3.5.2
Após a recolha dos dados na fase anterior (Base), torna-se possível estabelecer pontos de comparação entre as estratégias de implementação de E.U. de descanso/ lazer nas três cidades, fontes de evidência, considerando a sua interação com os utentes e com a própria urbe. A análise de factores políticos e económicos terá como referência dimensões gerais do problema, encontrando-se a análise de fac- tores sociais e tecnológicos direcionada para o caso específi co da cidade de Lisboa (Lx), considerando o caso dos percursos estudados.
Face aos problemas/oportunidades identifi cados estabeleceram-se os critérios a aferir a uma ferramenta de apoio ao projeto de E.U. de descanso. Nesse contexto, para além do critérios de análise Inclusividade e Identidade, foi integrado adicio- nalmente o critérios Sustentabilidade, na medida em que ao promover a equação equitativa de factores sociais, económicos e ambientais, representa um pressuposto de projeto atualmente indissociável de qualquer processo de Design responsável.
FATORES POLÍTICOS FATORES ECONÓMICOS É do interesse de Governos e dirigentes
autarcas, o incentivo à exclusão de barrei- ras urbanísticas físicas e metafóricas, que contribuam para o aumento do risco de acidentes e que desincentivam a fruição do espaço público.
A aposta em soluções de E.U. inclusivo e identitário pode revelar-se compensadora ao nível da redução da despesa pública em saúde, relacionada quer com a própria re- dução de acidentes ocorridos em espaço público, quer se considerarmos a estraté- gia como promotora da socialização das comunidades, ou seja, como estratégia de combate ao isolamento, incluindo na ve- lhice, e como factor promotor de turismo de melhor qualidade.
Oportunidade de revisão das atuais políti- cas e critérios que subjazem aos planos de implementação de E.U de descanso/lazer.
Vantagem no investimento na adequação de processos urbanísticos que atendam a factores de inclusividade e identidade na relação: E.U.+ Utilizador + Cidade.
FATORES SOCIAIS - Lx FATORES TECNOLÓGICOS - Lx Uma percentagem elevada de equipamen-
tos não cria percursos amigáveis e consti- tui-se como obstáculo à circulação na via pública.
Carência de pontos de descanso numa maioria de percursos.
Nem todas as soluções promovem a iden- tidade e cultura do lugar de implantação, ou seja não contribuem para a memória positiva do próprio lugar e da cidade.
Oportunidade de exploração de materiais e tecnologias de produção passíveis de atribuir novos ou renovados valores sim- bólicos ao lugar/cidade
Parte considerável dos equipamentos constitui-se de materiais que obrigam a manutenção regular, sob pena de se constituírem risco para a saúde dos uti- lizadores.
Falta de manutenção promove a prolifera- ção de texturas não inclusivas e de falhas na segurança dos equipamentos.
1. Inclusividade – o E.U. deve:
a. ser ergonómico e seguro (forma e manutenção);
b. ser acessível e não obstáculo;
c. ter um design que infl uencie o comportamento;
d. ser um incentivo para quem caminha;
e. ter uso intuitivo.
2. Identidade – o E.U. deve :
a. promover a cultura do lugar;
b. ter uma identidade que atende aos materiais e forma;
c. ser contador de estórias e de História;
d. estabelecer a ideia de familiaridade (objetos reconhecidos e de fácil
compreensão);
e. ter um signifi cado perceptível.
f. promover sistema de percursos;
g. ser de fácil manutenção.
3. Sustentabilidade – o E.U. deve:
a. ser ecológico (nos vários contextos);
b. promover o convívio público;
c. estabelecer relação com o lugar;
d. ter uma relação de benefício/custo positiva.
Complementarmente aos dados obtidos na fase anterior, procedeu-se à seleção e caracterização de um grupo de E.U. de descanso disponível no mercado (Tabela 1 página 155), assim como de propostas de concept design (Tabela 2 página 158), na medida em que estas últimas podem representar tendências de evolução do sector.
