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Brazilian
Journal
of
OTORHINOLARYNGOLOGY
ARTIGO
ORIGINAL
Assessment
of
hearing
threshold
in
adults
with
hearing
loss
using
an
automated
system
of
cortical
auditory
evoked
potential
detection
夽
Alessandra
Spada
Durante
∗,
Margarita
Bernal
Wieselberg,
Nayara
Roque,
Sheila
Carvalho,
Beatriz
Pucci,
Nicolly
Gudayol
e
Kátia
de
Almeida
FaculdadedeCiênciasMédicasdaSantaCasadeSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil
Recebidoem23denovembrode2015;aceitoem16defevereirode2016 DisponívelnaInternetem16defevereirode2017
KEYWORDS Auditoryevoked potentials;
Auditoryperception; Hearingaids; Hearingloss; Electrophysiology
Abstract
Introduction:Theuseofhearing aidsbyindividualswithhearinglossbringsabetterquality oflife.Accesstoandbenefitfromthesedevicesmaybecompromisedinpatientswhopresent difficulties orlimitationsintraditionalbehavioralaudiological evaluation,suchasnewborns andsmallchildren, individualswithauditoryneuropathyspectrum,autism,andintellectual deficits,andinadultsandtheelderlywithdementia.Thesepopulations(or individuals)are unable to undergo abehavioral assessment, andgenerate agrowing demand for objective methodstoassesshearing.Corticalauditoryevokedpotentialshavebeenusedfordecadesto estimatehearingthresholds.Currenttechnologicaladvanceshaveleadtothedevelopmentof equipmentthatallowstheirclinicaluse,withfeaturesthatenablegreateraccuracy,sensitivity, andspecificity,andthepossibilityofautomateddetection,analysis,andrecordingofcortical responses.
Objective: Todetermine andcorrelate behavioralauditorythresholdswithcortical auditory thresholdsobtainedfromanautomatedresponseanalysistechnique.
Methods:Thestudyincluded52adults,dividedintotwogroups:21adultswithmoderateto severehearingloss(studygroup);and31adultswithnormalhearing(controlgroup).An automa-tedsystemofdetection,analysis,andrecordingofcorticalresponses(HEARLab®
)wasusedto recordthebehavioralandcorticalthresholds.Thesubjectsremainedawakeinanacoustically treatedenvironment.Altogether,150toneburstsat500,1000,2000,and4000Hzwere pre-sentedthroughinsertearphonesindescending-ascendingintensity.Thelowestlevelatwhich the subject detectedthe sound stimuluswas defined as thebehavioral(hearing) threshold (BT).Thelowestlevelatwhichacorticalresponsewasobservedwasdefinedasthecortical electrophysiologicalthreshold.Thesetworesponseswerecorrelatedusinglinearregression.
DOIserefereaoartigo:http://dx.doi.org/10.1016/j.bjorl.2016.02.016
夽 Comocitaresteartigo:DuranteAS,WieselbergMB,RoqueN,CarvalhoS,PucciB,GudayolN,etal.Assessmentofhearingthresholdin adultswithhearinglossusinganautomatedsystemofcorticalauditoryevokedpotentialdetection.BrazJOtorhinolaryngol.2017;83:147---54.
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:alessandra.durante@fcmsantacasasp.edu.br(A.S.Durante).
ArevisãoporparesédaresponsabilidadedaAssociac¸ãoBrasileiradeOtorrinolaringologiaeCirurgiaCérvico-Facial.
Results:Thecortical electrophysiologicalthresholdwas,onaverage,7.8dB higherthanthe behavioralforthegroupwithhearinglossand,onaverage,14.5dBhigherforthegroupwithout hearinglossforallstudiedfrequencies.
Conclusion:Thecorticalelectrophysiologicalthresholdsobtainedwiththeuseofanautomated responsedetectionsystemwerehighlycorrelatedwithbehavioralthresholdsinthegroupof individualswithhearingloss.
