Física , com u n ica çã o ou … in t e gr a çã o?
Ana Paula Paiv a
1( Or ient ador : Pr of. Dr . Vít or Duar t e Teodor o)
Re su m o
“ Todos difer ent es, t odos iguais” . Ensinar alunos sur dos de for m a eficaz
r equer r ecur sos e est r at égias diver sificados par a cr iar cont ext os de
ensino-apr endizagem o m ais “ iguais” possível. Se a com unicação pr ofessor – aluno
sur do não for fluent e fica com pr om et ida a const r ução de apr endizagens.
Est abelecer com unicação eficaz, par a dot ar os alunos de com pet ências que
per m it am a sua int egr ação plena na sociedade em cada m om ent o da vida, é
necessár io. A lit er at ur a indica que o r ecur so a Tecnologias da I nfor m ação e da
Com unicação pode cont r ibuir par a um a m aior eficácia do ensino- apr endizagem ,
em par t icular com alunos m enos com pet ent es que os seus par es. Efect uou- se
um a invest igação par a descr ever o ensino- apr endizagem de Física num
cont ext o em que a com unicação educat iva foi m ediada pelo com put ador ,
ut ilizando m at er iais pr oduzidos par a a invest igação com base no r efer encial
t eór ico do “ Modelo de Pr ocessam ent o da I nfor m ação” de Gagné; par t icipar am
quat r o alunos sur dos e o r espect ivo pr ofessor . Obser vou- se desint er esse dos
alunos pela apr endizagem da Física; m ot ivação pelo uso do com put ador , do
soft w ar e ( acr escida pelo r et or no r ecebido) e pela r ealização de act ividades
exper im ent ais; concent r ação no t r abalho; ligeir o acr éscim o de aut onom ia na
apr endizagem . Ent r e out r os aspect os, concluiu- se que houve r ecepção par cial
da m ensagem educat iva e apr endizagem efect iva sobr e o t em a; não houve
acr éscim o im ediat o de m ot ivação pelo est udo da Física; a com pet ência
evidenciada nas t ar efas e os ganhos de aut onom ia podem induzir ganhos de
aut o- est im a, com r eflex os no fut ur o dos j ov ens t ant o na escola com o na
sociedade, facilit ando a sua int egr ação plena.
Pa la v r a s– ch a v e : sur dos, Física, com put ador , TI C, ensino, apr endizagem ,
cont ext o.
Introdução
“ Todos difer ent es, t odos iguais”
Est a é um a expr essão fr equent em ent e ouvida em diver sos cont ext os.
Quem t em a pr ofissão de pr ofessor depar a- se por vezes com o desafio de
ensinar cr ianças e j ovens por t ador es de “ difer enças” de diver sa índole. Ger ir a
sit uação de “ difer ença” par a que se consiga cr iar cont ext os de
ensino-apr endizagem o m ais “ iguais” possível, exige a m obilização de r ecur sos e
est r at égias diver sificados.
Todos difer ent es, t odos iguais… Com o poder em os t ent ar t or nar est a
expr essão ver dadeir a quando t em os por m issão ensinar j ovens cuj os códigos e
est r at égias com unicacionais não dom inam os? Est e é um dos pr oblem as que se
coloca quando um pr ofessor ouv int e est á per ant e um a t ur m a de alunos sur dos.
Contextos de ensino-aprendizagem
Vivem os na “ er a da infor m ação” que é t am bém a “ er a da com unicação” e
a “ er a da com pet ência” . Esper a- se que a Escola desem penhe um papel cr ucial
na vida de t odas as cr ianças e j ovens pr ovidenciando- lhes exper iências
educat iv as indut or as de um a for m ação que lhes per m it a a par t icipação act iv a,
infor m ada e aut ónom a na sociedade. As com pet ências adquir idas dur ant e a
for m ação escolar devem ser suficient es par a cor r esponder com eficácia às
solicit ações que a “ er a” act ual com por t a, bem com o par a no fut ur o poder
pr osseguir um per cur so for m at ivo par a aquisição de novas com pet ências,
adequadas às exigências de desem penho e de eficácia que, em cada et apa, a
vida venha a cada um colocar ( Car neir o et al., 2000) .
