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Cad. Saúde Pública vol.12 número2

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Cad . Saúd e Púb l., Rio d e Jane iro , 12(2):271-274, ab r-jun, 1996

RESEN HAS BO O K REVIEWS

M APA DA FOM E ENTRE OS POVOS INDÍGENAS N O BRASIL (II). CO N TRIBUIÇÃO À FO RM ULAÇÃO DE PO LÍTICAS DE SEGURAN ÇA ALIM EN -TAR SUSTEN TÁVEIS. PROJETO ESTUDO SOBRE TERRAS INDÍGENAS NO BRASIL. Instituto de Es-tudos Sócio-Econômicos (INESC). Rio de Janeiro: M useu Nacional – Associação Nacional de Apoio ao Índio/ Bahia. 1995. 79p. Anexos

Partin d o d o p ressu p osto d e qu e a Segu ran ça Alim en tar deva garan tir em todo o m om en to e a toda a p op u -lação, a p ossib ilid ad e m aterial e econ ôm ica d e ob ter os alim en tos básicos de que n ecessita, torn a-se im p or-ta n te p en sa r co m o a s so cied a d es in d ígen a s p o d em ch egar a u m a au to-su sten tação alim en tar d en tro d o con texto social em qu e vivem . Nu m a situ ação p olítica de reform ulação e ajustes e n o m om en to em que a dis-cu ssão n o Brasil gira em torn o d a cid ad an ia, d os ex-clu íd os e d a m iséria, o “Map a d a fom e en tre os p ovos in d ígen as n o Brasil” resgata e am p lia o an tigo d eb ate sobre a fom e e seus determ in an tes, en globan do os p ovos in d ígen as b rasileiros n esta d iscu ssão e n a form u -lação d e p olíticas d e Segu ran ça Alim en tar e d e Saú d e. Este d ocu m en to p reten d e resp on d er se h á in d í-gen as p assan d o fom e n o Brasil, se existem gru p os em p rocesso d e em p ob recim en to, qu ais são as cau sas d a fom e e d a situ ação d e m iséria en tre estes p ovos, on d e estão localizad os, e qu al é o p ercen tu al em relação ao tota l estim a d o d a p op u la çã o in d ígen a b ra sileira . Os d a d o s a n a lisa d o s n e ste tra b a lh o fo ra m co le ta d o s a tra vés d e u m q u estion á rio d ivid id o em três p a rtes: (1) ocorrên cia (local, freq ü ên cia d e carên cia alim en ta r/ fo m e, d a d o s so b re m o rta lid a d e in fa n til e d o en -ças, situ ação d a terra e variações sazon ais), (2) cau sas p rováveis d a situ ação d e carên cia alim en tar/ fom e, e (3) altern ativas e solu ções p ara os p rob lem as en con -trad os. O p reen ch im en to d o q u estion ário foi realiza-d o p elas com u n irealiza-d arealiza-d es in realiza-d ígen as, p elos p rofission ais e p elas in stitu ições qu e atu am d iretam en te com estas com u n id ad es.

Na in trod u çãoVerd u m d escreve d e form a su cin ta o s o b je tivo s e a m e to d o lo gia e m p re ga d a n o e stu d o (os qu ais são b em d etalh ad os n a terceira p arte d o d ocu m en to in titu lada Nota Metodológica), defin e o con -ceito d e fo m e e o co n texto d o tra b a lh o, e a p resen ta algu n s resu ltad os d o p rim eiro m ap a d a fom e realiza-d o n o p rim e iro se m e stre realiza-d e 1994. O le va n ta m e n to con clu iu qu e 28,27% d a p op u lação in d ígen a b rasilei-ra tin h a d ificu ld ad es em garasilei-ran tir u m b om p ad rão ali-m en ta r e d e sa ú d e, sen d o a s situ a çõ es ali-m a is crítica s n as regiões Nord este e Cen tro-Su l. A situ ação foi as-sociad a ao n ão recon h ecim en to e a n ão garan tia d os territórios, in tru são e d ep red ação d os recu rsos n atu -rais d as terras in d ígen as e p olíticas in d igen istas equ i-vo ca d a s, d en o m in a d a s co m u m en te d e “d esen i-vo lvi-m en to colvi-m u n itário”.

