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Artur de Brito Gueiros souzA
Procurador Regional da República, com ampla experiência em direito penal, direito penal econômico, direito penal internacional, execução penal e crimi-nologia. É Doutor em Direito Penal pela USP, Mestre pela PUC/RJ e Bacharel pela UERJ. É professor de direito penal da UERJ, lecionando nos cursos de graduação e pós-graduação, e professor de direito penal da Escola Superior do Ministério Público da União.
CArlos eduArdo AdriAno JApiAssú
Advogado há mais de vinte anos com ampla experiência em direito penal. É Pós-doutor em Direito pela University of Warwick (Inglaterra), Doutor, Mestre e Bacharel pela UERJ. É professor de direito penal da UFRJ ea da UERJ, professor do curso de mestrado e doutorado da Unesa. Professor convidado da Loyola University (Estados Unidos) e professor conferencista da Université de Pau et des Pays de L’Adour (França).
Artur de Brito Gueiros souzA
CArlos eduArdo AdriAno JApiAssú
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Parte Geral
v. 1: Parte Geral: arts. 1
oa 120
em breve:
v. 2: Parte Especial: arts. 121 a 212
v. 3: Parte Especial: arts. 215 a 359-H
ca p a to ny ro d ri g u e s
P
romulgado em 1940, o Código Penal brasileiro ultrapassou a barreira dos setenta anos e a questão que se coloca atualmente é: trata-se de um diploma ultrapassado? O vigente Codex criminal nasceu em pleno Estado Novo, período marcado pelo autoritarismo e populismo de Getulio Vargas e pela promulgação de inúmeras leis impor-tantes sob a forma de decretos-lei. Esse é o caso do Código Penal brasileiro, o Decreto-lei no 2.848. Tal diploma veiosubstituir o Código Penal de 1890 que, por sua vez, substituiu o de 1830.
Se esse era o cenário nacional, o que acontecia no mundo? A Europa vivia sua Segunda Guerra Mundial e, em 1945, quando esse triste capítulo da história terminou, a capital alemã foi dividida em quatro áreas. Em 1961, com o acirramento da Guerra Fria, o famoso “muro de Berlim” começou a ser construído e só sucumbiu em 1989, tornando-se um símbolo da de-cadência do sistema socialista. A partir de então passamos a assistir a um intenso processo de internacionalização do direi-to penal, que teve como efeidirei-tos mais no-tórios o surgimento da criminalidade sem fronteiras, como o tráfico internacional de drogas, a atuação do crime organizado e o aumento dos conflitos armados. Mas a grande mudança do mundo viria em 2001, com os atentados de 11 de setem-bro, e seus reflexos nos sistemas penais.
Essas poucas palavras demonstram que o Brasil e o mundo se transformaram nas últimas décadas e o Código Penal brasileiro revela-se um dos diplomas mais dinâmicos do nosso tempo. Basta lembrar das sucessivas mudanças ocorridas em seus dispositivos como a exclusão da ex-pressão “mulher honesta”, a revogação do crime de adultério e, mais recente-mente, a nova denominação dos “crimes contra os costumes”, agora chamados de “crimes contra a dignidade sexual”.
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direito
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Artur de Brito Gueiros souz A CArlos eduArdo AdriAno JApiAssú
direito
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De fato, as mudanças sociais e o surgi-mento de novas espécies delituosas, em sua maioria derivadas dos avanços tecno-lógicos, exigem um novo pensar do direito penal, adequado à realidade brasileira.
Diante disso, os autores dessa obra aliam o amplo conhecimento prático à didática de anos de atividade docente e oferecem aos leitores uma coleção em três volumes, em linguagem objetiva e em sintonia com as mais modernas correntes e tendências do direito penal contemporâneo, na medida certa para estudantes, concursandos e profissionais da área jurídica.
O volume 1 examina a Parte Geral do Código Penal, em seus arts. 1o a 120.
A r t s . 1o a 1 2 0 A r t s . 1o a 1 2 0 A r t s . 1 o a 12 0
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Direito
Penal
artur De Brito Gueiros souza
Carlos eDuarDo aDriano JaPiassú
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Parte Geral
F e c h a m e n to d e s t a e d i ç ão: 25 d e o u t u b r o d e 2 0 1 1 E d i ç ã o 2 0 1 2Cip-Brasil. Catalogação-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ S713c
11-5997. CDU: 343.2(81) Souza, Artur de Brito Gueiros
Curso de direito penal [recurso eletrônico] : parte geral / Artur de Brito Gueiros Souza, Carlos Eduardo Adriano Japiassú. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2011.
recurso digital (Curso de direito penal ; 1) Formato: Flash
Requisitos do sistema: Adobe Flash Player Modo de acesso: World Wide Web ISBN 978-85-352-4835-7 (recurso eletrônico)
1. Direito penal - Brasil. 2. Livros eletrônicos. I. Japiassú, Carlos Eduardo Adriano. II. Título. III. Série.
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei no 9.610, de 19/02/1998.
Nenhuma parte deste livro, sem autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros. Copidesque: Tania Heglacy
Revisão: Renato Mello Medeiros Editoração Eletrônica: Tony Rodrigues Elsevier Editora Ltda.
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ISBN: 978-85-352-4835-7
Nota: Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação, impressão ou dúvida conceitual. Em qualquer das hipóteses, solicitamos a comunicação à nossa Central de Atendimento, para que possamos esclarecer ou encaminhar a questão.
Nem a editora nem o autor assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a pessoas ou bens, originados do uso desta publicação.
o
presente livro é o resultado do nosso pensamento comum sobre temas da ParteGeral do Direito Penal, após mais de uma década de convivência na Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), onde ambos lecionamos desde 1999.
Curiosamente, conhecemo-nos justamente durante o concurso público para ingresso na carreira docente e fomos apresentados pelo Professor Dr. João Marcello de Araujo Jr., que havia sido nosso professor de Direito Penal durante o curso de Graduação em Direito naquela Faculdade carioca em anos distintos. O querido Professor João Marcello, embora já aposentado e com a saúde debilitada – viria a falecer precocemente em 14/10/1999 –, fez questão de acompanhar o concurso e apoiar seus alunos.
Por nos ter introduzido no estudo do Direito Penal e, enquanto esteve conosco, nunca ter deixado de ser tudo o que se espera de um professor, este livro necessariamente tem que ser dedicado ao Professor João Marcello, com o nosso muito obrigado.
Desde 1999, temos compartilhado tarefas e ideias na atividade acadêmica desenvol-vida na Faculdade de Direito, que culminaram com a criação da Linha de Pesquisa em Direito Penal do Programa de Pós-Graduação em Direito – Mestrado e Doutorado – e do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Direito Penal Internacional, Estrangeiro e Comparado, que tem sido foro privilegiado para debates acadêmicos e projetos conjuntos.
A ideia de elaborar o presente livro surgiu quase ao acaso. Conversávamos sobre o desejo comum que tínhamos em transformar os necessários textos que preparamos para as aulas no Curso de Graduação e concluímos que não faria sentido cada um preparar o seu próprio livro, que ficaria pronto mais ou menos na mesma época e sobre os mesmos temas. Assim e a partir das anotações pessoais de cada um de nós,
resultado desses anos de convivência, ensino e aprendizado com os alunos, da parte de Artur de Brito Gueiros Souza, da Faculdade de Direito da UERJ e, por parte de Carlos Eduardo Adriano Japiassú, da Faculdade de Direito da UERJ e da Faculdade de Direito da UFRJ.
Foi justamente essa convivência de sala de aula, seja na Graduação, no Mestrado e no Doutorado, que nos permitiu, ao longo do tempo, ir construindo o texto que aqui se apresenta. Assim, o nosso primeiro e fundamental agradecimento é aos nossos alunos e alunas, do passado e do presente. A todos vocês, nosso agradecimento por essa troca tão rica que somente o magistério permite.
Quanto aos agradecimentos individuais, faremos separadamente:
Artur de Brito Gueiros Souza: aos meus pais, Rinaldo e Ana Maria, por tudo o
que fizeram e se sacrificaram pela minha educação; aos meus filhos Guilherme, Luiza e Pedro, pelo carinho, estímulo e compreensão ante a ausência que foi imposta pela realização da presente obra; a Ricardo Latorre e Flávio Brasil, pelo apoio irrestrito, zelo profissional e amizade havida nesses tantos anos de convívio em nosso Gabinete; à acadêmica de Direito Luiza Teixeira Gueiros, pela competente pesquisa jurisprudencial junto aos tribunais superiores; a Bruna Amorim Dutra, por seu auxílio em aspectos dogmáticos do texto; aos servidores da Biblioteca da Procuradoria Regional da República da 2a Região, pela presteza do atendimento das inúmeras solicitações que lhes foram
dirigidas; ao Ministério Público Federal, por tudo o que me proporcionou em mais de dezoito anos de atuação na área criminal federal; e à minha esposa e Defensora Pública Luísa de Miranda Gueiros, pelo amor, incentivo – particularmente nos momentos mais críticos dessa empreitada –, e pela profícua troca de ideias que muito auxiliaram em questões particularmente intrincadas do Direito Penal.
