• Nenhum resultado encontrado

Rev. Bras. Anestesiol. vol.67 número4

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Rev. Bras. Anestesiol. vol.67 número4"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

REVISTA

BRASILEIRA

DE

ANESTESIOLOGIA

PublicaçãoOficialdaSociedadeBrasileiradeAnestesiologia

www.sba.com.br

ARTIGO

DE

REVISÃO

Anestesia

neuraxial

em

pacientes

com

esclerose

múltipla

---

uma

revisão

sistemática

Helmar

Bornemann-Cimenti

,

Nikki

Sivro,

Frederike

Toft,

Larissa

Halb

e

Andreas

Sandner-Kiesling

MedicalUniversityofGraz,DepartmentofAnaesthesiologyandIntensiveCareMedicine,Graz,Áustria

Recebidoem4demarçode2016;aceitoem6desetembrode2016

PALAVRAS-CHAVE

Esclerosemúltipla; Neuromieliteóptica; Anestesianeuroaxial

Resumo

Justificativaeobjetivos: Asdiretrizesatuaisparaanalgesianeuraxialempacientescom

escle-rosemúltipla(EM)sãoambíguaseoferecemaoclínicoapenasumabaselimitadaparaatomada

dedecisão.EstarevisãosistemáticaexaminaonúmerodecasosnosquaisaEMfoiexacerbada

apósanalgesianeuraxialcentralparaavaliarracionalmenteaseguranc¸adessesprocedimentos.

Métodos: Umabuscasistemáticadaliteraturacomaspalavras-chave‘‘anestesiaouanalgesia’’

e‘‘epidural,peridural,caudal,espinhal,subaracnóideoouintratecal’’em combinac¸ãocom

multiplesclerosisfoifeitanasbasesdedadosPubMedeEmbaseàprocuradedadosclínicos

sobreaefeitodaanalgesianeuraxialcentralsobreocursodaesclerosemúltipla.

Resultadoseconclusões: Duranteumperíodode65anos,nossabuscaresultouem37relatos

comumtotalde231pacientes.Em10pacientes,aesclerosemúltiplafoiagravadae,emnove,a

esclerosemúltiplaouneuromieliteópticafoidiagnosticadapelaprimeiravezemmomento

con-comitantecomaanalgesianeuraxialcentral.Nenhumdoscasosapresentouumaclararelac¸ão

entrecausaeefeito.Aevidênciaclínicaatualnãosustentaateoriadequeaanalgesianeuraxial

centralafetanegativamenteocursodaesclerosemúltipla.

©2016SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eum

artigoOpen Accesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(

http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

KEYWORDS

Multiplesclerosis; Neuromyelitisoptica; Neuroaxialanesthesia

Neuraxialanesthesiainpatientswithmultiplesclerosis---asystematicreview

Abstract

Backgroundandobjectives: Currentguidelinesforneuraxialanalgesiainpatientswithmultiple

sclerosisareambiguousandoffertheclinicianonlyalimitedbasisfordecisionmaking.This

sys-tematicreviewexaminesthenumberofcasesinwhichmultiplesclerosishasbeenexacerbated

aftercentralneuraxialanalgesiainordertorationallyevaluatethesafetyoftheseprocedures.

Autorparacorrespondência.

E-mail:helmar.bornemann@medunigraz.at(H.Bornemann-Cimenti).

http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2016.09.015

(2)

Methods:A systematicliterature search with the keywords ‘‘anesthesia or analgesia’’ and

‘‘epidural, peridural, caudal, spinal, subarachnoid or intrathecal’’ in combination with

‘‘multiplesclerosis’’wasperformedinthedatabasesPubMedandEmbase,lookingforclinical

dataontheeffectofcentralneuraxialanalgesiaonthecourseofmultiplesclerosis.

Resultsandconclusions:Overaperiodof65years,oursearchresultedin37 reportswitha

totalof231patients.In10patientsmultiplesclerosiswasworsenedandninemultiplesclerosis

orneuromyelitisopticawasfirstdiagnosedinatimelycontextwithcentralneuraxialanalgesia.

Noneofthecasesshowedaclearrelationbetweencauseandeffect.Currentclinicalevidence

doesnotsupportthetheorythatcentralneuraxialanalgesianegativelyaffectsthecourseof

multiplesclerosis.