A p rim eira p a rte d o d ocu m en to in clu i t ex t os so-b re as con d ições d e saú d e e a su sten tação alim en tar

d os p ovos in d ígen a s b ra sileiros. Os textos fora m re-d igire-d o s p o r p e sq u isa re-d o re s e p r o fissio n a is liga re-d o s à s q u estõ es in d igen ista s e q u e h á lo n go tem p o têm acom p an h ado e discu tido o en volvim en to destes gru -p os com a socied ad e n acion al. Os textos -p on tu am a d ificu ld ad e d e q u an tificar e q u alificar o asp ecto n u -tricio n a l. Prim eiro, p elo fa to d e serem cu ltu ra s d is-tin tas qu e ap resen tam valores e p ad rões p róp rios; se-gu n d o, p ela escassez d e d ad os em qu an tid ad e e qu a-lid ad e ad equ ad os. Algu n s au tores vão além , d em on stran d o qu e a situ ação viven ciad a p elas socied ad es in -d ígen as b rasileiras n ão é circu n stan cial, e sim h isto-ricam en te p rod u zid a, p rin cip alm en te p elas relações d e p od er e d e d om in ação qu e con trib u íram p ara a re-p rod u ção d as d esigu ald ad es e re-p ara a exclu são d as d i-versid ad es étn icas e cu ltu rais.

Os relatórios d e avaliação d os resp on sáveis p elos levan tam en tos region ais con stitu em a segu n d a p arte d o d ocu m en to. Tod os os relatórios avaliam as in form ações receb id as e as d ificu ld ad es en con trad as d u -ran te a coleta d os d ad os. Forn ecem d etalh es sob re os gru p o s in d íge n a s d e ca d a m a cro -re giã o ; a situ a çã o h istórica; a p olítica in d igen ista ad otad a; os im p actos d os p rojetos govern am en tais d e exp an são, m od ern i-za çã o e d e d e se n vo lvim e n to a u to -su ste n tá ve l (o u p rojetos d e d esen volvim en to com u n itário); sob re os asp ectos p olíticos, sócioecon ôm icos, cu ltu rais e am -b ie n ta is; e a lgu m a s d a s in flu ê n cia s d a id e o lo gia d e con su m o n as ativid ad es d e su b sistên cia d os in d íge -n as.

A te rce ira p a rte tra z a d iscu ssã o m et od ológica

m ais ap rofu n d ad a com os con ceitos, as categorias e o q u estio n á rio em p rega d o n o estu d o. Além d isso, in clu i u m a listagem p or regiões do p aís com dados com -p lem en ta res e m a is d eta lh a d os sob re os -p rojetos d e a ssistê n cia e a d e scriçã o d a situ a çã o d e sa ú d e e d o m e io a m b ie n te d e ca d a te rra in d íge n a (u n id a d e d e an álise d o d ocu m en to).

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É n ecessário tam b ém trab alh ar com a resp osta b ioló-gica d o p ro cesso d a fo m e – a d esn u tr içã o ; e co m o s seu s asp ectos id eológicos, u m a vez qu e este con ceito ge ra lm e n te é co n stru íd o e a p lica d o d e n tro d e u m a ótica cap italista, a qu al ap resen ta u m a lógica e valores d istin tos d aqu eles p erceb id os p elos p ovos in d ígen as. Com o a lógica social e cu ltu ral d os in d ígen as d i-fere d a socied ad e n acion al, a fom e p od e ter d iversas d im en sõ es p a ra estes p ovo s, ta is co m o : sa zo n a l, ri-tu al e/ ou siri-tu acion al. No p rim eiro caso, a fom e é algo cíclico e afeta a fam ília in teira, estan d o d iretam en te relacion ad a com a sazon alid ad e d a p rod u ção agríco-la; o ou tro tip o está vin cu lad o aos ritu ais e p roib ições alim en tares d e cad a etn ia; a terceira d im en são carac-teriza-se p ela in ad eq u ad a m an u ten ção d a au to-su s-ten tação d o gru p o d evid o à situ ação sócio-econ ôm i-ca e am b ien tal d egrad ad a. Além d isso, n ão p od em os esqu ecer d a esp ecificid ad e cu ltu ral e h istórica d e ca-d a gru p o in ca-d ígen a, o qu e n ão p erm ite gen eralizações m esm o d en tro d e u m gru p o étn ico q u e vive em d ife-ren tes áreas.

