BrazJOtorhinolaryngol.2017;83(6):646---652
www.bjorl.org
Brazilian
Journal
of
OTORHINOLARYNGOLOGY
ARTIGO
ORIGINAL
Significant
association
between
osteoporosis
and
hearing
loss:
a
systematic
review
and
meta-analysis
夽
Sikarin
Upala
a,b,
Pattara
Rattanawong
c,
Wasawat
Vutthikraivit
ce
Anawin
Sanguankeo
a,b,∗aBassettMedicalCenterandColumbiaUniversityCollegeofPhysiciansandSurgeons,DepartmentofInternalMedicine,
Cooperstown,EUA
bMahidolUniversity,FacultyofMedicineSirirajHospital,DepartmentofPreventiveandSocialMedicine,Bangkok,Tailândia cUniversityofHawaii,DepartmentofInternalMedicine,Honolulu,EUA
Recebidoem23demaiode2016;aceitoem22deagostode2016 DisponívelnaInternetem26dejunhode2017
KEYWORDS
Osteoporosis; Hearingloss; Meta-analysis
Abstract
Introduction:Thereisinconclusiveevidencewhetherosteoporosisincreasesriskofhearingloss incurrentliterature.
Objective:We conducted this meta-analysis to determine whether there is an association betweenhearinglossandosteoporosis.
Methods:Thissystematicreviewandmeta-analysiswasconductedfromstudiesofMEDLINE, EMBASE,andLILACS.OsteoporosiswasdefinedashavingabonemineraldensitywithaT-score oflessthan−2.5standarddeviation.Theoutcomewashearinglossasassessedbyaudiometry orself-reportedassessment.Random-effectsmodelandpooledhazardratio,riskratio,orodds ratioofhearinglosswith95%confidenceintervalswerecomparedbetweennormalbonemineral densityandlowbonemineraldensityorosteoporosis.
Results:Atotalof16articlesunderwentfull-lengthreview.Overall,therewasastatistically sig-nificantincreasedoddsofhearinglossinthelowbonemineraldensityorosteoporosisgroupwith oddsratioof1.20(95%confidenceintervals1.01---1.42,p=0.04,I2=82%,P
heterogeneity=0.01). However,thestudyfromHelzneretal.reportedsignificantlyincreaseoddsofhearinglossin thelowbonemineraldensityinparticularareaandpopulationincludedfemoralneckofblack men1.37(95%confidenceintervals1.07---1.76,p=0.01)andtotalhipofblackmen1.36(95% confidenceintervals1.05---1.76,p=0.02).
DOIserefereaoartigo:http://dx.doi.org/10.1016/j.bjorl.2016.08.012
夽 Comocitaresteartigo:UpalaS,RattanawongP,VutthikraivitW,SanguankeoA.Significantassociationbetweenosteoporosisandhearing
loss:asystematicreviewandmeta-analysis.BrazJOtorhinolaryngol.2017;83:646---52.
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:anawin.sanguankeo@bassett.org(A.Sanguankeo).
ArevisãoporparesédaresponsabilidadedaAssociac¸ãoBrasileiradeOtorrinolaringologiaeCirurgiaCérvico-Facial.
Conclusion: Ourstudyproposedthefirstmeta-analysisthatdemonstratedaprobable associ-ation betweenhearinglossandbonemineral density.Osteoporosiscouldbeariskfactor in hearinglossandmightplayanimportantroleinage-relatedhearingloss.
© 2016 Associac¸˜ao Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia C´ervico-Facial. Published by Elsevier Editora Ltda. This is an open access article under the CC BY license (http:// creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
PALAVRAS-CHAVE
Osteoporose; Perdaauditiva; Metanálise
Associac¸ãosignificativaentreosteoporoseeperdaauditiva:umarevisãosistemática emetanálise
Resumo
Introduc¸ão: Háevidênciasinconclusivassobreseaosteoporoseaumentaoriscodeperda audi-tivanaliteraturaatual.
Objetivo: Fizemosestametanáliseparadeterminarseexisteumaassociac¸ãoentreperda audi-tivaeosteoporose.
