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Design inclusivo na cidade

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Academic year: 2021

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(1)DESIGN INCLUSIVO NA CIDADE UM CONTRIBUTO AO NÍVEL DO EQUIPAMENTO URBANO. JOANA MAGALHÃES FRANCISCO / DOUTORAMENTO EM DESIGN / DOCUMENTO DEFINITIVO / MARÇO 2018 / TESE ESPECIALMENTE ELABORADA PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR / ORIENTADORA: DRª MARIA INÊS DE SECCA RUIVO / CO-ORIENTADORA: DRª RITA ASSOREIRA ALMENDRA CONSTITUIÇÃO DO JÚRI / PRESIDENTE E VOGAIS: DR. JOSÉ NUNO DINIS CABRAL BEIRÃO, PROF. AUXILIAR, FACULDADE DE ARQUITETURA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA / DRª MARIA INÊS DE CASTRO MARTINS SECCA RUIVO, PROFª AUXILIAR, UNIVERSIDADE DE ÉVORA / DR. JOSÉ RUI DE CARVALHO MENDES MARCELINO, PROF. AUXILIAR, FACULDADE DE ARQUITETURA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA / DR. PEDRO DUARTE CORTESÃO MONTEIRO, PROF. AUXILIAR CONVIDADO, FACULDADE DE ARQUITETURA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA / DR. PEDRO PAULO EUGÉNIO DE OLIVEIRA, PROF. AUXILIAR, INSTITUTO DE ARTE DESIGN E EMPRESA – UNIVERSITÁRIO / DR. BARTOLOMEU ADALBERTO FIGUEIREDO PAIVA, PROF. ADJUNTO, ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO INSTITUTO POLITÉCNICO DE COIMBRA.

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(3) DESIGN INCLUSIVO NA CIDADE Um Contributo ao Nível do Equipamento Urbano.

(4) DESIGN INCLUSIVO NA CIDADE Um Contributo ao Nível do Equipamento Urbano Tese especialmente elaborada para a obtenção do g rau de doutor. RAMO DE DOUTORAMENTO Design. DOUTORANDA Joana Magalhães Francisco ORIENTADORA Maria Inês Secca Ruivo. CO-ORIENTADORA Rita Assoreira Almendra Documento definitivo Março 2018.

(5) Esta tese de doutoramento foi apoiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, do Estado Português por verbas do Fundo Social Europeu através do Programa Operacional Capital Humano (POCH), com uma bolsa de investigação com a referência: SFRH/BD/85319/2012.

(6) Para o Guilherme, os meus pais, o José De Almeida e, nunca esquecendo os meus avós..

(7) AGRADECIMENTOS. A. gradeço a todos os que fizeram parte deste processo ao longo destes cinco anos. À minha orientadora Professora Doutora Maria Inês de Secca Ruivo, por. todo o conhecimento e diretrizes essenciais para a evolução da investigação. Agradeço ainda a dedicação e sucessivas demonstrações de força e positivismo, por ter proporcionado discussões e sugestões que serviram para melhorar o desenvolvimento da investigação e o crescimento e aprendizagem pessoal e profissional durante todo este processo. À Professora Doutora Rita Assoreira Almendra, co-orientadora, pelo auxílio durante o desenvolvimento da investigação..

(8) À FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia)que me atribuiu a bolsa de estudo para esta investigação, com verbas do Fundo Social Europeu através do Programa Operacional Capital Humano (POCH), com uma bolsa de investigação. Ao professor Amilton Santos pelo contributo que deu à minha candidatura à bolsa da FCT. Ao meu pai Floriano Francisco e, à minha mãe Liliana Francisco por todas as ferramentas, confiança, apoio que sempre depositaram nas minhas escolhas e por toda a ajuda na discussão de conteúdos inerentes à investigação. Ao José De Almeida pelo apoio ao longo de todo o processo e pelo design gráfico da tese. Ao meu filho Guilherme pelos sorrisos, e abraços e por existir. À minha família pelo apoio e a maneira interessada com que sempre quiseram saber dos desenvolvimentos deste trabalho. À Rute Gomes pela amizade construída nestes cinco anos, pela troca de ideias e aprendizagem partilhada. À Catarina Colaço, Inês Secca Ruivo, Célia Figueiredo, Piedade Magalhães, Sara Didelet, Helena Ladeiro, Paula Machado, amigos e colegas pela força e apoio que me deram no meu percurso académico e profissional. Ao grupo de profissionais (Paula Torgal, Fernando Miguel Marques, Mário Barros, Rute Gomes, Célia Gomes, Sofia Aleixo) que participou na investigação ativa do desenvolvimento da Ferramenta I. Um agradecimento aos grupos de alunos de mestrado em Design e Arquitetura da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa e da Universidade de Évora, que acordaram em participar e deram feedback à validação da Ferramenta I. Um agradecimento à Professora Paula Reaes Pinto (UE) e ao Professor Rui Marcelino (FAUL) por terem disponibilizado os seus alunos para os testes da ferramenta. Um agradecimento ao Núcleo de Acessibilidade Pedonal da Câmara Municipal de Lisboa, nas pessoas de Pedro Homem Gouveia e Jorge Falcato, pela disponibilidade.

(9) e interesse demonstrado nesta investigação e pela facultação de material. Agradeço também à ACAPO e à APD e à Voz do Bairro (associação de moradores do bairro da Misericórdia em Lisboa) e a todos os utilizadores pela participação na resposta aos questionários online e in loco. Finalmente à Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian por ter disponibilizado um gabinete de leitura. A todos, o meu muito obrigada..

(10) RESUMO & PALAVRAS-CHAVE Abstract & Keywords I.

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(12) DESIGN INCLUSIVO NA CIDADE. RESU MO. A. ABS TRACT. dos seus habitantes, sendo nesse contexto. U. considerada como área de intervenção re-. vention area of relevant and relevant. levante para o Design.. to the Design.. Assumida como ponto de partida da in-. One of the starting points of this in-. vestigação consta a verificação de que. vestigation was the verification that. há condições insuficientes ao nível de. there are insufficient conditions at. Equipamento Urbano (E.U.) adequado. the level of Urban Equipment (U.E.). à cidade e aos seus habitantes, causadas. appropriate to the City and its users.. pela desorganização urbana, pelo aumen-. This was caused by urban disorga-. configuração do espaço urbano. afigura-se. determinan-. te para a qualidade de vida. rban space configuration is cr ucial to life quality of its inhabitants, in this. context it is considered as an inter-. I.

(13) JOANA MAGALHÃES FRANCISCO. to de população envelhecida, consequen-. nization, the increase of the elder-. te aumento do índice de indivíduos com. ly population, the increase of peo-. mobilidade reduzida, entre outros facto-. ple with reduced mobility, among. res. Dessa premissa afigurou-se a necessi-. other factors. This premise raised. dade de se compreender de que forma os. the need to understand how the. conceitos de inclusividade e de iden-. concepts of inclusiveness and iden-. tidade, aplicados ao projeto de E.U. de. tity, applied to the U.E. project, can. descanso, poderão contribuir para tornar. contribute to make the city more. a urbe mais amistosa para a população,. friendly to its population, regard-. independentemente de factores como a. less of factors such as age, physical,. idade, condição física, social ou étnica.. social, ethnic, or other.. De entre o universo de tipologias que. Of the universe of typologies that. constituem o E.U., no âmbito do presen-. make up the U.E, the rest equip-. te trabalho destaca-se o equipamento de. ment, because of its relation of. descanso, pela sua relação de maior pro-. greater proximity to the user body. ximidade com o corpo do utilizador e. and because they constitute as ob-. por se constituir como família de objetos. jects of greater scale and perceptible. de maior escala e impacto visual percep-. visual impact, are those to which a. tível. Nesse sentido, afirmam-se como. greater need applies of meeting fac-. aqueles a que se aplica uma maior neces-. tors of inclusiveness and identity,. sidade de reunião de fatores de inclusivi-. thus being able to resolve conflicts. dade e identidade, podendo desse modo. of space, use and identity, curren-. contribuir para a resolução de conflitos. tly still present in much of the U.E.. de espaço, de utilização e de identidade,. installed in the city.. atualmente ainda presentes em grande parte do E.U. instalado nas cidades.. Taking into account this issue and focusing particularly on the wide variety of resting equipment, the. I.