©2016SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.Publishedby ElsevierEditoraLtda.Thisisan

openaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(

http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Introduc

¸ão

Esclerose múltipla (EM) é uma doenc¸a autoimune crô-nica dosistema nervoso central (SNC), com áreas difusas e focais de inflamac¸ão, desmielinizac¸ão, gliose e lesão neuronal. Os mecanismos exatos que desencadeiam essa doenc¸anãoaindanãosãototalmentecompreendidos,mas conceitos atuais sugerem uma gênese multifatorial com-plexa com fatores genéticos, ambientais, imunológicos e microbiológicos.1

Em 1949, Fleiss relatou o aparecimento de EM após

raquianestesia,2 o que levou à especulac¸ão de que a

aplicac¸ãointratecaldeanestésicoslocaispoderiaprecipitar

ouexacerbaressadoenc¸a.3Comoconsequência,aanalgesia

neuraxialcentralfoiconsideradarelativamente

contraindi-cada na EM.4,5 A toxicidade direta dos anestésicos locais

foi discutida como potencialmente nociva, bem como o

traumamecânicoouisquemianeuralsecundáriaa

anesté-sicoslocaisouaditivos.Recentemente,oligopeptídeoscom

atividadebloqueadoradocanaldeNa+foramencontrados

no líquido cerebrospinal depacientes que sofrem de EM,

oquelevouàsuposic¸ãodeumamaiorvulnerabilidadeaos

anestésicoslocais.6Apesardemuitasconsiderac¸ões,não

umateoriacomumenteaceitasobreosmecanismos

especí-ficospelosquaisaanalgesianeuraxialpodealterarocurso

daEM;tambémnãoficouclaroseastécnicasneuraxiaissão

realmenteprejudiciais.Noentanto,váriosanestesiologistas aindatememapossívelexacerbac¸ãodedéficits

preexisten-teserelutamemadministraranalgesiaespinhalouepidural

apacientescomEM.7

Asdiretrizes atuaisparaanalgesianeuraxialcentralem

pacientes com EM são ambíguas e oferecem ao clínico

apenasumabaselimitadaparaatomadadedecisão.A

Soci-edadeAmericanadeAnestesiaRegionaleMedicinadaDor

(ASRA)declaraemsuadiretrizparaapráticade2008que

‘‘a literaturaatual nãoconfirma, mas tambémnãonega,

aseguranc¸adaanestesia neuraxialem pacientescom

dis-túrbios neurológicos do sistema nervoso periférico e SNC

e não aborda de forma decisiva a seguranc¸a relativa da

raquianestesia versus anestesia peridural (AP) ou

analge-sianessespacientes’’.8Umadeclarac¸ãoconsensualde2014

recomendaqueaindicac¸ãoderaquianestesiaempacientes

grávidascomEMsejadiscutidacombaseemcadacaso.9

Naausênciadeumnúmerosuficientedeestudos

prospec-tivosdealtoníveleemlargaescala,todasessasdiretrizes

referem-seacasosdedeteriorac¸ãodaEMapós anestesias

neuraxiais.Porém,atéopresentemomento,onúmeroexato

de casos relatados ainda não foi determinado. Esta

revi-sãosistemáticatemcomoobjetivodeterminaronúmerode

casosnosquaisaEMfoiexacerbadaapósaanalgesia

neura-xialcentralparaavaliarracionalmenteaseguranc¸adesses procedimentos.

Métodos

Umabuscasistemáticaporartigossobreocursoclínicoda

esclerosemúltipla apósanalgesiaepidural,espinhal,

com-binadaraqui-periduraloucaudalemsereshumanosfoifeita

nas bases de dados PubMed e Embase. Incluímos todos

os tipos de artigos que fornecem dados clínicos,

especi-almenteosde sériesourelatos decasos. Abusca incluiu

aspalavras-chave ‘‘anestesia ou analgesia’’ e ‘‘epidural,

peridural,caudal,espinal,subaracnóideaouintratecal’’em

combinac¸ão com ‘‘esclerose múltipla’’.Os idiomas foram

restritosa inglês,alemão, francês,espanhol e português.