Carlos Eduardo Adriano Japiassú: à minha esposa Paula e aos nossos filhos Maria
Eduarda e Carlos Henrique, por tudo que vocês são e fazem; aos meus pais, Antonio Carlos e Maria Inês, e ao meu avô, Edgard, no ano de seu centenário, por seus exemplos, sua presença e seu amor; à Associação Internacional de Direito Penal, a mais importante e antiga associação científica em matéria penal no mundo, que tanto tem me ensinado; ao Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, que tive a honra de inte-grar e que tanto modificou a minha perspectiva sobre o sistema penal brasileiro; aos meus sempre alunos Rômulo Souza de Araújo, Ana Lúcia Tavares Ferreira, Ana Luiza Barbosa de Sá, Rodrigo de Souza Costa, Flávia Sanna Leal de Meirelles, Isabela Bayma de Almeida e Larissa Gabriela Cruz Botelho, pela disponibilidade sempre, que, direta ou indiretamente, auxiliaram na elaboração do presente livro.
Não poderíamos, da mesma maneira, deixar de mencionar os colegas professores e funcionários da Faculdade de Direito da UERJ, cujo convívio tem sido tão gratificante tanto profissional quanto pessoalmente. Em especial, aos colegas do Departamento de Direito Penal, professores Patrícia Mothé Glioche Béze, Nilo Batista, Juarez Tavares, Nelson Massini, Heitor Costa Jr., Jorge Luís Fortes Pinheiro da Câmara e Vera Malaguti Batista, além das funcionárias do NEDIPI, Raquel Vieira e Rúbia Costa.
Por fim, um agradecimento especial a Sérgio Salomão Shecaira, que além da ami-zade sempre demonstrada, apresentou-nos a esta editora, com os maiores elogios.
E evidentemente, nosso muito obrigado à equipe da Editora Elsevier que, com competência, paciência e gentileza, tornou possível a publicação deste livro.
Rio de Janeiro, primavera de 2011.
Artur de Brito Gueiros Souza e Carlos Eduardo Adriano Japiassú
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u e s Tõ e sF
u n da m e n Ta I s d od
I r e I ToP
e n a li. iNTroDuÇÃo Ao DirEiTo PENAL
3
1.1. o conceito de Direito Penal . . . .3
1.2. Delimitações terminológicas. . . .4
1.3. Características gerais . . . .6
1.4. Finalidade e legitimidade . . . .6
1.5. Tendências contemporâneas . . . .9
1.6. A relação do Direito Penal com outros ramos do Direito . . . .11
1.6.1. Direito Penal e Direito Constitucional . . . .11
1.6.2. Direito Penal e Direito Administrativo . . . .11
1.6.3. Direito Penal e Direito Processual Penal . . . .12
1.6.4. Direito Penal e Direito Civil . . . .12
ii. A CiÊNCiA CoNJuNTA Do DirEiTo PENAL
14
2.1. Considerações gerais . . . .142.2. A Ciência do Direito Penal ou Dogmática Jurídico-Penal . . . .14
2.2.1. método do estudo do Direito Penal . . . .15
2.3. A Política Criminal . . . .15
2.4. A Criminologia . . . .16
2.4.1. A necessária integração entre Direito Penal e Criminologia . . . .18
2.5. Direito de Execução Penal, Direito Penitenciário e Penologia . . . .19
iii. HiSTÓriA GErAL Do DirEiTo PENAL
20
3.1. Considerações gerais . . . .20
3.2. Direito Penal da Antiguidade . . . .21
3.3. Direito Penal na idade média . . . .23
3.4. A modernidade e o surgimento da prisão como pena . . . .25
3.5. o período reformador . . . .28
3.5.1. A ilustração e Cesare Beccaria . . . .28
3.5.2. A influência de John Howard . . . .29
3.5.3. Jeremy Bentham e o Panóptico . . . .30
3.6. A Escola Clássica do Direito Penal . . . .31
3.7. A Escola Positiva . . . .33
3.8. Escolas e tendências do século XX . . . .35
3.9. o Direito Penal do século XXi . . . .39
iV. HiSTÓriA Do DirEiTo PENAL BrASiLEiro
41
4.1. Considerações gerais . . . .414.2. o Brasil Colonial . . . .42
4.3. o Código Criminal de 1830 . . . .45
4.4. o Direito Penal da Primeira república . . . .50
4.5. o Código Penal de 1940 . . . .53
4.6. o movimento de reforma Penal . . . .55
4.7. o Direito Penal brasileiro do século XXi. . . .58
V. PriNCÍPioS FuNDAmENTAiS Do DirEiTo PENAL
60
5.1. Considerações gerais . . . .605.2. Princípio da culpabilidade . . . .61
5.3. Princípio da lesividade ou da ofensividade . . . .62
5.4. Princípio da humanidade ou da humanização da pena . . . .63
5.5. outros princípios fundamentais do Direito Penal . . . .63
5.5.1. Princípio da dignidade humana . . . .64
5.5.2. Princípio da intervenção mínima . . . .64
5.5.3. Princípio da fragmentariedade e da subsidiariedade . . . .65
5.5.4. Princípio da insignificância . . . .65
5.5.5. Princípio da proporcionalidade . . . .66
5.5.6. Princípio da individualização da pena . . . .66
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e n a lVi. LEi PENAL E NormA PENAL
71
6.1. Considerações gerais . . . .71
6.2. Estrutura da lei penal . . . .71
6.3. Classificação das normas penais . . . .72
6.4. Peculiar técnica legislativa . . . .73
6.5. Fontes da norma penal . . . .74
6.6. Princípio da legalidade . . . .74
6.7. Analogia . . . .78
6.8. Costume . . . .80
6.9. Jurisprudência . . . .80
6.10. Princípios gerais do direito . . . .81
6.11. interpretação da lei penal . . . .81
6.11.1. interpretação: classificações . . . .82
6.11.2. A questão da interpretação analógica. . . .84
6.11.3. A regra do in dubio pro reo . . . .85
Vii. LEi PENAL No TEmPo
86
7.1. Considerações gerais . . . .867.2. Conflitos da lei penal no tempo . . . .87
7.3. Lei intermediária . . . .89
7.4. A controvérsia da combinação de leis . . . .90
7.5. Lei excepcional ou temporária . . . .92
7.6. Lei penal em branco . . . .93
7.7. Tempo do crime . . . .96
7.8. Contagem dos prazos do Direito Penal . . . .98
Viii. LEi PENAL No ESPAÇo
99
8.1. Considerações gerais . . . .998.2. Território nacional e sua extensão . . . .101
8.3. Lugar do delito e delitos à distância . . . .103
8.4. Extraterritorialidade da lei penal brasileira . . . .104
8.4.1. Extraterritorialidade incondicionada . . . .105
8.4.2. Extraterritorialidade condicionada . . . .107
8.4.3. requisitos para a aplicação extraterritorial da lei penal brasileira . . . .108
8.5. Pena cumprida no estrangeiro . . . .110
8.6. Eficácia da sentença penal estrangeira . . . .111
8.7. Transferência de condenados entre países . . . .112
8.8.1. Extradição: Classificações . . . .114
8.8.2. requisitos para a extradição . . . .116
8.9. o Tribunal Penal internacional . . . .119
8.10. Limites à aplicação da lei penal em relação às pessoas: imunidade diplomática e imunidade parlamentar . . . .123
8.10.1. imunidades diplomáticas . . . .123
8.10.2. imunidades parlamentares . . . .125
iX. CoNFLiTo APArENTE DE NormAS PENAiS
127
9.1. Considerações gerais . . . .1279.2. Critérios de solução do conflito aparente de normas . . . .129
9.2.1. Princípio da especialidade . . . .129
9.2.2. Princípio da subsidiariedade . . . .130
9.2.3. Princípio da consunção ou absorção . . . .131
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e r a l d oC
r I m eX. TEoriA Do CrimE
135