(14) DESIGN INCLUSIVO NA CIDADE. Atendendo a esse problema, a presente. present research is based on the U.E.. investigação recai sobre o estudo do E.U.. study and its main objective is to. de descanso e tem como objetivo central. contribute to solving the problems. contribuir para a resolução dos proble-. of inclusiveness and identity that. mas de inclusividade e de identidade ain-. are still present.. da consigo relacionados. In this sense, an approach was used Com esse propósito, no presente trabalho. that included the development of a. propõem-se uma nova ferramenta de ava-. tool, either of analysis or indication. liação e análise de opções de design, que. of design criteria, that allows to. permite congregar uma resposta proje-. congregate a project response that. tual inequivocamente atenta e integrado-. unequivocally meets and integra-. ra de critérios de inclusividade e identi-. tes as mandatory requirements and. dade, sendo o foco da sua aplicação o E.U.. goals of design, factors of inclusive-. de descanso.. ness and identity. In this way, complementary research purposes iden-. São propósitos complementares da inves-. tify and define design practices that. tigação identificar e definir práticas de. promote (re) invention, (re) valo-. projeto que promovam a (re) invenção,. rization and (re) identification of. a (re)valorização e a (re)identificação da. the city, namely by integrating the. cidade, por via do E.U. instalado, contri-. factors of inclusiveness and identity. buindo-se assim para a reflexão sobre a. in the installed U.E, thus contribu-. evolução da urbe enquanto espaço públi-. ting to the reflection on the evolu-. co e desejável lugar de cidadania crescen-. tion of the city as a public space and. temente inclusivo, quer das necessidades. increasingly inclusive place of citi-. dos seus habitantes e utilizadores, quer. zenship, both the needs of its inha-. dos seus valores identitários.. bitants and users and their identity values.. Sendo a introdução do tema realizada no. I.

(15) JOANA MAGALHÃES FRANCISCO. primeiro capítulo, no segundo capítulo. Being the introduction of the the-. procede-se à contextualização histórica e. me carried out in the first chapter,. de principais conceitos relacionados com. in the second chapter we proceed to. o E.U. de descanso.. the historical contextualization and main concepts related to the U.E. of. O terceiro capítulo é dedicado à metodo-. rest.. logia adotada para a definição do projeto, tendo incidido na contextualização de. The third chapter is dedicated to the. propostas metodológicas de outros auto-. methodology adopted for the defi-. res e em três tipos de análise complemen-. nition of the project, focusing on. tares: investigação de campo; estudos de. the contextualization of methodo-. caso; análise de equipamentos urbanos. logical proposals by other authors. de descanso implementados e de concept. and on three complementary types. design.. of analysis: field research; case studies; analysis of urban rest devices. A partir do cruzamento dos resultados. implemented and concept design.. decorrentes dessas análises, no capítulo IV procedeu-se à construção da Ferra-. Based on the cross-referencing of. menta i, a qual permite a definição ob-. the results of these analyzes,in the. jetiva de critérios de projeto sediados em. fourth chapter, a tool - Tool i - was. princípios de inclusividade e identidade,. developed and allows the objective. assumindo-se assim a sua aplicação como. definition of project criteria based. um potencial mediador adequado às ne-. on principles of inclusiveness and. cessidades de uma sociedade em constan-. identity, assuming its application. te transformação.. as a potential mediator cultural and inclusive identity, appropriate to. Com a validação da Ferramenta i, os re-. the response to a society in constant. sultados da investigação, propõem-se, em. transformation.. termos últimos, contribuir para a com-. I.

(16) pressão da importância do papel do de-. With the validation of the Tool i, the re-. sign inclusivo e identitário enquanto fac-. sults of the research propose, in the. tores determinantes da concepção de E.U.. last, to contribute to the compres-. de descanso.. sion of the importance of the role of inclusive design and identity as. Nesse sentido, a Ferramenta i posiciona-. determinants of the U.E. conception. -se como um apoio ao processo projetual,. of rest. In this sense, Tool i stands. essencial, na medida em que potencia o. as a support to the design process,. desenvolvimento de soluções de design. essential, as it enhances the develo-. tendencialmente mais equilibradas, tam-. pment of more balanced design so-. bém, na perspetiva inclusiva e identitária,. lutions, also, in the perspective of. tendo em vista o planeamento integrado. inclusiveness and identity, in view. e consciencioso da estrutura da cidade. of the integrated and conscientious. como espaço de mobilidade complexo e. planning of the str ucture of the city. em permanente mudança.. as a complex and constantly changing space for mobility.. Deseja-se assim, com este trabalho, contribuir para uma nova visão da urbe en-. With this work, we want to contri-. quanto cenário e espaço partilhado de. bute to a new vision of the city as. uma sociedade que se afirme, tenden-. a scenario and public space of a so-. cialmente, quer mais inclusiva quer mais. ciety that affirms, tendentially, both. coerente nas estratégias de comunicação. more inclusive and more coherent. da sua própria identidade.. in the strategies of communication of its identity..

(17) JOANA MAGALHÃES FRANCISCO. I.

(18) DESIGN INCLUSIVO NA CIDADE. PALAVRAS-CHAVE. D ESIGN. DE. E QUIPAMENTO. KEYWORDS. U RBAN E QUIPMENT D ESIGN. U RBANO I NCLUSIVE D ESIGN D ESIGN I NCLUSIVO I DENTITY I DENTIDADE U SER U TILIZADOR C ITY C IDADE A NALYSE T OOL F ERRAMENTA. DE ANÁLISE. I.

(19) JOANA MAGALHÃES FRANCISCO. I.

(20) ÍNDICE GERAL II.

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(22) DESIGN INCLUSIVO NA CIDADE. 033. ÍNDICE DE FIGURAS. 039. ÍNDICE DE TABELAS. 046. LISTA DE ACRÓNIMOS & ABREVIATURAS. 001. I. 003. 1.1 Âmbito 1.1.1 Definição do tema 1.1.2 Delimitação do objeto de estudo 1.1.3 Fundamentação da escolha 1.2 Objetivo 1.3 Problema da investigação 1.4 Metodologia 1.5 Estrutura da tese. 003 005 008 011 011 012 015 017 019 019 022 028 028 030 033 036 041 047. INTRODUÇÃO. II. ENQUADRAMENTO TEÓRICO 2.1. EQUIPAMENTO URBANO - CONCEITO E CONTEXTO DE EVOLUÇÃO 2.1.1 O conceito de equipamento urbano 2.1.2 Equipamento urbano - enquadramento histórico 2.1.3 A cidade como contexto de intervenção do design de equipamento urbano 2.1.3.1 Preâmbulo 2.1.3.2 Planeamento urbano - impacto no design de equipamento urbano 2.2 DESIGN DE EQUIPAMENTO URBANO EM PORTUGAL - 1900 ATÉ AO SÉC. XXI 2.2.1 Anos 10 a 40 do séc. XX 2.2.2 Anos 50 a 70 do séc. XX 2.2.3 Anos 80 a 90 do séc. XX. II.

(23) JOANA MAGALHÃES FRANCISCO. 050 056 056 061 070 084 084 092 097 101 103 104 110 110 118 118 118 121 121 128 133 136 142 147 151 151. II. 2.2.4 Início do século XXI 2.3 INCLUSIVIDADE E IDENTIDADE COMO FACTORES DE SUSTENTABILIDADE DO DESIGN DE EQUIPAMENTO URBANO 2.3.1 A perceção e a forma da cidade 2.3.2 Avaliar e projetar equipamento urbano 2.3.3 Design inclusivo a dupla face da inclusividade na perspetiva do utilizador e na perspetiva da identidade da cidade 2.3.4 O espaço público enquanto lugar de memória e identidade da cidade 2.3.4.1 Equipamento urbano como agente da identidade da cidade 2.3.4.2 Massificação como barreira para a visualização e contemplação dos espaços 2.4 CONSIDERAÇÕES INTERMÉDIAS III DESENHO DO PROCESSO DE APOIO AO PROJETO 3.1 ENQUADRAMENTO PRÉVIO 3.2 MÉTODOS DE REFERÊNCIA 3.3 DEFINIÇÃO DO MÉTODO PROPOSTO 3.3.1 Critérios e modelo a adotar 3.4 BASE - FONTES DE EVIDÊNCIA 3.4.1 Enquadramento 3.4.1.1 Fundamentação da escolha das fontes de evidência 3.4.2 Fonte de evidência 1 - Lisboa 3.4.2.1 Definição do objeto de estudo: seleção de percursos 3.4.2.2 Avaliação do percurso 1: Penha de França-Graça 3.4.2.3 Avaliação do percurso 2: Rato-Campo de Ourique 3.4.2.4 Avaliação do percurso 3: Avenidas Novas 3.4.3 Fonte de evidência 2 - Barcelona 3.4.4 Fonte de evidência 3 - Tóquio 3.5 SINOPSE - ANÁLISES PEST E SWOT 3.5.1 Enquadramento.