AsbasesdedadosCochraneeClinicalTrials.govforam

pes-quisadasparaidentificaroutrosestudosemandamento ou

planejados.Como adistinc¸ão entreneuromielite ópticae

EMeraobscuraatéaalgunsanos,10decidimosincluircasos

deambasasdoenc¸as.

Títulos, resumos e textos completos foram avaliados

consecutivamente por dois revisores independentes (HBC

e FT). Caso houvesse avaliac¸ão divergente da literatura,

umterceirorevisordecidiriacomoproceder.Asreferências

bibliográficasdosartigoserevisõestambémforam

pesqui-sadasem busca de publicac¸ões adicionaisque não foram

detectadas por nossa primeira pesquisa na literatura. O

manuscritofoi preparadode acordocom a declarac¸ãodo

grupoPrisma(PrincipaisItensparaRelatoemRevisões

Sis-temáticaseMetanálises).11

Resultados

A última pesquisa bibliográfica foi feita em maio de

2015.Foramidentificados,248resultadosprimários.Foram

selecionadas37publicac¸õesportítulo,resumoetexto

com-pleto, inclusive 11 estudos e 26 relatos de caso (fig. 1,

(3)

Busca em Embase e PubMed

(anestesia OU analgesia) E (epidural OU peridural OU caudal OU espinhal OU subaraquinóidea OU intratecal) E “esclerose múltipla”

248 resultados primários

Seleção por título

79 publicações restantes

Seleção por resumo

53 publicações restantes

Seleção por texto completo

35 publicações restantes 6 publicações

de fontes adicionais incluídas

11 estudos e séries

de casos 26 relatos de casos

22 publicações excluídas 26 publicações

excluídas 169 publicações

excluídas

Figura1 Fluxograma.

Foram incluídas 243 intervenc¸ões em 231 pacientes.

Anestesia peridural (AP) foi usada em 180 casos,

analge-siaespinhalem59,analgesiacaudalemtrês ecombinada

raqui-peridural (CRP) em um caso. Em 10 pacientes,

observou-se deteriorac¸ão da EM com a administrac¸ão de

analgesianeuraxialcentral(trêsespinhaiseseteAPs).Em

seiscasos,EMfoidiagnosticadaapósaraquianestesiaeem

trêscasosaneuromieliteótica,umadoenc¸adesmielinizante

quecompartilhamuitassemelhanc¸ascomEM,foi

diagnosti-cadaapósaanalgesiaespinhal.Emdoiscasos,ossintomas

daEMmelhoraramapósAP.

Discussão

Napráticaclínica,opacientecomEMéumeventoraro.A

maioriadosanestesiologistasencontramenosdeumdesses

pacientes por ano7 e, portanto, a experiência no manejo

perioperatórioé quasesemprelimitada.O usode

aneste-sia geral é maisfrequente nessapopulac¸ão e geralmente

éconsideradoseguro.12,13Poroutrolado,ousode

analge-sianeuraxialempacientescomEMpermanececontroverso.

Comoasdiretrizessãoambíguasourecomendamatomada

dedecisãocasoacaso,8,9suaaplicabilidadeclínicaé

limi-tada.Aquestãosobreaseguranc¸adastécnicasneuraxiais

em pacientescomEMnãotemimplicac¸ão apenasmédica,

mas também jurídica. Em um caso judicial recente na

Itália, o desenvolvimento de neurite óptica foi

conside-radocomorelacionadoàraquianestesia,oqueresultouem

compensac¸ãofinanceiraparaopaciente.14

Em nossa pesquisa sistemática na literatura,

encon-tramos dois estudos prospectivos, ambos sobre analgesia

(4)

Tabela1 Relatosdecasosdepacientescomesclerosemúltiplasubmetidosàanalgesianeuraxial

Autor (referência)

Característicasdos

pacientes

Tipode

anestesia

Tipodecirurgia Complicac¸ão Detalhes

Fleiss2 36anos,masc. Raqui Ortopédica Sim Esclerosemúltipla

diagnosticadapelaprimeira vezapósaraquianestesia

Warren24 21anos,fem. AP Partovaginal,C Sim Parestesianacoxa,

recuperac¸ãoapós7dias (1◦parto)e7semanas(2

parto)