© 2016 Associac¸˜ao Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia C´ervico-Facial. Published by Elsevier Editora Ltda. This is an open access article under the CC BY license (http://
creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
PALAVRAS-CHAVE Potenciaisevocados auditivos;
Percepc¸ãoauditiva; Auxiliaresdeaudic¸ão; Perdaauditiva; Eletrofisiologia
Estimativadolimiarauditivoemadultoscomperdaauditivapormeiodeumsistema automatizadodedetecc¸ãodopotencialevocadoauditivocortical
Resumo
Introduc¸ão:Ousodaamplificac¸ãosonoraporpessoascomperdaauditivaofereceumamelhor qualidadedevida.Oacessoaesserecursoeoseubenefíciopodemficarcomprometidosno caso depacientes que apresentemdificuldades ou limitac¸ões naavaliac¸ãoaudiológica tra-dicionalcomportamental,taiscomo neonatosecrianc¸aspequenas,presenc¸adoespectroda neuropatiaauditiva e do autismo, déficit intelectual epresenc¸a de estadosdemenciais de adultos eidosos.Essaspopulac¸ões(ou indivíduos)incapazesdeparticipardeuma avaliac¸ão comportamentalgeramumacrescentedemandapormétodosobjetivosdeavaliac¸ãoauditiva. Ospotenciaisevocadosauditivoscorticaissãousadoshádécadas,comafinalidadedeestimaros limiaresauditivos.Avanc¸ostecnológicosatuaispermitiramodesenvolvimentodeequipamentos quepossibilitamseuusoclínico,dotadosderecursosquepermitemmaiorprecisão, sensibili-dadeeespecificidade,alémdapossibilidadededetecc¸ão,análiseeregistroautomatizadosdas respostascorticais.
Objetivo:Determinarecorrelacionarolimiarauditivocomportamentalcomolimiarauditivo corticalobtidoemequipamentodeanáliseautomatizadadasrespostas.
Método: Participaramdo estudo52 adultos,distribuídos em doisgrupos: 21 comperda de grau moderadoa severo(grupo estudo)e 31 comaudic¸ão normal (grupocontrole). Parao registrodos limiarescomportamentais ecorticais foiusadoum equipamentodotado de um sistemacomdetecc¸ão,análiseeregistroautomatizadosdasrespostascorticais (HEARLab®). Osparticipantes permaneceram despertos,em um ambienteacusticamente tratado.Foram apresentados150estímulostipotoneburstnasfrequênciasde500,1.000,2.000e4.000Hz, pormeio defonesdeinserc¸ãoem intensidadesdescendente-ascendente. Omenornível no qual o sujeito detectou apresenc¸a do estímulosonoro foidefinido como o limiar auditivo comportamental.Omenor nível noqual uma respostacortical estavapresente foidefinido comoolimiareletrofisiológicocortical.Essasduasrespostasforamcorrelacionadaspormeioda regressãolinear.
Resultados: Olimiareletrofisiológicocorticalfoi,emmédia,7,8dBsuperiorao comportamen-tal paraogrupocomperdaauditivae14,5dBsuperior, emmédia, paraogrupo semperda auditivaparatodasasfrequênciasestudadas.
Conclusão:Oslimiareseletrofisiológicoscorticaisobtidospormeiodeumsistemadedetecc¸ão automatizadoderespostasestavamfortementecorrelacionadoscomoslimiares comportamen-taisnogrupodeindivíduoscomperdaauditiva.