(24) DESIGN INCLUSIVO NA CIDADE. 152 161 165 170 171 176 178 178 179 179 183 194 194 196 196 198 199 202 204 204 210 215 215 217 230 242 253. 3.5.2 Análise PEST 3.5.3 Análise SWOT 3.6 CONSIDERAÇÕES INTERMÉDIAS IV DESENVOLVIMENTO DE PROJETO 4.1 FERRAMENTAS DE REFERÊNCIA 4.2 CONSTRUÇÃO DA FERRAMENTA i 4.3 PARÂMETROS DE APLICAÇÃO DA FERRAMENTA i 4.3.1 Caracterização dos grupos de amostra 4.3.1.1 Grupo de questionário - Utilizadores 4.3.1.2 Grupo de teste - Avaliadores 4.3.2 Caracterização dos itenerários e dos objetos 4.3.3 Construção dos questionários aos utilizadores de equipamento urbano de descanso 4.3.3.1 Construção de questionário online 4.3.3.2 Construção de questionário in loco 4.3.4 Método de análise dos dados 4.4 TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO OBTIDA NOS TESTES DE APLICAÇÃO DA FERRAMENTA I 4.4.1 Aplicação da Ferramenta i 4.4.2 Caracterização da amostra 4.4.3 Resultados do grupo teste - Profissionais e Estudantes 4.4.3.1 Percurso - Cidade de Lisboa 4.4.3.2 Percurso - Cidade de Évora 4.4.4 Resultados do questionário - utilizadores 4.4.4.1 Resultados de questionário online 4.4.4.2 Resultados de questionário in loco 4.5 RESULTADOS DA TABELA DE TENDÊNCIAS DE DESENHO 4.6 ANÁLISE COMPARATIVA DOS RESULTADOS OBTIDOS 4.7 RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO SOBRE A EXPERIÊNCIA DE UTILIZAÇÃO DA FERRAMENTA I. II.

(25) JOANA MAGALHÃES FRANCISCO. 255. 4.7.1 Validação da Ferramenta i 4.7.2 Reformulação do problema 4.8 PROPOSTA PARA APLICAÇÃO DIGITAL DA FERRAMENTA I 4.9 CONSIDERAÇÕES INTERMÉDIAS. 256 257 260 267. V. 280. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. 289. BIBLIOGRAFIA. 297. GLOSSÁRIO. II. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

(26) DESIGN INCLUSIVO NA CIDADE. ANEXOS I II III IV V VI VII VIII IX X XI XII. Organograma da investigação Ferramenta I Ferramenta I profissionais Ferramenta I Alunos da UE Ferramenta I Alunos da FAUL Questionário utilizadores in loco Questionário utilizadores online Resultados do Questionário in loco Resultados do Questionário online Correspondência trocada com o coordenador do Plano de Acessibilidade Pedonal de Lisboa, da Câmara Municipal de Lisboa, Pedro Homem Gouveia. Artigos publicados Certificados de participação em conferências. II.

(27) ÍNDICE DE FIGURAS.

(28) JOANA MAGALHÃES FRANCISCO. 034.

(29) DESIGN INCLUSIVO NA CIDADE. 014. Figura 1 Organograma da investigação. 034. Figura 2 - Passeio Público do Rossio. Fonte: Imagem de domínio público.. 034. Figura 1 - Avenida da Liberdade, gravura, estúdio Mário Novais. Fonte:Arquivo Municipal de Lisboa, AFML A4641.. 038. Figura 3 - Praça do Império, Lisboa, 1949. Fonte: Arquivo fotográfico de Lisboa.. 040. Figura 4 - Catálogo Denonvilliers, Bancs de villes et jardins, Prancha nº 278, 1894.. 040. Figura 5 - Catálogo, Tusey Dufilhol, Prancha nº 320, 1897. Fontes: www.e-monument.net.. 043 045. 045 046 049. 051. Figura 6 - Da esquerda para a direita: Casino Estoril, 1966; Cadeira Alvor, 1966; Linha Prestígio, 1962. Fonte: MUDE Figura 7 - Da esquerda para a direita: Modelo Prefa, para a Escola Superior de Enfermagem de Lisboa, primeiro modelo a ser produzido em grande escala,1961. Cadeiras de José Espinho para a empresa Móveis Olaio. Fonte: MUDE Figura 8 - Cadeira empilhável Sena,1965, Design de António Sena da Silva para a empresa Móveis Olaio. Fonte: Galeria Puracal Figura 9 - De cima para baixo; Cadeira Gazela, 1955. Da esquerda para a direita: Cadeira Osaka, 1969. Embalagens SG Ventil 1964 -1968. Design de António Garcia. Fonte: MUDE Figura 10 - Da esquerda para a direita; Cadeira Mitsuhirat, 1988, Pedro Silva Dias; Cadeira Cassandra, 1991, Raul Cunca. Cadeira e mesa Silhoueta,1988, Paulo Parra. Cadeira Escadote, 1994, Fernando Brizio. Cadeira Chance, 1991, Filipe Alarcão. Fontes: pedrosilvadias.com; raulcunca.com; pauloparradesign.com; fablablisboa.pt Figura 11 - Bancos Parque das Nações. Arquiteto Carrilho da Graça. Fonte: andessemparar. blogspot.pt. 053. Figura 12 - Marginal Vila Nova de Gaia, e marginal do Porto. Fonte: gaiurb.pt. 063. Figura 13 - Missing Link (feedback). Fonte: Harold Lewis Malt (1970).. 078 080. Figura 14 - Quadro sobre as atividades no espaço público. Fonte. Life between the buildings, using public space, Jan Gehl, 2010. Figura 15 - Quadro com os doze critérios de Gehl na prespetiva do utilizador. Fonte: Life between the buildings, using public space, Jan Gehl, 2010. 083. Figura 16 - Penha de França, Lisboa.. 083. Figura 17 - Penha de França, Lisboa.. 111. Figura 18 - Processo de construção da metodologia proposta.. 035.

(30) JOANA MAGALHÃES FRANCISCO. 112. Figura 19 - Esquema metodológico de Bruno Munari (1981). 112. Figura 20 - Esquema metodológico de Bernhard E. Bürdek (2010). 114. Figura 21 - Adaptação do Método de Investigação Teórico-prática em Design de Inês Secca Ruivo (2013) ao esquema metodológico proposto na presente investigação (à direita) pela autora.. 116. Figura 22 - Esquema metodológico proposto pela autora.. 117. Figura 23 - Processo projetual.. 122. Figura 24 - Esquema dos pontos em comum dos três percursos escolhidos.. 124. Figura 25 - Mapa do percurso Rato – Campo de Ourique.. 124. Figura 26 - Mapa do percurso Penha de França – Graça.. 124. Figura 27 - Mapa do percurso Avenidas Novas.. 126. Figura 28 - Tabela para avaliação da Acessibilidade.. 126. Figura 29 - Tabela para avaliação da Inclusividade.. 126. Figura 30 - Tabela para avaliação da Cultura e Identidade.. 127. Figura 31 - Lista de abreviaturas usadas nas tabelas do guia de avaliação.. 129. Figura 32 - Da esquerda para a direita: Rua da Penha de França; Miradouro da Penha de França; Rua ilha do Príncipe; Rua Cidade de Cardiff.. 132. Figura 33 - Rua Penha de França.. 138. Figura 34 - Avenida Elias Garcia.. 141. Figura 35 - Avenida Elias Garcia junto à Fundação Calouste Gulbenkian. 143. Figura 36 - Linha temporal evolução do E.U. na cidade de Barcelona.. 145. Figura 37 - Banco Catalano de 1974 dos designers Oscra Tusquets e Lluís-Clotet. Fonte: BD Barcelona Design. 146. Figura 38 - Banco el Poeta de Alfredo Härbeli. Ano 2005. Fonte: BD Barcelona Design. 148. Figura 39 - Linha temporal evolução do E.U. de descanso na cidade de Tóquio.. 150 150. 036. Figura 40 - Banco Ripples, Designer Toyo Ito. Roppongi Hills, 2003. Fonte: http://www. roppongihills.com.e.nt.hp.transer.com/ Figura 41 - Banco sKape, Designer Karim Rashid. Roppongi Hills, 2003. Fonte: http://.

