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C a ra c te rís tic a s d a s d o e n ç a s e p rá tic a s de co ntro le u tilizadas

No c u ltiv o da cana-de-açúcar, o uso de fungicidas para o co n tro ­ le de doenças não é uma p rática usual. Na maior parte dos casos, o controle baseia-se na exclusão, sanidade das mudas e uso de variedades resistentes ou tole ra n te s o b tid a s em program as de m elhoram ento. C ontudo, algumas práticas podem ser adotadas visando auxiliar este controle, uma vez que é m uito difícil obter um a variedade que seja resistente a todas as doenças.

Entre as doenças da cana-de-açúcar, as bacterioses sistêm icas, causadoras do ra q u itism o e da escaldadura, apresentam sérios problemas para o seu c o n tro le , v is to que podem ser disseminadas pelos toletes e pelos instrum en­ tos de c o rte , por ocasião das operações de plantio, colheita e, possivelm ente, durante os tra to s culturais. 0 raquitismo-da-soqueira é causado por Clavibacter xyH subsp. xy/ZDavis, Giliaspie, V idaver & Harris que infecta o xilema das plantas poden­ do provocar reduções de 10 a 30% na produtividade, dependendo da variedade en­ volvida e grau de infecção. A C. x y lisubsp. x y lipertence à Divisão Firmicutes, Classe Firm ibacteria e Gênero C lavibacter. A doença vem ocasionando perdas em todas as áreas canavieiras do m undo, as quais nem sempre podem ser avaliadas devido à falta C o n tro le fís ic o de d o e n ç a s e de p la n ta s in va so ra s ---' 1 7 7

de sintomas externos. Por esse m otivo, também a prática de roguing, adotada com êxito no controle de outras doenças da cana-de-açúcar, não pode ser utilizada, tal como o uso de variedades resistentes, devido à ausência de fontes de resistência.

A escaldadura é causada por uma bactéria e, com o o raquitism o, propaga-se pelo plantio de toletes infectados e instrum entos de corte, especial­ m ente facões. A bactéria causadora da escaldadura é X anthom onas albilineans (Ashby) D owson, pertencente a Divisão Gracilicutes, a Classe S cotobactéria, a Família Pseudomonadaceae e ao Gênero Xanthom onas.

Assim sendo, o controle dessas doenças é baseado na termoterapia, ou tratamento térmico de toletes ou gemas isoladas, e na desinfestação de instrumen­ tos de corte visando diminuir a propagação dessas doenças sistêmicas.

M étodo de controle alternativo utilizado e disponível

0 tratam ento com água quente do material de propagação para a formação de viveiros deve proporcionar uma redução das gemas infectadas e uma alta porcentagem de brotação, além de uma alta produtividade do material no campo.

0 tratam ento térm ico de toletes em água é usado principalm ente para controlar o raquitismo-da-soqueira, uma das principais doenças da cana-de-açú- car. A escolha da temperatura utilizada e do tem po de tratam ento são fundamentais para a obtenção dos resultados esperados, com um menor custo de produção. A tra­ vés do diagnóstico pela m icroscopia de contraste de fase, a eficiência ce diversas temperaturas e tempo de tratam ento foi testada no Centro de Tecnologia Copersucar no controle da doença. A maior eficiência foi obtida com 52°C durante 30 m inutos, para o tratam ento de toletes com uma gema, Este binômio tem po/tem peratura dimi­ nui o tem po e o custo do tra ta m e n to , é menos prejudicial à brotação des gemas e controla o patógeno de maneira eficiente. 0 estudo perm itiu que esse fa ta m e n to fosse recomendado em substituição ao utilizado, de 50,5°C por 2 horas. (Síeste pro­ cesso, toletes de uma gema com aproximadamente 8cm de com primentc são tra ta ­

dos em tanques modelo Copersuca com capacidade para 250 litros. Todavia, o usu­ ário poderá optar por outros modeles de tanque existentes no mercado, com maior ou menor capacidade, desde que cerifique-se que este equipamento proporciona um perfeito controle de temperatura.