Levesque25 33anos,fem. Raqui Cirurgiaplástica Sim Esclerosemúltipla

diagnosticadapelaprimeira vezapósaraquianestesia Hosseini26 23anos,fem. Raqui Halluxvalgus Sim Neuromieliteóptica

diagnosticadapelaprimeira vezapósraquianestesia Lopez

Ariztegui27

32anos,fem. AP Partovaginal Sim Mielitetransversaaguda

diagnosticadapelaprimeira vezduassemanasapósaAP

Facco14 34anos,fem. Raqui C Sim Neuromieliteótica6meses

apósraqui;lesãodoconus medullarisduranteapunc¸ão; cincoanosapóscegueira bilateral,tetraparesiagrave, bexiganeurogênica

Buraga28 42anos,fem. Raqui Urológica Sim Esclerosemúltipla

diagnosticadapelaprimeira vezapósraquianestesia Berger29 53anos,masc. Raqui Urológica/cirurgia

plástica

Não

Leigh30 43anos,masc. Raqui Laparotomia Não

Wang31 45anos,fem. AP C Não Doenc¸aspré-existentes:

doenc¸adevonHippelLindau

Kohler32 29anos,fem. AP Partovaginal Não

Gunaydin21 29anos,fem. AP C Não Melhoriadossintomas

neurológicospós-parto

Vadalouca33 56anos,fem. CRP Histerectomia Não

Marshak34 61anos,fem. AP Toracotomia Não

Barbosa35 32anos,fem. Raqui C Não

MayorgaBuiza36 37anos,fem. AP C Não

Martucci37 29anos,fem. Raqui C Não

Tympa38 45anos,fem. AP Histerectomia Não Outrasdoenc¸aspré-existentes:

isquemiacerebral,síndrome antifosfolipídicae␤-talassemia heterozigótica

Shanmugam39 68anos,fem. AP Esofagectomia Não Melhoradamobilidadeeforc¸a

naspernasnopós-operatório

Patel40 46anos,fem. AP Cistectomia Não Bombadebaclofeno

implantadaintratecal

Oouchi41 29anos,fem. Raqui C Não

Sethi42 32anos,fem. AP C Não

Bettencourt43 36anos,fem. AP C Não

AP,anestesiaperidural;C,cesariana;CRP,combinadaraqui-peridural.

PRIMS(Gravideze EM).Esse estudomulticêntricoeuropeu

acompanhou 254 mulheres com EM durante a gravidez e

durante 12mesesapós o parto:15 42parturientes

recebe-ram analgesiaepidural parao parto. Nacomparac¸ão com

180 parturientes com EM que não receberam analgesia

epidural,nãofoiobservadoefeito significativonataxa de

recidiva ou agravamento das incapacidades. Na análise

de seguimento dois anos depois, os resultados foram

confirmados.16

Em2012,Pastòetal.apresentaramseuestudo

prospec-tivodecoorteitalianacomEM.17Osautorescoletaramdados

(5)

Tabela2 Estudosesériesdecasosdepacientescomesclerosemúltiplasubmetidosàanalgesianeuraxial

Autor (referência)

Tipodeestudo n Tipode

anestesia

Tipode cirurgia

Check-up Complicac¸ão Tipode complicac¸ão Bamford44 Sériedecasos 8pacientes

12intervenc¸ões

Raqui(9) Partos vaginais, intervenc¸ões cirúrgicasde pequeno porte

--- Sim Umpacientecom fraquezanas pernas

Caudal(3)

Stenuit45 Sériedecasos 5 Raqui C,urológicae

ortopédica

--- Sim EMdiagnosticada pelaprimeiravez após

raquianestesiaem 2pacientes,um pacientecom exacerbac¸ãodos sintomasporum ano

Bouchard46 Sériedecasos 9pacientes

14intervenc¸ões

Raqui Urológicae cirurgia plástica

--- Sim Umpacientecom exacerbac¸ão temporária,sem descric¸ão adicionaldos sintomas Bader47 Sériedecasos 20pacientes

32gravidezes

AP(14) C,parto vaginal

3meses Sim Cincopacientes comrecidiva,sem descric¸ão adicionaldos sintomas Dalmas48 Sériedecasos 19 AP C,parto

vaginal

4anos Sim Umpaciente desenvolveu neurite retrobulbare disestesiadas extremidades cincomesesapós oparto

Confavreux15 Estudo

prospectivode coorte(estudo PRISM)