Alm ej ando a int egr ação act ual e fut ur a de t odos os seus alunos, a escola
em que est udam pessoas sur das deve pr opor cionar - lhes a for m ação de que
necessit am par a conseguir o seu dir eit o à int egr ação social plena; deve
adapt ar - se à especificidade do Sur do e adopt ar est r at égias que lhe per m it am a
const r ução de conhecim ent o, sem que as difer enças na for m a de com unicação
Por ém , se o pr ofessor não dom inar a Língua Gest ual Por t uguesa1, a
com unicação pr ofessor - aluno fica ser iam ent e com pr om et ida e m uit as das
m ensagens educat iv as não chegam ao dest inat ár io. Muit os dos pr ofessor es que
t r abalham com alunos sur dos não dom inam a for m a de com unicação nat ur al
dest es alunos, m as usam r egular m ent e Tecnologias de I nfor m ação e
Com unicação e est as fer r am ent as podem const it uir poder osos aliados: sendo
um veículo que per m it e a alt er ação das pr át icas lect ivas, podem colocar o aluno
no cent r o do pr ocesso de apr endizagem e aum ent ar as suas possibilidades de
sucesso ( Fer nandes, 2004; Lagar t o, 2003; Mir anda & Bahia, 2003) . A v ivência
de cont ext os educat ivos int egr ando a t ecnologia pot encia o sucesso educat ivo,
em especial quando se t r at a de alunos m enos com pet ent es que os seus par es,
com o est á dem onst r ado em invest igações no âm bit o da aplicação dos
com put ador es ao ensino ( Mir anda & Bahia, 2003) .
A com unicação m ediada por com put ador não é a est r at égia
com unicacional nat ur al de ouvint es nem de sur dos, m as é um a est r at égia que
pode ser bem sucedida no der r ube de m uit as bar r eir as com unicacionais na
t r ansm issão da m ensagem educat iva, dado que facilit a um
ensino-apr endizagem de base visual com possibilidade de int egr ação de diver sos
r ecur sos expr essivos, possibilit a ganhos de aut onom ia e de sent im ent o de
com pet ência, com r eflexo num aum ent o de m ot ivação pela apr endizagem
( Bar m an & St ock t on, 2002; Ber nauer , 1995; Rockw ell, 1991) .
A investigação
Objectivo e Operacionalização
Efect uou- se um a invest igação par a descr ev er com o decor r eu a
apr endizagem de alunos sur dos na disciplina de Ciências Físico- Quím icas ( 8. º
ano de escolar idade) num cont ext o em que o ensino- apr endizagem foi
essencialm ent e m ediado pelo com put ador . Est e est udo foi efect uado com um a
t ur m a de quat r o alunos sur dos de um a escola de Lisboa ( Mc, Mi, J e B) e com a
r espect iva pr ofessor a, que não sabe Língua Gest ual; decor r eu em 8 sessões de
1
quar ent a e cinco m inut os, dur ant e o 3º per íodo lect ivo, em que foi t r abalhado o
t em a de Física “ A Luz e a Visão”1.
Metodologia de recolha de dados
Pr ocur ar r esponder à quest ão de par t ida obr iga a que o invest igador
busque um a com pr eensão global de t odo o cont ext o de apr endizagem , das
car act er íst icas de cada um dos seus int er venient es, da for m a com o se
r elacionam ent r e si, dos papéis que assum em , das at it udes que evidenciam em
cada sit uação e de out r os aspect os que lhe par eçam cont r ibuir par a elabor ar
um a visão do pr oblem a. A m odalidade de invest igação qualit at iva, num a
per spect iv a et nogr áfica ( Gr aue & Walsh, 2003; Pat t on, 1990; Tuckm an, 2005) ,
sur ge nat ur alm ent e com o a adequada, dado que per m it e obt er dados que
cont r ibuam par a a com pr eensão dos pr oblem as em pr ofundidade e det alhe
( Pat t on, 1990) .
