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Legislação sobre agrotóxicos

A legislação am biental brasileira apresentou expressivo avanço a partir da prom ulgação da revisão co n stitu cio n a l de 1 9 8 8 . A prim eira grande mudança veio com a Lei no. 7 .8 0 2 , de 11 /0 7 /1 98 9 , que dispõe sobre a pesquisa, a

e x p e rim e n ta ç ã o , a p ro d u çã o , a em balagem e ro tu la g e m , o tra n s p o rte , o armazenam ento, a com ercialização, a propaganda com ercial, a utiliza çã o , a im ­ p o rta çã o , a e xportação , o destino final dos resíduos e em balagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus com po­ nentes e afins. De acordo com esta lei, os agrotóxicos só poderão ser produzidos, exportados, im portados, com ercializados e utilizados, se previam ente registrados em órgão federal, de acordo com as diretrizes e exigências dos órgãos federais responsáveis pelos setores da saúde, do meio am biente e da agricultura. É tra ta ­ da a questão das responsabilidades em caso de infrações desta lei e a aplicação das sanções, que vão desde a suspensão ou cancelam ento do registro do produto até a pena de reclusão.

O Decreto n° 8 .8 1 6 , de 1 1 /0 1 /1 9 9 0 regulam enta a Lei no. 7 .8 0 2 acima mencionada. Ele tra ta dos seguintes itens: a) das com petências im puta­ das ao M inistério da A gricultura, ao M inistério da Saúde e ao M inistério do Interior (atualm ente, com petência atribuída ao M inistério do Meio Am biente - IBAM A); b) das providências referentes ao registro do produto, produtos desti­ nados à pesquisa e experim entação, das proibições, do cancelam ento ou da impugnação, e do registro das empresas; c) da embalagem, da rotulagem e da propaganda comercial e da destinação final de resíduos e embalagens; d) do armazenamento e do transporte; e) do receituário; f) do controle, da inspeção e da fiscalização e g) das infrações, das sanções e do processo.

Dentre esses, cabe ressaltar que o Decreto estabelece que os agrotóxicos e afins só poderão ser com ercializados diretam ente ao usuário me­ diante apresentação de receituário próprio prescrito por profissional legalmente habilitado, o qual deve ter form ação técnica no mínimo de nível médio ou segun­ do grau. Consideram-se com o casos excepcionais as prescrições e as vendas de agrotóxicos destinados à higienização, desinfecção ou desinfestação de am bi­ entes domiciliares, públicos ou coletivos, ao tratam ento de água e ao uso em cannpanhas de saúde pública.

As exigências apresentadas no referido Decreto referem-se não so­ mente ao registro de agrotóxicos, seus componentes e afins, mas também ao proces­ so de renovação de registro e de extensão de uso dos produtos. Havia também um prazo de validade do registro que era de cinco anos, no fim do qual deveria ser reali­ zada a renovação de registro com os mesmos procedim entos adotados para efeitos de registro. Com o argumento da inexequibilidade de tal procedim ento utilizado pelo “ pool” das empresas produtoras e distribuidoras de agrotóxicos no país, houve altera­ ções nos dispositivos que tratavam do assunto. Assim, pelo Decreto no. 991, de 24/ 11 /1 993, fica excluída a necessidade de renovação de registro de agrotóxicos, assim como o prazo de validade do registro, restando apenas a cláusula que estabelece que os agrotóxicos, seus componentes e afins que apresentam redução de sua eficiência agronômica, riscos à saúde humana ou ao meio ambiente poderão ser reavaliados a qualquer tem po e ter seus registros alterados, suspensos ou cancelados.

Os estados e municípios podem ter sua legislação própria e com ple­ mentar ao que estabelece a Lei 7 .8 0 2 , podendo ser mais restritivas, não podendo, contudo, conflitar com o conteúdo da legislação federal.