42 AP Partovaginal, C

12meses Não

Kyttä49 Sériedecasos 5 AP(3) Urológicae

cirurgia plástica

--- Não

Raqui(2) Vukosic16 Estudo

prospectivode coorte(estudo PRISM acompa-nhamento)

42 AP Partovaginal, C

2anos Não

Hebl6 Sériedecasos 35 AP(18) Partovaginal,

cirurgiamista

46±38dias Não

Raqui(17)

May50 Sériedecasos 5 AP(4) Partovaginal,

C

--- Não

Raqui(1) Pastó17 Estudo

prospectivode coorte

65 AP Partovaginal, C

6meses Não

(6)

até 12 mesesapós o parto. Embora 65 pacientes tenham recebidoanalgesiaperidural,issonãoafetouataxade

reci-divaouoperfilderecidivadependentedotempo.

Esta éa primeirarevisãosistemática que visaaincluir

todososcasosrelatadosnaliteraturaatual.Emboratodas

asdiretrizeserecomendac¸õesdisponíveissejamreferentes

adeterminadoscasos,onúmeroexatoaindanãotinhasido

investigado.Especificamente,decidimosincluiressescasos

em nossarevisãosistemática parafornecerumaavaliac¸ão

da frequência dos cursos perceptíveis no pós-operatório.

Considerando que a alta prevalência de EM fica entre 20

e 200:100.000,18 o número total dos casos relatados nos

quais os sintomas pioraram após a analgesia neuraxial

pareceextremamentebaixo.Porém,essenúmeropodeser

altamentetendencioso, poisé provávelque amaioriados

casosnãotenhasidorelatada.Mesmoassim,oagravamento

da EM após analgesia neuraxial pode ser considerado um

eventoraro.

Nossapesquisasistemáticanaliteraturaparaumperíodo

de65anosresultouem10pacientes,dosquaisnove apresen-tarampioriadaEMenosquaisaneuromieliteópticafoipela

primeiravezdiagnosticadaemconcomitânciacoma

analge-sianeuraxialcentral.Porém,aconcomitância nãoimplica

causalidade.

Amaioriadoscasosfoidescritaemcenáriosobstétricos.

Issopodeserexplicadopordoisfatos:primeiro,devidoao

efeitocombinadodesexoeidade,aincidênciadeEMémaior

na populac¸ãoobstétrica; segundo, na anestesia e

analge-siaobstétrica,astécnicasneuraxiais sãomaiscomumente

aplicadas em pacientescom EM que sãocomparadas com

controlessaudáveis.19Duranteagravidez,ossintomasdeEM

muitasvezesmelhoram,enquantoastaxasderecaída

pós--partopioram.15Oagravamentodossintomastambém

pode-riaseratribuídoaocursonormaldadoenc¸aapósoparto.

O estresse é um fator de risco bem conhecido para o

inícioe recidivadaEM.20 Portanto,estratégiaspara

dimi-nuiroestressenoperíodoperioperatórioajudamaprevenir

a deteriorac¸ão dos sintomasnoperíodo pós-operatório. O

aprimoramentodomanejodadoratravésdaAPé

potenci-almentebenéfico nocursopós-operatório daEM; em dois

casos, os déficits neurológicospré-existentes melhoraram

apósAP.21,22

Em algumas recomendac¸ões clínicas, a preferência é

pela analgesia epiduralem vez de espinhalem pacientes

com EM.9,12 Com base em doisestudos prospectivos

inde-pendentes, AP em pacientes obstétricas não apresentou

desfechonegativo.15-17Pararaquianestesia,apenas

rela-tos de casos que não mostram uma clara relac¸ão entre

causa e efeito. A aplicac¸ão intratecal de concentrac¸ões

mais elevadas de anestésicos locais em comparac¸ão com

AP é discutida como causa possível de aumento do risco

derecidiva.6,13Contudo,nãoumahipóteseclarasobreo

potencialmecanismodessapossibilidadeoudadosclínicos

paraapoiaressasuposic¸ão.Poroutro lado,a

raquianeste-siaéfeitacomfrequênciaempacientescomEM.7Pode-se

argumentarqueonúmerodecasosrelatadoscomumcurso

agravadonopós-operatórioapenasrefleteumrisco

margi-nal,sehouver,paracadapaciente.