A invest igador a assum iu o papel de obser vador a par t icipant e e efect uou
um a obser vação do cont ext o educat ivo dos par t icipant es t ão abr angent e quant o
possível, pr ocur ando “ ident ificar as quest ões pr incipais sent idas pelos vár ios
par t icipant es ( ...) e avaliar o m ér it o, o valor ou o significado dos fenóm enos
par a os par t icipant es” ( Tuckm an, 2005) , par a r ecolher dados que per m it issem a
com pr eensão global do cont ext o e fundam ent assem as conclusões que
const it uem um a r espost a ao pr oblem a de par t ida. At endendo à necessidade de
m ant er um a per spect iva de aber t ur a na obser vação do fenóm eno, aliada à
necessidade de efect uar um a obser vação com a m aior neut r alidade possível
par a dim inuir as am eaças à v alidade do est udo e ao fact o de ser necessár io
ger ir com eficácia o t em po disponível par a a r ecolha de dados, opt ou- se por
efect uar um a est r ut ur ação pr évia do pr ocesso de r ecolha de dados no t r abalho
de cam po ( Pat t on, 1990; Tuckm an, 2005) . Especificar am - se linhas de
obser vação pr incipais, que t iver am com o obj ect ivo a obt enção de dados que
possibilit assem a r espost a a quest ões que se consider ou que poder iam
cont r ibuir par a a com pr eensão do fenóm eno em est udo, face ao conhecim ent o
const r uído sobr e a r evisão de lit er at ur a efect uada; est as linhas de obser vação
for am apoiadas por inst r um ent os de r ecolha de dados, de diver sos t ipos
( obser vação dos alunos e pr ofessor em cont ext o, r ealização de ent r evist as e
1
quest ionár io pr év ias e post er ior es à obser vação, r egist o vídeo das aulas e
gr avação de ecr ãs em cada com put ador , consult a e r ecolha de docum ent os) .
Apesar da est r ut ur ação definida, o desenho da invest igação não ficou
t ot alm ent e definido com ant ecedência, t endo par cialm ent e em er gido dur ant e a
concr et ização do t r abalho de cam po, seguindo a per spect iva de Pat t on ( 1990) ,
face à nat ur eza holíst ica e abr angent e da m odalidade qualit at iv a de
invest igação adopt ada. Mant eve- se ao longo do t r abalho de cam po um a at it ude
de aber t ur a à obser vação, par a pr ocur ar r ecolher dados não especificados
pr eviam ent e m as aper cebidos ao longo da invest igação e que se consider ou que
poder iam cont r ibuir par a a com pr eensão do fenóm eno, incluindo dados r elat ivos
à at it ude dos par t icipant es, pr évia ou post er ior aos per íodos de obser vação
for m al, na per spect iva de que, por vezes, algum as r espost as são conseguidas a
par t ir de dados que sur gem quando apar ent em ent e nada est á a acont ecer
( Est r ela, 1994) .
Eventos de ensino-aprendizagem: estruturação e
materiais desenvolvidos
As aulas de Ciências Físico- Quím icas que ser v ir am de base à invest igação
for am planeadas de for m a a que houvesse um a int egr ação efect iva das TI C no
cont ext o de ensino- apr endizagem , a par com o r ecur so à exper im ent ação
cient ífica sobr e os t em as em est udo, num am bient e que per m it isse ao aluno
apr ender ao seu pr ópr io r it m o e de acor do com o seu est ilo de apr endizagem . A
unidade t em át ica de Física em est udo foi “ A Luz e a Visão” , que ainda não t inha
sido ensinada aos alunos par t icipant es.
O ensino- apr endizagem foi efect uado a par t ir de m at er iais infor m o1
desenvolvidos expr essam ent e par a a invest igação ( disponibilizados aos alunos
em com put ador es por t át eis) , de act ividades exper im ent ais e de explicações
ver bais da pr ofessor a, por vezes com plem ent adas com r egist os esquem át icos
escr it os; em algum as aulas est eve pr esent e um a int ér pr et e de Língua Gest ual
Por t uguesa, que facilit ou a com unicação v er bal ent r e a pr ofessor a e os alunos.
1
Os m at er iais de ensino- apr endizagem for am concebidos de r aiz,
int egr ando cont eúdos desenvolvidos pela invest igador a, m as t am bém alguns
cont eúdos seleccionados e, por vezes, adapt ados de out r os aut or es, com
licença de ut ilização gr at uit a, sem pr e que t al foi consider ado adequado.
Pr ocur ou- se, sem pr e que possível, int egr ar cont eúdos m ult im édia de ut ilização
gr at uit a disponibilizados pela bibliot eca vir t ual Wikipedia1.