Método: RevisãosistemáticaemetanáliseforamfeitasapartirdeestudosdoMedline,Embasee Lilacs.AosteoporosefoidefinidacomotendoumadensidademineralósseacomumescoreTde menosdoque−2,5DP.Odesfechofoiaperdaauditiva,avaliadaporaudiometriaouavaliac¸ão autorrelatada.Omodelodeefeitosaleatórioseriscocombinado,razãoderiscoeoddsratiode perdaauditivacomIntervalosdeConfianc¸ade95%foramcomparadosentredensidademineral ósseanormaledensidademineralósseabaixaouosteoporose.
Resultados: Nototal,16artigosforamsubmetidosarevisãocompleta.Emgeral,houveaumento estatisticamentesignificativodaprobabilidadedeperdaauditivanogrupodebaixadensidade mineralósseaounogrupodeosteoporosecomoddsratiode1,20(intervalodeconfianc¸ade95% 1,01-1,42,p=0,04,p=82%,Pheterogeneidade=0,01).Noentanto,oestudodeHelzneretal.relatou aumentosignificativodaprobabilidadedeperdaauditivanadensidademineral ósseabaixa, emdeterminadaáreaepopulac¸ãoqueincluiucolofemoraldehomensnegros1,37(intervalo deconfianc¸ade95%1,07-1,76,p=0,01) equadriltotaldehomensnegros1,36(intervalode confianc¸ade95%1,05-1,76,p=0,02).
Conclusão:Nossoestudopropôsaprimeirametanálisequedemonstrouumaprovávelassociac¸ão entreperdaauditivaedensidademineralóssea.Aosteoporosepodeserumfatorderiscopara perdaauditivaepodedesempenharumpapelimportantenaperdadeaudic¸ãorelacionadacom aidade.
© 2016 Associac¸˜ao Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia C´ervico-Facial. Publicado por Elsevier Editora Ltda. Este ´e um artigo Open Access sob uma licenc¸a CC BY (http:// creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
Introduc
¸ão
A perdaauditiva é uma condic¸ão crônica comumde uma deficiênciaestimadaem24,9milhõesdepessoasnomundo. FoirelatadapelaOrganizac¸ãoMundialdeSaúdecomouma das principais causas de anos vividos com incapacidade.1 A prevalência estimada da perda auditiva foi de 30% na populac¸ão com maisde 65 anos e 50% na populac¸ão com maisde 75 anos.2,3 Além disso, a perda deaudic¸ão tam-bém está associada a diminuic¸ão da qualidade de vida e desfechos funcionais, como isolamento social, depressão, questõesdeseguranc¸a,limitac¸õesdemobilidade,reduc¸ão derenda eoportunidadesdeemprego.4---7Ainfluênciados fatoresde risco nograu e taxa de deteriorac¸ão daperda auditiva inclui envelhecimento, suscetibilidade genética, exposic¸ãoamedicamentosototóxicos,distúrbiosotológicos, tabagismoeexposic¸ãoocupacionaleaoruídodelazer.6,8---10 Aosteoporose tambémtemsidoidentificadaem alguns estudoscomofatorderiscodeperdadeaudic¸ão.O meca-nismo subjacente da perda auditiva em osteoporose é complexoeindeterminado.Algunsestudospropuseramque umpossívelmecanismosubjacentesejaadesmineralizac¸ão
sistêmica dosistema esquelético na osteoporose, como o ossotemporal,quecontémacápsuladacócleaeosistema deconduc¸ão.11---13Noentanto,houvecontrovérsiase resul-tadosinconsistentesdeoutrosestudosquemostraramuma associac¸ãonãosignificativaentreaosteoporose ea perda deaudic¸ão. Aprecisão dos resultados foi limitadadevido aostamanhosdaamostraentreaspopulac¸õesestudadas.2 Portanto,estametanálisefoiconduzidaparadeterminarse existeumaassociac¸ão entreperdaauditivae baixamassa ósseaouosteoporose.
Material
e
método
Esta revisão sistemática e metanálise foi feita e regis-tradaemconformidadecomaDeclarac¸ãodeMetanálisede EstudosObservacionaisemEpidemiologia14 eregistradaem Prospero(númeroderegisto:CRD42015024987).
Estratégiadebusca
648 UpalaSetal.
(LiteraturaLatino-AmericanaemCiênciasdaSaúde)a par-tirdadatadeinícioaténovembrode2015.Asreferências detodososestudosselecionadostambémforam examina-das.Foramusados,principalmente,osseguintestermosde pesquisa:osteoporose,osteopenia,densidadeóssea,massa óssea,perdaóssea, perdaauditiva, audiometria, otoacús-tica. A estratégia de busca completa foi detalhada no
Apêndice1.