(31) DESIGN INCLUSIVO NA CIDADE. www.roppongihills.com.e.nt.hp.transer.com/. 153. Figura 42 - Análise PEST – E.U. de descanso.. 162. Figura 43 - Análise SWOT de E.U. de descanso existente no mercado.. 164. Figura 44 - Análise SWOT de Concept Design de E.U. de descanso.. 173. Figura 44 - The Place Diagram. Fonte: Project for Public Spaces (org.).. 181. Figura 46 - Ferramenta I tabela de resultados final. Exemplo de preenchimento.. 181. Figura 45 - Ferramenta I matriz de resultados referência.. 182. Figura 47 - Ferramenta I tabela de tendências.. 184. Figura 48 - Ferramenta I questionário final de utilização.. 186. Figura 49 - Percurso Terreiro do Paço - Jardim D. Luís I. Lisboa. Fonte: GoogleMaps. 186. Figura 50 - Percurso Praça do Giraldo - Sé de Évora. Évora. Fonte: GoogleMaps. 195. Figura 51 e 52 - Questionário online.. 195. Figura 53 e 54 - Questionário online para questionados com deficiência visual.. 197. Figura 55 - Questionário in loco, em suporte papel.. 201. Figura 56 - Ferramenta I aplicada a um suporte móvel.. 228. Figura 57 - Relevância atribuída pelos utilizadores aos elementos do E.U. Fonte: Autora.. 228. Figura 58 - Resposta dos utilizadores sobre os atributos do E.U. na cidade. Fonte: Autora.. 229. Figura 61- Resposta sobre o formato do E.U. preferido pelos utilizadores. Fonte: Autora.. 229. Figura 59 - Material preferido pelos utilizadores no E.U. Fonte: Autora.. 229. Figura 60 - Resposta sobre o tipo de banco a aplicar na cidade. Fonte: Autora.. 244 244 246 246. Figura 62 - Banco público no Jardim de São Pedro de Alcântara. Fonte: Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa. Figura 63 - Banco público na Praça Dom Pedro IV. Fonte: Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa. Figura 64 - Banco Sueste, Álvaro Siza Vieira, Larus. Jardins de Serralves, Porto. Fonte: larus. pt. Figura 65 - Banco Sueste, desenho técnico. Fonte: larus.pt... 037.

(32) JOANA MAGALHÃES FRANCISCO. 248. Figura 66 - Banco Sabbia, Raul Cunca e Tiago Girão, Aveiro. Fonte: raulcunca.com.. 248. Figura 67 - Banco Croco, Ieta Design. Jardim do Castelo, Marvão. Fonte: ietadesign.pt... 250. Figura 68 - Banco R Modular, Arq. Carlos Manuel Santos. Praça Dr. Francisco Sá Carneiro, Lisboa. Fonte: urban.amop.eu.. 250. Figura 69 - Banco Box (Basic). Trofa. Fonte: aboutsit.com.. 251. Figura 70 - Banco Outline. Batalha. Fonte: aboutsit.com.. 254. Figura 71 - Classificação atribuída pelos avaliadores ao uso da Ferramenta I. Fonte: Autora.. 254 254. Figura 72 - Classificação atribuída pelos avaliadores ao contributo da Ferramenta I para o projeto. Fonte: Autora. Figura 73 - Classificação atribuída pelos avaliadores à facilidade de uso da Ferramenta I. Fonte: Autora.. 259. Figura 74 - Aplicação da Ferramenta I online - ecrã 2. Fonte: simulação Autora.. 259. Figura 75 - Aplicação da Ferramenta I online. Fonte: simulação Autora.. 261. Figura 76 - Aplicação da Ferramenta I online - ecrã 1. Fonte: simulação Autora.. 261. 038. Figura 77 - Aplicação da Ferramenta I online - ecrã descrição do objeto. Fonte: simulação Autora..

(33) ÍNDICE DE TABELAS.

(34)

(35) DESIGN INCLUSIVO NA CIDADE. 206. Tabela 1 - Caracterização da amostra por género. Fonte: Autora.. 207. Tabela 2 - Caracterização da amostra por idade. Fonte: Autora.. 209 209. Tabela 3 - Diferenças na avaliação da inclusividade no E.U. por grupo de avaliadores em Lisboa. Fonte: Autora. Tabela 4 - Diferenças na avaliação da identidade no E.U. por grupo de avaliadores em Lisboa. Fonte: Autora.. 211. Tabela 5 - Avaliação geral da inclusividade do equipamento urbano de Lisboa. Fonte: Autora.. 212. Tabela 6 - Avaliação geral da identidade do equipamento urbano de Lisboa. Fonte: Autora.. 213 215 215 216 217. Tabela 7 - Coeficiente de concordância de Kendall entre a avaliação da inclusividade e identidade em Lisboa. Tabela 8 - Diferenças na avaliação da inclusividade no E.U. por grupo de avaliadores em Évora. Fonte: Autora. Tabela 9 - Diferenças na avaliação da identidade no E.U. por grupo de avaliadores em Évora. Fonte: Autora. Tabela 10 - Avaliação geral da inclusividade do equipamento urbano de Évora. Fonte: Autora. Tabela 11 - Coeficiente de concordância de Kendall entre a avaliação da inclusividade e identidade em Évora.. 218. Tabela 12 - Avaliação geral da identidade do equipamento urbano de Évora. Fonte: Autora.. 220. Tabela 13 - Resultados dos questionários aos utilizadores. Fonte: Autora.. 221. Tabela 14 - Caracterização da amostra por género e nível de escolaridade. Fonte: Autora.. 222 224 226 226 227 227. Tabela 15 - Caracterização da amostra por género e limitação física ou de mobilidade. Fonte: Autora. Tabela 16 - Tabela cruzada entre a avaliação da qualidade versus a qualidade do E.U. por nível de escolaridade. Fonte: Autora. Tabela 17 - Correlação entre a avaliação da quantidade de E.U. e o nível de escolaridade. Fonte: Autora. Tabela 18 - Correlação entre a avaliação da quanlidade de E.U. e o nível de escolaridade. Fonte: Autora. Tabela 19 - Resultado do teste de Kruskal-Wallis entre o nível de escolaridade e as avaliações de quantidade e qualidade. Fonte: Autora. Tabela 20 - Resultado do teste de Kendal W. entre o nível de escolaridade e as avaliações de. 043.

(36) JOANA MAGALHÃES FRANCISCO. quantidade e qualidade. Fonte: Autora.. 229 229. Tabela 21 - Correlação entre a escolaridade e a escolha do material. Fonte: Autora. Tabela 22 - Coeficiente de concordância na escolha dos avaliadores sobre o material. Fonte: Autora.. 230. Tabela 23 - Coeficiente de concordância de Kendal de amostras relacionadas.. 230. Tabela 24 - Teste de Kruskal-Wallis de amostras independentes.. 235. Tabela 25 - Tabela de tendências de desenho objeto tipo e duração. Fonte: Autora.. 235. Tabela 26 - Coeficiente de concordância de Kendall. Fonte: Autora.. 236. Tabela 27 - Tabela de tendências de desenho Identidade. Fonte: Autora.. 237. Tabela 28 - Coeficiente de concordância de Kendall entre as escolhas dos avaliadores. Fonte: Autora.. 237. Tabela 29 - Correlação entre as escolhas dos avaliadores. Teste tau b de Kendall. Fonte: Autora.. 239. Tabela 30 - Tabela de tendências de acabamento. Fonte: Autora.. 241. Tabela 31 - Coeficiente de concordância na escolha dos avaliadores sobre o acabamento. Fonte: Autora.. 241. Tabela 32 - Correlação entre escolhas sobre o acabamento. Fonte: Autora.. 242. Tabela 33 - Tabela de tendências de desenho solução tipo. Fonte: Autora.. 242. Tabela 34 - Correlação entre as escolhas e a solução tipo. Fonte: Autora.. 243. Tabela 35 - Tabela de tendências de características de construção. Fonte: Autora.. 244. Tabela 36 - Correlação entre as escolhas dos avaliadores. Teste tau b de Kendall. Fonte: Autora.. 244. Tabela 37 - Correlação entre as escolhas dos avaliadores. Teste tau b de Kendall. Fonte: Autora.. 245. Tabela 38 - Tabela de tendências de materiais. Fonte: Autora.. 256. 044. Tabela 39 - Comparação dos resultados da Ferramenta I e questionários aos utilizadores com os bancos existentes. Fonte: Autora..