A recolha de dados nesta fase assenta, no primeiro caso, na análise de factores rela- cionados com características de conforto, infl uência no comportamento, manuten- ção ou memória induzida, e identifi ca tipos de material, processos construtivos e de produção e, sempre que acessível, o preço das peças. No segundo caso, a análise foca sobretudo a dimensão conceptual das diferentes abordagens do equipamento.
BANCO BDLOVE
Ross Lovegrove | Barcelona
Critérios assinaláveis: Conforto – Risco de acumulação
de água após registo de pluviosidade. Manutenção – Fácil ou nula no tempo de vida útil do objeto mas sendo da- nifi cado não permite reparação. Infl uência no compor- tamento – Versatilidade e dinâmica na utilização permi- tindo que várias pessoas se sentem ao mesmo tempo e de formas diferentes, promovendo a interação. Memória – Identidade lúdica distintiva, promotora da memória do lugar.
Materiais: Polietileno, 100% resistente à água. Processo
de produção – rotomoldagem. Preço: €2.399.
BANCO NIGRA
Produção: Escofet
Montse Periel e Marius Quintana | Barcelona
Critérios assinaláveis: Conforto – não permite ângulo
de mobilidade das pernas. Infl uência no comportamento - Não promove a interação social mas sim o estar indi- vidual. Memória – Sentido de austeridade, estética an- gulosa.
Materiais: Mármore preto/cinzento/branco, polido;
madeira de bolondo, madeira de pinho nórdico, tratado por pressão (FSC), ligado por parafusos.
LINHA LOTUS
Produção: Larus
ImaginarQ | Portugal
Critérios assinaláveis: Conforto – Em condições de tem-
peratura extrema (frio ou calor) não possibilita usar o encosto. Infl uência no comportamento – Existência de duplo assento pode facilitar a interação. Memória – Não obstante poder diferenciar-se de outras soluções, não surpreende a ponto de se constituir como potencial de memória do lugar.
Materiais: Chapa de aço S275JR(LRA1) decapada, meta-
lizada e pintada. Réguas: madeira Tali, tratadas com ver- niz aquoso, acrílico, microporoso, tratamento raios UV. Travamento em chapa de aço.
BANCO BOA
Alberto Llorian Fueyo | Valencia
Critérios assinaláveis: Conforto: A confi guração corrida,
com e sem encosto, permite a opção de diferentes for- mas de sentar ou deitar. Infl uência no comportamento – Solução modular curvilínea e versatilidade de opções de uso são factores favoráveis à interação entre utilizadores. Memória – Fluidez, noção de extensibilidade ao longo do espaço e combinação de materiais e cores, conferem fatores distintivos quer ao equipamento quer ao lugar.
Materiais: Estrutura em aço de 8mm. Assento em 21 lis-
tas de polietileno de 800x80x30 mm.
BANCO ALFIL
Estudio Cabeza
Diana Cabeza
Critérios assinaláveis: Conforto – a ausência de encosto
convida a uma permanência mais temporária. Infl uência no comportamento – Não obstante constituir uma solu- ção de sentar individual, a possibilidade de disposição de várias unidades de forma orgânica pode confi gurar- -se como uma possibilidade interessante de promover a interação. Memória - Remetendo para o lugar onde num cais se amarram os barcos, o sentido de memória encontra-se presente quer através do carácter simbólico do objeto, que remete para cenários de outros tempos, quer por convidar à contemplação.
BANCO ZEN MAGO
Diez+Diez diseño
Critérios assinaláveis: Conforto e infl uência no com-
portamento – Pela sua confi guração, neste banco o en- costo ausente remete para as costas da outra pessoa. Esse factor é em si mesmo um convite à interação. Memória – Assemelhando-se a uma pedra de rio acentua-se o po- tencial de memória positiva associada tanto à peça como ao lugar de implantação.
Materiais: Material de assento em pedra. Instalação livre.