Critériosdeinclusãoeexclusão
Osartigosforamconsideradoselegíveisparainclusãoseos seguintescritériosfossematendidos: 1)estudos observaci-onaispublicados,inclusiveestudostransversais,decoorte ecaso-controle;2)estudo emadultosde18 anosoumais velhos;3)métodosclarosdeavaliac¸ãodadensidade mine-ralósseaedostatusdeaudic¸ãoforamdescritos;4)foram relatadoscritériosdiagnósticosclarosparaaosteoporosee perdaauditiva; e 5)associac¸ão debaixaDMOou osteopo-roseeperdaauditivafoirelatadacomorazãoderisco(HR) ajustadaounãoajustada,riscosrelativos(RR)ouoddsratio
(OR)com intervalos de confianc¸a (IC) de 95% associados, ousensibilidadeauditivaemdecibéis.Oscritériosde exclu-sãoforam:(1)revisões,relatosdecaso,resumoseestudos nãopublicados;(2)estudossemorigens deamostra espe-cífica; (3) dados do estudo não apresentados de maneira suficientementeclara;e (4)participantes comotosclerose conhecida.
Aosteoporose foi definida como terdensidademineral óssea(DMO)comumescoreTmenordoque−2,5DP,medida
pelaabsorciometria de raiosX de dupla energia ououtra técnicapadrãoem locaisósseos anatômicos,como coluna lombar,colodofêmurequadriltotal.Oprincipaldesfecho deste estudo foi a perdaauditiva, avaliada por audiome-triaouavaliac¸ãoautorrelatada.Usamosadefinic¸ãodeperda auditiva(condutiva,neurossensorialoumista)comodescrito porcadaestudo.
Extrac¸ãodedados
Doisautores(ASeSU)revisaramdemaneiraindependenteos títuloseresumosdetodasascitac¸õesidentificadas.Depois derevisadostodososresumos,foramfeitascomparac¸õesde dadosentreosdois investigadores,para assegurara inte-gridadee aconfiabilidade.Os critérios deinclusão foram aplicadosdemaneira independenteparatodos osestudos identificados.Asdecisõesdivergentesforamresolvidaspor consenso.
Versõesdetextocompletodetrabalhospotencialmente relevantes,identificadosnatriageminicial,foram recupera-das.Seváriosartigosdomesmoestudofossemencontrados, apenasaquelecomosdadosmaiscompletoseramincluídos. Osdadosrelativosa concepc¸ãodoestudo, características dosparticipantes,fontededados,comorbidades,métodos deavaliac¸ão da DMO e deficiência auditiva, avaliac¸ão de desfechosefatoresajustadosnaanálisemultivariadaforam extraídosdemaneiraindependente.
Avaliac¸ãodaqualidade
Uma avaliac¸ão subjetiva da qualidade metodológica para estudosobservacionaisfoiavaliada pordois autores(AS e
SU),comaescaladeNewcastle-Ottawa(ENO).AENOéuma ferramentadeavaliac¸ãodaqualidadedosestudosnão ran-domizados. AENOincluioitoitens,categorizados emtrês dimensões de selec¸ão, comparabilidade e desfecho. Para cadadimensão,éfornecidaumalistadeopc¸õesderesposta. A pontuac¸ão é baseada em uma avaliac¸ão semiquantita-tivadaqualidadedoestudo.Osestudosdequalidademais altasãopontuadoscomumpontomáximoparacadaitem. Noentanto,existeumaexcec¸ão,que éadoitem relacio-nadocomacomparabilidadequepossibilitaaatribuic¸ãode 2 pontos. A variac¸ão de ENO fica entre 0 e 9 pontos.15 Umapontuac¸ãototalde3oumenosfoiconsiderada precá-ria,4-6moderadae7-9dealtaqualidade.Foramexcluídos denossametanáliseosestudoquetivessemmáqualidade. Opiniões discrepantes entre autores foram resolvidas por consenso.