(37) DESIGN INCLUSIVO NA CIDADE. 045.

(38) JOANA MAGALHÃES FRANCISCO. 046.

(39) LISTA DE ACRÓNIMOS & ABREVIATURAS.

(40)

(41) DESIGN INCLUSIVO NA CIDADE. ACAPO. Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal. APD. Associação Portuguesa de Deficiência. CML. Câmara Municipal de Lisboa. CPD. Centro Português de Design. EU. Equipamento Urbano. FAUL. Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa. FCT. Fundação para a Ciência e Tecnologia. PEST. Política, Económica, Social e Tecnológica. PPS. Project for Public Spaces. SPSS. Statistical Package for the Social Sciences. UE. Universidade de Évora. 049.

(42) INTRODUÇÃO CAPÍTULO I.

(43)

(44) DESIGN INCLUSIVO NA CIDADE. ÂMBITO 1.1 DEFINIÇÃO DO TEMA 1.1.1. A cidade pela sua natureza de espaço público contém múltiplos elementos que a constituem como lugar de interação social. Nesse sentido, a configuração da malha urbana assume-se como determinante da qualidade de vida dos seus habitantes, do mesmo modo que a relação dos utilizadores com um determinado lugar público tem uma importância basilar para o funcionamento da urbe. A esse propósito, Luciano Crespi (2011) alerta para que os espaços públicos correm o risco de deixar de ser sentidos pelas pessoas como lugares com as quais as mesmas se identificam, na medida em que tendem gradualmente a ignorar a capacidade de representar e. CAPÍTULO I. 003.

(45) JOANA MAGALHÃES FRANCISCO. identificar a comunidade que neles habita.1 Esse problema tem na sua génese dois fatores determinantes intrinsecamente relacionados, a noção de inclusividade do lugar e de identidade percepcionada. Considerado um campo específico de oportunidades de atuação no referente à qualidade de vida urbana, em 1994, Jean Pier More, et al., identificam o E.U. como fator determinante do reconhecimento da identidade de uma cidade.2 Também, desde os anos 70 do Século XX, que o factor inclusividade aplicado ao design tem sido defendido como indicador de sociedades equitativas e integradoras (Papanek, 1971) constituindo-se, atualmente, princípio internacionalmente reconhecido como de consideração necessária para o desenvolvimento responsável do espaço público, onde se inclui o E.U.. Contudo, a combinação consciente e sistematizada de ambos os pressupostos – identidade e inclusividade – aplicados ao design de E.U., e em particular ao de descanso, não é ainda uma realidade integrante da generalidade das soluções disponibilizadas, ou seja, dos processos de design inerentes a esse género de equipamento. Como tese principal do presente trabalho, defende-se precisamente que esse facto contribui por si só, significativamente, para a persistência dos problemas que implicam o risco de não identificação dos habitantes da cidade com os lugares da urbe. Essa noção é em si agravada se considerarmos que a razão de existência do design de E.U. se desejaria ser, em última instância, a inversa: integrar, incluir e promover a socialização e o reconhecimento do espaço público como lugar de identificação da cidade e das suas pessoas. 1 2. 004. “[...] aren´t felt by the people and they creased being places that people can identify. “Urban equipment is an inseparable component of environment of a city and enables the identity and full recognition of city “. More, Jean Pier, et al., Urban spaces, design, execution, management. 1994, p.2).. CAPÍTULO I.

(46) DESIGN INCLUSIVO NA CIDADE. DELIMITAÇÃ O DO OBJETO DE ESTUDO 1.1.2 Na génese da premente necessidade de se proceder à revisão dos modelos pelos quais o E.U. de descanso é hoje projetado, encontram-se diferentes factores, na sua maioria relacionados com alterações complexas das tendências de evolução das sociedades. A população nos centros urbanos tem-se registado demograficamente decrescente, em grande parte devido ao aumento do envelhecimento, à desorganização do espaço público, ao aumento das barreiras urbanísticas, às novas exigências de inclusão de indivíduos com mobilidade reduzida, à deficitária sinalética informativa, à existência de edificação antiga e degradada, ou à morfologia de malha apertada . Como consequência, em detrimento da reabilitação dos grandes centros urbanos, nos últimos anos, tem-se assistido à aposta alternativa na construção de nova habitação em zonas periféricas, na sua maioria, de forma desorganizada e desregrada.3 Por outro lado, assiste-se à predominância por vezes exagerada da padronização do E.U., causada pela normalização de produtos nem sempre adequados às características dos espaços de implantação, nem às necessidades específicas da sua população. Ambos os grupos de factores – alterações sociais complexas e aplicação de E.U. desadequado do contexto - contribuem para a gradual perca da percepção de. 3. “[...] processo de crescimento acentuado das populações das cidades, pode-se citar poluição, falta de infraestruturas básicas, aumento da criminalidade, dificuldades de locomoção, entre inúmeras outras complicações que ten- dem a piorar na ausência de medidas públicas e particulares convergentes [...]” (Jereissati, Lucas Campos, 2015. O Direito a Cidades Sustentáveis, Sua Fundamentalidade e o Ativismo Judicial.)... CAPÍTULO I. 005.

(47) JOANA MAGALHÃES FRANCISCO. identidade do lugar, quer na perspetiva simbólica e cultural quer na perspetiva da fruição do espaço público como promotor de bem estar, de inclusividade e de socialização. Nesse contexto, considera-se relevante aprofundar a reflexão sobre possíveis soluções que maximizem a qualidade do design de E.U de descanso, seja na sua dimensão de inclusividade seja enquanto objeto de identificação da urbe e dos seus habitantes. O enquadramento do tema no campo do design, permite a exploração e materialização das problemáticas a si associadas, através do projeto. Nesta linha de pensamento, a metodologia de design avança no sentido de facilitar processos de mudança, afastando-se da tradicional prática, baseada no conhecimento intuitivo ou informal das necessidades e preferências pessoais.4 É assim hoje assumido que a participação dos utilizadores no processo de design não só é desejável como fundamental, na medida em potencia as hipótese de encontro de soluções mais adequadas, focadas no colmatar de necessidades específicas, recorrendo-se para isso a métodos e ferramentas direcionados para facilitar um diálogo mais efetivo entre os projetistas e os utilizadores.5 Sendo a cidade um espaço de todos os que a habitam, visitam e vivenciam, é em si um espaço heterogéneo, carecendo para a sua intervenção de uma compreensão abrangente dos factores que nela interfiram. Torna-se assim necessária a sua desconstrução numa “visão sistémica”,6 que incida nos muitos elementos, estruturas e relações que condicionam e redefinem constantemente o funcionamento do seu todo, do qual faz parte indissociável o E.U. de descanso, de forma decisiva. Assim,. 4 5 6. 006. Águas, Sofia, Do design ao co-design Uma oportunidade de design participativo na transformação do espaço público. 2012, p.59. Norman, D. A., Emotional Design: Why We Love (or Hate) Everyday Things. New York: Basic Books. 2004. Brandão, Pedro, A identidade dos Lugares e a sua Representação Coletiva. 2000, p.57.. CAPÍTULO I.

