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Os Mitos Do Dinheiro - Gabriel Torres

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Academic year: 2021

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OS MITOS DO DINHEIRO

Gabriel Torres

2015

©2015, Gabriel Torres. Todos os direitos reservados.

Permitimos que você distribua este livro de forma gratuita a

seus amigos, desde que o texto permaneça inalterado e que os

créditos de autoria também permaneçam inalterados.

O autor não se responsabiliza pelo o uso das informações

contidas neste livro nem por decisões que porventura sejam

tomadas após a sua leitura.

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Agradecimentos

Gostaria de agradecer aos amigos que leram as primeiras versões deste livro e me ajudaram a “aparar as arestas” do que eu escrevi: Carla Luiza, Cássio Lima, Juliano Moreira e Rafael Coelho.

Agradeço também a Marcos Patriani Antonio, leitor que espontaneamente fez a revisão de português do livro.

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Introdução

Meu nome é Gabriel Torres e sou milionário desde os 34 anos de idade. Meu patrimônio foi acumulado a partir “do zero”; não recebi nada dos meus pais ou através de qualquer tipo de herança, nem tampouco através de casamento. Começo este livro de maneira provocadora, e você pode até pensar que o único propósito do que escrevi acima é que eu estou querendo me gabar, me mostrar, e que eu sou um baita de um “metido”. Longe disso. Começo este livro com esta afirmação para que você saiba, desde já, que eu já era milionário antes de escrevê-lo.

Vários autores best-seller no campo das finanças pessoais como Robert Kiyosaki1 e Gustavo Cerbasi2, que ensinam através de suas obras a “como podemos ficar

ricos”, não eram milionários antes de publicarem seus primeiros livros, tendo ficado milionários com a publicação dos livros que os tornaram famosos. Este fato só aumenta a desconfiança que algumas pessoas têm em relação aos livros de autoajuda, criando críticas negativas, especialmente vindas da parcela mais intelectualizada da nossa sociedade, de que livros de autoajuda só ajudam o autor a ganhar dinheiro. E esses são apenas dois autores que tiveram a humildade de compartilhar suas trajetórias em suas próprias obras; infelizmente a maioria dos autores no campo das finanças pessoais possivelmente não atingiu a sua própria independência financeira ou chegou ao seu primeiro milhão (isso não significa que os livros escritos por tais autores são ruins, pelo contrário: os livros tanto do Robert Kiyosaki quanto do Gustavo Cerbasi e de vários outros autores são excelentes e foi através deles que eu me interessei pelo tema e pude colocar minha vida pessoal “nos eixos” e ultrapassando, finalmente, a minha meta inicial de ter patrimônio superior a um milhão de reais).

Escrevi este livro somente depois de ter atingido a meta de ser milionário, para que você entenda que a minha motivação para publicar este livro foi o conceito do dar de volta, ou seja, ajudar pessoas que estão hoje em uma posição na qual

1 Ver KIYOSAKI, Robert. Empreendedor rico. Tradução de: Before you quit your job. Rio de Janeiro, Campus, 2005. 2 Ver CERBASI, Gustavo. Cartas a um jovem investidor. Rio de Janeiro, Campus, 2008.

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eu já estive um dia, a de não ter a menor ideia do que fazer quando o assunto é dinheiro, metendo os pés pelas mãos, criando dívidas, “vivendo de aparências”, seguindo conselhos totalmente “furados” de pessoas que não têm a menor educação financeira (e isso inclui o gerente do seu banco) e tendo ainda muito preconceito quando o assunto é dinheiro (infelizmente uma parcela significativa da população ainda acha que ter dinheiro é pecado e se alguém tem dinheiro é porque o ganhou de forma ilícita).

Inicialmente, eu pretendia publicar este livro em formato tradicional. Depois de muita reflexão, resolvi publicá-lo de forma gratuita, em formato eletrônico. Dessa forma, não fica qualquer dúvida que minha intenção é ajudar.

Para cada capítulo do livro, eu gravei um vídeo. Tanto os capítulos do livro quanto os vídeos podem ser vistos em http://www.terremoto.com.br, clicando no link “Os mitos do dinheiro”. Os vídeos não substituem a leitura dos capítulos; apenas reforçam alguns conceitos, afinal, aprendemos melhor quando temos um

material audio-visual em conjunto.

Você pode estar se perguntando o porquê de mais um livro sobre finanças pessoais no mercado. Este livro, porém, tem como diferencial o fato de ter sido escrito por alguém que já atingiu sua independência financeira, e, por conta disso, traz um ponto de vista diferente dos demais.

A ideia deste livro é passar o meu modo particular de pensar e agir em relação ao tema “dinheiro”, focando em seu lado “psicológico”. Pois não adianta ter

somente o conhecimento técnico (para este, há vários livros e cursos no mercado): se você não mudar seu modo de pensar e agir, você não ficará rico. Lembre-se: não é possível obter resultados diferentes agindo sempre da mesma maneira...

Esse conhecimento foi obtido tanto com as experiências pessoais na minha jornada rumo à minha independência financeira quanto pela leitura de muitos livros: eu já li mais de 140 livros sobre o tema “dinheiro”, de acordo com a minha contagem mais recente (a maioria deles catalogada em meu blog

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Eu sei que muito do que você lerá baterá de frente com o que você atualmente pensa sobre o tema. Se isso ocorrer, excelente. Significa que estamos no caminho certo, pois a ideia é você questionar tudo aquilo que sabe, de forma que um novo conhecimento “entre” em sua mente. Nesses momentos, recomendo que você respire fundo, releia o trecho que você está tendo resistência em aceitar, até o novo conceito ser absorvido. Não tenha pressa. Este é um livro para ser lido e relido até que os conceitos que apresento – que talvez hoje sejam alienígenas – passem a ser “normais” para você também.

Tenha em mente que a maioria das pessoas não é rica. Portanto, é muito pouco provável que o que a maioria das pessoas fala ou pensa sobre dinheiro seja “correto”!

Não tenho a pretenção de fazer com que todos que leiam este livro se tornem milionários; dou-me por satisfeito se você encontrar pelo menos um pensamento que seja a semente para você mudar sua vida para melhor.

Boa leitura! Gabriel Torres

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Capítulo 1

Por que não ficamos ricos?

Com tantos livros de autoajuda publicados sobre finanças pessoais, por que tantas pessoas ainda têm problemas financeiros? Infelizmente colocar em prática o que os mais diversos livros, cursos e palestras pregam é muito mais difícil do que parece. Até porque, se fosse tão fácil, todos os milhões de consumidores de tais produtos seriam todos milionários. E, infelizmente, esta dificuldade acaba propagando, em alguns círculos, que produtos de autoajuda só ajudam os autores a encherem suas contas bancárias.

Esta dificuldade de ficar rico, no entanto, não está na falta de eficácia dos livros, cursos e palestras sobre o tema, mas sim no maior vilão de todos: você mesmo. Vejamos o porquê.

O conceito de sucesso não é o mesmo para todos

Se você perguntar para diferentes pessoas o que é, para elas, ter sucesso na vida, você obterá respostas completamente diferentes.

Para um acadêmico, sucesso pode ser fazer um doutorado no exterior, conseguir uma bolsa de pesquisas e ter trabalhos publicados. Para um músico, sucesso pode ser ter seu trabalho gravado e distribuído em nível nacional ou internacional, ter músicas sendo executadas nas rádios e fazer shows com “casa cheia”. Para um escritor, possivelmente sucesso é figurar na lista de livros mais vendidos e ser mencionado por pessoas famosas. Para um ator ou uma atriz, sucesso pode ser estar na TV em uma novela ou no teatro ou cinema contracenando com atores consagrados e ser reconhecido(a) na rua. Para um cientista e para um(a)

professor(a), sucesso pode ser receber um prêmio importante. Para um arquiteto pode ser ter a oportunidade de projetar uma obra importante. Para um

empresário possivelmente sucesso é criar uma empresa do “zero” e alcançar algum marco importante, como ter seu produto sendo vendido em todos os estados brasileiros ou mesmo no exterior. Em todos os exemplos dados, acredito que todos vão concordar que ser convidado para dar entrevistas a jornais, rádio e

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TV também faz parte da lista de itens que uma pessoa poderia considerar como parâmetro para mensurar se ela tem sucesso ou não.

O que é sucesso para você? Faça uma pausa na leitura aqui para refletir. Sério, dê uma parada, largue o livro, vá beber um copo d’água e reflita por alguns

instantes.

Por mais incrível que pareça, a noção de sucesso e a noção de ter dinheiro não andam de mãos dadas. Uma coisa não depende da outra. De fato, muitas pessoas sequer citarão dinheiro na lista de itens que consideram obrigatórios para dizer que obteve sucesso – e quando o fazem, não especificam um valor, dizem apenas “muito dinheiro”, o que dá no mesmo, pois uma frase completamente em aberto como esta não permite que você mensure se você alcançou ou não este patamar (o que é “muito dinheiro” para uma pessoa pode ser meros “trocados” para outra). É por isso que vemos muitas pessoas com sucesso, mas sem dinheiro. Muitas pessoas pensam que a partir do momento em que elas obtiverem sucesso, automaticamente elas ficarão ricas. Isto está muito longe de ser verdade.