10.1. Considerações gerais . . . .13510.2. método da teoria do crime . . . .136
10.3. Desenvolvimento da teoria do crime . . . .137
10.3.1. As construções da teoria do crime a partir do século XX . . . .139
10.3.1.1. o naturalismo (conceito clássico de delito) . . . .140
10.3.1.2. o neokantismo (conceito neoclássico de delito) . . . .141
10.3.1.3. A perspectiva totalizadora (a Escola de Kiel) . . . .143
10.3.1.4. o finalismo . . . .144
10.3.1.5. As correntes funcionalistas . . . .145
10.4. Sujeitos do crime . . . .149
10.4.1. Sujeito ativo . . . .149
10.4.2. responsabilidade penal da pessoa jurídica . . . .149
10.4.3. Sujeito passivo . . . .151
10.5. objeto do crime . . . .152
10.6. objeto material . . . .152
10.7. Classificações do crime . . . .152
Xi. TEoriA DA CoNDuTA
157
11.1. Considerações gerais . . . .15711.2. Funções da teoria da conduta . . . .158
11.4. modalidades de conduta . . . .167 11.4.1. Ação . . . .167 11.4.2. omissão . . . .167 11.4.2.1. omissão própria . . . .167 11.4.2.2. omissão imprópria . . . .167 11.5. Ausência de conduta . . . .168
11.5.1. Coação física irresistível . . . .168
11.5.2. Atos reflexos. . . .169
11.5.3. Estados de inconsciência . . . .169
11.6. resultado . . . .169
11.6.1. resultado jurídico . . . .170
11.6.2. resultado material . . . .170
Xii. CAuSALiDADE E imPuTAÇÃo oBJETiVA
171
12.1. Considerações gerais . . . .17112.2. A teoria da equivalência dos antecedentes . . . .172
12.3. A teoria da causalidade adequada . . . .174
12.4. Da superveniência causal . . . .176
12.5. Da causalidade adequada para a teoria da imputação objetiva . . . .179
12.6. A Teoria dos Papéis (Jakobs) . . . .182
12.7. A causalidade da omissão . . . .182
Xiii. TEoriA Do TiPo DoLoSo
183
13.1. Considerações gerais . . . .18313.2. Funções da teoria do tipo . . . .183
13.3. Tipo penal e bem jurídico . . . .184
13.4. Evolução do tipo como elemento do delito . . . .185
13.5. Tipicidade penal . . . .189
13.6. Classificações do tipo penal . . . .190
13.7. Elementos do tipo objetivo . . . .191
13.7.1. Elementos descritivos . . . .191
13.7.2. Elementos normativos . . . .191
13.8. Elementos do tipo subjetivo . . . .192
13.8.1. o dolo como elemento subjetivo geral . . . .192
13.8.2. Espécies de dolo . . . .193
13.8.2.1. Dolo direto de primeiro grau . . . .193
13.8.2.2. Dolo direto de segundo grau . . . .193
13.8.2.3. Dolo eventual . . . .193
XiV. TEoriA Do TiPo CuLPoSo
195
14.1. Considerações gerais . . . .195
14.2. Elementos do crime culposo. . . .196
14.2.1. Conduta lícita . . . .196
14.2.2. Previsibilidade . . . .197
14.2.3. inobservância das normas de atenção, cuidado ou diligência. . . .198
14.2.4. resultado . . . .198
14.3. Espécies da culpa . . . .199
14.4. Culpa imprópria . . . .199
14.5. Dolo eventual e culpa consciente . . . .200
14.5.1 Teorias cognitivas . . . .200
14.5.2. Teorias volitivas . . . .200
14.5.3. Síntese reflexiva . . . .201
14.6. Concorrência e compensação de culpa . . . .202
14.7. Crimes qualificados pelo resultado . . . .202
XV. TEoriA Do TiPo omiSSiVo
203
15.1. Considerações gerais . . . .20315.2. A causalidade na omissão . . . .205
15.3. Tipos omissivos próprios . . . .207
15.4. Tipos omissivos impróprios . . . .209
15.5. A posição de garantidor . . . .209
15.5.1. A lei como fonte da posição de garantidor . . . .210
15.5.2. A assunção voluntária da posição de garantidor . . . .211
15.5.3. o princípio da ingerência . . . .211
15.6. Particularidades da omissão imprópria . . . .212
XVi. ANTiJuriDiCiDADE
214
16.1. Considerações gerais . . . .21416.2. Esclarecimentos terminológicos . . . .215
16.3. Aspectos formal e material da antijuridicidade . . . .217
16.4. Causas de exclusão da antijuridicidade . . . .218
16.4.1. o consentimento do ofendido . . . .219
16.4.2. Demais causas supralegais no Direito Penal brasileiro . . . .221
16.5. Elemento subjetivo das causas de justificação . . . .221
16.6. Excesso nas causas justificantes . . . .222
16.7. Estado de necessidade . . . .223
16.7.1. requisitos objetivos do estado de necessidade . . . .225
16.8. Legítima defesa . . . .226
16.8.1. requisitos objetivos da defesa legítima . . . .226
16.8.2. requisitos subjetivos da legítima defesa . . . .228
16.8.3. Espécies de legítima defesa . . . .229
16.8.3.1. Legítima defesa real . . . .229
16.8.3.2. Legítima defesa putativa . . . .229
16.8.3.3. Legítima defesa sucessiva . . . .229
16.8.3.4. Legítima defesa recíproca . . . .229
16.8.4. Distinção entre legítima defesa e estado de necessidade . . . .229
16.9. Estrito cumprimento de dever legal . . . .230
16.9.1. A questão do excesso por parte do funcionário público . . . .230
16.9.2. Violência policial e estrito cumprimento do dever legal . . . .230
16.10. Exercício regular de direito . . . .231
16.10.1. Violência desportiva . . . .231
16.10.2. ofendículos . . . .232
XVii. CuLPABiLiDADE
233
17.1. Considerações gerais . . . .23317.2. Culpabilidade como pressuposto da pena . . . .235
17.3. Crise do conceito de culpa jurídico-penal . . . .236
17.4. Evolução dogmática da culpabilidade. . . .237
17.5. Elementos da culpabilidade . . . .240
17.5.1. imputabilidade . . . .240
17.5.1.1. Doença mental . . . .241
17.5.1.2. Desenvolvimento mental incompleto ou retardado . . . .242
17.5.1.3. imputabilidade diminuída ou semi-imputabilidade . . . .242
17.5.1.4. menoridade penal . . . .243
17.5.2. Potencial conhecimento da antijuridicidade . . . .244
17.5.3. Exigibilidade de conduta diversa . . . .245
17.5.3.1. Coação moral irresistível . . . .245
17.5.3.2. obediência hierárquica . . . .246
17.6. Emoção e paixão . . . .247
17.7. Embriaguez . . . .247
17.7.1. Espécies de embriaguez . . . .250
17.7.1.1. Embriaguez fortuita ou acidental . . . .250
17.7.1.2. Embriaguez voluntária ou culposa . . . .250
17.7.1.3. Embriaguez preordenada . . . .251
17.7.1.4. Embriaguez patológica . . . .251
17.8. Estado de necessidade exculpante . . . .251
XViii. TEoriA Do Erro JurÍDiCo - PENAL
252
18.1. Considerações gerais . . . .252
18.2. Classificações do erro jurídico-penal . . . .253
18.2.1. Erro invencível . . . .253
18.2.2. Erro vencível . . . .254
18.2.3. Erro essencial e erro acidental . . . .254
18.3. Evolução dogmática da teoria do erro . . . .254
18.3.1. Teoria extremada do dolo . . . .254
18.3.2. Teoria limitada do dolo . . . .255
18.3.3. Teoria extremada da culpabilidade. . . .255
18.3.4. Teoria limitada da culpabilidade . . . .256
18.3.5. Teoria dos elementos negativos do tipo . . . .258
18.4. Erro de tipo . . . .259
18.5. Erro de proibição . . . .260
18.5.1. ignorância da lei e ignorância da antijuridicidade . . . .261
18.5.2. o dever de se informar . . . .262
18.5.3. Espécies de erro de proibição . . . .262
18.5.3.1. Erro de proibição direto . . . .263
18.5.3.2. Erro mandamental. . . .263