© 2016 Associac¸˜ao Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia C´ervico-Facial. Publicado por Elsevier Editora Ltda. Este ´e um artigo Open Access sob uma licenc¸a CC BY (http://
creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
Introduc
¸ão
Ousodaamplificac¸ãosonoraporpessoascomperda audi-tivaofereceumamelhorqualidadedevida.Oacessoaesse recurso e o seu benefício podem ficar comprometidos no casodepacientesdedifícilavaliac¸ãoqueapresentem difi-culdadesoulimitac¸õesnaavaliac¸ãoaudiológicatradicional
Os potenciais evocados auditivos corticais (PEAC) têm sidofocodeinteresseeestudodesdeasdécadasde1960e 1970.Nopassado,aprincipalaplicac¸ãodessepotencialera na estimativa objetivado limiarauditivo em adultos difí-ceisdeseremtestados,mastambémforamextensivamente investigadosnapopulac¸ãoinfantil.1
A estimativa dos limiares auditivos por meio do PEAC apresentainúmerasvantagens,namedida emque possibi-litaaavaliac¸ãodetodoosistemaauditivo(desdeotronco encefálico até o córtex), e pode ser registradoem sujei-tos acordados, por meio de uma variedade de estímulos acústicosapresentados tanto pormeiodefones como em campolivre.2---5Aindaquesejamdetentoresdeinestimável
valor clínico e científico, o uso rotineiro desses potenci-aiscorticaisficoucomprometidoaolongodosúltimosanos porinúmeros fatores.Oscomponentesprincipais doPEAC sofrem mudanc¸as substanciais no padrão de respostas, a depender do estágio do desenvolvimento do nascimento atéaadolescência,assimcomonaavaliac¸ãofeitadurante estágios intermediários de sonolência. Observa-se tam-bém variabilidade na amplitude, latência e morfologia das respostas inter e intrassujeitos. Essas variabilidades implicam dificuldades no reconhecimento e interpretac¸ão das respostas e impõem, para seu uso, a necessidade de profissionaisexperienteseespecializados.Alémdesses fato-res, o alto custo do equipamento e a limitac¸ão técnica dos eletrodos, filtros e amplificadores na captac¸ão des-ses potenciaisnão permitiramo uso clínicodos PEAC até recentemente.3,6
Com o propósito de superar essas barreira e promo-verseu usoclínico,o NationalAcousticLaboratory(NAL), instituic¸ão governamental da Austrália, desenvolveu, ao longodosúltimos anos,umequipamentoparapesquisa de potenciaisevocadosauditivoscorticais,chamadoHEARLab® (FryeEletronics/USA).Odiferencialdessesistemasobreos similares atuais existentes é que se trata de um equipa-mento acessível e potencialmente desenvolvido para uso clínico,querecebeutecnologiasavanc¸adasediferenciadas capazes de reduzir o registro de ruídos e interferências, por oferecer medidas de ruído residual e proporcionar maior sensibilidade dos eletrodos na captac¸ão das res-postas, entre outros recursos. No entanto, seu principal diferencial é o de poder contar com um método exclu-sivo de detecc¸ão e análise automática das respostas que leva em considerac¸ão métodos e testes estatísticos, aná-logos ao t-test que, por meio de cálculos de níveis de confianc¸a, determina a presenc¸a ouausência daresposta cortical.Esseprogramaaliviaoexaminadordadifíciltarefa de interpretarsubjetivamente a presenc¸aou ausência de respostacorticalcombaseexclusivamenteemumaanálise visual.1,3,5,7---14
A hipótesedeste estudoé quesejapossível estimar os limiaresauditivoscomportamentaisapartirdoslimiares ele-trofisiológicoscorticaisobtidosemequipamentodeanálise automática.
No Brasil, não existem estudos de limiares auditi-vos feitos com equipamento de análise automatizada da resposta cortical. Assim, o presente estudo teve como objetivo analisar o uso dos PEAC na estima-tiva dos limiares auditivos por meio de um equipa-mento de análise automatizada de detecc¸ão da resposta PEAC.
Método
EsteestudofoiaprovadopeloComitêdeÉticaemPesquisa dainstituic¸ãosobonúmero361/11.Todososparticipantes foraminformadossobreosobjetivosdoestudoeao concor-darcomsuaparticipac¸ã,assinaramtermodeconsentimento livreeesclarecido.
Casuística
Foramestabelecidoscomocritériosdeinclusãonaamostra:
- Grupo controle (GC): adultos (idade≤ 65 anos), ambos osgêneros,com audic¸ãonormal(médiatritonalde500, 1.000e2.000Hz<20dBNA),semqueixasauditivasou his-tóriadeproblemasotológicos.
- Grupoestudo (GE):adultos(idade≤65anos),ambosos gêneros,comperdaauditivatiposensorioneural,bilateral simétricadegraumoderado asevero(médiatritonalde 500,1.000e2.000Hz41dBNAe90dBNA.15
Comocritériodeexclusão,foiestabelecida apresenc¸a decomprometimentos neurológicos,psiquiátricos e/oude síndromesdeclaradasoucomprovadas.
Procedimentos
Todosossujeitosdaamostrapassarampelomesmoprotocolo deavaliac¸ão,especificadoaseguir.
Paradescartarapresenc¸adeproblemasnaorelhamédia queinviabilizassemainclusãonaamostra,foifeitainspec¸ão visualetimpanometria,comousodoanalisadordeorelha médiadamarcaInteracoustics,modeloAZ7R.