Para piorar a situação, muitas pessoas que obtêm sucesso passam a gastar como se fossem ricas, justamente por acreditarem nisso, o que só as colocam ainda mais no buraco.

Para ter dinheiro é necessário colocar o assunto na sua lista de prioridades, na sua lista do que é ter sucesso, na sua lista de metas. E trabalhar arduamente para que esta meta seja concretizada.

Eu não sou diferente de você e por anos caí nesta armadilha. Aos 22 anos era o autor de livros de informática mais vendido no Brasil, figurando em todas as listas de livros mais vendidos, escrevia para o jornal de maior circulação do estado do Rio de Janeiro, era constantemente citado na mídia e convidado a dar entrevistas. Tinha sucesso. Ou melhor, achava que tinha. Ao mesmo tempo, achava que

estava ganhando muito dinheiro. Mas no final das contas, com o sucesso que eu achava que eu tinha e com o dinheiro que eu achava que era muito, eu vivia apertado de grana e constantemente no vermelho. Após anos nessa situação eu resolvi que era hora de dar um basta e colocar a casa em ordem. Sete anos depois

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dessa decisão, eu era milionário, e este livro é baseado nessa minha aventura (de sucesso!).

Outro problema relacionado a sucesso é que muitas pessoas colocam na sua lista do que é necessário para ser considerado bem-sucedido o diabo do

“reconhecimento”. O reconhecimento é uma busca incessante de todos os seres humanos. O problema é que ser reconhecido não depende de nós: depende de outra pessoa te dar. Se você ralar para caramba e outras pessoas não te derem o reconhecimento que você está esperando, você ficará se sentindo um fracassado. Ou seja, você pode ter sucesso, ter dinheiro, mas não coloque reconhecimento na lista de itens que você considera importante para se sentir bem-sucedido. Se ele vir, excelente, mas não baseie sua noção de sucesso a ele.

O conceito do que é ser rico não é o mesmo para todos

Mesmo que você decida mudar seu conceito de sucesso ou suas metas de vida para incluir dinheiro, há outro problema. A noção de dinheiro não é a mesma para todo mundo. Por exemplo, em uma família de classe baixa onde um dos membros consegue subir na vida para ser classe média, ele é visto como o rico da família, mesmo que tenha um esforço danado para pagar suas contas e não tenha

qualquer reserva financeira – sem contar que, em algumas famílias, os membros “pobres” acham que os membros “ricos” têm a obrigação de darem dinheiro para eles (o problema aqui não é dar dinheiro para parentes, mas a noção da

“obrigação”).

Entre amigos e vizinhos, aquele que tem o carro mais caro possivelmente será visto como o “rico” do grupo, mesmo que ele esteja com um financiamento enterrado até o último fio de cabelo e secretamente mal tenha dinheiro para encher o tanque do possante.

Certa vez a socialite e herdeira carioca Vera Loyola disse “Milionário é quem tem pelo menos US$ 100 milhões. Patrimônio de US$ 1 milhão é coisa de classe

média.”1 Esta declaração foi mal vista por aqueles que não entendem que a noção

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de riqueza varia de acordo com a pessoa e que, em vez de criticarem ou rebaterem o que ela disse, não pararam para pensar se talvez ela não estaria certa, no sentido de que seria muito bom que todos os membros da classe média tivessem um patrimônio líquido de US$ 1 milhão. Ou não?

O próprio conceito do que é ser milionário varia, como vemos na declaração da Vera Loyola. A definição mais popular é de que milionário é qualquer um que tenha patrimônio menos dívidas superior a um milhão de reais. O problema aqui é saber o que é patrimônio e o que não é. Por exemplo, a Receita Federal e muitas pessoas consideram carro um patrimônio, enquanto eu discordo (você nunca consegue vendê-lo pelo valor que você acha que ele vale, não tem liquidez e gera muitas despesas), e carros devem ser removidos dessa conta. Na realidade, sou favorável à definição usada pelo autor Thomas Stanley (autor de “O

Milionário Mora ao Lado”, “A Mente Milionária” e “Stop Acting Rich”): milionário é aquela pessoa que tem pelo menos US$ 1 milhão em ativos de alta liquidez, como ações, fundos de investimento, dinheiro, metais preciosos, etc.,

descontando todas as dívidas que a pessoa possa porventura possuir. Não entra nesta conta moradia própria, imóveis de aluguel (pois não possuem liquidez), negócios, carros, etc. Outras definições existem, mas acredito esta ser a mais apropriada.

Aqui vale esclarecer algo muito importante. Ser milionário e ter independência financeira são duas coisas distintas. Independência financeira é quando você tem receitas suficientes oriundas de investimentos que pagam todas as suas despesas mensais, significando que se você quisesse parar de trabalhar, você poderia. Essa sua receita passiva pagaria todas as suas despesas ad eternum (é claro que você terá de ter compensar a inflação e no planejamento de longo prazo incluir

aumento de despesas no futuro como, por exemplo, aumento no valor do plano de saúde com o avanço da nossa idade).

Portanto não é preciso ser milionário para ter independência financeira. Se suas despesas totais mensais são, por exemplo, R$ 5.000, você terá independência financeira quando tiver rendimentos passivos (rendimentos vindos de

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para isso. Da mesma forma, se você é milionário e tem rendimentos gerados de forma passiva de, digamos, R$ 20.000, mas gasta R$ 30.000 todo mês, você ainda não tem independência financeira, mesmo sendo milionário.

Você de repente pode estar pensando que é “impossível” gastar R$ 30.000 por mês. Mais uma vez, isso é questão de adaptação à sua realidade. Alguém que gasta R$ 2.000 por mês e tem salário nesta mesma faixa – e, portanto, na luta eterna para fazer sobrar algum dinheiro todos os meses – pode simplesmente achar ridículo como alguém com um salário de, digamos, R$ 20.000 gastar R$ 30.000 por mês e pensar “ah, se eu ganhasse R$ 20.000 por mês eu continuaria gastando a mesma coisa e sobrariam R$ 18.000 todos os meses”. Acontece que quanto mais você ganha, mais você gasta. A não ser que você seja altamente disciplinado, a tendência será ver mais dinheiro e, com isso, criar mais despesas.

O conceito do que é e ser pobre não é o mesmo para todos

Assim como o conceito do que é ser rico não é o mesmo para todo mundo, o mesmo ocorre para o conceito de “pobre”. Note que estamos falando aqui de pobre e não de miseráveis – o conceito de miséria é o mesmo em qualquer lugar do mundo (passando verdadeiras necessidades tais como fome e falta de

saneamento básico).

Um jogador de futebol de origem humilde (do qual não recordo o nome), após anos morando na Europa disse à imprensa brasileira que não entendia como alguém no Brasil conseguia viver com menos de R$ 10 mil por mês. Esta declaração não foi bem recebida pela imprensa, especialmente porque os

jornalistas que o entrevistaram recebem bem menos do que isso. Mais uma vez, em vez de rebater e criticar a declaração do jogador, muita gente não parou para pensar se o que ele estava falando não fazia sentido.

Uma pessoa de classe baixa que ascendeu à classe média pode agora não se considerar mais pobre (e em sua família ser considerado o “rico”, como vimos anteriormente), ao passo que essa mesma pessoa pode ser considerada “pobre” por pessoas na classe média alta ou classe alta. Dando um exemplo mais extremo, um herdeiro do tipo “playboy”, cuja única ocupação na vida é torrar o dinheiro

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dos seus pais com frivolidades, com certeza considera pobre qualquer pessoa que não consegue “acompanhar” seus padrões de gastos – e o irônico é que muitos milionários não ousarão a gastar dinheiro dessa forma (o truque para juntar

dinheiro não é apenas ganhar mais, mas gastar menos). Esse tipo de “playboy” é o que acaba na miséria depois que os pais falecem, caso não tenha tido qualquer tipo de treinamento em como comandar os negócios da família.

Falta de “ganância”

Como o conceito de sucesso e riqueza não é o mesmo para todos, vemos muitas pessoas que atingiram uma determinada meta ou sonho simplesmente ficarem paralisadas naquele patamar. Por exemplo, alguém de origem humilde e que “virou” classe média pode pensar que chegou aonde queria chegar e que “já está bom”.

Não há nada de errado nisso, desde que a pessoa não esteja vivendo cheia de dívidas e privações que a impedem de ter e fazer tudo aquilo que realmente quer. Aqui vale um minuto de reflexão para ver se este não é o seu caso.

