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CRITÉRIOS E MODELO A ADOTAR

No documento Design inclusivo na cidade (páginas 151-159)

3.3.1

Considerando os pressupostos da presente investigação, e após a análise das diver- sas abordagens metodológicas, identifi cou-se a necessidade de desenvolvimento de uma metodologia específi ca de trabalho, dado que os diferentes métodos exis- tentes não se adequavam plenamente aos objetivos propostos, ou por serem muito abrangentes ou demasiado específi cos.

O método a desenvolver, para aplicar à ferramenta de apoio ao projeto de E.U., terá que considerar os três níveis de atuação do design, permitindo uma fl exibilidade, dinamismo e viabilidade na sua aplicação prática, de forma a que possa ser usada para o desenvolvimento de produtos detentores, desde o início da sua concepção, de características inclusivas e identitárias. O método deve igualmente estimular a articulação do processo de design com as demandas da sustentabilidade. (Figura 18)

Como “espinha dorsal” do processo ter-se-á como referência o cruzamento das pro- postas de método de design de produto de Bernhard E. Bürdek e Bruno Munari assim como o Método de Investigação teórico-prática em Design de Secca Ruivo.

A metodologia de Munari (Figura 19) propõem-nos que para a compreensão do problema de projeto o mesmo deve ser desmontando por componentes, de modo a permitir compreender de forma objetiva os limites dentro dos quais o designer deverá trabalhar. Para tal, dever-se-á defi nir as metas a atingir e, com base nas mes-

Figura 19 - Esquema metodológico de Bruno Munari (1981)

Figura 20 - Esquema metodológico de Bernhard E. Bürdek (2010)

mas, recolher dados e analisá-los por forma a defi nir caminhos possíveis de solu- ção. Apenas após concluída essa fase, é que se procede à fase da Criatividade a qual consiste na exploração de soluções de projeto adequados à resposta ao problema de origem, procedendo-se de seguida à respetiva experimentação e prototipagem.

No caso de Bürdek,(Figura 20) a metodologia utilizada é uma sequência de técni- cas simples que se tornam num sistema de processamento de informação. Ou seja, o autor cria uma metodologia retroativa que trabalha progressivamente a solução, através da passagem sucessiva pelas fases anteriores, por forma a que resulte numa solução viável para o problema identifi cado, delimitando-se o mais possível o foco da resposta projetual em cada uma das fases.

Secca Ruivo apresenta-nos uma perspectiva mais específi ca adaptada ao processo evolutivo das metodologias em Design, na medida em que faz o cruzamento do

Método Científi co com o Método de Design,9 assumindo-se o designer como me-

diador da aplicação de ambos os processos, “tirando partido das especifi cidades de cada um em função das necessidades do projeto”.

Assente no cruzamento das três propostas, o desenho do processo a adotar no projeto da presente tese é constituído por quatro grupos fundamentais – Base, Sinopse, Plano e Implementação - organizados de forma evolutiva, e explorando sequencialmente o afunilamento de conceitos, como argumento de resposta ao problema de Design apresentado.

Assim, tendo-se por base as propostas dos três autores, focadas na área do design industrial – âmbito de aplicação da ferramenta –, assumiu-se como referências a

9 Secca Ruivo, Inês (2013). Investigação em Design: interatividade entre metodologias profi ssionais e científi cas. In conferência Investigar e(m) Artes: Perspetivas, Évora: Escola de Artes.

Figura 21 - Adaptação do Método de Investigação Teórico-prática em Design de Inês Secca Ruivo (2013) ao esquema metodológico proposto na presente investigação (à direita) pela autora.

noção de retroatividade do método revisto de Bürdeck (2015), a especifi cidade de cada etapa do método de Munari (1981) e a orgânica do processo de investigação teórico-prática em Design, de Secca Ruivo (2014), tendo-se gerado o desenho de um processo especifi camente focado na problemática delimitada pela presente tese, considerando em particular a introdução dos factores inclusividade e iden- tidade como pressupostos obrigatórios a integrar em qualquer solução de E.U. de descanso. (Figura 21)

Na presente proposta, (Figura 22) assume-se a divisão do processo em três mo- mentos chave:

Base, dedicada ao foco no contexto do problema. Nesta fase, sequência basilar da

revisão da literatura subjacente às origens do processo investigativo, de que decor- re a hipótese, o processo adota como núcleo a investigação aprofunda do tema na perspetiva do projeto. Nesse contexto, pretende-se validar a pertinência da questão de investigação, ou revê-la, tendo como referência os resultados da análise primá- ria de Fontes de Evidência, na perspetiva da inclusividade e identidade.

Na segunda fase, Sinopse, o alvo do estudo recai, especifi camente, sobre a análi- se comparada de tipologias de produtos balizados no universo das componentes específi cas do problema, permitindo recolher dados cirúrgicos, cuja interpretação auxiliará na defi nição do conceito, requerimentos e metas do projeto, em alinha- mento com os pressupostos de origem do estudo.

A terceira e última fase, Plano de Implementação, assenta na defi nição, exploração e aplicação dos princípios de construção da Ferramenta. Nesta etapa do processo, são aplicados Questionários aos utilizadores de E.U. de descanso, e procede-se a testes de validação da Ferramenta desenhada, em contexto profi ssional e académi-

co. No decurso dos resultados alcançados, pode proceder-se ou não à revisão do projeto/ferramenta, em função do seu alinhamento e desempenho, considerando a resposta ao problema. (Figura 23)

No documento Design inclusivo na cidade (páginas 151-159)