O d ocu m en to su scita q u estion am en tos em rela-ção às in form ações sob re o p ercen tu al d a p op u larela-ção atin gid a p ela fom e e sob re a m orb id ad e e m ortalid a-d e in fa n til a-d a s á rea s estu a-d a a-d a s. É a-d e co n h ecim en to geral a in existên cia d e u m sistem a p eriód ico e siste-m ático d e coleta d e d ad os sob re siste-m orb i-siste-m ortalid ad e p ara gru p os in d ígen as, resu ltad o d a falta d e recu rsos e d e ap oio in stitu cion al. Tal fato gera graves p rob lm a s n a a va lia çã o d a situ a çã o e p id e lm io ló gica e d e-m ográfica d estes gru p os e n o p lan ejae-m en to d e ações d e saú d e efetivas n estas áreas.

A m a io r p re o cu p a çã o e vid e n cia d a n o te xto é q u an to ao território in d ígen a. O d ocu m en to esclare-ce a im p o rtâ n cia d a d isp o n ib ilid a d e d e te rra s p a ra assegu rar a existên cia e a con tin u id ad e étn ica d os in -dígen as. Mas, será qu e assegu rar o acesso às terras garan tirá a su a sob revivên cia? Até q u e p on to eles con -segu irão m an ter su as p róp rias form as d e vid a, sem o d esgaste d os recu rsos n atu rais? Qu al é a m an eira, en tão, d e garan tir a au tosu ficiên cia in d ígen a u tilizan -d o o territó rio -d isp o n ível? Co m a s n ova s co n -d içõ es im p o sta s p e lo p ro ce sso d e co n ta to e p e lo e n vo lvi-m en to colvi-m a socied ad e n acion al as colvi-m u n id ad es in-d ígen as en con tram -se em u m im p asse, p ois a tran sfo rm a çã o d e su a sfo rm a d e vive r n ã o lh e s se rve, p o rém a vid a “trad icion al” já n ão satisfaz as n ecessid a -d es b ásicas.

Portan to, h á a n ecessid ad e d e p rocu rar n ovas altern ativas p ara a su sten tab ilid ad e econ ôm ica e am -b ien tal d as socied ad es in d ígen as, cu ja lógica seja ela-b o ra d a a p a rtir d a e sp e cificid a d e cu ltu ra l d e ca d a gru p o. Os au tores su gerem algu n s íten s a serem con -sid e ra d o s n o m o m e n to d e p ro p o r so lu çõ e s p a ra o s p ro b le m a s e n co n tra d o s, co m o : co e sã o in te rn a d o gru p o, resp eito à a u ton om ia e à in icia tiva d o gru p o, fin an ciam en to p ara técn icos cap acitad os e recu rsos m ateriais (relacion ad ose à ed u cação e à saú d e), m u -d an ça -d a m en tali-d a-d e -d o órgão in -d igen ista e -d a ação govern a m en ta l, e com p etên cia d os líd eres n a b u sca d e con qu istas. É d ifícil p en sar em solu ções ú n icas p a-ra os p rob lem as, p ois existe u m a en orm e esp ecifici-d aecifici-d e cu ltu ral. Caecifici-d a gru p o tem su a p róp ria h istória ecifici-d e co n ta to e o cu p a çã o d o te rritó rio. É p re ciso co m -p reen d er a situ ação atu al a -p artir d o resgate d o -p ro-cesso d e con tato e d e en volvim en to com a socied ad e n acion al, ou seja, q u alq u er p rop osta d e trab alh o d

e-verá in corp orar u m a visão d iacrôn ica e h istórica, res-p eitan d o a esres-p ecificid ad e cu ltu ral d e cad a gru res-p o.