Lembrando é claro que usei ganância entre aspas de propósito, pois estou falando aqui de ter mais do que você tem com o intuito de poder ter recursos para você ter e fazer tudo aquilo que você gosta e deseja, ganhando dinheiro de maneira ética e legal. Não estou aqui falando da ganância “ruim”, o famoso “tudo pelo dinheiro”, que inclui mentir, roubar e passar a perna nos outros. Isso não deve ser feito nunca. Estamos falando de ambição.

Inventar desculpas e não assumir responsabilidades

Algumas pessoas vivem dando desculpas: “se não fosse por causa disso”, “se não fosse por causa daquilo”, etc. Algumas desculpas parecem em um primeiro momento até plausíveis (“meus pais morreram em um desastre e fiquei

desorientado”), mas podem ser, elas mesmas, uma desculpa para a pessoa não tomar as rédeas da sua vida e fazer o que precisa ser feito para atingir os seus objetivos financeiros.

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Se você reparar o discurso de qualquer pessoa bem-sucedida financeiramente, quando ela fala de seus fracassos, você verá que raramente ela dará alguma

desculpa do tipo “se não fosse pelo governo”, “se não fosse pelo câmbio”, “se não fossem os impostos”, etc. Pelo contrário, em geral você verá que ela falará dos fracassos com certo orgulho, pois aprendeu alguma lição que a tornou

bem-sucedida em empreendimentos futuros ou, melhor ainda, descobriu uma maneira de contornar o fracasso.

Sem falar que não há nada mais chato do que gente que vive se queixando de tudo e de todos.

Eu mesmo tive vários fracassos em minha vida, mas estes eu jamais coloquei “a culpa” em ninguém a não ser em mim mesmo. E eu não tenho o menor pudor de compartilhá-los com qualquer pessoa que queira ouvi-los. De fato, eu considero que escutar os fracassos de pessoas bem-sucedidas seja uma grande maneira de aprender com o erro dos outros. Muita gente foca somente nos sucessos de pessoas bem-sucedidas, mas é nos fracassos que aprendemos mais. Portanto, fica a dica: ao encontrar uma pessoa que você considera bem-sucedida, puxe o

assunto com algo do tipo “quais foram os maiores erros que você já cometeu e o que você fez para superá-los?”.

Vamos ver alguns exemplos pessoais para solidificar a ideia. Eu poderia ter inventado a desculpa “se o shopping tivesse feito algo para atrair mais gente eu não teria fechado a minha loja” para o meu primeiro empreendimento quando adulto, uma loja de informática que não deu certo pelo baixo volume de vendas. O erro foi obviamente meu, de não ter analisado antes de alugar a loja que, apesar da excelente localização (bairro nobre do Rio de Janeiro, em frente a um ponto de ônibus e altíssima circulação de pessoas na rua), a loja não tinha quase nenhum volume de pessoas passando em frente (pois estava no terceiro andar de uma galeria). Neste mesmo caso, eu poderia ter inventado a desculpa “se meu sócio fosse mais ativo em captar clientes”, mas a sociedade era 50%-50%, portanto a responsabilidade de qualquer coisa era tanto minha quanto dele. E mesmo que não fosse, a culpa continuaria sendo minha, pois afinal eu é que o escolhi para sócio. Eu poderia ter escolhido outra pessoa com um perfil diferente.

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Mais uma que eu poderia ter inventado: “se não fosse a concorrência das lojas do centro da cidade”. Mais uma vez, não inventei essa desculpa justamente porque sabia que eu é que resolvi abrir a loja em um bairro nobre, onde as despesas fixas eram quatro vezes maiores e, com isso, nossos preços tinham de ser mais

elevados.

Eu poderia ter inventado desculpas do tipo “se meu ex-editor não tivesse me roubado” para não alcançar as minhas metas financeiras. Este é um excelente exemplo, pois, apesar de ter sido roubado pela primeira editora que publicava meus livros2 e, na época, depender dos royalties para a minha sobrevivência, eu consegui atingir minhas metas financeiras mesmo assim. Em vez de ficar

paralisado pela descoberta e pela impossibilidade de atingir minhas metas pelos caminhos anteriormente planejados, eu simplesmente levantei, sacudi a poeira e redesenhei minhas metas com novos caminhos e ideias.

Mas se você prestar atenção no discurso de pessoas malsucedidas

financeiramente você provavelmente ouvirá um monte de desculpas – e aqui vale à pena entender que o comportamento de inventar desculpas (e não o conteúdo da desculpa) e não assumir responsabilidades é que possivelmente foi o

responsável pelo fracasso delas.

Portanto, desculpas não servem para nada. Elas só servem para paralisar quem as inventou (as pessoas malsucedidas) e para haver uma justificativa para não atingir suas metas. Ou como o Brunão, um dos meus melhores amigos, diz ao ouvir uma desculpa: “me engana que eu gosto”.

Se você estiver se dando conta de que você tem alguma desculpa na ponta da língua do porquê que você não tem sucesso financeiro, é importante parar para pensar se este é um padrão de comportamento que você costuma usar,

2 Autores ganham dinheiro através de royalties, isto é, uma pequena comissão sobre cada livro vendido. A editora

recebeu o dinheiro dos livros vendidos, mas não pagou a minha parte, embolsando os meus royalties. Após a editora ser acionada na justiça, os donos pegaram o dinheiro e fugiram, em uma cena típica de filme. O valor atualizado da dívida em 2013 era de R$ 4 milhões. Em http://www.vitimasaxcel.com.br há a história completa deste caso.

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especialmente quando você está prestes a completar alguma meta e as coisas não andam da maneira esperada e você desiste, em vez de buscar uma solução.

Imediatismo

Infelizmente é característica do ser humano ser imediatista, isto é, querer ter algo

agora. Só que não existe fórmula mágica para ter sucesso; é preciso trabalhar

arduamente para obtê-lo. É preciso ter paciência e perseverança.

O problema do imediatismo fica claro quando o assunto é consumo. Em vez de economizar para realizar uma compra à vista no futuro, grande parte das pessoas – se não a maioria – prefere se endividar e ter aquele produto ou serviço agora. Além de você acabar pagando bem mais do que o valor do produto, você ainda fica com prestações que deverão ser pagas mensalmente, gerando um impacto em seu orçamento mensal.

Em casos extremos, o consumo imediato pode estar atrelado ainda à

incapacidade da pessoa em arcar com os custos de manutenção do produto adquirido. Ter um carro é o melhor exemplo. Muitos jovens adultos caem na tentação de ter um carro, fazem as contas e veem que as parcelas cabem no orçamento, mas esquecem-se de computar os gastos com seguro, gasolina, oficina, pedágio, estacionamento, etc. (acho que todo mundo conhece alguém que tem carro e que vive reclamando do “absurdo” que é pagar pedágio e estacionamento).

Portanto, além de pagar mais pelo mesmo produto e do impacto em seu

orçamento mensal, você ainda terá menos dinheiro disponível (isto é, se sobrar algum) para poder economizar e investir.

Se você puder “segurar” o máximo possível suas compras e juntar dinheiro para comprar aquilo que você precisa à vista (e, em muitos casos, descontos são oferecidos), você não só economizará como também terá dinheiro para investir mensalmente, colocando-o no caminho da independência financeira. Aliás, é muito comum no meio do caminho você descobrir que nem mesmo precisava

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daquele produto ou serviço que você tanto queria e que parecia tão indispensável!

Falta de planejamento e metas

A não ser que você acerte na loteria ou receba uma herança de um tio-avô que você nem conhecia, você não ficará rico da noite para o dia. É necessário sentar, planejar e traçar metas para o seu sucesso financeiro.

Muita gente pensa que determinadas pessoas nasceram viradas para a lua, que são sortudas, e que tudo o que tocam vira ouro. Aprenda uma coisa de uma vez por todas: sorte e sucesso só vêm antes de trabalho no dicionário. Muitas pessoas tendem a achar que pessoas ficam famosas e ricas da noite para o dia. Este

conceito é reforçado pelos canais de comunicação, onde fica parecendo que uma determinada pessoa – um músico ou um jogador de futebol, que são os casos mais comuns – ficou rica da noite para o dia depois de ter sido “descoberta” (por um agente, por uma gravadora ou por um grande clube, por exemplo). O que as pessoas se esquecem é que provavelmente essas pessoas “sortudas” estavam treinando anos a fio em sua profissão, no anonimato, e possivelmente tinham planos de serem ricas e de terem sucesso (em muitos casos esses planos não eram estruturados, mas eles estavam lá). Em entrevistas, muitas vezes por puro tabu, o entrevistador não faz perguntas sobre os planos e metas que os

“sortudos” tinham quando eram ilustres desconhecidos. E mesmo quando perguntas deste tipo surgem, os “sortudos” em geral apresentam uma falsa humildade, ou por tabu ou para não ferirem o sentimento de alguém.