Paraapesquisadoslimiarestonaiscomportamentaisfoi usadooaudiômetrodamarcaGNOtometrics,modeloItera, pormeiodefones suprauralTDH39em cabinasacústicas. Foifeitaavaliac¸ãoaudiométricacomportamentalcompleta pormeiodetonspuros,nasfrequênciasde250a8.000Hz porviaaérea,ede500a4,000Hzporviaóssea,pormeio detécnicaclássicadescendente-ascendentedepesquisado limiartonal.Esseslimiaresforamaquidenominadoslimiares audiométricos(LA).
Paraaestimativadoslimiaresauditivoscomportamentais paraestímulodafrequênciaespecífica(toneburst)foiusado osistemaHEARLab®.Oequipamentoofereceestímulos audi-tivosnasfrequênciasde500,1.000,2.000,3.000e4.000Hz, emintensidadesquevariamde0a110dBNA,apresentados pormeiodefonesdeinserc¸ãoemsalaacusticamente tra-tada.Usou-setécnicadescendente-ascendentedepesquisa dolimiar, foidenominadolimiarcomportamentalamenor intensidadenaqualoindivíduofoicapazdedetectaro estí-mulofrequênciaespecífica(toneburst)apresentada.Esses limiares foram denominados limiares comportamentais (LC).
Tabela1 Dadosdemográficosdossujeitosdosgruposestudoecontrole
Grupo Norelhas(participantes) Idade(anos) Limiarauditivo(dBNA)
Estudo 21(21) 48,9(±7,2) 58(±12)
Controle 31(31) 23,7(± 5,2) 2,1(±2,9)
avaliadosemestadodealerta,distraídosporimagens veicu-ladasemtelevisorsemsom,emsalaclimatizadaetratada acusticamente.
Aavaliac¸ãodoslimiarescomportamentais(LC)e eletro-fisiológicos corticais (LEC) nas frequências de500, 1.000, 2.000e 4.000 Hz foifeitaem apenas umadasorelhasde cadasujeito,escolhidasegundoapercepc¸ãodosujeitocomo sua ‘‘melhor orelha’’ ou, na ausência de referência, de formarandômicaealeatória.
Para detecc¸ão e registro do PEAC foi usado o sistema HEARLab®,quetemummóduloquepermiteavaliarolimiar eletrofisiológicocortical(CorticalToneEvaluation).
Apesquisadoslimiarescorticaisparafrequência especí-fica(toneburst)obedeceuoseguinteprotocolo,adepender dogrupodeavaliac¸ão:1)paraogrupocontrole(GC), com-postopor adultosnormo-ouvintes,foi usadaaintensidade inicialde70dBNA,feitooregistrodarespostae,emseguida, diminuída para 20 dBNA. Se houvesse também resposta corticalnessa intensidade,eram usadasintensidades des-cendentesempassosde10dBeascendentesde5dBatéo limiarmínimodedetecc¸ãoautomáticaderesposta (inten-sidademínima);2)Paraogrupoestudo(GE),compostopor adultoscomdeficiênciaauditiva,foitambémusadaa inten-sidadeinicialde70dBNA.Nocasodepresenc¸aderesposta corticalnessa intensidade,eram usadasintensidades des-cendentesempassosde10dBeascendentesde5dB,até olimiarmínimodedetecc¸ãoderesposta,talqualfeitono GC.Noentanto,nocasodenãoserdetectadarespostana intensidade inicial de 70 dBNA, a pesquisa foi feita com incrementosdeintensidadeempassosde10dBe descen-dentesde5dB,atéolimiarmínimodedetecc¸ãoderesposta cortical.Oslimiaresdetectadosforamdenominadoslimiares eletrofisiológicoscorticais(LEC).
Adetecc¸ãoautomáticadapresenc¸aeorespectivolimiar derespostacorticalfrenteàestimulac¸ãoacústicalevamem considerac¸ãoop-valorestatístico,emumprograma exclu-sivoeoferecidopeloequipamento.Quantomenorop-valor, maioraprobabilidadedeaondaregistradaestarrelacionada
comoestímulosonoro.Ump-valorde0,05éolimiar consi-deradopeloequipamentoepeloexaminadorparaatomada dedecisãoquantoàpresenc¸aouausênciadaresposta cor-ticalou,explicadodeoutraforma,esselimiarsignificaque existiriam somente 5% de chance de que o equipamento registrasseumarespostacomofalsapositiva.