Análiseestatística
A metanálise dos estudos incluídos foi realizada com o programaComprehensiveMeta-Analysis3.3daBiostat,Inc. Usamosummodelodeefeitosaleatóriossehouvesse hetero-geneidadeelevada(I2>50%)eummodelodeefeitosfixosse
houvessebaixaheterogeneidade(I2<50%).CalculamosHR,
RRouORagrupadasdeperdacomintervalosdeconfianc¸a (IC)de95%,comparamososparticipantescomDMOnormal ecomDMObaixaouosteoporoseem cadalocalanatômico ecomquaisquerlocaisanatômicos.Tambémfoicalculadaa diferenc¸amédia(DM),comIC95%desensibilidadeauditiva em cadafrequência,comparamosogrupo deDMOnormal e ogrupo debaixaDMO.Quandonãohaviadados compa-ráveis suficientes disponíveis para desfecho de interesse, foramexcluídososestudosde metanáliseeapresentamos apenasoresultadocomdescric¸ãonarrativa.A heterogenei-dadedasestimativasdotamanhodoefeitoemtodosesses estudosfoi quantificada comaestatística Q,seuvalor de
p e I2 (p<0,10foi considerado significativo).Aanálise do
subgrupoporlocaldeDMOfoifeitaparaencontrarafonte deheterogeneidade.Oviésdepublicac¸ãofoiavaliadocom gráficoemfuniletestesderegressãodeEgger.
Resultados
Descric¸ãodosestudosincluídos
Abuscainicialproduziu83artigos(fig.1);67foram excluí-dosporquenãoeramestudosobservacionaisoriginais(23), nãotinhamdadosdeDMO(12),nãotinhamdadosdeperda auditiva (seis) ou não mediam a associac¸ão entreDMO e perdaauditiva(26).Foramsubmetidosarevisãocompleta 16 artigos. Osdadosforam extraídosde oitoestudos que envolveram52.828 participantes que tiverama densidade mineralósseaeoestadodeaudic¸ãoavaliados.2,12,13,16---20
and
hearing
loss
649
Tabela1 Característicasdosestudosincluídos
Estudo,ano País Design Características Participantes
(n)
Definic¸ãodedesfecho Fatoresajustadosemmodelo
demúltiplasvariáveis
Idade Mulheres
(%) ClarkK.
etal., 1995
USA Estudo
transversal descritivo
Mulheres entre60---85 anos
100 369 40dBPAa1.000e2.000Hzemumaorelha Idadeecomunidadede
residência 40dBPAa1000ou2000Hzemambasas
orelhas HelznerEL
etal., 2004
EUA Estudo
transversal
Mulheres com65anos oumais
100 6.474 Leve=audic¸ãoemnívelmaisintenso(40dB
PA),masnãononívelmenosintenso(25dB PA)
Idade,IMC,usodeestrogênio, usodesedativo,usode antidepressivo Significante=falhaemouviremambosos
níveisdeintensidade KimSH
etal., 2002
Coreiado Sul
Transversal Mulheresde50
anosoumais
100 1.830 40dBPAa1.000e2.000Hzemumaorelha Idade,densidademineralóssea
econcentrac¸ãosériade estradiol
40dBPAa1.000ou2.000Hzemambasas orelhas
KahveciOK etal.,2014
Turquia Estudode
caso-controle
Osteoporose, pacientescom osteopeniae controlestinham 26-85,
22-83e50-68 anos,
respectivamente
100 125 Perdaauditivaneurossensorial=conduc¸ão
óssea>25dBPAsemgapaéreo-ósseo Perdaauditivacondutiva=médiadelimiar deconduc¸ãoósseanormal,masgap aéreo-ósseo>10dBPA
Perdaauditivamista=limiardeconduc¸ão ósseaeaérea>25dBHLcomgap aéreo-ósseo>10dBHL
MendyA etal., 2014,
EUA Pesquisa
transversalda populac¸ãocivil, não
institucionalizada dosEUA
Com40anosou mais
Semproblemaauditivo. Poucoproblemaauditivo Problemaauditivosignificativo
Idade,sexo,etnia,nívelde escolaridade,índicedemassa corporal
HelznerEP etal., 2005
EUA Estudode
coorte prospectivo
Idadeentre70---79 47,27 2.052 Perdaauditivamédiatonal(PTA)>25dBPA napiororelha
Perdaauditivacondutiva=15dBoumaisou maiorgapaéreo-ósseoemduasfrequências consecutivastestadas(0,5,1,2e4kHz)na piororelha
Idade,históriadecirurgiada orelha,usodeálcool,diabetes, tabagismo,
doenc¸acardiovascular,doenc¸a cerebrovascular,escore minimental,hipertensão, exposic¸ãoaruídoocupacional, usodesalicilatos
YehMC etal., 2015
Taiwan Estudodecoorte
retrospectivo
Todasasidades 89,79 42.640 PANS=falhaemouvirpelomenosuma
frequênciaemambososníveisde intensidade
Faixaetária,sexo,renda, diabetes,hipertensão,DAC, doenc¸arenalcrônicaeárea OzkirisM