Portanto, se você quer ser rico ou ao menos “sair do buraco”, é preciso sentar, encarar a realidade e traçar um plano.

Muita gente pensa ainda que fazer um planejamento significa viver aprisionado dentro de um plano, e que não é possível sair nem um pouco desse plano, e muitas usam esta desculpa para não traçarem metas. O planejamento serve para você ter um guia de como ganhar e como gastar seu dinheiro de forma a ter dinheiro para investir e, com isso, criar uma reserva financeira. Este planejamento

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deve ser feito propiciando o estilo de vida que você quer levar nesta jornada; o objetivo não é “aprisioná-lo” nem tampouco privá-lo dos prazeres da vida.

Falta de perseverança

A verdade é que ser rico não é para todos, pois nem todo mundo tem as condições necessárias para tal. Essas condições, no entanto, podem ser

aprendidas e treinadas, portanto qualquer um pode ser rico se realmente entrar “no espírito” da coisa.

Uma dessas condições necessárias é a perseverança, ou seja, o ânimo de

continuar seguindo em frente com um plano por realmente acreditar nele mesmo diante de obstáculos e mesmo quando ao analisar resultados eles parecerem pífios comparados com os resultados pretendidos. É o famoso “acreditar em si mesmo quando ninguém mais acreditava”.

O melhor exemplo para você entender onde você terá de ter muita perseverança (e paciência) está no acúmulo de dinheiro. A maneira mais “fácil” de juntar um patrimônio de alta liquidez é investir um pouco todos os meses, de forma constante. Esses investimentos geram juros sobre juros (juros compostos), que fazem a mágica de multiplicar seu dinheiro de forma exponencial, sem trabalho extra da sua parte.

Se você já leu outros livros sobre educação financeira já deve ter lido algo parecido zilhões de vezes. Mas infelizmente a maioria das pessoas não tem o conhecimento para entender o que “exponencial” realmente significa.

Uma curva exponencial é baixa em seu início, até chegar a um determinado ponto onde ela começa a subir de forma vertiginosa. Veja o gráfico da Figura 1.1 para visualizar uma curva deste tipo.

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Figura 1.1: curva exponencial

Esta curva mostra o que acontece se você investir R$ 500 por mês, todos os

meses, por 30 anos, em um investimento que gere 1% ao mês. Ao final de 30 anos você terá acumulado um patrimônio de mais de R$ 1,7 milhão! Imagine o quanto você acumulará se investir mais por mês!

Mas é aqui que a porca torce o rabo. A curva é linda, uma exponencial, mas seres humanos tendem a pensar de forma linear. Se esta curva fosse linear, isto

significaria que os ganhos seriam sempre constantes – por exemplo, ao final do décimo ano você teria acumulado exatamente 1/3 do valor que teria acumulado ao final de trinta anos.

Só que esta curva não é linear e sim uma exponencial! Isso significa que após dez anos o seu patrimônio será bem menor do que 1/3 do valor que você terá

acumulado após 30 anos.

Com isso, o cidadão médio que pensa de forma linear acha que ele já deveria ter em seus investimentos um valor proporcional à meta final após um determinado tempo investindo. Por exemplo, após cinco anos investindo da maneira descrita, você poderia pensar que deveria ter em seus investimentos o montante

aproximado de R$ 290.000 (R$ 1,7 milhão dividido por seis, isto é, 30 anos

divididos por 5 anos). Só que nos seus investimentos você terá cerca de R$ 41.000

R$ 0,00 R$ 200.000,00 R$ 400.000,00 R$ 600.000,00 R$ 800.000,00 R$ 1.000.000,00 R$ 1.200.000,00 R$ 1.400.000,00 R$ 1.600.000,00 R$ 1.800.000,00 R$ 2.000.000,00 A n o 1 A n o 2 A n o 3 A n o 4 A n o 5 A n o 6 A n o 7 A n o 8 A n o 9 A n o 1 0 A n o 1 1 A n o 1 2 A n o 1 3 A n o 1 4 A n o 1 5 A n o 1 6 A n o 1 7 A n o 1 8 A n o 1 9 A n o 2 0 A n o 2 1 A n o 2 2 A n o 2 3 A n o 2 4 A n o 2 5 A n o 2 6 A n o 2 7 A n o 2 8 A n o 2 9 A n o 3 0

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após cinco anos, o que é bem menos do que você estava pensando que teria, por estar pensando de maneira linear.

Muita gente se frustrará no meio do caminho achando que seus investimentos estão andando de forma muito “lenta”, e muita gente ao achar isso acaba desistindo no meio do caminho do plano de ter o patrimônio proposto (R$ 1,7 milhão ao final de 30 anos, no nosso exemplo), achando que é muito “lento” e requer muito “sacrifício”.

Não ter a determinação (a perseverança de continuar seguindo o plano religiosamente) e o pensamento linear são possivelmente os dois maiores motivos pelos quais pessoas comuns não conseguem juntar um patrimônio considerável, ou seja, ficarem ricas.

Só tome cuidado para não confundir perseverança com teimosia. Perseverança é insistir em algo que você tem certeza (pelo menos naquele momento) de que dará certo – muitas vezes indo contra a maré de pessoas céticas e negativistas, que insistem em te dizer que aquilo nunca dará certo –, por ter meios de medir se você está indo pelo caminho correto. Em nosso exemplo você pode facilmente fazer uma simulação para ver se o valor presente em seus investimentos a

qualquer momento corresponde aos valores esperados (você só não pode fazer a conta “errada” do pensamento linear!).

Já teimosia é ficar insistindo em algo que está dando errado, de forma irracional. Se você fez algo de uma determinada maneira e deu errado e aí você insiste em tentar fazer com que dê certo fazendo tudo da mesma forma. Isso, além de teimosia, é pura burrice – se deu errado fazendo de uma determinada maneira, na próxima tentativa vai dar errado de novo se você continuar fazendo da mesma maneira. Em geral este tipo de comportamento está associado a pessoas que não conseguem visualizar e assumir erros. Como já expliquei, erros são os nossos maiores professores, desde que você identifique o erro e o analise para ver o que poderia ser feito de forma diferente, é claro.

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Insistir em maus negócios

Ao identificar e assumir erros você estará cortando prejuízos. Por exemplo, o cidadão que compra um imóvel para moradia própria com um esforço danado e descobre algo de errado no imóvel ou na vizinhança pouco tempo depois – por exemplo, o aparecimento de uma favela nas proximidades, o anúncio da

construção de uma rodovia beirando a propriedade ou a abertura de uma casa de shows ruidosa, o que certamente derrubará o preço do imóvel em um piscar de olhos. Em vez de se dar conta que talvez seja a hora de sair dali o mais rápido possível, muita gente neste tipo de situação não faz nada, afinal o pensamento de ter de se “livrar” do imóvel que comprou com tanta dificuldade e até mesmo ter prejuízo financeiro na transação são doloridos demais. Só que os anos passam e agora que ele decidiu finalmente dar um basta, descobriu que o imóvel não vale nem metade do quanto ele pagou, pois o problema se agravou.

Portanto, a melhor coisa que você pode fazer ao se dar conta de que fez um mau negócio é sair dele o mais rápido possível, mesmo que isso signifique perder dinheiro: é melhor perder um pouco do que perder tudo!

O problema é que muita gente vê “erros” como algo ruim, o que não é verdade. Errar é humano. Só aprendemos com os nossos erros. Como estou explicando, o negócio é assumir o erro e corrigi-lo. O problema é quando você não acha que errou (problema sério de ego) ou quando você fica cometendo os mesmos erros o tempo todo (a teimosia). Infelizmente há muita gente que acha que não comete erros e critica aqueles que os cometem. Esse tipo de gente dificilmente será bem-sucedido na vida. Reflita para ver se este é o seu caso. Se for, é hora de mudar. Aqui vale um lembrete importante. Milionários também fazem maus negócios e comentem erros – aos montes. A diferença é que na média eles acertam mais do que erram. Se você está disposto a ganhar dinheiro tem de entender que você algumas vezes fará maus negócios. Assuma o erro, corte o mau negócio o mais rápido possível, sacuda a poeira e parta para outra. E aproveite para refletir onde você errou: não vá cair no mesmo erro!

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Investir naquilo que não entende

A maneira mais fácil para você perder dinheiro é investir naquilo em que você não entende, ouvindo a “orientação” de pessoas que tampouco entendem sobre investimentos, tais como amigos, primos, cunhados e seu gerente de banco (tirando raríssimas exceções, o gerente de banco é um vendedor de produtos de banco que tem que cumprir uma meta de vendas; o nome correto da posição dele no banco deveria ser “gerente de vendas” e, de seus assessores, “vendedores”). O caso é ainda pior se o investimento necessitar de um grau de conhecimento e preparo muito acima da média, tais como negócio próprio, gado e ações.