Na est r ut ur ação dos event os de apr endizagem e na elabor ação dos
m at er iais infor m o pr ocur ou- se at ender à “ Teor ia do Pr ocessam ent o da
I nfor m ação” de Gagné ( 1977) . Dado que os alunos sur dos m anifest am gr andes
dificuldades na com pr eensão da Língua Por t uguesa escr it a, os t ext os de supor t e
à apr endizagem for am r edigidos com um a solução de com pr om isso em que se
r ecor r eu a um a linguagem sim ples, não abdicando do r igor cient ífico e do
vocabulár io específico da Física r elat iv o ao t em a; sem pr e que nos t ext os
sur giam palavr as ou expr essões a que se at r ibuiu m aior gr au de dificuldade, foi
acr escent ada um a explicação t ext ual redundant e sobr e as m esm as. At endendo
a que o dom ínio da linguagem específica é det er m inant e par a a concr et ização
das apr endizagens, os m at er iais de aplicação e t r eino der am gr ande ênfase à
ut ilização do vocabulár io.
Os t ext os for am com plem ent ados com fot os, esquem as e anim ações ou
vídeos r epr esent at ivos dos fenóm enos físicos apr esent ados. Pr ocur ou- se que as
fot os cont ivessem im agens que em m uit os casos poder iam ser pr óxim as da
vivência dos alunos, de m odo a facilit ar o est abelecim ent o de pont es com a
infor m ação m em or izada.
Opt ou- se por cr iar os docum ent os- base da apr endizagem t eór ica em
for m at o Adobe Acr obat , em vir t ude de est e for m at o de dist r ibuição de
cont eúdos possibilit ar a int egr ação dos difer ent es t ipos de r ecur sos num a lógica
de página, per m it ir com facilidade o aj ust e do nível de am pliação de t oda a
página ou de alguns dos seus por m enor es ( facilit ando a sua visualização e
leit ur a) , e por per m it ir um a fácil navegação no docum ent o t ant o num a lógica de
consult a sequencial, com o num a de consult a alt er nada ( acessível at r avés de
um a est r ut ur a do t ipo índice, com hiper ligações) ; est e for m at o possibilit a
1
Disponíveis a partir do sítio:
t am bém a definição de hiper ligações par a docum ent os ext er nos, cr iados no
m esm o for m at o ou nout r os, ar m azenados no com put ador de t r abalho ou
nout r os locais em r ede com est e, nom eadam ent e a I nt er net . O docum ent o
infor m o que guiava cada sessão cont inha um per cur so de apr endizagem ,
consider ado com o sendo o per cur so nat ur al a seguir pelos alunos, que est es
acom panhar iam per cor r endo sucessivam ent e as páginas e execut ando as
t ar efas que em cada um a er am pr opost as, pela or dem nat ur al em que sur giam .
Per m it ia t am bém out r os per cur sos alt er nat ivos, um a vez que er a sem pr e
possível per cor r er as páginas e execut ar as t ar efas pela or dem det er m inada por
cada indivíduo. Par a evit ar que o aluno per desse o r um o no seu per cur so
aut ónom o de apr endizagem , cada docum ent o t eór ico- base cont inha a
m encionada est r ut ur a de índice, que ident ificava, r elacionava e int er ligava
t odas as páginas.
Figura 1– Excertos de documentos informo utilizados nas sessões de trabalho com os alunos, para suporte teórico do tema em estudo
A pr át ica e o r et or no for am assegur ados em docum ent os infor m o
int er act ivos. Os docum ent os par a aplicação de conhecim ent os for am , na
gener alidade, concebidos em am bient e de fer r am ent as de pr odut ividade
alunos t ivessem opor t unidade de ut ilizar est as fer r am ent as. Est a opção foi
t om ada por se consider ar que a aquisição de com pet ências infor m át icas que se
desej ava que os alunos conseguissem a par t ir das aulas dever ia t er por base as
fer r am ent as m ais ut ilizadas, que são, na act ualidade, as da Micr osoft , com o
est r at égia facilit ador a da int egr ação fut ur a dos alunos em cont ext os labor ais.
Alguns docum ent os, concebidos a par t ir do soft w ar e educacional Hot Pot at oes,
for am disponibilizados em am bient e de navegador ( sobr e Micr osoft I nt er net
Explor er ) .
Foi pr opost o aos alunos que acedessem aut onom am ent e aos m at er iais de
ensino- apr endizagem e que a par t ir deles est udassem os conceit os essenciais e
pr at icassem o apr endido ou pr osseguissem par a a exper im ent ação cient ífica;
dever iam solicit ar o apoio da pr ofessor a par a esclar ecer o que não
per cebessem , quando fosse necessár io.