etal., 2013
Turquia Transversal Faixaetária
entre50---55 anos
100 75 Valoresmédiosdeconduc¸ãoaéreaeóssea
emcadafrequência
Semajustes
Semdefinic¸ãodePANS
650 UpalaSetal.
Registros identificados por meio de pesquisa em base
de dados (n = 127) MEDLINE = 41 EMBASE = 42 LILACS = 44
Registros após duplicatas removidas (n = 83)
Registros triados (n = 83)
Artigos completos avaliados para elegibilidade
Estudos incluídos nas sínteses qualitativas
Registros excluídos (n = 67)
Artigos completos excluídos, com razões
(n = 9)
Dados não disponíveis (n = 2) Estudo não observacional
(n = 1)
Sem avaliação de associação (n = 2)
Nenhum resultado (n = 2) Carta (n = 2) Estudos incluídos nas
sínteses quantitativas (metanálise)
Figura1 Resultadosdebuscadeinformac¸ões.
deDMOforamfêmur,colunalombarecabec¸aeosmétodos deavaliac¸ãodoestado deaudic¸ão incluíramaudiometria, otoscopiaeautorrelatado.Ascaracterísticasdosoito estu-dos extraídosincluídos nestarevisão sãoapresentadas na
tabela1.
Avaliac¸ãodaqualidadedosestudosincluídos
Aqualidadedenoveestudosdecortetransversal,três coor-tesedoiscasos-controlefoiavaliadaporENO(tabela1).O escoretotalvarioude3-8.Doisestudostiverambaixa quali-dade(pontuac¸ãototal=3)eforamexcluídosdametanálise.
Resultadosdemetanálise
Cinco estudos (2, 12, 13, 16, 20) foram incluídos na metanálisedeperdadeaudic¸ão.Houveumaumento estatis-ticamente significativodaprobabilidadedeperdaauditiva no grupo de baixa DMO ou no grupo da osteoporose com OR de 1,20 (IC 95% 1,01-1,42, p=0,04 e p=82%, Pheterogeneidade=0,01) (fig. 2). Os estudos de Clark et al.,
Kahveci et al., Mendy et al. e Yeh et al. relataram pro-babilidade significativamente maior de perda auditiva no grupo de baixa DMO com OR de 1,90 (IC 95% 1,37-2,63,
p<0,01),4,50(IC95%1,82-11,13,p<0,01),2,08(IC95%1,33
−3,24,p<0,01),e1,76(IC95%1,33-2,33,p<0,01),
respec-tivamente.Noentanto,oestudodeHelzneretal.relatou probabilidadesignificativamentemaiordeperdaauditivano grupodebaixaDMO,emparticularnaáreaepopulac¸ãoque incluemcolofemoraldehomensnegros1,37(IC95% 1,07-1,76,p=0,01)equadriltotaldehomensnegros1,36(95%IC 1,05-1,76,p=0,02).
Análisedesensibilidade
Para avaliar a estabilidade dos resultados da metanálise, foifeitaumaanálisedesensibilidade,excluiu-seumestudo porvez.Nenhumresultadofoisignificativamentealterado, oqueindicaqueeramsubstanciais.