Análiseestatística
Foramusadasmedidasdetendênciacentral,correlac¸ãode Pearsoneregressãolinear.
Emtodosostestes foiusadoonível designificânciade 0,05(ou5%)pararejeic¸ãodahipótesedenulidade.
Resultados
Aamostrafinaldesteestudocontoucomaparticipac¸ãode 52indivíduosadultos,distribuídosemdoisgrupos:1)Grupo controle (GC), composto por normo-ouvintes; 2) Grupo estudo(GE), compostoporindivíduoscom perdaauditiva. No GC, foramavaliados 31 adultos,23 (74,2%) do gênero feminino e 8 (25,8%) do masculino; média de 23,7 anos (DP=5,2 anos)emédiadolimiar audiométricotritonal de 2,1 dBNA (DP=2,9 dB NA). No GE participaram 21 adul-tos,15(71,4%)dogênerofeminino,6(28,6%)domasculino, idademédiade48,9anos(DP=7,2anos)emédiatritonalde 500,1.000e2.000Hzde58dBNA(DP=12dBNA)(tabela1). Asmedidasdescritivasdolimiaraudiométricotonal(LA), o limiar comportamental (LC) e o limiar eletrofisiológico cortical (LEC) paraasfrequências de 500, 1.000, 2.000e 4.000Hz podemservisualizadosna tabela2parao grupo controleenatabela3paraogrupoestudo.
Em todasasfrequências, podemos observarque o LEC apresenta intensidade superior quando comparadocom o LA. As diferenc¸as entre esses limiares foram, em média, de 8,6; 9,6;6,0 e 7,1 dB para asfrequências de 500 Hz, 1.000Hz,2.000Hze4.000Hz,respectivamente,nogrupo
Tabela2 Medidasdescritivasdoslimiaresauditivostonais(LA),eletrofisiológicos(LEC)ecomportamentais(LC)obtidospara ogrupocontroleporfrequência
Grupocontrole
500Hz 1.000Hz 2.000Hz 4.000Hz
LA LEC LC LA LEC LC LA LEC LC LA LEC LC
Média 3,39 18,23 9,35 1,45 15,9 5,65 1,45 15,97 3,71 2,58 17 3,55
Mediana 5 20 10 0 15 5 0 15 0 0 20 5
DP 3,2 6,2 5,4 2,6 6,8 4,7 2,9 7,1 5 4 6,4 3,6
IC 2,4 4,49 3,9 1,94 5,05 3,51 2,16 5,22 3,78 3,4 4,72 2,71
Tabela3 Medidasdescritivasdoslimiaresauditivostonais(LA),eletrofisiológicos(LEC)ecomportamentais(LC)paraogrupo estudoporfrequência
Grupoestudo
500Hz 1.000Hz 2.000Hz 4.000Hz
LA LEC LC LA LEC LC LA LEC LC LA LEC LC
Média 49,2 57,8 55,2 56,1 65,7 60 57,1 63,1 60 55 62,1 57,8
Mediana 50 60 60 60 65 60 60 60 60 55 65 60
DP 13,8 6,2 13,8 12,9 9,7 12,9 11,3 11,2 9,8 11 10,3 11,2
IC 12,57 4,59 12,59 11,78 8,91 11,78 10,34 10,23 8,98 10,1 9,39 5,24
DP,desviopadrão;IC,intervalodeconfianc¸a;LA,limiarauditivotonal;LC,limiarcomportamental;LEC,limiareletrofisiológicocortical.
comperdaauditiva(GE).Paraogruposemperda(GC),as diferenc¸as foramemmédiade14,8;14,5;14,5e 14,8dB, respectivamente,paraasmesmasfrequências.
Estudosderegressãolinearfeitosentreoslimiares audi-ométricos(LA)paratonspuros(padrãoouro)eoslimiares comportamentais (LC) para estímulos frequência especí-fica (tone burst) demonstraram que esses limiares estão fortementecorrelacionadosparatodasasfrequências ava-liadas(r2≥0,7),emambososgrupos.Assim,optou-sepor correlacionaroslimiarescomportamentaiscomos eletrofi-siológicos.