18.5.3.3. Erro de proibição indireto . . . .263
18.6. Descriminantes putativas . . . .263
18.7. Erro sobre a pessoa . . . .264
18.8. Erro sobre o objeto . . . .265
18.9. Erro provocado por terceiro . . . .265
XiX. ETAPAS DE rEALiZ AÇÃo Do DELiTo
267
19.1. Considerações gerais . . . .26719.2. Etapas de realização do delito . . . .268
19.2.1. Cogitação . . . .268
19.2.2. Atos preparatórios . . . .268
19.2.3. Atos executórios . . . .269
19.2.4. Consumação . . . .270
19.2.5. o exaurimento do crime . . . .270
19.3. Distinção entre atos preparatórios e executórios . . . .271
19.3.1. Teorias subjetivas . . . .272
19.3.1.1. Teoria do dolo . . . .272
19.3.1.2. Teoria sintomática . . . .272
19.3.2. Teorias objetivas . . . .272
19.3.2.2. Teoria objetivo-formal . . . .273
19.3.2.3. Teoria objetivo-individual (teoria do plano do autor) . . . .273
19.3.2.4. Direito brasileiro . . . .274
19.4. Natureza jurídica e requisitos da tentativa . . . .275
19.5. Espécies de tentativa . . . .276
19.6. Crimes que não admitem a tentativa . . . .277
19.6.1. Crimes culposos . . . .277
19.6.2. Crimes preterdolosos . . . .278
19.6.3. Crimes omissivos próprios . . . .278
19.6.4. Crimes unissubsistentes . . . .279
19.6.5. Crimes habituais . . . .279
19.6.6. Contravenções penais . . . .279
19.7. Desistência voluntária e arrependimento eficaz . . . .279
19.7.1. Desistência voluntária . . . .281
19.7.2. Arrependimento eficaz . . . .281
19.7.3. Efeitos da desistência e do arrependimento . . . .281
19.8. Arrependimento posterior . . . .282
19.9. Crime impossível (tentativa inidônea) . . . .283
19.9.1. razões para a impunidade do crime impossível . . . .284
19.9.2. Crime putativo . . . .284
19.9.3. Flagrante esperado, flagrante provocado e flagrante forjado . . . .285
X X. CoNCurSo DE PESSoAS
286
20.1. Considerações gerais . . . .28620.2. Teorias sobre o concurso de pessoas . . . .287
20.2.1. Teoria pluralista . . . .287
20.2.2. Teoria dualística ou da acessoriedade . . . .287
20.2.3. Teoria monística ou unitária . . . .288
20.3. requisitos do concurso de pessoas . . . .289
20.3.1. Pluralidade de indivíduos e de condutas . . . .289
20.3.2. relevância causal de cada conduta . . . .289
20.3.3. Liame subjetivo entre os participantes . . . .290
20.3.4. identidade de infração penal . . . .290
20.4. Teorias sobre autoria e participação . . . .290
20.4.1. Teoria objetivo-material . . . .291
20.4.2. Teoria subjetivo-material . . . .291
20.4.3. Teoria objetivo-formal . . . .292
20.4.4. Teoria do domínio do fato . . . .292
20.4.4.1. Domínio funcional do fato . . . .293
20.5. Tipologia do concurso de pessoas . . . .295 20.5.1. Autoria individual . . . .295 20.5.2. Autoria mediata . . . .295 20.5.3. Coautoria . . . .296 20.5.4. Coautoria sucessiva . . . .297 20.5.5. Coautoria mediata . . . .297 20.5.6. Autoria colateral . . . .298 20.5.7. Autoria incerta . . . .298 20.5.8. multidão criminosa . . . .298 20.6. Teoria da participação . . . .299 20.6.1. Participação moral . . . .299 20.6.2. Participação material . . . .300 20.6.3. Participação em cadeia . . . .300 20.6.4. requisitos da participação . . . .300
20.6.5. A questão da acessoriedade da participação . . . .301
20.6.6. A participação mediante ações neutras . . . .302
20.7. Concurso de pessoas e crime culposo . . . .304
20.8. Concurso de pessoas e crime omissivo . . . .306
20.9. Participação de menor importância . . . .307
20.10. Cooperação dolosamente distinta . . . .308
20.11. Comunicabilidade das elementares do tipo . . . .309
20.11.1. A questão da comunicabilidade no delito de infanticídio . . . .310
20.12. Participação impunível . . . .312
X Xi. CrimES iNTErNACioNAiS
313
21.1. Considerações gerais . . . .31321.2. Conceito e classificação dos crimes internacionais . . . .313
21.3. Estrutura e imputação nos crimes internacionais. . . .317
T
í T u loIV — T
e o r I aG
e r a l das
a n çãoP
e n a lX Xii. TEoriA DA PENA
325
22.1. Considerações gerais . . . .32522.2. Conceito de pena . . . .325
22.3. Princípios constitucionais e penas admitidas . . . .326
22.4. Penas proibidas . . . .327
X Xiii. PENAS PriVATiVAS DE LiBErDADE
334
23.1. Considerações gerais . . . .33423.3. Espécies de pena de prisão . . . .337
23.3.1. Estabelecimentos penais . . . .338
23.4. regime prisional . . . .339
23.4.1. os regimes em espécie . . . .339
23.4.2. Disciplina e o regime disciplinar diferenciado . . . .340
23.4.3. Fixação do regime prisional . . . .343
23.4.4. Progressão e regressão de regime . . . .343
23.4.5. Progressão de regime para preso estrangeiro . . . .345
23.5. Exame criminológico . . . .349
23.6. Detração penal . . . .350
23.7. regulamentação geral do sistema penitenciário e os direitos dos presos. .352
23.8. o trabalho prisional . . . .352
23.9. remição penal . . . .354
23.10. Superveniência de doença mental . . . .355
23.11. o monitoramento eletrônico . . . .355
23.11.1. origens e desenvolvimento do monitoramento eletrônico . . . .356
23.11.2. As gerações tecnológicas do monitoramento eletrônico . . . .358
23.11.3. monitoramento eletrônico no Brasil . . . .360
X XiV. PENAS rESTriTiVAS DE DirEiToS
362
24.2. Características das penas alternativas no Código Penal . . . .36324.3. As gerações de penas restritivas de direitos . . . .364
24.4. requisitos para aplicação da pena restritiva de direitos . . . .365
24.4.1. requisitos objetivos . . . .365
24.4.2. requisitos subjetivos . . . .366
24.5. multa substitutiva . . . .366
24.6. Espécies de penas restritivas de direitos . . . .368
24.6.1. Pena de prestação pecuniária . . . .368
24.6.1.1. Prestação pecuniária de outra natureza . . . .369
24.6.2. Perda de bens e valores pertencentes ao condenado . . . .370
24.6.3. Prestação de serviços à comunidade ou a entidade assistencial . . . .370
24.6.4. interdições temporárias de direitos . . . .371
24.6.5. Limitação de fim de semana . . . .374
24.7. Conversão de penas . . . .374
24.8. Detração do tempo de cumprimento da pena alternativa . . . .376
24.9. Penas restritivas de direitos para crimes hediondos. A polêmica com o tráfico de drogas . . . .377
X XV. PENA DE muLTA
379
25.1. Considerações gerais . . . .379
25.2. Sistema dos dias-multa . . . .380
25.3. Pagamento e execução da pena de multa . . . .382
25.4. Competência para a execução da multa . . . .383
X XVi. APLiCAÇÃo DA PENA
384
26.1. Considerações gerais . . . .384
26.2. Elementares e circunstâncias na aplicação da pena . . . .386
26.3. Circunstâncias judiciais . . . .388 26.3.1. Culpabilidade . . . .390 26.3.2. Antecedentes . . . .390 26.3.3. Conduta social . . . .392 26.3.4. Personalidade do agente . . . .393 26.3.5. motivos do crime . . . .394 26.3.6. Circunstâncias do crime . . . .394 26.3.7. Consequências do crime . . . .395 26.3.8. Comportamento da vítima . . . .395