Para a analgesia combinada raquiperidural (CRP) e

analgesia caudal, encontramos apenas um e três casos,

respectivamente. O baixo número é facilmente explicado

porqueaanalgesiacaudalé umatécnicararamenteusada

emadultos.23Poroutrolado,aanalgesiaCRPémuitasvezes

omitida porque a maioria das pacientes com EM é

agen-dadaparacirurgiaeletivaoupartoe,portanto,acolocac¸ão

antecipadadeAP(sehouver)étentada.

Nossoestudo temlimitac¸õesporque umarevisão

siste-máticanãopodeprovaraseguranc¸adeumprocedimento,

especialmentequandoosresultadosincluemprincipalmente

relatosdecasoseséries.Casosindividuaisnãopodemprovar ounegarumarelac¸ãodecausaeefeito.Aquantificac¸ãodo

númerodecasos,entretanto,permiteavaliarabase

cientí-ficadealgumaspreocupac¸ões.

Outra limitac¸ão é que não podemos fornecer detalhes

sobreomaterialeosmedicamentosusadosnoscasos

relata-dos,poisessasinformac¸õesnãoforamrelatadasnamaioria daspublicac¸ões.

Estudos futuros para elucidar esse problema podem

envolverbasesdedadosmultinacionais,nasquaisosdados

sobreoscursospós-operatóriosdepacientescomEMsejam

coletadosprospectivamenteeosfatoresderiscopossamser

identificados.

Conclusão

É impossível excluir completamente os potenciais riscos

de qualquer procedimento. A evidência clínica atual não

apoiaa teoria deque a analgesia neuraxial centralafeta

negativamenteocursodaEM.Portanto,consideramosesse

procedimentocomo umaopc¸ão viávelparadiscutir como

paciente.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

Referências

1.HarrisonDM.Multiplesclerosis.AnnInternMed.2014;160:2---18.

2.FleissAN.Multiplesclerosisappearingafterspinalanesthesia.NY StateJMed.1949;49:1076.

3.KennedyF,EffronAS,PerryG.Thegravespinalcordparalysescaused byspinalanesthesia.SurGynecolObstet.1950;91:385---98.

4.BaskettPJ,ArmstrongR.Anaestheticproblemsinmultiplesclerosis. Arecertainagentscontraindicated?Anaesthesia.1970;25:397---401.

5.DrippsRD,VandamLD.Exacerbationofpre-existingneurologic dise-aseafterspinalanesthesia.NEnglJMed.1956;255:843---9.

6.HeblJR,HorlockerTT,SchroederDR.Neuraxialanesthesiaand anal-gesiainpatientswithpreexistingcentralnervoussystemdisorders. AnesthAnalg.2006;103:223---8.

7.DrakeE,DrakeM,BirdJ,etal.Obstetricregionalblocksforwomen withmultiple sclerosis:asurvey ofUKexperience.IntJ Obstet Anesth.2006;15:115---23.

8.NealJM,BernardsCM,HadzicA,etal.ASRApracticeadvisoryon neurologiccomplicationsinregionalanesthesiaandpainmedicine. RegAnesthPainMed.2008;33:404---15.

9.BodiguelE,BensaC,BrassatD,etal.GroupedeReflexionsurla ScleroseenPlaques.Multiplesclerosisandpregnancy.Revue Neu-rologique.2014;170:247---65.

10.PlantGT.Opticneuritisandmultiplesclerosis.CurrOpinNeurol. 2008;21:16---21.

11.MoherD,LiberatiA,TetzlaffJ,etal.Preferredreportingitemsfor systematicreviewsandmeta-analyses:thePRISMAstatement.IntJ Surg.2009;3:e123---30.

(7)

13.MakrisA,PiperopoulosA,KarmaniolouI.Multiplesclerosis:basic knowledgeandnewinsightsinperioperativemanagement.JAnesth. 2014;28:267---78.

14.Facco E, Giorgetti R, Zanette G. Spinal anaesthesia and neu-romyelitis optica: cause or coincidence? Eur J Anaesthesiol. 2010;27:578---80.

15.Confavreux C, Hutchinson M, Hours MM, et al. Rate of pregnancy-related relapse in multiple sclerosis. N Engl J Med. 1998;339:285---91.