Nogrupodenormo-ouvintes,acorrelac¸ãoentreos limia-rescortical(LEC)ecomportamental(LC)foifraca.Jáparao grupocomperdaauditiva,afortecorrelac¸ãoentreasduas
medidas fica evidenciada por r2=0,71; 0,72; 0,83 e 0,80 paraastodasasfrequênciasestudadasde500Hz,1.000Hz, 2.000Hze4.000Hz,respectivamente.Nafigura1são desta-cadososgráficosdedispersãodogrupocomperdaauditiva paraasquatrofrequênciasaudiométricas separadamente, comlimiareletrofisiológicocortical(LEC)noeixoverticale limiarcomportamental(LC)noeixohorizontal.
Discussão
Na presente pesquisa, foram estimados e comparados os limiaresauditivoscomportamentaisobtidospormeiodetons puros(padrão ouro---LA)edefrequênciaespecífica(tone
100
50
0
0 20 40 60
500 Hz 1.000 Hz
4.000 Hz 2.000 Hz
80 100 120
0 20 40 60 80 100 120 0 20 40 60 80 100 120
0 20 40 60 80 100 120
100
50
0
100
50
0
100
50
0 r2 = 0,71
r2 = 0,83 r2 = 0,80
r2 = 0,72
Limiar eletrofisiológico cor
tical (dB NA)
Limiar comportamental (dB NA)
burst --- LC) de todos os indivíduos da amostra, tanto do grupocomperdaauditivacomodogrupodenormo-ouvintes. Devidoàforte correlac¸ão apontada entreosdoislimiares paratodasasfrequências(r2≥0,7),independentementedo grupo,optou-se,nesteestudo,porcorrelacionaroslimiares eletrofisiológicocorticais (LEC)comoslimiares comporta-mentaisfrequênciaespecífica(LC).
Levando-seemconsiderac¸ãoqueocritériodeinclusãona amostradeambososgrupospressupunhaapresenc¸ade limi-arestonaissimétricosbilateralmenteecomvistasàreduc¸ão dadurac¸ãodoexame,optou-sepelaavaliac¸ãodoslimiares comportamentais(LC)eeletrofisiológicos(LEC)nas frequên-cias de500, 1.000, 2.000 e 4.000 Hz de apenas umadas orelhasdecadasujeito,escolhidassegundoasuapercepc¸ão comosua‘‘melhororelha’’ou,naausênciadereferência,de formarandômicaealeatória.NoestudodeFrizzoetal.16não
foramobservadasdiferenc¸asestatisticamentesignificantes entreoshemisférioscerebraisquepudessemcomprometer apesquisadoPEACemumaououtraorelha.Dessaforma,o protocolodeavaliac¸ãoeapesquisadoslimiares comporta-mentaleeletrofisiológicotiveramadurac¸ãoaproximadade 60minutosporsujeito.
O protocolo técnico usado foi o sugerido pelo fabri-cantedoequipamento HEARLabSystem® (Frye Eletronics, USA).A impedância doseletrodos manteve-seequilibrada enãoultrapassou5kOhm. Oestímulosonoroapresentado porfonesdeinserc¸ão foiodefrequênciaespecífica(tone
burst),com150s dedurac¸ão,aindaqueLightfoot,17 em
seuestudo,afirmassequeousodeestímulosde10a20s
dedurac¸ãojáseriasuficienteparaacaptac¸ãodaresposta, excetoquandoseestápertodolimiarcorticaldosujeito.
Umcuidado que foi garantido nopresenteestudo está relacionadoaocontroleeàmanutenc¸ãodoestadodealerta do sujeito durante a avaliac¸ão. Näätänen18 alertou sobre
ainfluência dos efeitos dasonolência na variabilidade de respostascorticais.Diferentementedasrespostas eletrofisi-ológicasdecurtalatênciaqueexigemcontroleequalidade derelaxamentomuscular, durante acaptac¸ão doPEAC,o indivíduoprecisasimplesmentepermaneceracordadoeem estadoconscientedealerta.Issopodeseralcanc¸adoaolhe solicitarque se mantenha na posic¸ão sentada, entretido, porexemplo,comasimagensdeumvídeosemsom.O dife-rencialdessesistemasobreossimilaresatuaisexistentesé quesetratade umequipamento querecebeutecnologias avanc¸adas e diferenciadas, capazes de oferecer medidas decontrolederuídoresidualedeumamaiorsensibilidade doseletrodosnacaptac¸ãodasrespostas,alémdereduziro registroderuídoseinterferências.3
Oequipamentodedetecc¸ãoautomáticaderespostasdo PEACsepropõeafacilitaratarefadoexaminadorem inter-pretarsubjetivamenteasondaseletrofisiológicascombase exclusivamente em umaanálise visual quanto à presenc¸a ouausência deresposta corticalfrenteao estímulo acús-tico.Emestudosanteriores,o métodoestatísticoadotado noequipamentomostrou sercapazdedetectaras respos-tascorticaiscomsensibilidadeeespecificidadecombinadas demaneiratãooumaiseficazdoqueaquelaalcanc¸adapor examinadoresexperientes,3,9resultadosessescorroborados
nopresenteestudo.