A relevân cia d este d ocu m en to está n o esclareci-m e n to so b re a s re a is co n d içõ e s d e vid a d o s gru p o s in d ígen a s b ra sileiro s, d esm istifica n d o a co n cep çã o d e q u e eles vivem n u m “p araíso” com d isp on ib ilid a-d e variaa-d a a-d e recu rsos a-d e su b sistên cia e b om estaa-d o d e saú d e. Esta é u m a visão d istorcid a e m u ito sim p li-fica d a d e u m a rea lid a d e extrem a m en te co m p lexa e m u ltifacetad a, em q u e m u itas vezes as con d ições d e vida são de extrem a p obreza e a situação de saúde bas-ta n te p recá ria . Os a u tores d en u n cia m a s freq ü en tes in va sões d a s terra s in d ígen a s p ela socied a d e n a cion al, os d esm atam ecion tos e a d egrad ação d o m eio am -b ie n t e, a lé m d a s d ificu ld a d e s d e a u t o -su st e n t a çã o biológica e étn ica. O “Map a da fom e en tre os p ovos in -d ígen as n o Brasil” é u m a in iciativa in ova-d ora qu an to à d iscu ssã o d a fom e en tre os in d ígen a s d a s d iversa s regiões b rasileiras, e ao m esm o tem p o, am p lia o con h ecim econ to sob re a situ ação sócioecocon ôm ica, am b ien tal e d e saú d e d as socied ad es in d ígen as. No con -ju n to, é u m d ocu m en to com u m en foqu e p olítico qu e forn ece su b síd ios p ara a d iscu ssão d a sob revivên cia étn ica e b iológica d as d iversas etn ias b rasileiras e p a-ra a form u lação d e p olíticas in d igen istas m ais volta-d as à realivolta-d avolta-d e volta-d as com u n ivolta-d avolta-d es in volta-d ígen as volta-d o Brasil.

Silvia An gela Gu gelm in

Program a d e Dou torad o em Saú d e Pú b lica Escola Nacion al d e Saú d e Pú b lica Fiocru z, Rio d e Jan eiro

OS DIREITOS HUM ANOS NO BRASIL, 95. Univer-sidade de São Paulo, N úcleo de Estudos da Vio-lência e Comissão Teotônio Vilela. São Paulo: Nev/ CTV, 1995. 152p.

Os Direit os Hu m a n os n o Bra silé u m a p u b lica çã o d o Nú cleo d e Estu d os d a Violên cia (NEV), d a Un iversi-d a iversi-d e iversi-d e Sã o Pa u lo e iversi-d a Com issã o Teotôn io Vilela iversi-d e Direitos Hu m an os (CTV). An tes d e resu m ir o con ju n to d e tem as d e qu e trata a coletân ea é im p ortan te in -trod u zir o leitor às in stitu ições qu e a geraram . Criad o em 1987, o Nú cleo d e Estu d os d a Violên cia é u m a en tid a d e a ca d êm ica n a scid a a p a rtir d os d ep a rta m en tos d e Sociologia e d e Ciên cias Políticas d a USP, ten -d o com o p rin cip al ob jetivo estu -d ar os ob stácu los p a-ra a efetiva im p lem en ta çã o d a s leis e a p ersistên cia d a s vio la çõ es d o s d ireito s h u m a n o s n o Bra sil. Além d as ativid ad es acad êm icas, o Nú cleo in tervém em fvor d as vítim as d e graves violacões d e d ireitos h u m a-n os. Atu a m orm ea-n te em articu lação com a Com issão Te o tô n io Vile la , fu n d a d a e m 1986, in clu sive p o r a lgu n s m em b ros d o Nú cleo d a Violên cia ju n to com ou -tra s p e rso n a lid a d e s, p a ra se d e d ica r à p ro m o çã o e d efesa d os d ireitos d a p essoa civil. Essa in stitu ição é p arte d e u m a red e n acion al e in tern acion al d e organ iza çõ e s vo lta d a s p a ra a d e fe sa d o s d ire ito s h u m a -n o s. A co letâ -n ea q u e a q u i se a p rese-n ta i-n clu i-se -n o e sco p o d e a m b a s e n tid a d e s, tra ta n d o d e d ivu lga r p esq u isa s, d eb a tes e reflexões sob re o ca m p o d o d i-reito en q u an to ap rop riação d a socied ad e p ara a rea-lização d a cid ad an ia.O trab alh o vem ap resen tad o p elo Prof. Dr. Pau elo Sérgio Pin h eiro, Coord en ad or Cien -tífico d o NEV.