Viésdepublicac¸ão
Para investigar o potencial viés de publicac¸ão, examina-mosográficoemfunilcomcontornodelineadodosestudos incluídos na avaliac¸ão de mudanc¸a de log OR de perda
Nome do estudo
Clark, 1995 Helzner, 2005 Helzner, 2005 Helzner, 2005 Helzner, 2005 Helzner, 2005 Helzner, 2005 Helzner, 2005 Helzner, 2005 Kahveci, 2014 Mendy, 2014 Yeh, 2015 Total
Densidade óssea do colo femoral Colo femoral-homens negros Colo femoral-mulheres negras Colo femoral-homens brancos Colo femoral-mulheres brancas Quadril total-homens negros Quadril total-mulheres negras Quadril total-homens brancos Quadril total-mulheres brancas Fêmur ou coluna
Cabeça
Coluna, quadril ou antebraço 1,90 1,37 0,83 0,92 0,92 1,36 0,91 0,86 0,98 4,50 2,08 1,76 1,20 1,37 1,07 0,67 0,77 0,77 1,05 0,73 0,72 0,82 1,82 1,33 1,33 1,01 2,63 1,76 1,03 1,09 1,09 1,76 1,13 1,03 1,17 11,13 3,24 2,33 1,42 0,00 0,01 0,09 0,35 0,34 0,02 0,40 0,10 0,82 0,00 0,00 0,00 0,04 0,1 0,2
Mais perda auditiva em DMO normal
Mais perda auditiva em DMO baixa/osteoporose 0,5 1 2 5 10
7,79 8,78 9,24 9,72 9,74 8,73 9,20 9,66 9,72 2,73 6,31 8,38 Subgrupo Estatística para cada estudo Odds ratio e IC 95%
Peso relativo Odds ratio Limite mínimo Limite máximo valor p
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
–2,0 –1,5 –1,0 –0,5 0,0
Log odds ratio
Gráfico em funil de erro padrão por log odds ratio
Erro padrão
0,5 1,0 1,5 2,0
Figura3 Gráficoemfunilqueavaliaviésdepublicac¸ão.
auditiva(fig. 3).O eixovertical representao tamanhodo estudo(erropadrão),enquantooeixohorizontalrepresenta otamanhodoefeito(razãodeprobabilidadeslogarítmicas). Apartirdessegráfico,nãohápresenc¸adeviés,porquehá distribuic¸ão simétrica dos estudos em ambos os lados da média.OtestedeEggerfoinãosignificativo(p=0,36).Com osmétodosde‘‘trim’’e‘‘fill’’ nomodelodeefeitos alea-tóriosnãohouvediferenc¸adeORatribuída(1,38)eseuIC de95%(1,08-1,7).
Discussão
Como, a partir de estudos anteriores, a associac¸ão entre a massa óssea e a perda auditiva é inconsistente, fize-mosaprimeirametanálisedaassociac¸ãoentreadensidade mineralósseaeaperdadeaudic¸ão.Deacordocomnossa metanálisedecincoestudosdediferentespaíses,faixas etá-rias, sexos e etnias, descobrimosque umadiminuic¸ão da DMOouosteoporosefoisignificativamenteassociadaàperda auditiva.
A perda de audic¸ão relacionada com a idade, ou ‘‘presbiacusia’’,écausadaporetiologiasmultifatoriais.Um estudo recente propôs que o osso temporal petroso des-mineralizado, além de perdade massa óssearelacionada com a idade, pode ser a causa do desenvolvimento de presbiacusia.11,21Curiosamente,nadoenc¸aósseadePaget, adesmineralizac¸ãodoossococlearestáassociadaàperda deaudic¸ão.Noentanto,aetiologiadaassociac¸ãonãoestá clara.22Emconcordânciacomadesmineralizac¸ãonadoenc¸a ósseadePaget,umestudofeitoem pacientescom otoes-clerose por avaliac¸ão por tomografia computadorizada de alta resoluc¸ão da cápsula coclear mostrou diminuic¸ão da DMO em locais específicos da coclear cápsula. Portanto, a diminuic¸ão da DMO associa-se fisiologicamente à perda auditiva.
A etiologia da doenc¸a de Paget e da otosclerose par-tilha patogenia semelhante na parede lateral da cóclea, emquearemodelac¸ãoósseaanormalmanipulaamudanc¸a de íon e hemostasia de líquido no espac¸o perilinfático da cóclea.23 No entanto, existem várias características exclusivas da alterac¸ão patológica na otosclerose, inclu-sive espessamentofibroso eperdadevasos sanguíneosda cóclea,hialinizac¸ãodoligamentoespiraleatrofiadaestria vascular.24
Portanto, o desequilíbrio na formac¸ão e reabsorc¸ão óssea, associado à osteoporose, pode desempenhar um papelimportantenometabolismoiônicodisfuncionalelevar àperdadeaudic¸ãoneurossensorial.