Por sua vez, cada um dos órgãos federais responsáveis pelo re gistro e sua fiscalização adotaram m edidas com plem entares à legislação de agrotóxicos, por meio de Portarias referentes às suas respectivas com petências. 0 M inistério da Saúde estabeleceu as diretrizes e exigências referentes à a u to ri­ zação de registros pela norma no. 1, de 0 9 /1 2 /1 9 9 1 , que tra ta especificam ente dos a sp e cto s de p ro te ç ã o à saúde (a va lia çã o to x ic o ló g ic a , c la s s ific a ç ã o to xicológica e fixação de lim ites m áxim os de resíduos de agrotóxicos, seguran­ ça dos aplicadores e da população em geral). A classificação to x ic o ló g ic a dos produtos técnicos, ingredientes ativos e produtos form ulados é fe ita com base nas inform ações to x ico ló g ica s fornecidas pela in s titu iç ã o re g istra n te com a alocação dos produtos nas seguintes classes: classe I - produtos extrem am ente tóxicos, classe II - produtos altam ente tóxicos, classe III - produtos medianamente tó xico s e classe IV - produtos pouco tó xico s. Os lim ites m áxim os de resíduos.

OU tolerância, são estabelecidos com base em ensaios de campo para cada cultura a lim e n ta r. Os lim ites m áxim os de resíduos referem -se aos produtos agropecuários em bruto, após colheita do vegetal, abate ou ordenha do animal, por ocasião de sua com ercialização, antes de qualquer processamento dos refe­ ridos produtos e com a remoção das partes não com estíveis. Esse procedim ento é válido tam bém para alim entos de animais e fum o. No caso de a lim entos processados onde houver co n ce n tra çã o ou d esidrataçã o do a lim ento, o c á l­ culo se re fe rirá ao alim e n to preparado para ser co n su m id o . Os lim ite s m á xi­ m os de re s íd u o são a q u e le s e s ta b e le c id o s p e la C o m is s ã o do C o d e x

A lim e n ta riu s para Resíduos de A g ro tó x ic o s (CCPR/FAO/OM S) e são u tiliz a ­

dos para se e stabele cer os períodos de carência para os d ife re n te s pro d u to s e c u ltiv o s (o período de carência ou in te rv a lo de c o n fia n ç a é o tem po d e co r­ rido após a ú ltim a aplicação de a g ro tó x ic o e a c o lh e ita , necessário para que o nível de resíduo esteja abaixo do lim ite perm itido).

A referida Norma trata ainda das inform ações referentes à saúde e aos cuidados a serem tom ados que deverão constar do rótulo dos produtos, tais com o: necessidade de uso de equipam entos de proteção individual e in fo r­ mações relativas aos cuidados com a saúde humana - prim eiros-socorros, tra ta ­ m ento médico de emergência (dirigido ao médico), antídoto, telefones do Centro de Inform ações Toxicológicas da região e da empresa, e pictogram as. Os ró tu ­ los poderão conter ainda frases de advertência com relação a: precauções ge­ rais (ex.: “ não coma, não beba e não fum e durante o manuseio do produto” ); manuseio do produto (ex.: “ use máscaras cobrindo o nariz e a boca” ); aplicação propriam ente dita (ex.: “ não aplique o produto contra o vento"); precauções após aplicação (ex.: “ não reutilize a embalagem vazia” ), ingestão (ex.: “ provo­ que vôm ito e procure logo o m édico, levando a em balagem, rótulo, bula ou receituário agronômico do produto” ); olhos (ex.: “ lave com água em abundância e procure o médico levando a embalagem, rótulo, bula ou receituário agronôm i­ co do produto” ); pele (ex.: “ lave com água e sabão em abundância e, se houver

irritação, procure o médico levando a embalagem, rótulo, bula ou receituário agronô­ mico do produto” ); inalação (ex.: "procure lugar arejado” ). As bulas ou folhetos que acompanham os produtos deverão conter, além de todos os dados constantes do rótulo, as seguintes inform ações: mecanismo de ação, absorção e excreção para o ser humano, efeitos agudos e crônicos e efeitos colaterais.