16.VukusicS,HutchinsonM,HoursM,etal.Pregnancyandmultiple scle-rosis(thePRIMSstudy):clinicalpredictorsofpost-partumrelapse. Brain.2004;127:1353---60.

17.PastoL,PortaccioE,GhezziA,etal.Epiduralanalgesiaand cesa-reandeliveryinmultiplesclerosispost-partumrelapses:theItalian cohortstudy.BMCNeurol.2012;12:165.

18.KingwellE,MarriottJJ,JetteN,etal.Incidenceandprevalence ofmultiplesclerosisinEurope:asystematicreview.BMCNeurol. 2013;13:128.

19.LuE, Zhao Y,DahlgrenL, etal.Obstetricalepidural and spinal anesthesiainmultiplesclerosis.JNeurol.2013;260:2620---8.

20.ArtemiadisAK,AnagnostouliMC,AlexopoulosEC.Stress asarisk factorformultiplesclerosisonsetorrelapse:asystematicreview. Neuroepidemiology.2011;36:109---20.

21.Gunaydin B, Akcali D,Alkan M.Epidural anaesthesia for Caesa-rean section in a patient with Devic’s Syndrome. Anaesthesia. 2001;56:565---7.

22.ShanmugamR,PatterillM.Improvementinneurologicalfunction afterepiduralanalgesiainapatientwithMultipleSclerosis---acase report.Anaesthesia.2012;67:40.

23.Najman IE, Frederico TN,Segurado AVR, etal. Caudal epidural anesthesia:ananesthetictechniqueexclusiveforpediatricuse?Is itpossibletouseitinadults?Whatistheroleoftheultrasoundin thiscontext?RevBrasAnestesiol.2011;61:95---109.

24.WarrenTM,DattaS,OstheimerGW.Lumbarepiduralanesthesiain apatientwithmultiplesclerosis.AnesthAnalg.1982;61:1022---3.

25.LevesqueP,MarsepoilT,HoP,etal.Multiplesclerosisdisclosedby spinalanesthesia.AnnFrAnesthReanim.1988;7:68---70.

26.HosseiniH,BrugieresP,DegosJD,etal.Neuromyelitisopticaafter aspinalanaesthesiawithbupivacaine.MulScler.2003;9:526---8.

27.Lopez ArizteguiN, MondejarMarin B, Garcia Montero R.Acute transversemyelitisafterobstetricepiduralanesthesia.Neurologia. 2007;22:906---10.

28.Buraga I,Buraga M.Preexisting neurologic disordertriggeredby anesthesia?RoJNeurol.2013;12:148---51.

29.BergerJM, OntellR.Intrathecal morphinein conjunctionwitha combinedspinalandgeneralanestheticinapatientwithmultiple sclerosis.Anesthesiology.1987;66:400---2.

30.LeighJ,FearnleySJ,LupprianKG.Intrathecaldiamorphineduring laparotomyinapatientwithadvancedmultiplesclerosis. Anaesthe-sia.1990;45:640---2.

31.WangA, SinatraRS. Epidural anesthesiaforcesareansection in apatient withvonHippel-Lindaudiseaseand multiplesclerosis. AnesthAnalg.1999;88:1083---4.

32.KohlerG,SchochB,HarterJL.Periduralanalgesiainawomanwith multiplesclerosisinlabor.AnnFrAnesthReanim.1999;18:1023---4.

33.VadaloucaA,MokaE,SykiotisC.Combinedspinal-epidural techni-quefortotalhysterectomyinapatientwithadvanced,progressive multiplesclerosis.RegAnesthPainMed.2002;27:540---1.

34.MarshakDS,NeusteinSM,ThomsonJ.Theuseofthoracicepidural analgesiainapatientwithmultiplesclerosisandsevere kyphosco-liosis.JCardiothoracVascAnesth.2006;20:704---6.

35.BarbosaFT,BernardoRC,CunhaRM,etal.Subarachnoid anesthe-siaforcesareansectioninapatientwithmultiplesclerosis.Case report.RevBrasAnestesiol.2007;57:301---6.

36.MayorgaBuizaMJ,CabaBarrientosF,SuarezCorderoF,etal. Epidu-ralanalgesiaduringlabourofapatientwithmultiplesclerosis.Rev SociedadEspanolaDolor.2010;17:239---41.