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cid ad an ia; a segu n d a, an alisa a p rob lem ática d a cri-m in a lid a d e n o Pa ís; a terceira p a rte tra z d a d o s e reflexões sob re a violên cia con tra crian ças e ad olescen -tes n o Bra sil; e, p o r fim , a q u a rta p a rte a p ro fu n d a a situ ação d o sistem a p olicial e carcerário.

O trab alh o fu n d am en ta-se em algu n s p ressu p os-tos e d efen d e, a p a rtir d e in vestiga ções, a lgu m a s te-ses b ásicas qu e serão aqu i resu m id as.

a) Ap esar d os avan ços d a Con stitu ição d e l988, q u e se ap resen ta com o u m a verd ad eira “carta d e d ireitos”, – o q u e p od e ser in terp retad o com o form id ável p ro-gresso em term os d e con stitu cion alism o – estes n ão foram su ficien tes p ara m od ificar o p ad rão d as graves violações d os d ireitos civis.

b ) Em u m a so cie d a d e tã o h ie ra rq u iza d a co m o n o Brasil, o au toritarism o sob revive além d o arb ítrio d o regim e m ilitar, p orqu e está en raizad o n as p ráticas socia is e n a cu ltu ra p o lítica , e m q u e o ritm o d a s m u -d an ças é m ais len to.

c) A violên cia sistêm ica e o crim e organ izad o (com o o n arcotráfico, o con trab an d o d e arm as e a lavagem d e d in h eiro ) n ã o fo ra m , a in d a , a lvo s d e p o lítica s d e en fren tam en to coord en ad o p or p arte d o govern o. Por vio lê n cia sistê m ica o s a u to re s e n te n d e m o a rb ítrio d o s a gen tes lega is d a vio lên cia d o Esta d o : a s ch a ci-n a s ci-n o s b a irro s p o p u la res; o s gru p o s d e exter m íci-n io n as p eriferias d as gran d es regiões m etrop olitan as: as execu ções extra -ju d icia is d e su sp eitos e crim in osos co m u n s n o s d istrito s p o licia is; o s m a u s-tra to s a o s p resos; os lin ch am en tos qu e con tin u am a ocorrer em q u ase tod as as gran d es aglom erações u rb an as; o au -m e n to d o s a ssa ssin a to s d e cria n ça s e a d o le sce n te s n a s gra n d e s cid a d e s; o trá fico d e m e n in a s e jove n s p a ra a p ro stitu içã o ; o s co n flito s d e terra ; o tra b a lh o escravo e os gru p os d e exterm ín io em zon as ru rais. A isso a cre sce n ta m -se a co rru p çã o p o lítica , crim e s con tra a econ om ia p op u lar, e a im p u n id ad e d a q u al se b en eficia m o s crim in o so s (so b retu d o o s rico s), e qu e alim en ta a id éia d e qu e “o crim e com p en sa”. d ) H á u m a cre n ça ge n e ra liza d a d a im p o tê n cia d o Estad o b rasileiro, p ara p roteger d e m an eira igu alitária os cid ad ãos. A m aioalitária d a p op u lação está con ven -cid a d e q u e o sistem a ju d iciá rio e o sistem a p o licia l existem p a ra p roteger os p od erosos. Da m esm a for-m a con statafor-m u for-m p rogressivo esvaziafor-m en to e d eterio ra çã o d o s a p a ra to s q u e d e veria m o fe re ce r se gu -ran ça à p op u lação: h á u m a p recaried ad e d os in qu éri-tos p oliciais civis, m ilitares e ju d iciários, assim com o in su ficiê n cia e in a d eq u a çã o d o s recu rso s h u m a n o s a í e m p re ga d o s; h á u m a co n ce p çã o m ilita riza d a d a segu ran ça p ú b lica, ao m esm o tem p o qu e se con stata in eficiên cia n a p rática d o p oliciam en to osten sivo; h á u m a p olícia fed eral esvaziad a, qu an titativa e qu alita-tivam en te; p ortan to, in su ficien te p ara cu m p rir su as fu n ções e p resen cia-se u m a crise estru tu ral d e tod a a in stitu ição ju d iciária d o p aís, in clu in d o-se aí in su fi-ciên cia d e qu ad ros e equ ip am en tos.