(48) DESIGN INCLUSIVO NA CIDADE. torna-se incontornável a reflexão em torno da temática da inclusividade e identidade enquanto elementos fundamentais do desenho da cidade. Para cumprimento desse desígnio, é fundamental enquadrar-se esses pressupostos desde a origem do processo projetivo,7 por forma a que as soluções de E.U. se adeqúem às suas reais funções, as quais não podem ser dissociadas da atenção às necessidades específicas dos seus utilizadores8, bem como da identificação cultural do seu lugar de implantação. Assim, para o projeto de E.U. a necessidade da existência da equação: Funcionalidade / Inclusividade + Forma Urbana / Identidade, é fundamental. No entanto, a qualificação e quantificação dessa equação é complexa, pelo facto de, como já referido, a cidade dos dias de hoje assistir a um rápido crescimento da população mais idosa, o que significa o inerente aumento do índice e de incapacidades físicas da população, pelo que é necessário que exista um compromisso realmente assumido entre o design, a integração da noção de inclusividade no processo de projeto e a compreensão e respeito pelo conceito de cidade e das suas variáveis intrínsecas. Ao referir-se o tema inclusividade deve ter-se presente que o mesmo não se aplica unicamente a indivíduos portadores de alguma limitação física, o que seria amplamente redutor, mas antes significa que o design inclusivo deve englobar todos os indivíduos, sem exceção.9 Assim, o design inclusivo surge intimamente ligado. 7. 8. 9. “[...] o espaço não é mais entendido como um objeto isolado, mas integrado aos demais aspetos da realidade urbana. Procura-se, porém, investigá-lo, como já foi colocado, pelas suas relações com outros planos analíticos. É nesse momento que entram em cena contribuições de outras áreas de conhecimento até então desvinculadas da abordagem físico espacial. (Kohlsdorf, Maria Elaine. Breve história do espaço urbano como campo disciplinar. In: Farret, Ricardo Libanez (et al.) O Espaço da Cidade. Contribuição à Análise Urbana. São Paulo. Projeto. 1985. p. 41). As cidades contemporâneas são “profundamente heterogéneas, reflectindo uma sociedade complexa de indivíduos com aspirações e com práticas múltiplas. Colocam problemas de urbanismo muito diferentes que necessitam de soluções adaptadas a contextos variados. [...]” (Archer, F., Novos Princípios do Urbanismo seguido de Novos Compromissos Urbanos - um léxico, 2010, p.105). Em 2005 o British Standards Institute define como Design Inclusivo. “The design of mainstream products and/or services that are accessible to, and usable by, as many people as reasonably possible... without the need for special. CAPÍTULO I. 007.

(49) JOANA MAGALHÃES FRANCISCO. às questões de acessibilidade, conforto e usabilidade, na criação de objetos ou interfaces integradores, usufruíveis por Todos. Ou seja, deve constituir-se como um design não discriminatório.. FUNDAMENTAÇÃO DA ESCOLHA 1.1.3 A aplicação dos princípios da inclusividade no desenho de E.U. pressupõe um processo de projeto, que permita a construção, em espaço público, espaço de passagem ou espaço habitado e que, ao mesmo tempo, seja apreendido através da aplicação de regras e métodos de projeto que promovam o cumprimento de objetivos específicos, previamente definidos. Nesse processo, o designer tem como propósito encontrar soluções através de ferramentas de que o projeto dispõe, como Maroni nos indica, que permitam a materialização das suas visões. Segundo Frascara , não é sustentável continuar-se apenas a responder a pedidos provenientes dos clientes para intervenções pontuais de design. Na visão do autor, é necessário ter em conta e descobrir a característica física e cultural dos problemas, enquanto parte fundamental do processo de design. Entende-se assim que a resposta ao projeto não se encontra na premissa transmitida pelo cliente, mas sim na reelaboração do enunciado pelo designer e, se possível, pela intervenção de outros elementos exteriores que permitam aferir hipóteses de solução para os problemas específicos do contexto para o qual o projeto está a ser desenvolvido. A utilização de ferramentas de apoio ao desenvolvimento de projeto torna-se desse. adaptation or specialised design”.. 008. CAPÍTULO I.

(50) DESIGN INCLUSIVO NA CIDADE. modo necessária, como forma de comunicação e validação da relação projeto-contexto. Quando aplicadas em temáticas como a inclusividade e identidade no equipamento urbano, essas ferramentas poderão gerar colaborações entre os vários intervenientes, como são casos comunidades locais, indústria ou centros de pesquisa, seja na partilha de visões e de cenários possíveis, seja no desenho colaborativo de propostas de produtos, serviços e informação. Assente nesta perspetiva, conclui-se que um dos contributos para o crescimento sustentável da urbe e da sociedade, estabelece-se através do uso de ferramentas de projeto onde a colaboração dos diversos intervenientes é determinante para a construção de um todo, onde cada um contribui com as suas capacidades e conhecimento num mesmo nível de comunicação. Do filme de Marie Lenclos sobre o projeto “i-design”, sublinha-se nesse contexto a opinião de Felicia Huppert, que afirma: “Designers are very well intentioned and they really want people to be able to use their designs, but (...) good intentions really aren’t enough (...) we need good information about people’s relly capabilities and experiences and then we need the tools that can translate the information in a way that designers can actually use in order to make their products mor inclusive.”10 Com a criação de ferramentas e de uma cultura de projeto que integre os princípios inclusivos e identitários torna-se possível criar soluções que correspondam às necessidades dos utilizadores, contrariando a visão referida anteriormente, do projeto assente “na boa vontade” e no conhecimento empírico do designer, pois o comportamento da população não pode apenas ser previsto pelos projetistas.11 Por outro lado, a construção de ferramentas de projeto elaboradas com princípios 10 Lenclos, Marie (2010), i-design - inclusive design in action. 2010, filme. 11 Águas, Sofia. Do design ao co-design Uma oportunidade de design participativo na transformação do espaço público. 2012, p.12.. CAPÍTULO I. 009.

(51) JOANA MAGALHÃES FRANCISCO. de inclusividade, como é o caso do “Inclusive design toolkit”12 ou da ferramenta apresentada no livro do arquiteto Pedro Brandão, O Chão da Cidade (2002), constituem-se como referências incontornáveis, não obstante não se encontrarem aplicadas aos meios tecnológicos por forma a facilitar o seu acesso e utilização por um número alargado de designers, o que será o mesmo que , promover a sua inclusividade e a abrangência das suas vantagens a um maior número de indivíduos. De acordo com a investigação realizada e, atendendo especificamente ao contexto do tema do presente trabalho, foi constatado que até à data não existe publicado nenhum estudo ou proposta de ferramenta digital interativa que responda ao problema identificado. No caso português, existem ainda poucos exemplos de ferramentas de apoio ao design dedicadas e pensadas exclusivamente para a área do E.U., e as existentes, para além de fornecidas em formato de papel, não se dedicam em particular ao equipamento de descanso. Ao longo da investigação, ambas as lacunas se apresentaram como oportunidades e desafio do presente estudo. É assim propósito deste trabalho definir e sublinhar a importância da existência de uma ferramenta que, unindo os conceitos de inclusividade e identidade, cumpra a função de apoio ao desenvolvimento de projeto de E.U. de descanso e que, por essa via, possa auxiliar o designer no desenvolvimento de equipamento adequados às necessidades de “Todos” os utilizadores e, ao mesmo tempo, potenciar a identidade percebida do espaço público.. 12 Projeto desenvolvido pelo Engineering Design Center da Universidade de Cambridge.. 010. CAPÍTULO I.

(52) DESIGN INCLUSIVO NA CIDADE. OBJETIVO 1.2 O objetivo central da investigação consiste na criação de uma ferramenta de apoio ao projeto, que sistematize dados qualitativos e quantitativos relacionados com os conceitos de inclusividade e identidade, viabilizando a sua aplicação ao design de equipamento urbano de descanso, pela exploração consciente dos princípios a si intrínsecos, desde a génese do processo de concepção.. PROBLEMA DA INVESTIGAÇÃO 1.3 O principal problema da investigação assenta na seguinte questão: De que modo deverá ser uma ferramenta de apoio ao projeto de Design de equipamento urbano de descanso, que permita congregar e facilitar a identificação, sistematização e aplicação de factores de inclusividade e identidade, desde a génese do processo de projeto, como resposta sustentável a uma sociedade em constante mutação. Subjacentes a esta questão, encontram-se as seguintes: 1.. Que ferramenta poderá ser usada para a concepção de E.U. de descanso tendo como pressuposto de origem a exploração consciente e sistematizada de fatores de inclusividade e identidade ?. 2.. Quais as características dessa ferramenta?. CAPÍTULO I. 011.

(53) JOANA MAGALHÃES FRANCISCO. 3.. Como será utilizada?. 4.. Por quem será utilizada?. 5.. Com que resultados?. METODOLOGIA 1.4 Na presente investigação adotou-se uma abordagem metodológica de carácter qualitativo misto, constituindo-se numa primeira fase por uma investigação ativa não intervencionista e, numa segunda fase por uma investigação ativa intervencionista.(Figura 1) A primeira fase (investigação qualitativa não intervencionista), corresponde ao enquadramento teórico e revisão da literatura, tendo sido recolhidos, selecionados e analisados conteúdos e autores relacionados com os quatro conceitos chave da investigação – Equipamento Urbano, Inclusividade e Identidade. Para sustentar este enquadramento, foram analisadas fontes de evidência, através da metodologia de estudos de caso relacionados com a aplicação dos conceitos de inclusividade e identidade ao E.U. de descanso. Procedeu-se ainda a uma recolha de dados sobre E.U. existente no mercado assim como de projetos de concept design, sobre os quais decorreu uma análise comparativa. Na segunda fase da investigação, de carácter ativa e intervencionista, procedeu-se à recolha e geração de informação que permitiu delimitar o campo do problema em questões específicas e definir o modelo de desenvolvimento da ferramenta de projeto. Para tal a metodologia utilizada foi dividida em duas partes. A primeira. 012. CAPÍTULO I.