Conclusões
Com o decor r eu a apr endizagem dos alunos sur dos par t icipant es no
est udo, no novo cont ext o de ensino- apr endizagem m ediado essencialm ent e
pelo com put ador ?
O nível de m ot ivação int r ínseca dos alunos par a a apr endizagem da
disciplina er a m uit o baixo: dos quat r o alunos par t icipant es, t r ês afir m ar am não
gost ar da disciplina de Ciências Físico- Quím icas
sendo um a disciplina difícil, na
ent r evist a pr évia às aulas
obser vadas. Não houve alt er ação
r elevant e dest es pr é- conceit os dos
alunos face à disciplina, no final da
obser vação. A adesão dos alunos à
ut ilização do com put ador foi not ór ia:
dur ant e a obser vação efect uada as
at it udes dos alunos ev idenciav am
que est es se encont r avam
m ot iv ados ou m uit o m ot iv ados pela
ut ilização da m áquina e pela
r ealização das act ividades exper im ent ais, m ot ivação essa que se m ant ev e em
dois alunos, e que se foi at enuando ao longo do t em po nos out r os dois.
Est es fact os influír am no m odo com o ca
, e t odos a classificar am com o
da aluno se em penhou na sua
apr end
ns alunos pr ocur ar am ler com at enção os m at er iais que
a capacidade
0% 20% 40% 60% 80% 100%
B J Mi Mc Turma
Motivação (Turm a)
Desmotivado Indiferente Motivado Muito motivado
Figura 3 – Representação gráfica do grau de motivação evidenciado pelos alunos durante o conjunto das aulas em que decorreu a investigação.
izagem :
• algu
cont inham o supor t e t eór ico do t em a em est udo par a em seguida
efect uar as act iv idades de aplicação, pr ocur ando r esolv ê- las
cor r ect am ent e par a obt er o r et or no m ais gr at ificant e; no pr ocesso de
r esolução alguns dest es alunos r egr essavam , ao supor t e t eór ico par a
pr ocur ar acer t ar , out r os solicit avam a aj uda da pr ofessor a;
• um dos alunos, B, o m ais descr ent e inicialm ent e na su
de apr endizagem e t am bém o que ev idenciav a m aior m ot ivação e m aior
do supor t e t eór ico e passava dir ect am ent e par a a r esolução das
act ividades solicit ando fr equent em ent e a pr ofessor a par a o aj udar .
O r et or no gr at ificant e r ecebido da m áquina, obt ido quando os alunos
acer t avam , pr ovocava por vezes a ext er ior ização de cont ent am ent o de alguns
alunos; B, que no início do est udo afir m ar a não per ceber nada da disciplina, er a
o m ais efusivo. A sessão de consolidação de conhecim ent os, em que foi
ut ilizado um docum ent o infor m o com diver sas act ividades de aplicação
t em por izadas e pont uadas, foi a que suscit ou m aior gr au de em penho em t odos
os alunos, dur ant e m ais t em po na aula. Todos pr ocur ar am obt er boas
pont uações, quer solicit ando o apoio da pr ofessor a, quer pr ocur ando obt er as
r espost as num a leit ur a de r evisão dos docum ent os de supor t e t eór ico.
O ensino- apr endizagem est eve cent r ado no aluno a m aior par t e do t em po
de obser vação, em bor a houvesse um a solicit ação m uit o fr equent e da
pr ofessor a. I nicialm ent e os alunos m ost r ar am - se m uit o pouco aut ónom os no
seu per cur so de apr endizagem , t endo sido evident e um acr éscim o de
aut onom ia ao longo do t em po.