e) Os a u to re s re ssa lta m ta m b é m , co m o se n d o u m sério p rob lem a p ara o d esen volvim en to d a cid ad an ia n o País, a d ificu ld ad e d as p op u lações m ais p ob res d e recon h ecerem os d ireitos h u m an os com o sen d o seu s p róp rios d ireitos. Essa d ificu ld a d e, com b in a d a com a cu ltu ra d e aceitação d as p ráticas ilegais d os agen -t e s d o Es-ta d o, -te m co m o co n se q ü ê n cia u m a co n vi-vên cia gen eralizad a com o d esresp eito aos cid ad ãos, com o form a d e su b m issão d os p ob res trab alh ad ores e h on estos se d iferen ciarem d os ch am ad os m argin ais

ou crim in osos, sem in corp orarem a n oção de direitos. Do p o n to d e vista p o sitivo, o s a u to res reco n h e -cem qu e, ap esar d a violên cia sistêm ica e d o au m en to d a p riva çã o e co n ô m ica d a ú ltim a d é ca d a , a vo lta à organ ização d em ocrática ab riu con d ições p ara u m a lu ta m a is efetiva d a so cied a d e p a ra a co n stru çã o d e u m Estad o d e Direito. Um d os b en efícios con cretos e p ráticos d a Con stitu ição d e 88 foi o au m en to d e au -to n o m ia d o Min isté rio Pú b lico q u e te m tid o u m a a tu a çã o em fa vor d a socied a d e, a gin d o p ed a gogica-m en te n as q u estões d e d efesa d a cid ad an ia, con tra a violação d os d ireitos h u m an os, n as d en ú n cias d e vio-lên cia con tra crian ças e ad olescen tes, d os crim es d a área ru ral, em favor d a p revid ên cia p ú b lica e d os ap osen ta d os, e fren te a ou tra s ca u sa s im p orta n tes. Em -b ora o ín d ice d e p articip ação social n o Brasil, referi-d o p elo s a u to res, seja referi-d e 18% a p en a s, é im p o r ta n te recon h ecer o p ap el d as ONGs n a exp an são d a con s-ciên cia socia l d a p op u la çã o. Já , em 1988, era m m a is d e 1.200, se n d o q u e m a is d e 100 d e la s a tu a n d o n o cam p o d os d ireitos civis d as m u lh eres, crian ças, n e-gro s, tra b a lh a d o re s ru ra is, h o m o sse xu a is e o u tro s gru p os.

A p resen te co letâ n ea , a lém d o m ér ito d e to r n a r p ú b licas as reflexões d e u m d os gru p os m ais atu an tes e vigilan tes n o cam p o d a con stru ção d a cid ad an ia n o p aís, p rom ove tam b ém o crescim en to d e joven s estu d an tes e p esq u isad ores q u e farão a con tin u id ad e in -telectu al e m ilitan te das en tidades. Por isso m esm o os tra b a lh o s p u b lica d o s têm p eso s d iferen cia d o s. Un s m a is fu n d a m en ta d o s e d em o n stra n d o a la rga exp e-riê n cia d o s p e sq u isa d o re s, o u tro s a in d a in icia n te s, m as tod os trazen d o u m a con trib u ição séria e n eces-sária à com p reen são e ao avan ço d os Direitos Hu m a-n os a-n o Brasil.

No fin al, cab eria aos leitores se p ergu n tarem p or qu e trazer p ara u m a revista d e Saú d e Coletiva o tem a d os d ireitos e d a cid a d a n ia . Em p rim eiro lu ga r, p orq u e é d e con h ecim en to geral orq u e os p ad rões d e saú -d e -d e u m a -d eterm in a-d a p op u lação avan çam e se tor-n a m m e lh o re s q u a tor-n d o a p o p u la çã o to m a p a ra si a d efesa d os p ad rões d e qu alid ad e d e vid a qu e escolh e e re ivin d ica . Em se gu n d o lu ga r, p o rq u e e sse te m a te m in trín se ca re la çã o co m o im p a cto d a vio lê n cia so cia l so b re a sa ú d e. Ho je, m a is q u e n u n ca , e ste se torn ou u m p rob lem a can d en te d a saú d e coletiva, p or estar a violên cia afetan d o os p erfis d e m orb i-m ortali-d aortali-d e ortali-d o País, sen ortali-d o a segu n ortali-d a cau sa ortali-d e m ortaliortali-d aortali-d e ge ra l d a p o p u la çã o. E ta m b é m , p o r in fla cio n a r o aten d im en to d as em ergên cias h osp italares, geran d o se q ü e la s, tra u m a s físico s e p sico ló gico s, e xigin d o a ten çã o e a tu a çã o d o s q u e fo rm u la m p o lítica s, p la -n ejam e m ilitam -n o setor saú d e.

