosestudosselecionadossobreSTCsubclínicanaAR
Referência Teste(s) Populac¸ãodo
estudo
Prevalência deSTCnaAR n(%)
Parâmetros clínicose laboratoriais
Achados
Langetal.,1981 ECNde 6nervos sensitivos
23pacientes comAR
5(21,7%) Idade,sexo, durac¸ãoda doenc¸a, estágioda doenc¸a,FR, VHS
Nenhumacorrelac¸ãosignificativa entreosachados
neurofisiológicos/neurológicose outrosparâmetrosdeestudo.
Hammeretal.,2007 USdonervo medianona entradado túneldo carpo
154pacientes comARsem sinaise sintomasde STC
10% Altura,peso,
idade,sexo, durac¸ãoda doenc¸a,uso de
prednisolona
AASTdonervomedianovarioude5a 12,8mm2,comumpercentil97,5de 11,1mm2.Aáreadesec¸ãotransversa médiadonervomedianoem pacientescomARfoisemelhanteà encontradaemcontrolessaudáveis. Nãofoiencontradaassociac¸ão significativaentreaASTdonervo medianoequaisquerparâmetros estudados,excetoemrelac¸ãoao gênero;oshomensapresentaramum valorsignificativamentemaior (8,8±1,3mm2emrelac¸ãoàsmulheres (8±1,4mm2)[p,0,001]
AR,artritereumatoide;ECN, estudosde conduc¸ãonervosa; FR,fatorreumatoide;STC,síndromedotúneldocarpo;VHS,velocidadede hemossedimentac¸ão.
Discussão
Aartritereumatoide(AR)éfrequentementecitadana litera-turacomoumadasetiologiascomunsdeSTC.Contudo,esta revisãosistemática destacaque aprevalência agrupadade STCnaARfoide5,5%,oquenãodiferiusignificativamente daprevalênciana populac¸ãoemgeral,quevariou de 2,7a 5,8%.20,21 Opresenteestudopodeter subestimadoa
preva-lência a esse respeito, já que uma proporc¸ão considerável (1.070/1.561)dosindivíduosincluídosnaanálisecombinada foideumestudoretrospectivo.16Estudosretrospectivos,em
geral,sãonotóriospelasubnotificac¸ãoemrazãodafaltaou omissãodedados.22,23Paralelamenteaoachadodescrito
pre-viamente,aprevalênciaagrupadadeSTCsubclínicade14% encontradanopresenteestudoficoudentrodointervalo rela-tadonapopulac¸ãoemgeral,queéde7%a16%.24
Emindivíduos saudáveis, verificou-se que a AST média do nervo mediano na altura de sua entrada no túnel do carpo–quetemamaiselevadasensibilidadeeespecificidade paraodiagnósticodeSTC–estáentre7±1mm2e10,2±2,5
mm2.25–27AASTmédiadonervomedianoempacientescom
ARsemsinaisesintomasdeSTCfoisemelhanteàde contro-lessaudáveis.Issodácredibilidadeàideiadequeosprocessos inflamatórioscrônicosnaARnãoafetamocalibredonervo mediano,apesar da proximidadeentre o nervomediano e aarticulac¸ãodopunho.Noentanto,Yagcietal.28 relataram
achadoscontraditóriosempacientes comAR;encontraram umamaiorAST donervomediano, apesarda ausênciade evidênciasclínicaseneurofisiológicasdeSTC.
Não se pode chegar a conclusões definitivas sobre as alterac¸ões eletrofisiológicas do nervo mediano na AR em razãodaescassezdeestudosaesserespeitoedosachados
conflitantesdosestudosexistentes.EmboraLanzilloetal.15
tenhamreveladoquemaisdametadedospacientescomAR semsintomas deSTC tinhavelocidadede conduc¸ão sensi-tivanonervomedianoreduzidaaolongodosegmentodistal do nervo,esse estudonãoconseguiu demonstrarqualquer correlac¸ãoentreosparâmetrosclínicosdaAReosachados eletrofisiológicos. É importante notarque esse estudo teve adesvantagemdenãoterumgrupocontrolee,portanto,a comparac¸ãofoifeitacomdadosdeoutrosestudospublicados. Descobriu-se nopresente estudoquenão háevidências conclusivas econvincentesdeassociac¸ãoentreparâmetros clínicos oulaboratoriais da ARe oenvolvimento donervo mediano. Embora Karadag et al.13 tenham revelado que a
idade,adurac¸ãodadoenc¸aeosescoresfuncionaistenham sido maioresentreospacientescomARcomSTC,os estu-dosrestantesnãoconcordamcomessesachados.Noentanto, diversosestudos queinvestigaram asmanifestac¸ões extra--articularesnaAR,emgeral,identificaramosseguintesfatores como preditoresa esse respeito: atividade da doenc¸a alta, tabagismo,presenc¸a deanticorpos antinuclearesenódulos reumatoides.29,30
Os estudos incluídos nesta revisão sistemática tinham suaslimitac¸õesespecíficas.Emparticular,muitostinhamum pequeno tamanho da amostra, o que limitou, portanto, o poderestatístico.Muitosdosestudosnãocontrolaram total-mentepara fatoresdeconfusão da STC,como aocupac¸ão, a presenc¸a de diabetes mellitus e o hipotireoidismo. A definic¸ãodeSTCvariousubstancialmenteentreosestudos. Aclassificac¸ãoerrôneacomoSTC,particularmenteentreos estudosquediagnosticaramaSTCexclusivamentecombase nossintomas,foioutrapotencialfontedeerro.
aliteratura.Com basenestarevisãosistemática,umcorpo substancial de pesquisassugere que a prevalênciade STC naARésemelhanteàdapopulac¸ãoemgeral,semqualquer correlac¸ãoentreosachadosrelacionadoscomonervo medi-anoeosparâmetrosclínicosdaAR.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Agradecimentos
AosbibliotecáriosdaUniversitiKebangsaanMalaysiaporsua assistêncianarecuperac¸ãodotextocompletodosartigos.
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