Nogrupocomperdaauditiva,asdiferenc¸asmédias obser-vadas entre o limiar eletrofisiológico cortical (LEC) e o
limiar comportamental(LC)foram,em média, de7,8 dB. Osvaloresencontradosnopresenteestudosãoligeiramente superiores àqueles relatadosem umestudo preliminar de VanDunetal.,11 cujasdiferenc¸asparaasmesmas
frequên-cias variaram de 3,4 a 5,9 dB. Na publicac¸ão do estudo dessemesmoautor,14 noqualfezainvestigac¸ãodos
limia-resdePEACem34adultosdeficientesauditivos,oslimiares eletrofisiológicoscorticaisforam,emmédia,10dB superio-res(DP=10dB)emrelac¸ãoaoslimiarescomportamentais, resultadossimilaresaosdopresenteestudo.
Natabela4,destaca-seumavisãogeral depublicac¸ões deestudoscomsujeitosadultoscomperdaauditivana esti-mativa dolimiar auditivo, asdiferenc¸as entre oslimiares eletrofisiológicoscorticaiseoscomportamentaisnos diver-sosestudosestãonafaixade9a14dB,comdesviopadrão entre5e14dB.
Na análise do grupo sem perda auditiva (GC), as diferenc¸asentreoslimiaresforam,emmédia,14,5dB supe-riores paraasmesmasfrequênciasestudadas.A diferenc¸a médiaentreoslimiaresdopresenteestudofoisemelhante àquela encontrada noestudo deLighfoot e Kennedy.19 Os
autores avaliaram 24 indivíduos adultos, também normo--ouvintes, e concluíram que 94% dos limiares daamostra foramestimadoscomumadiferenc¸a≤15dBeem80% pude-ramteroseulimiarestimadocomumadiferenc¸a≤10dB. Osautoresressaltaramque,aindaqueemgrandeparteda amostraadiferenc¸amédiaentreoslimiarestenhasesituado entre5e10 dB,constatou-seque,emumpequenogrupo (7%),puderamserobservadossujeitoscomdiferenc¸asentre limiaresdeaté20dBsuperiores,referentesaoLC.VanDun etal.,14aoestudarindivíduoscomperdaauditiva,também
relataramapresenc¸ade4%doquedenominaramdiferenc¸as ‘‘foradacurva’’,referentesaossujeitosqueapresentavam diferenc¸asentrelimiaresdeaté30dB,olimiarcorticalfoi sempremaiselevadodoqueocomportamental.Nopresente estudo, essepequenogrupotambémse mostroupresente em4%dosregistros,comdiferenc¸asdeaté30dB. Parado-xalmente,tambémforamobservadas,em2,4%dosregistros, respostasdelimiarescorticaiscomparativamenteinferiores àsregistradasnoslimiarescomportamentaisematé10dB.
Quandocomparadososlimiaresmédiosdedetecc¸ãoede respostadoPEACentreosgruposdesujeitosnormo-ouvintes eoscomperdaauditiva,observa-sequeadiferenc¸aentre oLCe LECémaiornossujeitosdogrupo semperda audi-tiva. Essa diferenc¸aentre grupos tambémfoi relatadano estudo deGoldingetal.3 Apossível justificativapara que
ossujeitosdogrupocomperdaauditivaregistremlimiares eletrofisiológicoscorticaismaispróximosaolimiar compor-tamentaloucomummenor níveldesensac¸ão(NS)parece estarbaseadanopotencialimpactodofenômenode recruta-mentonaquelessujeitoscomperdaauditivasensorioneural, oqueaumentariaaamplitudederespostadoPEACem NS inferioresoumaisfracos.9,10
Diantedosachadosdesteestudo,oPEAC,obtidopormeio de equipamento deanálise automática de resposta, mos-trouser umexameviávelna estimativadolimiarauditivo desujeitosadultoscomperdaauditiva.