Em geral, as DMO em sítios mais distais têm uma forte correlac¸ão com as medic¸ões no quadril e coluna vertebral. O coeficiente de correlac¸ão entre sítios dis-tais e centrais é entre 0,6-0,70.25 No entanto, algumas populac¸ões cujas medic¸ões periféricas são normais pode-riam terquadril ou colunaosteoporótica;por exemplo, a mulhernapós-menopausacomfatoresderisco osteoporó-ticossignificativos.25Portanto,diferentessítiosdemedic¸ão daDMOdecadaestudopodemnãorefletircomprecisãoa DMOtotaldocorpo.Comosresultadoslimitadosdeestudos anteriores, nosso estudo demonstrou a primeira metaná-lise de correlac¸ão entre perda auditiva e DMO. Nenhum dos estudos incluídos na nossametanálise relatou a DMO corporal total. No entanto, nossa metanálise levantou a preocupac¸ãosobreaperdaauditivanaosteoporose,poisseu resultadoéaevidênciamaisfortedaassociac¸ãoentreperda auditivae osteoporose já registrada. Portanto,para ava-liarmaisevidênciasdaassociac¸ão,outrosestudosdecoorte daassociac¸ãoentreDMOcorporaltotaleperdadeaudic¸ão devemseravaliados.
As limitac¸ões deste estudo incluem diferentes desfe-chosde perdade audic¸ão e locais de medida da DMOde diferentesestudos.Osdesfechos deperdaauditiva foram determinados em diversosaspectos damedic¸ão, inclusive audiometria e autoavaliac¸ão do paciente. A variac¸ão no desfecho da perda auditivapoderia potencialmente alte-rar os resultados e a conclusão. Como a mensurac¸ão da DMO em sítios distintos pode não ser tão precisa como a DMO total, a interpretac¸ão do nosso estudo pode ser limitada.
Conclusão
Nossoestudopropôsaprimeirametanálisequedemonstrou umaprovávelassociac¸ãoentreperdaauditivaeDMO.A oste-oporosepodeser umfatorderisco para perdaauditivae podedesempenharumpapelimportantenaperdaauditiva relacionadacomaidade.
Aprovac
¸ão
ética
Esteartigonãocontémestudoscomparticipanteshumanos ouanimaisfeitosporqualquerumdosautores.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Agradecimento
652 UpalaSetal.
Apêndice
1.
Estratégia
de
busca
Medline
1)Hearingloss.mp.ouexpHearingLoss/ 2)Audiometry.mp.ouexpAudiometry/
3)Otoacoustic.mp.[mp=título,resumo,títulooriginal, nomedepalavraimportante,palavradetítuloprincipal, palavra-chaveprincipal,palavraconceitosuplementardo protocolo,palavraconceitosuplementardoprotocolo paradoenc¸arara,identificadorexclusivo].
4)ExpOsteoporosis/ouosteoporosis.mp. 5)Osteopenia.mp.
6)ExpBoneDensity/oubonedensity.mp. 7)Bonemass.mp.
8)Boneloss.mp. 9)BMD.mp.
10)Bonemineraldensity.mp. 11)1ou2ou3
12)4ou5ou6ou7ou8ou9ou10 13)11e12
14)limite13parahumanos
EMBASE
((’osteoporosis’/expor‘osteoporosis’and[embase]/lim)or (osteopeniaand[embase]/lim)or(’bonedensity’and [embase]/lim)or(’bonemass’and[embase]/lim)or (’boneloss’and[embase]/lim)ou(bmdand
[embase]/lim))e((’hearingloss’/expor‘hearingloss’ and[embase]/lim)ou(‘audiometry’/expor‘audiometry’ and[embase]/lim))e[humans]/lim)e[embase]/limnot [medline]/lim.
Referências
1.FederK,MichaudD,Ramage-MorinP,McNameeJ,BeauregardY. PrevalenceofhearinglossamongCanadiansaged20to79: audi-ometricresultsfromthe2012/2013CanadianHealthMeasures Survey.HealthRep.2015;26:18---25.
2.Clark K, Sowers MR, Wallace RB, Jannausch ML, Lemke J, AndersonCV.Age-relatedhearinglossandbonemassina popu-lation of ruralwomen aged 60 to 85years. Ann Epidemiol. 1995;5:8---14.
3.Leske MC. Prevalence estimatesof communicative disorders intheU.S.Language,hearingandvestibulardisorders.ASHA. 1981;23:229---37.
4.DaltonDS,CruickshanksKJ,KleinBE,KleinR,WileyTL,Nondahl DM.Theimpactofhearinglossonqualityoflifeinolderadults. Gerontologist.2003;43:661---8.