(54) DESIGN INCLUSIVO NA CIDADE. correspondente ao desenvolvimento da ferramenta, com a recolha sustentada das bases para a sua construção, a construção dos questionários aplicados aos utilizadores de E.U. de descanso, a seleção e a caracterização dos grupos teste e, a explanação do método utilizado para a análise dos dados recolhidos com a ferramenta e os questionários. A segunda parte correspondente à aplicação em campo quer da ferramenta quer dos questionários. A aplicação da ferramenta, foi dividida em dois grupos, o primeiro constituído por Profissionais (Designers ou Arquitetos) e o segundo, por estudantes de mestrado e mestrado integrado em Design e Arquitetura, da Universidade de Évora e da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa. A aplicação dos questionários também foi por sua vez dividida em inquérito aplicado online e inquérito aplicado in loco. Após a recolha dos dados obtidos e do seu tratamento, juntamente com a recolha de elementos de E.U. já existentes, procedemos a uma análise comparativa de todos os dados recolhidos. Os resultados obtidos com a aplicação prática da ferramenta a profissionais e estudantes, permitiu a validação da Ferramenta i. Com base no cruzamento da informação recolhida, e atendendo a sugestões específicas propostas pelos avaliadores da ferramenta, reformulou-se pontualmente o problema investigativo e procedeu-se ao desenvolvimento de uma proposta de adaptação da Ferramenta i ao formato digital. Seguiu-se a esta fase a elaboração das conclusões da tese, verificando-se o cumprimento dos seus objetivos e a pertinência da resposta ao problema da investigação. Por fim, foram apresentados os contributo da investigação para o conhecimento gerado, bem como as recomendações para futuras investigações nesta área de estudo.. CAPÍTULO I. 013.

(55) JOANA MAGALHÃES FRANCISCO. Figura 1 Organograma da investigação. 014. CAPÍTULO I.

(56) DESIGN INCLUSIVO NA CIDADE. ESTRUTURA DA TESE 1.5 Partindo do desenho da estrutura da tese e da definição da respetiva metodologia, expõe-se de seguida, de forma brevemente detalhada, os conteúdos de cada capítulo que constitui a investigação. Excluindo a introdução (capítulo I), a tese constitui-se por quatro capítulos principais. O capítulo II respeita à componente teórica da tese dividindo-se em quatro subcapítulos de revisão da literatura. O primeiro assenta no enquadramento do conceito e do contexto de evolução do E.U. No segundo procede-se ao enquadramento histórico do design de equipamento em Portugal desde o início do século XX até ao século XXI, procedendo-se ao balizamento do tema por épocas de modo a facilitar a compreensão da análise. No terceiro subcapítulo procede-se ao estudo dos conceitos de Inclusividade e Identidade como factores de sustentabilidade no âmbito do design de equipamento urbano. Nesse contexto, estuda-se como o E.U. pode ser um elemento inclusivo e identitário da cidade, e exploram-se conceitos complementares relacionados com a avaliação e projeto desse género de equipamento. Nessa sequência procede-se à redação das conclusões intermédias do capítulo. O capítulo III corresponde à explanação da base teórica que subjaz à construção da ferramenta de avaliação desenvolvida nesta Tese. Esse capítulo assenta no desenvolvimento empírico da investigação, com recurso ao estudo de métodos de referência e definindo-se o método a adotar para a ferramenta de análise a criar, assim como os respetivos critérios de aplicação, fases de desenvolvimento com a utilização de fontes de evidência e recolha de dados sobre E.U.. Define-se assim o. CAPÍTULO I. 015.

(57) JOANA MAGALHÃES FRANCISCO. objeto de estudo subjacente à hipótese de projeto, terminando o capítulo com a elaboração das conclusões intermédias. O capítulo IV inicia-se com a analise de outras ferramentas de referência que possam constituir contributo para o desenvolvimento da Ferramenta i. Nessa sequência, e tendo-se como base o conhecimento adquirido em todas as fases antecedentes da investigação, constroí-se a ferramenta e explanam-se os seu objetivos, modelo de funcionamento e âmbito de aplicação. Procede-se de seguida a uma caracterização dos grupos teste, ao método de análise de dados utilizado, e à recolha e tratamento individual de dados decorrentes dos testes da ferramenta desenvolvida. Após esse processo realiza-se uma análise comparativa dos resultados obtidos com a ferramenta, com equipamentos já aplicados, e procede-se à sua validação e à reformulação pontual do problema. Como resultado evolutivo, desenvolve-se uma proposta de aplicação móvel digital da Ferramenta i, culminando o capítulo a redação das respectivas conclusões intermédias. No capítulo V, apresentam-se as conclusões finais da tese e os desenvolvimentos futuros, fazendo assento do seu contributo para a área do desenvolvimento de E.U. inclusivo e identitário no âmbito da utilização de ferramentas específicas, passíveis de serem aplicadas desde a génese do processo projetual.. 016. CAPÍTULO I.

(58) ENQUADRAMENTO TEÓRICO CAPÍTULO II.

(59)

(60) DESIGN INCLUSIVO NA CIDADE. EQUIPAMENTO URBANO - CONCEITO E CONTEXTO DE EVOLUÇÃO 2.1 O CONCEITO DE EQUIPAMENTO URBANO 2.1.1. E. quipamento urbano é o conjunto de ferramentas móveis e semimóveis, em regime permanente ou sazonal, aplicadas no espaço público com a permissão das autoridades estatais para suprimento de necessidades da população (More et al., 1994).. Atento à evolução das necessidades dos cidadãos o equipamento urbano pode ser de natureza funcional ou lúdica, sendo atualmente as suas tipologias mais comuns o mobiliário, a iluminação, contentores de lixo, floreiras, bebedouros, porta-bicicletas, parques infantis e de desporto, sinalética ou plataformas de informação. Constituindo-se parte integrante da identidade e do sentido de lugar da cidade, a. CAPÍTULO II. 019.

(61) JOANA MAGALHÃES FRANCISCO. sua eliminação de órgãos urbanos ou a sua natureza desadequada pode implicar a ineficiência e perturbação do desempenho do espaço público, e desse modo, comprometer as necessidades da população, “seja na dimensão da acessibilidade, segurança, higiene (...)” ou acesso à informação.1 Sendo os seus desígnios no geral consensuais, em termos de balizamento de tipologias ou da sua importância para a configuração do espaço público enquanto mediador e promotor da qualidade de vida urbana, o mesmo não acontece no que respeita à terminologia adotada para a classificação geral deste género de objetos, variando internacionalmente a sua referência entre “Equipamento Urbano” (Urban Equipment), “Mobiliário Urbano” (Urban Furniture) ou ainda, como registado em alguns países, “Mobiliário de Rua” (Street Furniture). O termo “mobiliário urbano” surge como definição, por volta dos anos 60 do século XX, para se referir à diversidade de objetos com variadas funções que povoavam o espaço público das cidades. Desde o final do século XIX, fruto da Revolução Industrial, verificou-se um aumento significativo dos equipamentos implantados na urbe. Esse grupo de objetos incluía tipologias tão diversas como bancos, fontes, iluminação, sinalética, quiosques.2 A utilização do termo “equipamento urbano” para referir os vários objetos que se encontram nas ruas e parques da cidade é a expressão que Márius Quintana Creus defende, em detrimento de “mobiliário urbano” na medida em que, segundo o. 1 2. 020. Proposta Nº 763/2016, Câmara Municipal de Lisboa [acedido em 20 de fevereiro de 2017] Disponível em: http://www.am-lisboa.pt/documentos/1485465983E0wJF2nz3Ml59WO4.pdf Boyer, Annie, Rojat-Lefebvre,Elisabeth,Aménager les espaces publics. Le mobilier urban. Paris : Le Moniteur, 1994, p.20.. CAPÍTULO II.