Apesar da pouca m ot ivação ger al dos alunos pela apr endizagem dos
cont eúdos da disciplina de Física- Quím ica, o gr au de m ot ivação e em penho
evidenciado na concr et ização
das t ar efas pr opost as,
possibilit ou a t odos os alunos a
aquisição de par t e das
com pet ências desej adas. A
apr endizagem efect iva sobr e o
t em a “ A Luz e a Visão” , afer ida
pelo desem penho dos alunos no
t est e de avaliação sum at iva foi
conseguida, em bor a em gr aus
difer ent es por cada um dos
alunos. Est e t est e englobava
m at ér ia de Quím ica t r abalhada em per íodos ant er ior es e a m at ér ia de Física
t r abalhada dur ant e a invest igação; at endendo a que a cot ação at r ibuída à
com ponent e de Física er a de 44% ver ifica- se que só um dos alunos, Mi, não
conseguiu r esponder acer t adam ent e a m et ade dos exer cícios efect uados, que B B
J Mi Mc Turma
Distribuição das cotações do teste de avaliação sumativa (Turma)
Total Física
Total Química
0 20 40 60 80
e J t iver am um desem penho suficient e nest e t em a e que Mc, o aluno m ais
concent r ado e m ais em penhado na sua apr endizagem dur ant e a invest igação,
foi o que obt eve m elhor r esult ado.
Os r esult ados na av aliação sum at iv a, que se consider am r elat iv am ent e
baixos, não per m it em um a conclusão definit iva sobr e vant agens na t r ansm issão
da m ensagem no cont ext o r ico em t ecnologia em que decor r eu a invest igação,
com par at ivam ent e ao cont ext o lect ivo t r adicional vivenciado dur ant e o 2.º e 3.º
per íodos lect ivos, nas aulas de Ciências Físico- Quím icas.
A com unicação de par t e significat iva da m ensagem educat iva foi
conseguida no cont ext o educat ivo infor m at izado exper im ent ado pelos alunos. A
apr endizagem de B, o m enos com pet ent e da t ur m a na disciplina, foi favor ecida
quer pelo acr éscim o de m ot ivação decor r ent e do cont ext o quer pelo sent im ent o
de com pet ência conseguido na sequência do r et or no obt ido em r espost a a um
conj unt o de desem penhos eficazes. Cont udo, o cont ext o de
ensino-apr endizagem im plem ent ado com r ecur so às TI C, apesar de indut or de
acr éscim os de m ot ivação e de sent im ent os de aut ocom pet ência, não conseguiu
ser um fact or de m ot ivação ext r ínseca suficient em ent e for t e, par a super ar um a
hist ór ia com um de at it udes negat ivas face à disciplina, e im plicar o aum ent o
dos níveis de m ot ivação global dos alunos par t icipant es par a a apr endizagem da
m esm a.
O fom ent o do aum ent o da aut o- est im a dos est udant es favor ece a
m elhor ia do seu desem penho escolar . Mar uj o et al. ( 2000) r efer em um a das
vias par a o conseguir :
Aum ent ar a fr equência e qualidade das exper iências de sucesso. Se fizer m os m ais daquilo que sabem os fazer bem , sent ir - nos- em os m ais cr ent es em nós. Se est iver m os m ais at ent os e r epar ar m os m ais nos nossos sucessos e nos dos out r os – ainda que apar ent em ent e insignificant es – sent ir em os m ais que som os capazes.
O aum ent o de níveis de aut o- est im a associado à ut ilização com pet ent e e
aut ónom a do com put ador em cont ex t o educat ivo est á dem onst r ado em
invest igação efect uada nout r os países. As m anifest ações de sat isfação de
alguns alunos par t icipant es em r esult ado de r et or no posit ivo obt ido do
soft w ar e, são indicador es de que a vivência de um cont ext o r ico em t ecnologia,
devidam ent e adapt ado à especificidade dos int er venient es, pode ser
Est e foi um est udo de caso, cuj as conclusões r espeit am aos par t icipant es,
no m om ent o e no cont ex t o obser v ados. Cont udo, os aspect os em que foi
possível encont r ar um a concor dância com as per spect ivas t eór icas elabor adas a
par t ir da lit er at ur a r evist a, ou m esm o os discor dant es, poder ão const it uir - se
pont o de par t ida par a cam inhos de r eflexão e act uação de pr ofessor es, em
cont ext os educat ivos com alunos sur dos.
Os par t icipant es nest e est udo são j ovens sur dos, par t e int egr ant e de
um a sociedade, m aior it ar iam ent e ouv int e. Se o cont ext o educat ivo que cada
aluno exper iencia lhe per m it ir fr equent em ent e r econhecer que “ é capaz de…” ,
cont r ibuir á cer t am ent e par a que sint a que aquilo que em si é “ difer ent e”
poder á, em diver sas cir cunst âncias e r ecor r endo a est r at égias adequadas ser
um a out r a for m a de “ igualdade” . E, quem se sent e “ igual” m aior facilidade t er á
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