cortical
auditory
threshold
153
Tabela4 VisãogeraldeestudosfeitosemadultoscomperdaauditivanaestimativadolimiarauditivocomportamentalcomoPEAC
Estudo Orelhas
(par-ticipantes)
Idademédia (faixa)anos
Perdaauditiva DbNA
Dur (mseg)
TX(seg) N◦
estímulos
Diferenc¸aeletrofisiológica-comportamental(dB)
500Hz 1.000Hz 2.000Hz 4.000Hz Média
BeagleyeKellogg (1969)20
36(36) 32(18-52) s/ref 25 1,25 60 3±6 1±6 4±7 3±5
ColeseMason (1984)21
129(129)ML s/ref s/ref 200 1,5 64 0±10 −1±6 −1±11 −2±7
Hoth(1993)22 21(21) 18-78 10-100 500 2,5 50 Detecc¸ão
visual Detecc¸ão objetiva
5±12
−2±11 Prasheretal.(1993)23 62(62)PAIR 55±10
(34-78)
28±17a 200 1.0 s/ref 0±11 1±10
53±22b
27(27) Menière
59±10 (39-73)
49±23a 2±8 1±8
58±15b
Richardsetal. (1996)24
982(500)ML 55±8 5-100 100 2,0 s/ref 1±5 1±4 2±5 0±5 1±5
Tsuietal.(2002)25 408(204)ML 36-74 10-120 200 0,8 64 2±11 1±9
Tomlinetal.(2006)26 30(30) 67(36-91) >20 100 1,4 60 9±7 14±14
YeungeWong (2007)27
44(34) 23-69 30-55 7±8 8±5 5±10 3±14
60-85 6±7 9±8 8±9 3±19
90+ −2±5 2±5 6±7 9±10
VanDun,Dillone Seeto(2015)14
66(34) 71±9
(43-89)
50-18 40 1,175 120 11±8 11±9 10±12 9±11 10±10
Presenteestudo 21(21) 48,9±7,2 58±12 40 1,175 50-120 8±9 9±7 6±7 7±8 8±8
Dur,durac¸ão;ML,médicolegal;PAIR,perdaauditivainduzidaporruído;s/ref.,semreferência;TX,taxadeapresentac¸ão. a 1.000Hz.
b 2.000Hz.
Nota:Estudosqueenvolvempopulac¸õesdiversas(participantescomaudic¸ãonormalecomperdaauditiva)quenãopuderamserseparadosnãoforamincluídos.TodososPEACforam avaliadospormeiodeinspec¸ãovisualdasrespostas,comexcec¸ãodeHoth,22VanDun,DilloneSeeto14eopresenteestudo.Aestruturadessatabelaésimilaràdatabela11.1dePicton.28
Todososestudos,excetoBeagley&Kellogg,20Coles&Mason21eRickardsetal.,24definiramlimiarcomooníveldemenorintensidadenoqualumarespostapodiaseridentificada.Limiares
emBeagley&Kellogg20foramadicionalmentereduzidosem2,5dB.Coles&Mason21consideraram5dBamelhorestimativadolimiar.Rickardsetal.24consideraramamenorintensidade
dedetecc¸ãodoPEACoucomreduc¸ãode5dB,dependedocritérioadotado.
limiaresauditivos, assimcomo na avaliac¸ão de diferentes populac¸ões.
Conclusão
Osresultadosdesteestudomostraramfortecorrelac¸ãoentre oslimiarescomportamentaiseoslimiareseletrofisiológicos corticaisparaasfrequênciasde500,1.000,2.000e4.000Hz emadultoscomperdaauditiva.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Agradecimentos
ÀFundac¸ãodeAmparo aPesquisadoEstadodeSãoPaulo (Fapesp)peloincentivoefinanciamentodestapesquisa (pro-cesson◦
2011---19556-3).AosprofessoresVanDunB,Dillon HeSeetoM,quepermitiramaadaptac¸ãodatabela4 apre-sentadanesteestudo.
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