Um exemplo muito comum é o camarada abrir um negócio próprio sem o menor preparo – por exemplo, não tendo a menor noção dos impostos (“ah, isso aí é o contador que vê”), sem qualquer tipo de planejamento ou análise de viabilidade e com a ilusão de que poderá tirar uma fortuna do negócio próprio em um ano ou menos (um negócio só é considerado “maduro” após cinco anos e mesmo assim não é garantia de que você poderá fazer distribuições de lucro altas ou que ficará rico). E o pior: tudo isso com a grana “contada” (vá por mim: se você “chutou” que precisará de “x” para montar seu negócio, multiplique pelo menos por três). Para abrir um negócio próprio você tem de ter certeza de que você não vai precisar da grana investida para o seu sustento e terá outras fontes de sustento durante o período de maturação.

Aí o camarada perde uma grana federal e fica espalhando que “ter negócio próprio é furada”, “o governo isso ou aquilo” ou que “investir em ações é arriscado e você invariavelmente vai perder dinheiro”.

Qualquer investimento é um mau negócio se você não tem a menor ideia de no que está investindo.

Portanto, a melhor coisa a fazer é fazer o seu “dever de casa”, estudar (lendo livros, fazendo cursos, conversando com especialistas, participando de fóruns na Internet) e ter um plano de ação.

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Não querer mudar hábitos

Se você está lendo este livro assumo que você queira mudar algo em sua vida. Para ficar rico (ou pelo menos sair “do buraco”) você precisará mudar hábitos. Como disse, não é possível obter resultados diferentes se você continuar fazendo tudo sempre da mesma maneira.

Tem gente que lê livros sobre educação financeira como se estivesse assistindo a uma novela. Após o término, a vida continua como sempre foi.

Mudar é dolorido. O desconhecido sempre nos dá medo, apreensão e ansiedade. “E se não der certo” é o pensamento mais comum. Olha, para ter sucesso

financeiro você precisará mudar seus hábitos. Por exemplo, você precisará passar a anotar todos os seus gastos, analisá-los e mudá-los. Muita gente rebate de cara dizendo “mas eu não quero parar de consumir da maneira que eu consumo” (por exemplo, comer em restaurantes caros todo fim de semana). A verdade é simples. Ou você muda ou você continuará onde está – ou piorará sua situação financeira. Se você quiser ter sucesso financeiro você terá de mudar. Eu sei que isso não é fácil no início, mas o resultado compensa – e muito!

Preguiça

Eu acho que nem preciso explicar muito este tema – ele é autoexplicativo! Muita gente lê livros, entende perfeitamente o que é preciso fazer e mudar, mas... não fazem nada a respeito! Ou então até traçam algumas metas e planos de ação, mas demoram um tempo enorme para executarem cada passo.

Associado a este fenômeno temos outro parecido, que é o da intelectualização. Especialmente entre os intelectuais e acadêmicos há uma tendência a querer “entender tudo”, muitas vezes gerando paralisia na hora de colocar o

conhecimento em prática. Pessoas com este perfil acabam estudando educação financeira como se fosse outro estudo qualquer, se bobear elas poderiam até dar palestras, cursos e escrever teses sobre o tema. Mas quando paramos para ver suas vidas pessoais, elas não mudaram absolutamente nada e continuam tão no “buraco” quanto antes de começarem a estudar o assunto.

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Portanto, em vez de querer intelectualizar ou “entender tudo sobre o tema”, simplesmente coloque tudo aquilo que você já aprendeu em prática, mesmo que ainda esteja engatinhando nas leituras. Não é preciso ler “tudo” já publicado sobre o tema. Inclusive muitos milionários sequer leram qualquer livro sobre educação financeira!

Tradução: “mexa o seu traseiro”!

Acha que só vale para os outros

Algumas pessoas leem sobre o assunto, estudam casos de sucesso, ficam fascinadas pelo tema e acham que tudo é válido – para os outros!

Olha, qualquer pessoa que queira realmente ter sucesso financeiro, terá. Isso não é nenhum chavão de autoajuda, é fato. Só que o custo, para muitos, é muito alto: eu ter que mudar meus hábitos? Nem morto!

Se você é fascinado pelo tema, já leu vários livros e ainda continua achando tudo muito bonito e bacana, mas que só vale para os outros, você tem um problema de autoestima que precisa ser visto. Você pode ser bem-sucedido! Basta parar de pensar assim! O único inimigo que você tem é você mesmo. Enquanto você achar que não “merece” ter sucesso, você não o terá!

Condição interna incompatível com a nova realidade

Você já deve ter escutado o caso do ganhador da loteria que ficou milionário da noite para o dia, mas que perdeu tudo em questão de poucos meses ou anos. Normalmente são pessoas de origem humilde e que não estão preparadas para lidarem com um montante tão alto. Se coloque no lugar dele: o maior valor que o camarada já viu na frente dele foi, sei lá, R$ 1.000, e de repente ele tem uma conta bancária com R$ 9 milhões. O cara endoidece, acha que vai durar para sempre, sai torrando a grana, comprando imóveis e carros, presenteando todos aqueles primos de quarto grau que aparecem do nada. Rapidamente não só a grana se foi, mas também o camarada fica sem como pagar os custos de se ter tudo aquilo que ele comprou (impostos, custos de manutenção, etc.).

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Porém, por “debaixo dos panos”, outra coisa mais cruel normalmente acontece. Como o camarada não estava preparado para ter um patrimônio tão alto, ele trabalhou para que a quantidade de dinheiro que ele tinha ficasse em um patamar em que ele fosse capaz de lidar, isto é, de se sentir confortável. Você deve estar pensando que isto é pura loucura, alguém trabalhar contra si próprio. É claro que essa manobra é feita de forma inconsciente (e, por isso, difícil de acreditar que uma pessoa possa destruir seu patrimônio “de propósito”).

Portanto, você tem de se preparar para ficar rico ou, melhor dizendo, para lidar com valores acima do que você está acostumado. Do contrário você manipulará a sua realidade de maneira inconsciente para voltar ao seu padrão antigo. Voltando ao exemplo da Vera Loyola, você pode escolher entre rebater aquela afirmação dela como a maioria das pessoas ou então juntar-se ao time dela e achar que US$ 1 milhão é “normal”. A escolha é sua; a minha eu acho que está bem clara.

Se você não se preparar, você até conseguirá juntar um bom patrimônio, mas em pouco tempo o perderá – e possivelmente ficará arrumando tudo quanto é

desculpa para “explicar” o que aconteceu. Acredite, se isso ocorrer só haverá um único culpado: você mesmo.

Busca do “reconhecimento”

Ah, a incessante busca pelo “reconhecimento”... Infelizmente a maioria das pessoas vai listar “ser reconhecida” na lista de dez coisas mais importantes para ser considerada bem-sucedida. Só tem um problema: o reconhecimento é algo que não depende de você, mas sim de outra pessoa. Mesmo que você faça tudo “como manda o figurino”, ainda assim não há qualquer garantia que você será “reconhecido”.

O problema é que as pessoas tendem a enfiar os pés pelas mãos quando se

sentem frustradas por não estarem sendo “reconhecidas”. É nesses momentos de frustração que várias coisas negativas acontecem. A mais comum são gastos com roupas de marca e carros importados. Afinal de contas, esse deve ser o segredo do sucesso do ator “x”, que é muito famoso e veste a roupa “a” e tem um carro “b”. Estou dando exemplo de roupa e carro porque, mas aquele fogão de R$

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8.000 também entra aqui. Ou seja, qualquer tipo de gasto que, se analisado friamente por uma pessoa de fora, não faça o menor sentido.

Nada contra vestir roupas de grife, ter carro esporte alemão ou comprar um fogão de R$ 8.000. O problema todo é o motivo por trás da escolha e, o mais importante a saber: você tem como pagar a conta? O gasto é compatível com os seus ganhos e com o seu patrimônio? Um excelente exemplo é o caso do jogador de futebol Ronaldo, que tinha uma Ferrari e várias pessoas o criticavam. Mas perto de seu patrimônio pessoal, a Ferrari representava menos do que um carro popular 1.0 representava para um cidadão classe média. Ou seja, aquele Gol 1.0 que o camarada que estava criticando o Ronaldinho tinha na garagem tinha um impacto em seu orçamento muito maior do que a Ferrari tinha para o Ronaldo... Acredite, não é o carro de luxo ou a roupa de marca que fará você ser

reconhecido ou famoso. Essa ideia é reforçada pelas marcas, que justamente usam dessa frustração tão comum como força de vendas. Aliás, poucos se dão conta que o ator “x” provavelmente ganhou de graça ou foi pago pela marca “a” e “b” para desfilar por aí com seus produtos... E que possivelmente os ricos

compram produtos deste tipo depois que se tornaram ricos, e não antes (e a verdade é que a maioria das pessoas que ficaram milionárias “do zero” através de trabalho e investimentos raramente compram produtos de luxo mesmo depois de ricas3).