5.Kramer SE, Kapteyn TS, Kuik DJ, Deeg DJ. The association ofhearingimpairmentandchronicdiseaseswithpsychosocial healthstatusinolderage.JAgingHealth.2002;14:122---37.
6.WoodcockK,PoleJD.HealthprofileofdeafCanadians:analysis oftheCanadaCommunityHealth Survey.CanFamPhysician. 2007;53:2140---1.
7.Woodcock K, Pole JD. Educational attainment, labour force status and injury: a comparison of Canadians with and
withoutdeafnessandhearingloss.IntJRehabilRes.2008;31: 297---304.
8.Hasson D, Theorell T, Westerlund H, Canlon B. Prevalence andcharacteristicsofhearingproblemsinaworkingand non--workingSwedishpopulation.JEpidemiolCommunityHealth. 2010;64:453---60.
9.FerriteS,SantanaV.Jointeffectsofsmoking,noiseexposure andageonhearingloss.OccupMed(Lond).2005;55:48---53.
10.HuangQ,TangJ.Age-relatedhearinglossorpresbycusis.Eur ArchOtorhinolaryngol.2010;267:1179---91.
11.KimJY,LeeSB,LeeCH,KimHM.Hearinglossin postmenopau-salwomenwithlowbonemineraldensity.AurisNasusLarynx. 2016;43:155---60.
12.Yeh MC, Weng SF, Shen YC, Chou CW, Yang CY, Wang JJ, et al. Increased risk of sudden sensorineural hearing loss inpatientswithosteoporosis:a population-based,propensity score-matched,longitudinalfollow-upstudy.JClinEndocrinol Metab.2015;100:2413---9.
13.KahveciOK,DemirdalUS,YucedagF,CerciU.Patientswith oste-oporosishavehigherincidence ofsensorineural hearingloss. ClinOtolaryngol.2014;39:145---9.
14.StroupDF,BerlinJA,MortonSC,OlkinI,WilliamsonGD,Rennie D,et al.Meta-analysis ofobservational studiesin epidemio-logy:aproposalforreporting.Meta-analysisOfObservational Studies in Epidemiology (MOOSE) group. JAMA. 2000;283: 2008---12.
15.StangA.CriticalevaluationoftheNewcastle---Ottawascalefor theassessmentofthequalityofnonrandomizedstudiesin meta--analyses.EurJEpidemiol.2010;25:603---5.
16.Purchase-HelznerEL,CauleyJA,FaulknerKA,PrattS,Zmuda JM,TalbottEO,etal.Hearingsensitivityandtheriskofincident fallsand fractureinolderwomen:thestudyofosteoporotic fractures.AnnEpidemiol.2004;14:311---8.
17.KimSH,KangBM,ChaeHD,KimCH.Theassociationbetween serumestradiollevelandhearingsensitivityinpostmenopausal women.ObstetGynecol.2002;99:726---30.
18.OzkirisM, KaracavusS, Kapusuz Z, BalbalogluO, SaydamL. Doesbone mineraldensityhaveaneffecton hearinglossin postmenopausalpatients.AnnOtolRhinolLaryngol.2013;122: 648---52.
19.Helzner EP, CauleyJA, Pratt SR, WisniewskiSR, Talbott EO, ZmudaJM,etal.Hearingsensitivityandbonemineraldensity inolderadults:thehealth,agingandbodycompositionstudy. OsteoporosInt.2005;16:1675---82.
20.MendyA,VieiraER,AlbatinehAN,NnadiAK,LowryD,GasanaJ. Lowbonemineraldensityisassociatedwithbalanceandhearing impairments.AnnEpidemiol.2014;24:58---62.
21.ShinYJ,FraysseB,DeguineO,CognardC,CharletJP, Sevely A. Sensorineuralhearinglossand otosclerosis: aclinicaland radiologic survey of 437 cases. Acta Otolaryngol. 2001;121: 200---4.
22.MonsellEM.ThemechanismofhearinglossinPaget’sdiseaseof bone.Laryngoscope.2004;114:598---606.
23.Wangemann P. Supporting sensory transduction: cochlear fluidhomeostasis and theendocochlear potential.J Physiol. 2006;576:11---21.
24.DohertyJK,LinthicumFHJr.Spiralligamentandstriavascularis changesincochlearotosclerosis:effectonhearinglevel.Otol Neurotol.2004;25:457---64.