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Cad . Saúd e Púb l., Rio d e Jane iro , 12(2):271-274, ab r-jun, 1996

RESEN HAS BO O K REVIEWS

ECOLOGIA: PRINCÍPIOS & M ÉTODOS. Sebastião Laroca. Petrópolis: Vozes. 1995

ISBN 85-326-1524-4

Mu ito acertada a idéia de com eçar o livro m en cion an -d o o co n h ecim en to -d o s ín -d io s. Na ver-d a -d e eles sã o os gran d es con h eced ores d a ecologia b rasileira.

O Brasil está p resen te n a h istória d a ecologia, n a o b ra p io n eira d e Eu gen Wa rm in g, geo gra fia vegeta l ecológica, u m a vez q u e ele trab alh ou em Lagoa San -ta, Min as Gerais.

Fritz Mü lle r, o gra n d e n a tu ra lista teu to -ca ta ri-n eri-n se, cori-n siderado p or Darwiri-n “o p ríri-n cip e dos obser-vadores” é tratad o com m u ito carin h o.

Estão m u ito b em ap resen tad as as ligações en tre o con h ecim en to cien tífico e o p op u lar, com d estaqu e p ara algu n s gran d es ob servad ores d a n atu reza, com o “Ta itu b a” (Ra im u n d o Aselin o d e Ca stro), q u e tra b a-lh o u co m a e xp e d içã o d a Roya l So cie ty n o n o rte d e Ma to Gro sso e Jo a q u im Ve n a n cio d e Ma n gu in h o s, am b os p raticam en te sem n en h u m a escolarid ad e.

A p arte d e m eteorologia está ótim a, o qu e d en u n -cia u m cu rso d e m eteorologia feito p or Laroca, an tes d e in gressar n a Un iversid ad e.

Na d iscu ssã o d o s a ssu n to s re la tivo s à s p o p u la -çõ e s, n o ta -se q u e o a u to r é se rvid o p o r u m a a m p la cu ltu ra geral.

O au tor n ão esqu ece d e lem b rar as con trib u ições in ovad oras d e algu n s b rasileiros e con sid era a teoria d a se le çã o “r” e “K”, co m o a le i Olive ira Ca stro a m -p liad a.

Assu n tos com p lexos com o ecologia d as com u n i-d ai-d es e n ich o ecológico estão ap resen tai-d os i-d e form a b em sim p les.

En cerra o livro a lgu n s exem p los im p orta n tes d e ecologia d as in vasões, com o a d o An op h eles gam biae, n o n o rd este b ra sileiro, a d e u m ca cto e d o s co elh o s n a Au strália.

Há n o livro m u ita com p u tação, com d iversos p ro-gram as, u m d os qu ais d esen volvid o p or u m d os filh os d o a u tor. Com o n ã o en ten d o n a d a d o a ssu n to, lim i-to-m e a d ar ap en as esta n otícia.

Com a p u b licação d esse livro está d e p arab én s a Un iversid ad e Fed eral d o Paran á e seu Dep artam en to d e Zoologia, d esen volvid o p elo in can sável Pad re Je-su s San tiago Mou re.

Diz o sab er p op u lar q u e tod os cam in h os levam a Rom a. Isso faz lem b rar o caso d os d ois ecólogos aqu i em jo go. La ro ca viro u ecó lo go estu d a n d o a b elh a s e Aragão, trab alh an d o com m osq u itos. Don d e se con -clu i qu e o im p ortan te é trab alh ar. Com o d izia Oswal-d o Cru z: “n ão h á n aOswal-d a qu e resista ao trab alh o”.

Mário B. Aragão

Referências

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