O tratam ento térmco é realizado no material destinado ao plantio de viveiros, podendo ser feito em qualcuer época do ano, embora o período compreendido entre setembro e março seja o maisaconselhável por apresentar uma faixa de tem pe­ ratura ideal à brotação das gemas tatadas. 0 material usado para o tratam ento té r­ mico deve ser o melhor possível, o m ótim a sanidade e vigor. Deve ser dada prefe­ rência às canas de soqueira de vivfiros tratados term icam ente, de maneira a melho­ rar a sanidade do material a cada trítam ento. 0 material a ser tratado deve apresen­ tar de 10 a 12 meses de idade, os cornos devem ser cortados com facões desinfestados a fo g o (técnica descrita a seguir), :em despalha e carregados cuidadosamente para evitar danos mecânicos às gemas. Este processo não é 100% eficiente, pois depende de fatores ligados à variedade, ao diimetro dos colmos e aos cuidados na execução do processo. A eficiência aumenta qiando se promove o tratam ento seriado, ou seja, tratam-se colmos oriundos de plantis previamente submetidas ao tratamento térmico. Para o adequado funcionamento de ima unidade de tratamento térmico são necessários de 10 a 12 homens/dia para realizaras diversas atividades ligadas ao processo.

A desinfestação di ferram entas de corte é outra prática que, aliada à citada, contribui para a redução la disseminação de doenças sistêmicas, como o raquitismo-da-soqueira e a escalda(ura-das-folhas. A desinfestação das ferramentas de corte pode ser feita por meio de 'apor d'água ou água fervente, produtos químicos ou fogo. 0 uso de vapor d'água a água quente é im praticável em condições de campo. Entre os produtos químicosque podem ser usados está a creolina em solução a 10% em água; neste caso, as feramentas devem permanecer na solução por pelo menos meia hora antes do uso. A c3sinfestação usando creolina, além de demorada, torna-se inconveniente por deixar jm odor desagradável nas mãos dos cortadores que invariavelmente se mostram reratários ao processo. A desinfestação pelo fogo.

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através de flambadores, mostra-se a alternativa mais viável e eficiente. Nesta prática, um facão de corte leva em média 1 5 segundos para ser esterilizado com 100% de eficiência. A esterilização das ferramentas de corte deve ser realizada em m om entos específicos e muitas unidades produtoras possuem unidades móveis com todos os equi pamentos necessários para a desinfestação a fogo. 0 equipamento usado é bastante simples, constituindo-se por um flambador modelo Copersucar acoplado a um pequeno botijão de gás. É importante salientar que os usuários do método devem ser previamen­ te treinados para evitar acidentes. Conforme mencionado, a desinfestação das ferra­ mentas de corte deve ser feita em momentos específicos, tais como: no início da jorna­ da de trabalho, nas pausas para almoço ou café, sempre que mudar de talhão e sempre que mudar de variedade. Esta prática deve ser adotada tanto no corte de viveiros como de áreas comerciais. A Figura 6 apresenta o modelo do equipamento-protótipo desenvol­ vido pela Copersucar.

Possibilidades de uso da técnica de controle alternativo

A técnica, além de estar to ta lm e n te disponível para uso, é u tiliz a ­ da em grande escala pelas empresas plantadoras de cana. Os equipam entos aqui relatados estão disponíveis no m ercado. Por exem plo, o equipam ento para o tr a ­ ta m e n to té rm ic o é co m e rcia liza d o pela Fertron, A v. César M in g o ssi, 1 0 8 ; S ertãozinho, SP; e o flam bador de facões, pela Damaceno & Oliveira L td a ., Rua Hum berto Alves Tossi, 1 0 0 0 ; Lençóis Paulista, SP.

Figura 6. Equipamento p ro tó tip o para

desinfestação de facões de co rte (Copersucar, 1985).