(62) DESIGN INCLUSIVO NA CIDADE. autor, este último se encontra ligado à ideia de mobilar ou decorar a cidade3 o que não corresponde com rigor às necessidades cada vez mais intrínsecas e complexas da sociedade. Maria Elaine Kohlsdorf4, por sua vez, usa o termo “mobiliário urbano” em vez de “equipamento urbano” referindo-se aos elementos que complementam a cidade, afirmando que estes contêm “características de maior mobilidade e menor escala” e que muitas vezes são “os principais responsáveis pela imagem dos lugares”. Por seu lado, João Batista Guedes5 prefere o uso do termo “equipamento urbano” por entender que o mesmo deverá englobar também os objetos de maior dimensão que tenham como propósito o uso urbano. Já para Glielson Montenegro, a natureza utilitária faz parte do conceito de “mobiliário urbano”, definindo-o, não como elementos, mas sim, como os artefactos cuja natureza é direcionado para o conforto dos utentes.6 Para este autor o “mobiliário urbano” “compõe o ambiente no qual está inserido” fazendo parte do desenho das cidades e interagindo com os seus utentes e com o respetivo contexto sociocultural e ambiental.7 Considerando os pressupostos enunciados, sublinha-se que a principal razão de existência do equipamento urbano é cumprir uma função concreta, de acordo com a sua tipologia, para além de pertencer ao e compor o lugar. O equipamento 3. 4. 5 6. 7. “Es precisamente la ide a de amueblar o decorar la ciudad la que considero errónea y creo lleva a confusión. Son ideas de antaño cuando el amue- blamiento urbano nacía de um urnbanismo clasicista y, por lo tanto, la ornamentación de la ciudad estaba muy ligada a la urbanización siendo los muebles la respuesta a unas necesidades urbanas muy elementales. No parece lógico pensar que cada vez que colocamos un banco o uma farola, estamos decorando la ciudad.” (Creus, Mário Quintana, 1996, pp.6-13). “Contém os demais elementos configuradores do espaço da cidade, como construções menores e outros objetos (quiosques, bancos, luminárias, cartazes, letreiros, placas de sinalização, etc.).” (Kohlsdorf, Maria Elaine, 1996, pp.160 – 161). Guedes, João Batista, Design no Urbano - Metodologia de Análise Visual de Equipamentos no Meio Urbano, 2005, p. 21. “[...] do ponto de vista do cidadão sobre a compreensão desses artefactos, já que é a partir da descoberta das funções desempenhadas pelos elemento urbanos nos espaços públicos, que ocorre uma valorização no uso do conjunto desses objetos em um dado contexto urbano.” (Montenegro, Glielson A produção do mobiliário urbano em espaços públicos: o desenho do mobiliário urbano nos projectos de reordenamento das orlas do RN, 2005, p. 32). ibid, p. 29.. CAPÍTULO II. 021.

(63) JOANA MAGALHÃES FRANCISCO. urbano possibilita assim a organização do espaço social através de vários elementos que, em conjunto, contribuem para a vivência do que denominamos cidade. Entende-se assim neste estudo, que condicionar a natureza funcional e tipológica do sistema de objetos que compõem os diferentes géneros de equipamentos urbanos, à denominação de “mobiliário”, é redutor. Desse modo, na presente investigação adota-se a denominação “equipamento urbano”, por se considerar uma expressão mais abrangente, para designar os elementos de diferentes dimensões que constituem a urbe e que têm como propósito o auxílio na prestação de serviços, na segurança, na orientação e no conforto dos utentes. De entre o universo de equipamentos urbanos comummente implantados na cidade, nesta investigação entendem-se por equipamentos relacionados com a dimensão do conforto, todos os equipamentos que se combinam em lugares concebidos para o descanso dos cidadãos. Assim, no contexto do presente estudo, a esse grupo de objetos passaremos a denominar E.U. de descanso.. EQUIPAMENT O URBANO - ENQUADRAMENTO HISTÓRICO 2.1.2 Por equipamento urbano. “entende-se todo o elemento ou conjunto de elementos que, mediante instalação total ou parcial na via pública, por si ou instrumentalmente, se. 022. CAPÍTULO II.

(64) DESIGN INCLUSIVO NA CIDADE. destine a satizfazer uma necessidade social ou a prestar um serviço, a título sazonal ou precário. [...] considera-se mobiliário urbano as esplanadas, quiosques, bancas, pavilhões, cabines, vidrões, palas, toldos, sanefas, estrados, vitrinas, expositores, guarda-ventos, bancos, papeleiras, sanitários amovíveis, coberturas determinais, pilaretes, balões, relógios, focos de luz, suportes informativos, abrigos, corrimões, gradeamento de protecção e equipamentos diversos utilizados pelos concessionários de serviço público e outros elementos congéneres.” 8 O conceito “mobilar as cidades”, surge no século XVII, no Renascimento, num contexto em que os lugares urbanos ao ar livre eram amplamente apropriados como espaço público de encontro e lazer, sendo o equipamento urbano constituído por elementos que atendiam às necessidades básica da época - bancos de jardim, fontes, mictórios, candeeiros de rua, etc. – que se caracterizavam por acentuada ornamentação. Nessa época, na sequência de estratégias de combate à insalubridade assiste-se à revitalização dos espaços públicos, através da criação de novos traçados e ampliação da largura das ruas. Estas intervenções estendem-se ainda à regularização das praças, das alturas dos edifícios, ao reforço de infraestruturas base, como aquedutos, fontes, iluminação, e a construção de espaços para os serviços públicos, como são casos hospitais, cemitérios. Já na passagem da segunda metade do séc. XVIII para a primeira do séc. XIX, com o decorrer da Revolução Industrial, surgem inovações técnicas, no campo da metalurgia, que contribuem para o desenvolvimento e proliferação de objetos em ferro fundido, estendidos também ao universo de equipamento urbano variado, como 8. Câmara Municipal de Lisboa, Regulamento Geral de Mobiliário Urbano e Ocupação da Via Pública,1991; p. 1.. CAPÍTULO II. 023.

(65) JOANA MAGALHÃES FRANCISCO. são casos fontes, estatuária, iluminação de rua, entre outros. Com o evoluir da sociedade, com o progresso dos processos tecnológicos e com a modernização das cidades, surgem gradualmente outros tipos de elementos urbanos que colmatam as necessidades das cidades da época.9 Dentro da panóplia destes objetos destacaram-se as praças, como locais de lazer e descanso, onde se encontravam várias peças de equipamento, como bancos, iluminação, caixotes de lixo, fontes, estatuária, entre outros. Alguns destes equipamentos, permaneceram inalterados até aos dias de hoje, quer em termos formais, quer em termos de opções materiais. O equipamento do séc. XVIII e início do séc. XIX, caracteriza-se ainda pelo seu pendor decorativo, de grande apelo estético, símbolo da modernidade da época. Na primeira metade do século XX, as cidades europeias alteram a sua morfologia com novas intervenções, que se adaptaram ao crescimento e expansão da urbe.10 Esta nova tendência urbanística influenciou o conceito de espaço urbano pelo facto de se ter alterado a ideia de utilização. Na nova concepção urbana de lazer e convivência social, o equipamento urbano adquire novas características, novas funções e tipologias, expandidas a peças como, cabines telefónicas, parques infantis, caixotes do lixo, ecopontos, etc.. O equipamento assume assim um novo tipo de características formais, na procura da exploração de linhas mais simples pela pureza de formas geométricas, influên-. 9. “É verdadeiramente no século XIX que é alcançada a racionalização do mobiliário urbano. É nesta altura que se dá o ponto de viragem definitivo na produção do mobiliário urbano moderno, associado à noção de embelezamento urbano e a uma preocupação com a qualidade de vida urbana. É a partir deste época que se pode realmente falar de mobiliário urbano no sentido atual deste termo, mesmo sabendo que ainda não era assim denominado.” (Águas, Sofia, Design de Candeeiros para Iluminação Pública para a Sustentabilidade do Espaço Público, 2009, p.32). 10 “As cidades devem ser projectadas principalmente para as pessoas, porque sem a sua participação, a estrutura física perde o seu significado”. (Regatão, José Pedro, A arte pública e os novos desafios das intervenções no espaço urbano. 2ª edição. Lisboa: Bond, ISBN 978-989-8060-09-9., 2010, p. 17). 024. CAPÍTULO II.

Imagem

Figura 1 Organograma da investigação
Figura 2 - Passeio Público do Rossio. Fonte: Imagem de domínio público.
Figura 3 - Praça do Império, Lisboa, 1949. Fonte: Arquivo fotográfi co de Lisboa.
Figura 4 - Catálogo Denonvilliers, Bancs de villes et jardins, Prancha nº 278, 1894.
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Referências

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