E sabemos de pessoas que consomem marcas “a” ou “b” para tentarem se aproximar de pessoas “ricas”, sabe-se lá por qual motivo. Para quem está observando de fora, chega a ser cômico, especialmente quando sabemos que pessoas ricas em sua maioria rapidamente detectam quem está se aproximando por puro interesse.

Você poderá torrar a grana que não tem, ficar endividado até o último fio de cabelo, e mesmo assim continuar sendo um Zé Ninguém. Ou então achar que está “abafando”, quando na verdade está fazendo burrice financeira atrás de burrice financeira. Em troca de que? De gente “babando o seu ovo” só porque você veste

3 Ver STANLEY, Thomas J. Stop acting rich: and start living like a real millionaire. Hoboken: John Wiley & Sons,

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a marca “a” ou dirige o carro “b”? É esse o tipo de pessoa que você quer ao seu redor? Lembre-se: pessoas devem gostar de você pelo o que você é, e não pelo o que você tem. Pois em momentos difíceis as pessoas do primeiro grupo estarão ao seu lado, já as do segundo sumirão do mapa.

Outro sintoma comum de pessoas frustradas com a falta de “reconhecimento” é elas começarem a falar mal de outra pessoa só porque ela é famosa e bem-sucedida, normalmente no mesmo campo de trabalho em que você se encontra. Exemplo é que não falta “ah, fulano é vendido”, “sicrano só ganhou aquela promoção porque é primo em segundo grau do diretor”, “beltraninha só

conseguiu aquele papel porque dormiu com o diretor”, e por aí vai. O que você ganha criticando negativamente outras pessoas? Absolutamente nada. Pelo contrário. A tendência de pessoas ao seu redor é de se afastarem de você. Afinal, se você está falando mal de outras pessoas, possivelmente em breve você estará falando mal delas também. Se você não gosta de alguém, pare para pensar sobre porque você não gosta dela. Na maioria das vezes não há razão concreta alguma, a não ser inveja e a frustração de a outra pessoa ser “reconhecida” e você, não. É novamente o exemplo do jogador Ronaldo. Qual é o propósito de criticá-lo? Ele ficou rico honestamente, se ele quer ter uma Ferrari o problema é dele. As

pessoas em vez de ficarem inspiradas no exemplo dele, pessoa de origem humilde que ficou milionária através de trabalho honesto, resolvem criticá-lo. E lembrando que os críticos, diferentemente do Ronaldo e da sua Ferrari, não tem nem “bala na agulha” para manter aquele Gol 1.0 branco que está na garagem.

Mas em resumo: risque “ser reconhecido” da sua lista imediatamente! Em geral esse item é o “gatilho” que faz seu plano “desandar”.

Não sonhar

Sonhar é bom, uma delícia. Eu adoro sonhar. E porque não sonhar alto? Quanto mais você assumir os desejos de consumo que você tem, mas próximo da

realidade esses desejos estarão. É claro que é preciso fazer mais coisas do que simplesmente sonhar, como estamos discutindo neste livro.

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Infelizmente há pessoas que têm dificuldade de verbalizar seus sonhos: têm vergonha ou dificuldade de terem sonhos, em alguns casos achando que de alguma forma não merecem aquilo ou que nunca vão conseguir ter aquilo. Note que sonhos não necessariamente precisam ser itens de luxo e/ou extremamente caros. Por exemplo, para uma pessoa, uma casa simples com uma hortinha e um cachorro é tudo o que ela sempre sonhou.

Não tenha medo de sonhar. Se não sonharmos não teremos um motivo para viver.

Mas tome cuidado com as pessoas que criticam o sonho alheio. Este tipo de gente você deve manter distância. Verbalizar sonhos é muitas vezes difícil e ter uma pessoa castradora por perto é tudo o que não queremos. Compartilhe somente com alguém que entenda o poder dos sonhos. Voltaremos a falar disso mais adiante, em “Relacionamentos tóxicos”.

Para dar um exemplo pessoal, anos atrás verbalizei para algumas pessoas que quando fosse rico eu iria ter um Porsche. As duas respostas mais comuns foram “como você pensa em ter um Porsche quando tem tanta gente passando fome no Brasil” e “você é maluco de colocar um carro desses nas estradas brasileiras”. Em relação à primeira resposta, eu comprar um carro caro não torna outras pessoas pobres (a não ser, é claro, que o dinheiro usado fosse ilícito, roubado da verba da merenda escolar, o que definitivamente não é o caso). Quanto à

segunda resposta, é um bom exemplo de uma pessoa que arruma uma desculpa para não ter algo luxuoso, para não sonhar algo. Ou então tem dificuldade para usufruir daquilo que tem. Possivelmente se esta pessoa fosse rica, ou ela

compraria um carro velho para andar por aí ou então até mesmo compraria o Porsche, mas o deixaria em casa com uma capa protetora em cima e andaria por aí de carro velho. Então qual é o sentido de sonhar, de juntar dinheiro para comprar algo que você sempre quis ter?

Em tempo: eu tive um Porsche no período em que morei nos Estados Unidos (que comprei zero à vista). Mas não o teria no Brasil, mais por conta dos custos de

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manutenção e medo com minha segurança pessoal do que com a questão de não ter permissão interna para usufrui-lo.

Delírio

Há pessoas que realmente acham que suas situações financeiras são muito

melhores do que elas realmente são. No popular, elas “viajam” e/ou “se acham”. Eu mesmo já fui assim e, portanto, conheço este problema profundamente. Em geral esse problema é gerado pela pessoa nunca ter sentado e contabilizado todas as suas receitas e despesas na ponta do lápis. O que acontece: a pessoa cria fantasias a respeito do quanto ganha e do quanto consome mensalmente. O vilão aqui é um camarada chamado “mais ou menos”. Você pergunta quanto essa pessoa ganha e ela diz “mais ou menos x”. Quanto ela gasta mensalmente? “Mais ou menos y”. Esta falta de precisão é que acaba gerando o delírio.

Não é nada raro ver que um camarada que ganha “mais ou menos R$ 5.000” e que gasta mensalmente “mais ou menos R$ 4.000” na realidade ganha R$ 4.000 por mês e gasta R$ 5.000 por mês. Em geral as pessoas tendem a inflar o quanto ganham e diminuírem o quanto gastam. Como você pode ver neste exemplo, esta pessoa acha que ganha mais do que gasta, enquanto na realidade ela está no vermelho todos os meses.

Esta falta de conexão com a realidade tem apenas uma única origem: não sentar e anotar todas as suas despesas e receitas, com precisão de centavos. Muita gente dá a desculpa de “não quero me tornar escravo de um orçamento” para não sentar e fazer isso, mas a verdade é que elas no fundo sabem que estão mentindo para si mesmas e não querem encarar de frente a verdadeira realidade em que se encontram. Todas as suas despesas, por menores que sejam, têm de ser

anotadas.

Portanto, se você quiser realmente ganhar dinheiro e sair “do buraco”, você terá de fazer isso, parando com essa coisa de “mais ou menos”.

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Gastar mais do que ganha

A receita para ficar pobre é gastar mais do que você ganha. Parece óbvio, mas para a maioria das pessoas é difícil gastar menos do que se ganha. Sinceramente espero que este livro ajude-o a expandir sua visão para ganhar mais dinheiro e a controlar melhor suas finanças para gastar menos, investindo a diferença.

Relacionamentos tóxicos

Por fim, um dos motivos mais comuns que explica o porquê das pessoas não serem bem-sucedidas financeiramente está em relacionamentos tóxicos. Aqui pode ser um relacionamento de par, um relacionamento familiar ou um

relacionamento entre amigos.

Por exemplo, você pode estar lendo e colocando em prática várias ideias apresentadas neste e em outros livros, mas seu par continua gastando,

comprando supérfluos e estourando o orçamento. Um par precisa, como a minha ex-esposa diz, “ser uma dupla”, isto é, um ajudando o outro, um incentivando o outro. As duas pessoas precisam estar no mesmo time e terem os mesmos objetivos e se comprometerem igualmente para atingirem um objetivo comum. Se você quer colocar a “casa em ordem” mas seu par não para de gastar e não tem o menor controle financeiro, simplesmente nada que você fizer para remediar a situação dará certo. Vocês têm de sentar, conversar e se entender. Também há o caso de você está querendo “ir para frente” na vida mas sente que a outra pessoa vive te puxando para baixo.

O primeiro passo é sentar e abrir o jogo com a pessoa. Isso deve ser feito com um exemplo concreto de um diálogo que tenha acontecido e com bastante tato. Algo como “sabe, fulano, eu fico triste porque sempre que eu falo de coisas que eu quero fazer, de metas que eu quero atingir, você dá uma resposta sarcástica. Por exemplo, na semana passada, quando eu disse que queria juntar dinheiro para fazer um cruzeiro no Caribe e você disse ‘tá com mania de rico, é?’ Isso não ajuda. Você pode, por favor, me incentivar em vez de fazer um comentário deste tipo?”