26.4. Circunstâncias legais agravantes e atenuantes . . . .396
26.4.1. reincidência . . . .398
26.4.2. Demais circunstâncias agravantes . . . .401
26.4.2.1. Agravantes do art. 61, do CP . . . .402
26.4.2.2. Agravantes no caso de concurso de pessoas . . . .410
26.4.3. Das circunstâncias atenuantes . . . .413
26.4.3.1. Atenuante em razão da idade . . . .413
26.4.3.2. Demais circunstâncias atenuantes do art. 65. . . .416
26.4.3.3. Atenuante inominada . . . 424
26.5. Concurso entre agravantes e atenuantes.
Circunstâncias preponderantes . . . .426
26.6. Causas de aumento ou de diminuição de pena . . . .428
26.7. Tipos qualificados e tipos privilegiados . . . .429
26.8. Aplicação da pena privativa de liberdade e método trifásico . . . .429
26.8.1. observações práticas sobre a aplicação da pena. . . .431
26.9. Aplicação da pena de multa . . . .434
X XVii. CoNCurSo DE CrimES
436
27.1. Considerações gerais . . . .436
27.2. Princípios reguladores do concurso de crimes . . . .438
27.4. Concurso formal . . . .441
27.4.1. Conceituação de desígnios autônomos . . . .442
27.4.2. Desígnios autônomos e a questão do roubo contra vítimas distintas .443
27.5. Crime continuado . . . .444
27.5.1. Teorias sobre o crime continuado . . . .445
27.5.1.1. A noção de dolo continuado . . . .446
27.5.2. Natureza jurídica do crime continuado . . . .447
27.5.3. requisitos do crime continuado . . . .448
27.5.4. Crime continuado contra bens pessoais de titularidades distintas . . . .449
27.5.5. A questão da continuidade delitiva nos crimes sexuais . . . .451
27.5.6. Crime continuado e concurso formal no mesmo caso concreto . . . .451
27.6. Erro na execução (aberratio ictus) . . . .452
27.7. resultado diverso do pretendido (aberratio delicti) . . . .453
27.8. Limite máximo do cumprimento de pena e Súmula 715 do STF . . . .454
X XViii. TrANSAÇÃo PENAL
456
28.1. Considerações gerais . . . .456
28.2. Conceito de transação penal. . . .457
28.3. infrações de menor potencial ofensivo . . . .458
28.4. Conceito de transação penal . . . .458
28.5. requisitos para a transação penal . . . .459
28.6. Período de prova da transação penal . . . .461
28.7. Descumprimento injustificado e revogação . . . .461
28.8. Cumprimento integral e extinção da punibilidade . . . .464
X XiX. SuSPENSÃo CoNDiCioNAL Do ProCESSo
465
29.1. Considerações gerais . . . .465
29.2. Conceito de suspensão condicional do processo . . . .466
29.3. Pressupostos da suspensão condicional do processo . . . .467
29.3.1. Não formulação da proposta pelo ministério Público . . . .468
29.4. Cumprimento das condições e período de prova . . . .469
29.5. Descumprimento das condições e revogação do benefício . . . .471
29.6. Cumprimento integral e extinção da punibilidade . . . .473
X X X. SuSPENSÃo CoNDiCioNAL DA PENA
474
30.1. Considerações gerais . . . .474
30.2. Conceito de suspensão condicional da pena . . . .476
30.3. Espécies de suspensão condicional da pena . . . .477
30.4. Pressupostos da suspensão condicional da pena . . . .478
30.6. Descumprimento das condições e revogação do sursis . . . .481
30.6.1. Causas de revogação obrigatória . . . .481
30.6.2. Causas de revogação facultativa . . . .483
30.7. Prorrogação do sursis . . . .483
30.8. Cumprimento integral e extinção da punibilidade . . . .484
X X Xi. Do LiVrAmENTo CoNDiCioNAL
485
31.1. Considerações gerais . . . .485
31.2. Conceito e natureza jurídica do livramento condicional . . . .487
31.3. Pressupostos do livramento condicional . . . .488
31.3.1. Livramento condicional para preso estrangeiro . . . .496
31.4. unificação de penas e livramento condicional . . . .497
31.5. Cumprimento das condições e período de prova . . . .497
31.6. Descumprimento das condições e revogação do benefício . . . .498
31.7. Suspensão do livramento condicional . . . .500
31.8. Prorrogação do livramento condicional . . . .501
31.9. Cumprimento integral e extinção da punibilidade . . . .502
X X Xii. EFEiToS DA CoNDENAÇÃo E rEABiLiTAÇÃo 503
32.1. Considerações gerais . . . .503
32.2. Efeitos secundários de natureza penal . . . .504
32.3. Efeitos secudários de natureza extrapenal . . . .504
32.3.1. A obrigação de reparar o dano . . . .506
32.3.1.1. Ação civil ex delicto . . . .506
32.3.2. Perda dos instrumentos e dos produtos do crime . . . .507
32.3.2.1. instrumentos do crime (instrumenta sceleris) . . . .508
32.3.2.2. Produto do crime (producta sceleris) . . . .509
32.4. Efeitos específicos da condenação . . . .510
32.4.1. Perda do cargo, função pública ou mandato eletivo . . . .510
32.4.2. incapacidade para o exercício do poder familiar, tutela ou curatela511
32.4.3. inabilitação para dirigir veículo utilizado em crime doloso . . . .512
32.4.4. inabilitação do empresário nos delitos falimentares . . . .512
32.5. reabilitação penal . . . .513
32.6. Pressupostos para a reabilitação . . . .514
32.6.1. Domicílio no País no prazo de dois anos . . . .515
32.6.2. Demonstração efetiva e constante de bom comportamento
público ou privado . . . .515
32.6.3. reparação do dano causado pelo crime ou comprovação da absoluta impossibilidade de o fazer, até a data do pedido, ou comprovação da
renúncia expressa da vítima ou novação da dívida . . . .515
X X XI I I. M ED I DAS D E S EG U R AN ÇA
517
33.1. Considerações gerais . . . .517
33.2. Conceito e natureza jurídica das medidas de segurança. . . .519
33.3. Sistemas do duplo binário e vicariante . . . .520
33.4. Diferenças entre pena e medida de segurança . . . .522
33.5. Periculosidade como pressuposto da medida de segurança . . . .522
33.6. Espécies de medidas de segurança . . . .522
33.6.1. Internação em hospital psiquiátrico . . . .523
33.6.2. Tratamento ambulatorial . . . .523
33.6.3. Escolha da medida de segurança . . . .523
33.7. Cumprimento da medida de segurança . . . .524
33.8. Suspensão e extinção da medida de segurança. . . .525
33.9. Limite máximo de cumprimento da medida de segurança . . . .525
33.10. Conversão da pena em medida de segurança . . . .527
X X XIV. AÇÃO PENAL
52 9
34.1. Considerações gerais . . . .529
34.2. Espécies de ação penal . . . .531
34.3. Ação penal pública . . . .532
34.3.1. Representação do ofendido e requisição do Ministro da Justiça . . . .533
34.3.2. Retratação da representação . . . .533
34.3.3. Ação penal no crime complexo. A questão da ação penal
nos crimes sexuais . . . .534
34.3.4. Ação penal do crime conexo e no concurso de crimes . . . .536
34.4. Ação penal privada . . . .536
34.4.1. Ação penal exclusivamente privada . . . .536
34.4.2. Ação penal privada subsidiária da pública . . . .537
34.4.3. Ação penal privada personalíssima . . . .538
34.5. Decadência do direito de queixa ou de representação . . . .538
34.6. Renúncia ao direito de queixa. . . .539
34.7. Perdão do ofendido . . . .540
34.8. Extinção da punibilidade . . . .541
X X X V. E X TI N ÇÃO DA PU N I B I L I DAD E
5 42
35.1. Considerações gerais . . . .542
35.2. Condições objetivas de punibilidade e escusas absolutórias . . . .543
35.3. Classificação das causas de extinção da punibilidade . . . .544
35.3.1. Causas extintivas da pretensão punitiva e da pretensão executória .544
35.3.2. Causas gerais e causas específicas . . . .544
35.4. Das causas de extinção da punibilidade . . . .545
35.4.1. morte do agente . . . .545
35.4.1.1. A questão da morte presumida . . . .546
35.4.1.2. Extinção da punibilidade e certidão de óbito falsa . . . .547
35.4.2. Anistia . . . .548
35.4.3. indulto e graça . . . .549
35.4.3.1. indulto e crimes hediondos . . . .550
35.4.3.2. Comutação de pena . . . .550
35.4.3.3. indulto e separação de poderes . . . .551
35.4.4. Abolição do crime . . . .551
35.4.5. Prescrição, decadência e perempção . . . .552
35.4.6. renúncia ou perdão do ofendido . . . .553
35.4.7. retratação do agente . . . .553
35.4.8. Perdão judicial . . . .554
35.5. Extinção e suspensão da punibilidade nos crimes previdenciários e tributários . . . .555
X X XVi. PrESCriÇÃo PENAL
556
36.1. Considerações gerais . . . .556
36.2. razões político-criminais para a prescrição. Pertencimento ao
Direito Penal ou Processual Penal . . . .558
36.2.1. Pacificação social . . . .558
36.2.2. Punição ao Estado por sua ineficácia . . . .558
36.2.3. regeneração do infrator . . . .558
36.2.4. Natureza penal ou processual penal . . . .559
36.3. Crimes que nunca prescrevem . . . .560
36.4. Espécies de prescrição . . . .561
36.4.1 Prescrição da pretensão punitiva . . . .561