37.MartucciG,DiLorenzoA,PolitoF,etal.A12-monthfollow-upfor neurologicalcomplicationaftersubarachnoidanesthesiaina par-turientaffectedbymultiplesclerosis.EurRevMedPharmacolSci. 2011;15:458---60.

38.TympaA,HassiakosD,SalakosN,etal.Acommonanesthesiology procedureforapatientwithanuncommoncombinationofdiseases: acasereport.CaseRepAnesthesiol.2012;2012:748748.

39.ShanmugamR,PatterillM.Improvementin neurologicalfunction afterepiduralanalgesiainapatientwithmultiplesclerosis---acase report.Anaesthesia.2012;67:40.

40.PatelK,ElmoftyD.Post-operativeepidural painmanagementin patientwithmultiplesclerosisandbaclofenpump.RegAnesthPain Med.2013;38.

41.OouchiS,NagataH,OokawaH,etal.Spinalanesthesiafor cesa-reansectioninapatient withmultiplesclerosis.Masui.JapanJ Anesthesiol.2013;62:474---6.

42.SethiS,KapilS.Anestheticmanagementofapatientwith multi-plesclerosisundergoingcesareansectionwithlowdoseepidural bupivacaine.SaudiJAnaesth.2014;8:402---5.

43.BettencourtM,PedrosaS,HenriquesA,etal.Epidural anaesthe-siaforcaesarean ina multiplesclerosispatient:11AP2-9.EurJ Anaesthesiol.2014;31:181.

44.BamfordC,SibleyW,LagunaJ.Anesthesiainmultiplesclerosis.Can JNeurolSci.1978;5:41---4.

45.StenuitJ,MarchandP.Sequelaeofspinalanesthesia.ActaNeurol PsychiatrBelg.1968;68:626---35.

46.BouchardP,CailletJB,MonnetF,etal.Spinalanesthesiaand mul-tiplesclerosis.AnnFrAnesthReanim.1984;3:194---8.

47.BaderAM,HuntCO,DattaS,etal. Anesthesiafortheobstetric patientwithmultiplesclerosis.JClinAnesth.1988;1:21---4.

48.DalmasAF,TexierC,Ducloy-BouthorsAS,etal.Obstetrical anal-gesiaandanaesthesiainmultiplesclerosis.AnnFrAnesthReanim. 2003;22:861---4.

49.KyttaJ,RosenbergPH.Anaesthesiaforpatientswithmultiple scle-rosis.AnnalesChirurgiaeGynaecologiae.1984;73:299---303.

Imagem

Tabela 1 Relatos de casos de pacientes com esclerose múltipla submetidos à analgesia neuraxial Autor (referência) Características dospacientes Tipo de anestesia
Tabela 2 Estudos e séries de casos de pacientes com esclerose múltipla submetidos à analgesia neuraxial Autor

Referências

Documentos relacionados

não sobreviventes, não observamos uma diferenc ¸a estatisticamente significativa dos valores da rSO 2 entre os grupos na fase basal e de reaquecimento.. Publicado por Elsevier

Regional cerebral oxygen saturation on hospital arrival is a potential novel predictor of neurological outcomes at hospital discharge in patients with out-of-hospital cardiac

Os principais achados deste estudo foram os seguintes: (1) a incidência de DCPO foi de 24%; (2) os pacientes com DCPO não apresentaram melhoria nos escores de qualidade de vida; (3)

The aim of this study was to evaluate the incidence of postoperative cognitive decline and its influence on quality of life three months after surgery.. Methods:

Além disso, como os valores ANI foram com- parados com os escores VAS no pós-operatório no fim da anestesia em nosso estudo, a influência da administrac ¸ão de atropina/neostigmina

In our study, Analgesia Nociception Index monitoring in two groups who had undergone spinal stabilization surgery and were administered propofol---remifentanil (Total

com o volume gástrico duas horas após a ingestão de 200 e 500 ml de soluc ¸ão isotônica.. Método: Foram submetidos à ultrassonografia gástrica 80 voluntários em três

We conclude that in fasting healthy volunteers after receiving 200 mL or 500 mL of isotonic solution and remain- ing 2 h fasting, the gastric antral area, stomach expected volume,