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É claro que o exemplo dado foi bastante simples e de fácil remediação. Há casos muito mais complicados onde uma pessoa abusa verbalmente (ou até mesmo fisicamente) de outra, onde uma solução é muito mais complexa.

Se a pessoa continuar com o mesmo comportamento negativo mesmo após você conversar com ela várias vezes, é hora de você repensar a forma de

relacionamento. Com amigos e família é fácil simplesmente “fechar a boca” caso você queira preservar a relação. Em casos extremos, é relativamente fácil se afastar de um amigo que vive te botando para baixo. Já com no caso de uma relação de par ou familiar abusiva, fora do normal, o que você pode fazer é convidá-los para fazer psicoterapia em grupo. Com uma resposta negativa a este convite, é muito complicado se afastar caso você dependa da outra parte

financeiramente. É possível que você tenha de fazer uma meta para ter seu próprio dinheiro e espaço para conseguir sair da situação e andar com a sua vida na direção em que você achar melhor para você. Mesmo que a outra parte não queira fazer terapia, nestes casos extremos acredito que seja muito importante que você procure um psicoterapeuta para ajudá-lo(a) a sair dessa situação.

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Capítulo 2

Mitos sobre dinheiro

Resumo este livro em uma única frase: tudo o que você pensa sobre dinheiro está errado! E o pior, os meios de comunicação e as pessoas – incluindo seus amigos e familiares – só ajudam a propagar a ignorância financeira. Isso ocorre porque todos nós temos algumas ideias pré-concebidas sobre dinheiro, que são

comumente propagadas através de conselhos completamente “furados”, “dicas” que possivelmente não estão corretas, comentários aparentemente inofensivos e “ditos” que acabamos passando adiante.

Pense: se todos os “conselhos” e “dicas” a respeito do dinheiro que ouvimos fossem verdade, todos nós seríamos podres de rico, não é verdade?

Para ilustrar de outra forma, pense no seguinte: de acordo com os dados de 2010 publicados pelo IBGE1, apenas 0,34% da população tem ganhos acima de trinta

salários mínimos por mês. Infelizmente o IBGE não apresenta dados para faixas de salário maiores do que esta nem tampouco publica dados referentes a

patrimônio, e a Receita Federal, possivelmente por motivos de sigilo, não publica qualquer tipo de estatística, portanto não temos informações oficiais de quantos ricos ou milionários existem no Brasil. Um estudo feito pela consultoria

CapGemini sobre a distribuição de riqueza no mundo2 estima que existiam no

Brasil 161.000 pessoas com patrimônio superior a US$ 1 milhão em 2014 (ou seja, 0,08% da população3 do nosso país – repito, 0,08% da população) – este estudo

exclui a residência principal da pessoa.

A não ser que seus amigos, familiares e conhecidos estejam dentro desses 0,08% da população brasileira, qualquer “conselho” ou “informação” a respeito de dinheiro vindo deles é, possivelmente, falsa (e isso inclui muito possivelmente as informações dadas pelo gerente do seu banco, um título bonito para vendedor).

1ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2010/Trabalho_e_Rendimento/pdf/tab_rendimento.pdf. 2 World Wealth Report, disponível em https://www.worldwealthreport.com/. Acessado em: 05 de julho de 2015. 3 Baseando-se em uma população de 204.481.188 habitantes, de acordo com a projeção do IBGE em 05 de julho

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Mas qual é o problema em escutar informações erradas a respeito de dinheiro? Cientistas gastam anos e bilhões de dólares tentando decifrar a complexidade da mente humana, mas deixa eu ser o primeiro a te dar esta notícia bombástica: a mente humana é extremamente simples, idiota até. A sua mente acredita naquilo que você ouve e pensa. Logo, um comentário aparentemente “inocente”, uma “dica” ou “conselho” que você acredite ser verdade acaba “programando” a sua mente a acreditar que aquilo é realmente verdade.

Por conta deste fenômeno, você tem de executar duas tarefas simples, mas potentes, para aumentar a sua saúde financeira.

Primeiro, você precisa criar uma espécie de “ouvido seletivo” contra esse tipo de comentário infeliz. Após a leitura deste livro será fácil identificar pessoas que estão falando besteira das pessoas que realmente têm algo interessante ou importante a passar.

Em segundo lugar, e mais importante, você terá de se “desprogramar”, ou seja, limpar toda e qualquer crença que você tenha hoje a respeito do dinheiro, das mais corriqueiras às mais absurdas. A seguir faço uma lista das crenças ou “ditos” mais comuns sobre dinheiro e porque elas não passam de pura balela. Leia-as com atenção e reflita sobre os meus comentários.

Após terminar a leitura e refletir sobre os “ditos” desta lista, sente e faça uma lista de crenças similares que você tenha ou “ditos” que você já tenha ouvido alguém falar. Feche os olhos e tome um tempo em um local calmo para lembrar de mensagens sobre dinheiro que você ouviu de seus pais ou familiares e

adicione-as à lista. Em seguida, faça uma análise dessas mensagens tal como eu fiz com as frases apresentadas e veja se elas são mensagens positivas ou

negativas em relação ao dinheiro. Com isso você se dará conta de que as

mensagens negativas que você carrega dentro de si sobre dinheiro não passam de crenças, mitos. É possível que essas mensagens sejam um dos inúmeros

componentes que estejam limitando você a alcançar o seu sucesso financeiro. Vamos às frases.

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“Dinheiro não traz felicidade”

Essa é clássica e acho que todo mundo já escutou. Lendo ao pé da letra, ela está corretíssima. Dinheiro realmente não traz felicidade. Felicidade é algo dentro de você, enquanto que dinheiro é algo fora de você. Se você estiver infeliz, não tiver amigos, não tiver um(a) companheiro(a), todo o dinheiro do mundo não será o suficiente para deixá-lo feliz. Você pode torrar toda a grana no shopping e de quebra comprar um carro novo para combinar com a cor de uma das suas novas roupas. Você pode até se sentir “feliz” pelo consumo, mas esta “felicidade” será passageira; tão logo o efeito “shopping” tenha passado você voltará a se sentir infeliz (e possivelmente demandará uma nova dose da “pílula da felicidade”: ir ao shopping novamente – falaremos mais sobre isto no próximo capítulo).

O problema é usar esta frase como desculpa para continuar na mediocridade, desculpa para ficar na frente da TV vendo Faustão como se fosse um zumbi em vez de sentar e fazer algo de concreto para melhorar sua situação financeira, seja sair das dívidas, diminuir as despesas ou aumentar os rendimentos. Em outras palavras, usar “eu não preciso de dinheiro para ser feliz” como desculpa para não melhorar ou corrigir a sua vida financeira.

Na verdade, muitas pessoas não acreditam ser capazes de melhorar sua realidade financeira. Sendo assim, simplesmente é mais fácil e cômodo jogar a poeira

embaixo do tapete e não pensar no real problema. Então usam a frase “dinheiro não traz felicidade” como uma maneira de confirmar sua crença de que não há nada a fazer. É um problema de preguiça, falta de autoconfiança e comodismo. Agora, experimente tentar ser feliz cheio de dívidas, ainda mais se você tiver uma esposa (ou marido) e/ou filhos. Acho difícil. Se dinheiro não traz felicidade, a falta de dinheiro com certeza traz problemas.

A minha resposta para quem me diz que dinheiro não traz felicidade? Então dê-me o seu e seja feliz!

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“O dinheiro é a raiz de todo o mal”

Esta frase é uma interpretação errada da Bíblia, de propósito. Em vários

momentos da História, a Bíblia é interpretada de forma incorreta para atender aos interesses do pregador. Possivelmente esta frase foi pregada desta forma inicialmente na Idade Média, quando suseranos começaram a permitir que seus vassalos vendessem seus excedentes de produção. Em pouco tempo, os vassalos começaram a ter dinheiro suficiente para comprar terras, ameaçando o domínio econômico da Igreja – que era poderosíssima por possuir vastas propriedades. Por conta disso, a Igreja começou a pregar esta frase, para que os vassalos

acreditassem que ter dinheiro é ruim e doassem o seu dinheiro à Igreja.

Atualmente isto não é muito diferente do que ocorre com inúmeras congregações ditas “cristãs” cujo único propósito é colocar o dinheiro suado de trabalhadores nos bolsos de seus representantes.

A frase correta e original como consta na Bíblia é a seguinte: “O amor ao dinheiro é a raiz de toda sorte de coisas prejudiciais” (Timóteo 6:10). Quanta diferença! A frase que consta na Bíblia não poderia estar mais correta; ela fala do “amor ao dinheiro”, ou seja, ganhar dinheiro pelo simples prazer do dinheiro (ganância), sem qualquer meta ou objetivo de desfrutar o dinheiro acumulado. E veja que a frase original diz “coisas prejudiciais” e não “todo o mal”, o que gera um sentido bem mais brando e específico a quem tem “amor ao dinheiro”.