36.4.2. Prescrição da pretensão executória . . . .562
36.4.3. Prescrição intercorrente . . . .563
36.4.4. Prescrição retroativa e a Lei no 12.234/2010 . . . .564
36.4.5. Prescrição em perspectiva ou hipotética . . . .566
36.4.6. Prescrição da pena de multa . . . .567
36.4.7. Prescrição da medida de segurança . . . .567
36.5. Termo inicial da prescrição da pretensão punitiva . . . .568
36.6. Termo inicial da prescrição da pretensão executória . . . .570
36.7. Causas impeditivas ou suspensivas do prazo prescricional . . . .572
36.8. interrupção do prazo prescricional . . . .575
36.8.1. recebimento da denúncia ou queixa . . . .575
36.8.3. Decisão confirmatória da pronúncia . . . .577
36.8.4. Publicação da sentença ou acórdão condenatório recorrível . . . .577
36.8.5. início ou continuação do cumprimento de pena . . . .580
36.8.6. reincidência . . . .580
36.9. Contagem do prazo prescricional . . . .581
QUESTÕES
FUNDAMENTAIS
DO DIREITO PENAL
t í t u l o
c a p í t u l o
i
i
t ít u l oQ U ES TÕ ES
F U N DA M E N TA I S
D O D I R E I TO P E N A L
INTRODUÇÃO AO
DIREITO PENAL
1.1. o CoNCEiTo DE DirEiTo PENAL
C
onforme o cl ássico ensinamento doutrinário, Direito Penalé o conjunto de normas jurídicas mediante as quais o Estado proíbe determinadas ações ou omissões, sob ameaça da pena.1
As normas jurídico-penais integram, pois, o conteúdo do Direito Penal. A doutrina usualmente distingue duas classes de enunciados norma-tivos: normas primárias, que são proibitivas e dirigidas à regular a conduta dos cidadãos, e normas secundárias, que estabelecem os prin-cípios gerais e as condições ou pressupostos de aplicação da pena e das medidas de segurança, que igualmente podem ser impostas aos autores de fatos definidos como crime.2
Modernamente, a disciplina pode ser conceituada sob duas ver-tentes: a dinâmica e a estática. Para a primeira, Direito Penal é o mais intenso mecanismo de controle social formal, por intermédio do qual o Estado, mediante um determinado sistema normativo, castiga com sanções negativas de particular gravidade as condutas desviadas mais nocivas para a convivência, objetivando, desse modo, a necessária dis-ciplina social e a correta socialização dos membros do grupo. Sob a vertente estática, considera-se Direito Penal como sendo o conjunto
1. Fragoso, Heleno Cláudio. Lições de direito penal. Parte geral. 16. ed. rev. por Fernando Fragoso. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 4.
2. Silva Sánchez, Jesús María. Aproximación al derecho penal contemporáneo. 2. ed. Montevideo: B de F, 2010, p. 505-506.
de normas jurídico-públicas que definem certas condutas como delito e associam às mesmas penas e medidas de segurança, além de prever outras consequências jurídicas.3
1.2. DELimiTAÇõES TErmiNoLÓGiCAS
M
uitas são as designações atribuídas à nossa disciplina: Direito Repressivo, DireitoProtetor dos Criminosos, Direito de Luta contra o Crime, Direito Restaurador, Direito Sancionador, Direito Transgressional, Direito de Defesa Social etc. No entanto, as duas principais denominações foram e continuam a ser Direito Criminal e Direito Penal.4
A primeira – Direito Criminal – é mais antiga e estaria relacionada à etapa histórica de forte vinculação do Direito com a Religião. De toda sorte, cuida-se de terminologia que prevaleceu, quase que isoladamente, até meados do século XIX. Por exemplo, no Brasil, a codificação elaborada ao tempo do Império chamava-se Código Criminal. Ainda hoje, Direito Criminal é a denominação utilizada nos países que seguem a tra-dição da common law, como Reino Unido e Estados Unidos.
Por sua vez, a expressão Direito Penal vincula-se ao longo processo de secularização da disciplina e, em razão disso, foi ganhando, paulatinamente, a preferência lexicológica dos estudiosos e do público em geral, deslocando para um plano secundário a anterior denominação. Contribuiu para a sua prevalência o fato de que Direito Penal representa, imediatamente, a característica principal desse ramo do Direito (a pena).
No entanto, com o surgimento, nas diversas legislações, das medidas de segurança, o termo Direito Penal foi posto em causa, pois vários doutrinadores passaram a exigir um mínimo de coerência terminológica no tocante ao seu novo e mais amplo conteúdo (pena e medidas de segurança).5 Em que pesem as críticas, tem-se que a expressão Direito
Penal continua a ser majoritariamente adotada não somente no Brasil, como também na maioria dos países de tradição romano-germânica – à exceção de Portugal –, como, por exemplo, Alemanha, Espanha, França, Itália e todos os Estados latino-americanos.6
A palavra pena origina-se do latim poena que, por sua vez, deriva da expressão grega poiné. Na Grécia antiga, o termo poiné era usado para nomear uma forma de indenização feita pelo matador em favor dos parentes da sua vítima. Esse mesmo termo era utilizado na mitologia grega, na qual a expressão nomeava a deusa responsável por dar castigos. Ao ser transposto para a língua latina, passou a ser tratado como poena (plural: poenae), que possuía o sentido de multa, punição ou castigo. Posteriormente, a
3. García-Pablos de Molina, Antonio. Introducción al Derecho Penal. 4. ed. Madrid: Ramón Areces, 2006, p. 43. 4. Cf. Jiménez de Asúa, Luís. Tratado de Derecho Penal. Tomo I. 5. ed. Buenos Aires: Losada, 1964, p. 30-31. 5. García-Pablos de Molina, Antonio. Op. cit., p. 49.
6. Cf. Pradel, Jean. Droit pénal comparé. 3èno. éd. Paris: Dalloz, 2008, passim. Sobre Portugal, sustenta Eduardo Correa, que a
designação “Direito Criminal”, além de ser mais exata, teria a seu favor a tradição dos velhos juristas estrangeiros e portugueses. Ademais, o crime “é o elemento central da nossa disciplina e daí a conveniência de ser ele raiz da sua designação.” (Correa, Eduardo. Direito Criminal. Vol. I. Coimbra: Almedina, 1993, p. 2).
palavra se expandiu e foi adotada por diversos outros idiomas. Cite-se, como exemplo, o termo inglês penalty, que expressa também uma espécie de punição. No Brasil, adota-se o vocábulo pena, cujo uso na língua portuguesa comporta diversos sentidos, derivados de diferentes fontes latinas. Assim, além do significado jurídico de punição, tem-se pena como sinônimo de pluma (do latim penna) ou de rochedo (pinna).7
A expressão crime provém das línguas grega e latina. No latim medieval, ele vem de
cernere, verbo da base indo-europeia krei que significava peneirar, separar, discriminar.
Foi, contudo, o idioma grego que deu ao termo o sentido jurídico, derivado do verbo
krimein, verbo este frequente na linguagem bíblica, onde significava o ato de julgar. Com
o passar do tempo, surgiu a fórmula latina crimen, que tinha o sentido pejorativo de calúnia ou falsa acusação. Mais tarde, passou a ter também o sentido de acusação. Isso quer dizer que, sob o aspecto etimológico, a palavra crime não designava exatamente uma ação, um ato ou um comportamento humano, mas sobretudo o ato de julgar alguém no âmbito de um procedimento institucional de tipo judiciário.8
Outro vocábulo fundamental da disciplina – delito – provém do latim delictum, supino de delinquere. O verbo delinquere pode ser compreendido a partir da divisão das partes que o compõem, ou seja, de, que significa completamente, adicionado de linquere, que indica sair, deixar ou abandonar. A junção de tais segmentos formava o sentido, no latim, de ofender, fazer o errado ou praticar uma falta, sentido jurídico este veiculado, posteriormente, pela generalidade das línguas, inclusive a nossa.9
Anote-se, ainda, que no modelo brasileiro instaurado a partir do Código Criminal do Império, crime e delito são expressões equivalentes (art. 1o, do CC/1830), ambos se
diferenciando, pela maior gravidade, da infração penal denominada contravenção (do latim contraventione; verbo contraveniere, que significa ir contra, transgredir, violar ou infringir). Nesse sentido, o art. 1o, da Lei de Introdução ao Código Penal (Decreto-lei
no 3.914/1941), considera crime ou delito a infração penal a que a lei comina pena de
reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; e contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. Em suma, o Brasil adota, historicamente, o sistema bipartido ou dicotômico para as infrações penais (crime ou delito, de um lado, e contravenção penal, de outro).10
7. Cf. Ernout, A; Meillet, A. Dictionnaire etymologique de la langue lantine. Histoires des mots. 3èno. éd. Paris: Klincksieck,
1951, p. 917.