BANCO NAGUISA
Produção: Escofet
Toyo Ito & Associates
Critérios assinaláveis: Conforto – Risco de acumulação
de água após registo de pluviosidade. A existência de ni- chos para uma ou duas pessoas propicia a sensação de proteção. Manutenção – Fácil ou nula no tempo de vida útil do objeto mas sendo danifi cado não permite repa- ração. Infl uência no comportamento – Solução modular versátil e dinâmica na utilização permitindo que várias pessoas se sentem ao mesmo tempo e de formas dife- rentes, promovendo a interação. Memória – Identidade lúdica e orgânica distintiva promotora da memória do lugar.
Materiais: Betão Cinzento Naguisa, decapagem suave e
impermeabilizado. Instalação livre.
BANCO FENICIA
Luigi Ferrario
Critérios assinaláveis: Conforto: A assemblagem por
módulos permite confi guração de banco corrido per- meável a diferentes modos de utilização (sentado ou deitado), A textura “riscada” do assento, por seu lado, pode tornar-se desconfortável. Infl uência no compor- tamento – Solução modular curvilínea e versatilidade de opções de uso são factores favoráveis à interação entre utilizadores. Memória – Fluidez, noção de extensibilida- de ao longo do espaço promove a organicidade do equi- pamento e a memória do lugar.
Materiais: Perfi s de aço modular 40x10mm. Um perfi l
de secção quadrada 12mm utilizado para ligar os perfi s horizontais.
BANCO BANDA DOBLADA
Susanne Cierniak & Tran Thanh Minh Nguyen
Critérios assinaláveis: Conforto – Não obstante a ausên-
cia de encosto a extensão do assento permite diferentes formas de sentar. Infl uência no comportamento – Apesar de se constituir por dois assentos individuais a sua con- fi guração convida à interação. Memória – O seu carácter escultórico e o facto de remeter simbolicamente para as “namoradeira” propiciam a preservação da memória da peça e do lugar.
Materiais: Betão armado. Granito cinza / bege. Gravado
e impermeabilizado. Simplesmente apoiado.
TABELA DE PRODUTOS CONCEPT DESIGN
INTERFERENCE
Alexandre Moronnoz
Conceitos assinaláveis: Banco urbano com um exterior
plano, calmo e com um movimento interior orgânico mas ao mesmo tempo frenético. Equilíbrio entre a or- dem e a desordem, entre o movimento e a estabilidade, como uma analogia ao contraste entre a aceleração do ritmo urbano quotidiano e a paz de um momento de pausa.
Materiais: Corte a laser, aço inoxidável dobrado e sol-
URBAN LOUNGE
Patrick Vogel
Conceitos assinaláveis: O assento assume-
-se como possível extensão da fachada, fl uído, como água escorrida em onda que acolhe o corpo. Interpretação contemporânea do banco de uma cidade salão.
Materiais: A forma geral é criada por uma ilusão de óti-
ca, feita de ripas de aço CNC dobradas individualmente, cobrindo a fachada de um edifício e confi gurando-se no solo, em banco.
URBAN ADAPTER
Rocker-Lange Architects
Conceitos assinaláveis: Esta proposta procura entender
o conceito de mobiliário urbano como um problema de concepção holística. Em vez de oferecer apenas uma op- ção estática, a proposta explora soluções que atendam a critérios específi cos de necessidades. O princípio base é o de que o banco se molda ao espaço, e não o espa- ço ao banco. O projeto foi desenvolvido com base num modelo paramétrico digital. Na sua essência o modelo utiliza informações de dados programáticos para reagir e interagir com o meio ambiente.
Materiais: Madeira.
UILIUILI
Piotr Zuraw Architekt
Conceitos assinaláveis: Com esta proposta pretende-se
criar um ambiente informal e fl uído que ofereça várias opções de posição. O sentar pode ser erecto ou com vá- rias posições de reclinar, bastando para isso escolher uma de entre as diferentes seções da peça.
Materiais: Madeira pré-fabricada formando secções
transversais de 80x30mm com curvas, nas extremidades, ligadas com estruturas de aço. As secções são pintadas com cores vibrantes.