E pense em quantas coisas boas você poderia fazer por outras pessoas se você não tivesse que se preocupar com as contas. Um pouco de dinheiro a mais

poderia ser usado para ajudar aquela instituição de caridade ou iniciar um projeto em que você acredita. E é comum você ver que pessoas realmente ricas doam parte de sua renda para entidades em que confiam e acreditam. Agora me diz como isso pode ser considerado mal.

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“É mais fácil um camelo entrar pelo buraco da agulha

do que um rico entrar no reino de Deus”

Essa é mais uma que vem da Bíblia e é uma frase usada fora de contexto e, por isso, perde completamente o sentido. Usada assim, solta, parece que a Bíblia prega que quem é rico não vai para o céu, o que acredito não ser o caso. O trecho da Bíblia onde esta frase está inserida (Mateus 19:24 e repetida em Lucas 18:25 e Marcos 10:25) conta a história de um jovem rico que se aproximou de Jesus e perguntou-lhe como conseguir a vida eterna. Em vez de reproduzir aqui este trecho da Bíblia, eu resolvi modernizar esta história para facilitar a compreensão: Jesus saiu da Galileia e foi dar um rolé por outras bandas da Judéia, lá do outro lado do rio Jordão. Uma legião de fãs o seguiu (afinal, Jesus Cristo foi o primeiro

pop-star do mundo), ele curou toda a galera e começou a responder perguntas do povo. Um jovem rico que estava no meio do povo perguntou:

– Meu bom, como é que eu ganho a vida eterna?

– Peralá, meu bom, não. O único bom é Deus. Mas se quiser a vida eterna basta seguir os mandamentos.

– Que mandamentos?

– Aquela coisa básica: não vai sair matando gente por aí, não vai trair sua mulher, não vai roubar, não vai mentir, vai honrar seu pai e sua mãe e vai amar o próximo como você ama a si mesmo.

– Ah, mas isso aí é moleza, eu já faço desde pequeno. O que mais preciso fazer? – Olha, se quiser ser perfeito, vende tudo o que você tem e dá aos pobres, aí você terá um tesouro nos céus. Então? Larga tudo e junte-se à minha galera.

Quando o jovem escutou isso ele foi embora, triste, porque ele era rico. Então Jesus virou para seus discípulos e disse:

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– Para falar a verdade, é dureza para um rico entrar para o reino dos céus. Na verdade é mais fácil uma corda4 passar pelo buraco de uma agulha do que um rico

entrar no reino de Deus.

– Jesus, mas aí quem é que se salva? – perguntaram os discípulos. – Olha, para o homem isso é impossível, mas para Deus tudo é possível. Aí Pedro, que até então estava só prestando atenção, pergunta, preocupado: – Mas Jesus, a gente largou tudo para te seguir, não vai ter nadinha para a gente no céu?

– Não se preocupe, meu amigo. – Disse Jesus – Quando a hora chegar, cada um de vocês vai receber um trono, cada um para julgar uma das tribos de Israel. E todos que largaram patrimônio e familiares receberão tudo de volta multiplicado por cem e a vida eterna, não importando a ordem com que vocês se juntaram a mim, todos receberão os mesmos privilégios.

Ficou mais claro para você o significado da frase? Em resumo, Jesus convidou o jovem rico a segui-lo, mas que para isso ele deveria doar tudo aos pobres e, com isso, testando para ver o que era mais importante ao jovem: a riqueza ou a vida eterna. Como ele preferiu ficar com seus bens em vez de doar aos pobres, Jesus diz que ele não vai para o céu, que era mais fácil uma corda (ou “camelo”, como consta na tradução errada da Bíblia) passar por um buraco da agulha do que um rico, com esta mentalidade (e aqui está a importância da interpretação), entrar para o reino dos céus. Em outras palavras: melhor fazer algo de útil com o dinheiro acumulado (neste caso, doá-lo) do que levá-lo consigo para o caixão. Aqui, tal como a frase que analisamos anteriormente, a Bíblia está falando

especificamente do amor ao dinheiro (ganância sem propósito) e não do acúmulo de dinheiro para fazer algo de útil, em particular ajudar aos outros. Tanto que Jesus promete aos seus apóstolos, que largaram tudo para trás ao segui-lo, dar de

4 “Camelo” em Mateus 19:24, Lucas 18:25 e Marcos 10:25 é uma das diversas traduções erradas presentes na

Bíblia. Tudo leva a crer que o termo original era “corda”. Mas neste caso específico o uso da tradução errada não faz o trecho perder o sentido, pois ambos expressam o mesmo sentido: algo impossível de ser feito. Outra versão diz que o “buraco da agulha” não seria um buraco de uma agulha literalmente falando, mas sim o nome de um portal para entrar em Jerusalém, mas esta versão não se sustenta devido à palavra usada em grego.

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volta tudo multiplicado por cem no céu. Portanto, os bons serão ricos no céu. Será que eles seriam expulsos do céu por serem ricos?

Assim como a frase anterior, esta frase tem sido usada propositadamente fora de contexto por determinadas congregações para convencer pessoas que ser rico é ruim e que ricos não vão para o céu.

O que não quer dizer que você tem que ser miserável para ser aceito por Deus. Na verdade, grande parte dos milionários age em benefício dos mais necessitados através de doações a instituições e criação de fundações em benefício a alguma causa nobre (e, em muitas vezes, no mais completo anonimato). E é bem provável que estes milionários façam bem mais pelos outros do que a maioria da

população classe média que só pensa em consumir para se sentir incluída em uma classe social a qual não pertence. Agora me diz quem merece ir para o céu?

(Obviamente aqueles que ficaram ricos roubando dinheiro dos necessitados não só merecem ir ao inferno como merecem fazer estágio antes em uma cadeia superlotada.)

“Dinheiro é sujo”

Realmente é. Pesquisadores do Instituto de Pesquisas Biomédicas Gonzaga da Universidade Gama Filho (RJ) descobriram que em uma nota de um real há cerca de 250 microrganismos por centímetro quadrado e desses 42% são bactérias do tipo estafilococo5, que podem provocar doenças. Isso só comprova o que nossas

mães sempre disseram: que temos de lavar as mãos antes de comer e após

manusearmos dinheiro, e que pessoas que manuseiam dinheiro não podem servir alimentos, pois afinal não sabemos por onde o dinheiro andou.

Veja que estamos falando aqui do papel-moeda e não do conceito de dinheiro. Daí o conceito de dinheiro ser “sujo” é um grande equívoco, desde que seja ganho honestamente, é claro. A sensação de se efetuar um trabalho bem-feito e ser remunerado por ele é excelente!

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Isso parece frase daquele seu primo invejoso que não faz nada o dia todo e quando vê que você está bem de vida arranja um jeito de criticar você. Se você ganhou seu dinheiro honestamente ele é seu por direito, então ignore às más línguas que você estará melhor.

“A quantidade de dinheiro no mundo é limitada”

Todo conceito de algo que existe em abundância ser limitado é criado para incitar medo nas pessoas. Para fazer uma analogia, é como dizer que o amor é limitado. Em algumas famílias os filhos podem acabar acreditando nisso, gerando ciúmes entre os irmãos, que acreditam que se a mãe (ou o pai) der mais atenção (e, consequentemente, amor) para outro irmão, não sobrará nada para ele. E como você sabe, amor de mãe e de pai é ilimitado.

No caso do dinheiro, este tipo de pensamento foi amplamente explorado pelos defensores do comunismo, que procuravam justificativas “plausíveis” para este sistema: se a quantidade de dinheiro no mundo é limitada, precisamos distribuir o dinheiro dos ricos entre toda a população para que todos possam ter dinheiro. Só que apesar dos regimes comunistas defenderem esta ideia em teoria – para convencer a população de que o comunismo seria a melhor alternativa para o país –, na prática a história foi completamente diferente: eles tornaram toda a população pobre e pegaram todas as riquezas do país para si. O que fez com que o sentimento de que a riqueza é limitada crescesse ainda mais entre a população de tais países e observadores internacionais.

Este pensamento é uma falácia. Se a riqueza do mundo fosse limitada, o mundo inteiro estaria hoje passando fome, pois nos últimos cem anos a população mundial quadruplicou e o número de ricos aumentou. Se a riqueza do mundo fosse limitada, países completamente destruídos na Segunda Guerra Mundial em particular o Japão e a Alemanha seriam hoje países em desenvolvimento e não as potências que são.

Ainda há pobreza no mundo? Com certeza, mas esta não é fruto da falta de riqueza no mundo, mas de outros fatores, como a ganância de ditadores que limitam o desenvolvimento de seu povo literalmente na base da porrada e de

Referências

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