8. Cf. Pires, Álvaro P. La criminologie d’hier et d’aujourd’hui. In: Histoire des savoirs sur le crime et la peine. Vol. 1. Debuyst, Christian; Digneffe, Françoise; Pires, Álvaro. Bruxelles: De Boeck, 2008, p. 19.
9. Cf. Ernout, A; Meillet, A. Op. cit., p. 301.
10. O Direito Penal brasileiro (dicotômico) diferencia-se dos demais que adotam o sistema tripartido ou tricotômico, como na França, onde “crimes” são infrações penais mais graves; “delitos”, infrações penais intermediárias; e “contravenções de simples polícia”, infrações penais de natureza leve (cf. Souza, Artur de Brito Gueiros. Espécies de sanções penais: uma análise comparativa entre os sistemas penais da França e do Brasil. In: Revista Brasileira de Ciências Criminais, n. 49, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p. 10).
1.3. CArACTErÍSTiCAS GErAiS
o
Direito se caracteriza pela previsão de comportamento e de sanção. Ou seja, oDireito pretende regular a vida em sociedade. Para tanto, estabelece comporta-mentos permitidos e proibidos. Ao proibir uma conduta, o Estado o faz pela ameaça de uma sanção, o que ocorre em todos os ramos do direito.
Como ramo do ordenamento jurídico, o Direto Penal se distingue precisamente pelo meio de coação e tutela com que atua, que é a pena. Assim, a diferença entre o Direito Penal e os demais ramos jurídicos tem relação direta com a natureza da sanção prevista. Enquanto a sanção civil tem natureza de reparação, pois o que se pretende com ela é que se retorne ao status quo anterior ao fato que a originou, a sanção caracteriza-se pelo castigo. Ou seja, a sanção civil, denominada penalidade, constitui, em regra, uma reparação. Por sua vez a sanção penal é caracterizada pela retribuição, pois a pena não consiste na execução coativa do preceito jurídico violado, mas na perda de um bem jurídico imposta ao autor do ilícito, ou seja, num mal infligido ao réu, em virtude de seu comportamento antijurídico. Daí o seu caráter retributivo.11
Em síntese, pode-se definir pena como sendo a perda de um direito imposta pelo Estado em razão do cometimento de uma infração penal.
1.4. FiNALiDADE E LEGiTimiDADE
P
or sua própria natureza, o ser humano é um animal gregário; é por intermédio dasrelações sociais que se logra tanto a sobrevivência como a perpetuação das espécies no planeta. É em sociedade, com o intercâmbio de experiências e com a colaboração mútua, que se torna possível a plena existência humana.
Ocorre que a vida em sociedade pressupõe o estabelecimento de normas que per-mitam ou proíbam a realização de determinadas condutas. O conjunto dessas normas ou regras de convivência denomina-se ordem social.12A ordem social é assimilada
pelos seres humanos por meio do longo processo de educação, em sentido lato, sem a necessidade de uma força externa que a imponha. É por meio da família, da escola, da religião, das agremiações esportivas, dentre outras instâncias informais de controle, que se aprende o que se pode ou não fazer. A transgressão de tais regras acarreta sanções, tais como o castigo familiar, a reprovação escolar, a proibição de frequentar uma missa ou de praticar um esporte coletivo.
Entretanto, a ordem social não pode por si só assegurar a convivência das pessoas em comunidade. Ela necessita ser complementada e reforçada pelas instâncias formais de controle, isto é, pelas normas emanadas de um centro de poder, capazes de impor consequências mais intensas àqueles que as transgredir. Surge, assim, o ordenamento
11. Cf. Fragoso, Heleno Cláudio. Op. cit., p. 3.
12. Cf. Jescheck, Hans-Heinrich; Weigend, Thomas. Tratado de Derecho Penal. Parte General. 5. ed. Trad. Olmedo Cardenete. Granada: Comares, 2002, p. 3.
jurídico, ou seja, o conjunto de normas ordenadas pelo Estado, detentor do monopólio da força, de caráter geral e cogente. As normas que compõem o ordenamento jurídico podem ter natureza civil, administrativa, econômica, além de tantos outros ramos do Direito, todas vocacionadas para possibilitar a harmônica convivência social social. Contudo, são as normas de Direito Penal que asseguram, em última instância, a invio-labilidade de todo o ordenamento jurídico.13
No que se refere à finalidade do Direito Penal, vale destacar que é afirmado que a mis-são do Direito Penal é a da proteção da convivência humana em sociedade. Há, portanto, duas perspectivas da disciplina que podem ser analisadas de forma mais pormenorizada. A primeira consiste em compreender o Direito Penal como um dos instrumentos de con-vivência e controle social, caracterizado por selecionar os comportamentos tidos como mais intoleráveis, prevendo e impondo sanções institucionalizadas àqueles que o realizarem.
A segunda é visualizá-lo como um conjunto de normas jurídicas editadas pelo Estado contendo a descrição de delitos e cominação de penas (normas penais incrimi-nadoras), bem como dos pressupostos para a aplicação, substituição ou exclusão de tais sanções (normas penais não incriminadoras).
Silva Sánchez, por sua vez, categoriza em três níveis as funções do Direito Penal. O primeiro nível ocupa-se da função ético social, isto é, a busca em satisfazer as necessi-dades da psicologia social. Em um segundo nível, faz-se alusão à função simbólica ou retórica, na medida em que as normas penais produzem na opinião pública a impres-são tranquilizadora de um legislador atento e decidido. Por fim, apresenta a função repressiva e preventiva de delitos.14
Ressalte-se, todavia, que, de maneira geral, a justificação do Direito Penal tem sido feita a partir da justificação da pena. Há, em princípio, três orientações fundamentais quando à legitimidade da pena: (1) sustenta-se que a pena é um mal, mas que se converte em bem, pois nega o mal que é o delito e restaura o direito e a justiça; (2) sustenta-se que a pena é um mal menor ou socialmente útil; e (3) afirma-se que a pena e, por extensão, o Direito Penal, é ilegítima, o que deveria conduzir a abolição de ambos.15
Tais grupos de orientações se expressam a partir das teorias da pena, pelas quais os doutrinadores têm procurado explicar o fundamento da pena por meio das chama-das correntes absolutas, relativas e mistas ou unitárias. Sinteticamente, essas teorias gravitam em torno de duas premissas fundamentais: a retribuição e a prevenção.
Segundo as teorias absolutas, a pena é exigência de justiça. Quem pratica um mal deve sofrer um mal. A pena se funda na justa retribuição, é um fim em si mesma e não serve a qualquer outro propósito que não seja o de recompensar o mal com o mal. Os filósofos Kant e Hegel foram os maiores teóricos desta corrente, tendo o primeiro formulado esta teoria do modo ilustrativo: mesmo que a sociedade civil com todos os seus membros decidisse dissolver-se teria, antes, de ser executado o último assassino
13. Idem, ibidem, p. 3.
14. Silva Sánchez, Jesús María. Op. cit., p. 482. 15. Silva Sánchez, Jesús María. Op. cit., p. 292.
que estivesse no cárcere, para que cada um sofresse o que os seus atos merecessem, e para que as culpas do sangue não recaíssem sobre o povo que não haja insistido no seu castigo.16 Hegel, por seu turno, desenvolveu a fórmula dialética sobre a essência de a
pena ser a “negação da negação do direito”.17
As teorias relativas, partindo de uma concepção utilitária da pena, justificam-na por seus efeitos preventivos. Significa dizer que a finalidade da pena não seria punir todos os crimes, mas prevenir todos os crimes. De alguma maneira, o que se quer dizer é que a sociedade ideal é aquela em que não ocorrem crimes e não aquela em que todos os crimes são punidos e é isso o que o Estado deve perseguir.
Distingue-se aqui a prevenção geral e a prevenção especial. Prevenção geral é a intimidação que se supõe alcançar por meio da ameaça da pena e de sua efetiva impo-sição, atemorizando os possíveis infratores. Esta teoria tem em Anselm von Feuerbach o seu mais eloquente representante, o qual expressou, em seu influente Tratado, toda a sistemática da coação psicológica da pena. Para ele, até mesmo quando se está a executar uma determinada sanção sobre alguém, objetiva-se, na verdade, transmitir os seus efeitos dissuasórios à coletividade.18
A prevenção especial atua sobre o autor do crime, para que não volte a delinquir. A prevenção especial opera por meio da emenda do condenado ou de sua intimidação, ou, ainda, da inocuização, no caso dos incorrigíveis. Segundo Franz von Liszt, adepto dessa corrente, a pena tem a função única de defender a sociedade de elementos que perturbam a sua organização (defesa social), por intermédio da “atuação direta da execução da sanção na personalidade do criminoso”.19
Tanto a teoria da prevenção geral como a da prevenção especial deixam sem expli-cação os critérios mediante os quais deve o Estado recorrer à pena criminal. Como ocorre com as teorias absolutas, aqui também se pressupõe a necessidade da pena. A prevenção geral não estabelece os limites da reação punitiva e pode criar um Direito Penal do terror. A prevenção especial também não pode, por si só, constituir fundamento para a pena. Há delinquentes que não carecem de ressocialização alguma, em relação aos quais é possível fazer um seguro prognóstico de não reincidência.
Há, ainda, as teorias mistas ou unitárias, que combinam as teorias absolutas e as rela-tivas, que não seriam excludentes entre si. Parte-se, portanto, do entendimento segundo
16. Cf. Roxin, Claus. Sentido e limites da pena estatal. In: Problemas Fundamentais de Direito Penal. Lisboa: Vega, 1986, p. 15. 17. Cf.: “A supressão do crime é remissão, quer segundo o conceito, pois ela constitui uma violência contra a violência, quer segundo a existência, quando o crime possui uma certa grandeza qualitativa e quantitativa que se pode também encontrar na sua negação como existência. Todavia, esta identidade fundada no conceito não é igualdade qualitativa – talião –, é a que provém da natureza em si do crime, a igualdade de valor.” (Hegel, Princípios da Filosofia do Direito. Lisboa: Guimarães Ed., 1990, p. 104). 18. Cf.: “O objetivo da cominação da pena na lei é a intimidação de todos, como possíveis protagonistas de lesões jurídicas. O objetivo da sua aplicação é o de dar fundamento efetivo à cominação legal, visto que sem a aplicação a cominação ficaria oca (seria ineficaz). Considerando que a lei intimida a todos os cidadãos e a execução deve dar efetividade à lei, conclui-se que o objetivo mediato (ou final) da aplicação é, em quaisquer dos casos, a intimidação dos cidadãos mediante a lei.” (Feuerbach, Paul Johann Anselm Ritter von. Tratado de Derecho Penal común vigente en Alemania. Trad. Raúl Zaffaroni. 14. ed. Buenos Aires: Hammurabi, 1989, p. 61).
o qual a pena é retribuição, mas deve, por igual, perseguir os fins de prevenção geral e especial. Segundo Eduardo Correa, é concebível uma terceira via: o daquelas teorias que justamente entendem que o fim ou razão de ser da sanção se cumpre ecleticamente, rea-gindo-se contra o passado e procurando-se ao mesmo tempo evitar futuras violações.20
As teorias mistas não foram suficientes para responder por completo ao problema da finalidade. Por isso, foi desenvolvida a ideia de que a prevenção pode ser positiva ou negativa. Uma conteria a ideia de que a previsão ou a aplicação das penas teria a função de prevenir delitos (prevenção negativa), e a outra reforçaria a validade das normas (prevenção positiva), que significa restabelecer a confiança institucional no ordenamento, quebrada com o cometimento do crime.
1.5. TENDÊNCiAS CoNTEmPorâNEAS
a
tualmente, entretanto, consiDera-se majoritariamente que o poder punitivo estataldeve cumprir a concreta função de proteção dos bens jurídicos e de prevenção dos delitos. Apesar dessa posição legitimadora do Direito Penal, subsistem correntes doutrinárias que advogam tanto a abolição ou a minimalização do ius puniendi, bem como em sentido contrário, a sua expansão e o recrudescimento das penas existentes.
Sendo assim, alinham-se três posturas político-criminais básicas que procuram compreender e dirigir as funções, os limites e os fins do Direito Penal contemporâneo, a saber, a abolicionista, a ressocializadora e a garantista. São posturas reformistas frente à realidade do sistema penal, pretendendo introduzir elementos de progresso, a partir da formulação de críticas.21
O abolicionismo postula a eliminação do Direito Penal, por ser sistema gerador da criminalidade. Para seus adeptos, se o crime é uma manifestação de violência, o monopólio estatal do uso da força seria também violência. Nesse sentido, não haveria legitimidade no Direito Penal, devendo-se, pois, abolir o sistema de penas positivadas, devendo os conflitos ser resolvidos de outra maneira.22
A despeito do mérito do abolicionismo ao despertar para a necessidade de uma humanização do sistema penal, com críticas aos seus aspectos negativos, não há como vingar a ideia simplista de abolir tal sistema.
A postura ressocializadora diferencia-se da perspectiva abolicionista na medida em que se manifesta como uma luta por um melhor Direito Penal. Centra-se na obtenção de uma autêntica reinserção dos apenados, a partir de mecanismos que eliminem, ou ao menos reduzam taxas de reincidência. Nessa perspectiva, a ressocialização constitui uma variante contemporânea da doutrina da prevenção especial.23
20. Correa, Eduardo. Op. cit., p. 40. 21. Silva Sánchez, Jesús María. Op. cit., p. 11.
22. Hulsman, Louk ; Celis, Jacqueline Bernat de. O sistema penal em questão. Trad. Maria Lúcia Karan, Niterói: Luam, 1993, p. 99-101.
Critica-se também sua versão mais radical, que propõe a eliminação das penas por medidas de segurança ou de correção, a partir de uma ideologia do tratamento. Alguns modelos penais, por exemplo, possibilitam a imposição de penas privativas de liberdade de caráter indeterminado, como ocorre nas indeterminate sentences nos EUA, onde os tribunais podem fixar limites amplíssimos para o cumprimento da pena, deixando a cargo de uma comissão de funcionários do Estado (parole board) a decisão sobre o momento apropriado para a libertação do apenado. Os resultados desse modelo não são satisfatórios, devido ao excessivo arbítrio, sendo incompa-tíveis com as garantias próprias do Estado de Direito.24 Além disso, questiona-se
até que ponto se mostra legítima essa ingerência obrigatória na personalidade do ser humano.
Por sua vez, a proposta garantista surgiu para fazer frente à decepção acerca da capacidade do ideal ressocializador. Propugna fundamentalmente as garantias formais, buscando conciliar a prevenção geral dos delitos com exigências formais dos princípios de proporcionalidade e humanidade, limitando a intervenção penal ao estritamente necessário, não violando valores fundamentais consagrados em quase todas as socie-dades modernas.25 Nessa linha de pensamento, o Direito Penal Mínimo buscou
reco-nhecer um núcleo rígido de infrações para as quais não se pode flexibilizar o sistema de penas, sob o risco de cairmos no anarquismo e na prevalência dos argumentos do mais forte. Ressalvado esse núcleo, o esforço deveria ser no sentido de descriminalizar e despenalizar os fatos.
Em sentido diametralmente oposto, os Movimentos de Lei e Ordem preconizam a política criminal denominada tolerância zero, voltada para a repressão incondicional de pequenas infrações como maneira de se evitar a prática futura de infrações de maior gravidade social.
Nessa ótica, merece destaque, ainda, dentre as peculiares manifestações relacio-nadas à tendência expansiva do Direto Penal na sociedade hodierna, a construção teórica do Direito Penal do inimigo, essencialmente atribuída a Günther Jakobs.26
Baseia-se na distinção do Direito Penal dos cidadãos, que sanciona delitos cometidos por indivíduos infratores em meio às relações sociais e o Direito penal do inimigo, que tem como destinatário indivíduos considerados como fonte de perigo, sendo, por isso, despersonalizados pelo Direito. O Direito Penal do inimigo, classificado, segundo Silva Sanchez, como o Direito Penal de terceira velocidade,27 refuta os postulados do
Direito Penal garantista, negando ao alegado inimigo direitos e garantias individuais nas esferas material e processual penal.
24. Idem, ibidem, p. 30-31. 25. Idem, ibidem, p. 37-47.
26. Sobre o tema, vide Jakobs, Günther. Direito penal do inimigo. Trad. Gercélia Batista de Oliveira Mendes. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008.