E para as questões do meio am biente, há a Portaria N orm ativa no. 84, de 1 5 /1 0 /1 9 9 6 , que estabelece procedim entos a serem adotados ju n to ao In stitu to Brasileiro do Meio A m biente e dos Recursos Naturais Renováveis - Ibama, para efeito de registro e aprovação do potencial de periculosidade ambiental de agrotóxicos, seus com ponentes e afins. Esta P ortaria in s titu iu ta m b é m o^ S istem a Perm anente da A va lia çã o e C o n tro le dos A g ro tó x ic o s , seus compo-^ nentes e a fin s, que com preend e os se g u in te s su b siste m a s: c la s s ific a ç ã o do p o te n cia l de pericu lo sid a d e a m b ie n ta l; e stu d o de c o n fo rm id a d e ; avaliaçãol do risco a m b ie n ta l; d ivu lg a çã o de in fo rm a çõ e s; m o n ito ra m e n to a m b ie n ta l a fis c a liz a ç ã o . A cla s s ific a ç ã o q u a n to ao p o te n cia l de p e ricu lo sid a d e am b ie n ta b a se ia -se nos p a râ m e tro s de b io a c u m u la ç ã o , p e rs is tê n c ia , tra n s p o rte to x ic id a d e a d iv e rs o s o rg a n is m o s , p o te n c ia l m u ta g ê n ic o , te ra to g ê n ic o e ca rc in o g ê n ico , obedecendo a se guinte g raduaçã o: classe I - p ro d u to alta m ente pe rig o so ; classe II - p ro d u to m u ito p e rig o so ; classe III - p ro d u tc perigoso e classe IV - p ro d u to pouco p erigoso. Um dos itens im peditivos c obtenção de registro de um agrotóxico é se as suas classificações de potência de periculosidade am biental e/ou avaliação do risco am biental indicarem índices não aceitáveis de periculosidade e/ou risco, considerando os usos propostos.

Os testes e inform ações necessárias à avaliação ecotoxicológic? dos agrotóxicos e afins devem ser realizados ta n to com o produto té cn ico (in g re d ie n te a tiv o ), com o com o p ro d u to fo rm u la d o , sendo que para algun parâm etros aceitam-se apenas os resultados de produtos té cn ico s. Esses teste referem-se a: características físico-quím icas (estado físico, cor, odor, identifica ção molecular, grau de pureza, p onto/fa ixa de fusão, p o n to /fa ix a de ebulição

pressão de vapor, solubilidade/m iscibilidade, pH, constante de dissociação em meio aquoso, hidrólise, fotólise, densidade, viscosidade, corrosividade, ponto de fulgor, vo latilidad e, entre outros), sendo que para algumas delas aceitam-se publicações científicas com pletas e inform ações referenciadas em substituição aos testes; toxicid a d e para organismos não-alvo (m icrorganism os, algas, orga­ nismos do solo, abelhas, m icrocrustáceos, peixes, aves, plantas); com p o rta ­ mento no solo (biodegradabilidade, m obilidade, adsorção/dessorção); toxicidade para a n im a is s u p e rio re s (ra to s , cã e s, c o e lh o s ); p o te n c ia l g e n o tó x ic o , e m b rio fe to tó xico e carcinogênico. Entretanto, esta Portaria não se refere à ava­ liação am biental de saneantes dom issanitários, registro e avaliação ambiental de produtos biotecnológicos, e registro e avaliação de produtos destinados ao uso em am bientes aquáticos.

Uma outra ação inovadora foi introduzir a diferenciação nas exi­ gências de registro de produtos sem ioquím icos e de m icrorganism os utilizados no controle biológico em relação aos agrotóxicos convencionais, pois pela Lei no. 7 .8 0 2 , de 1 1 /0 7 /1 9 8 9 , os procedim entos e exigências para registro ju n to aos órgãos com petentes eram os mesmos para todos. O objetivo dessas porta­ rias foi adequar e ao mesmo tem po sim plificar o processo de registro de produ­ tos alternativos aos agrotóxicos químicos, a fim de que eles possam ser registrados a custos menores e terem a sua viabilidade com ercial assegurada. Isso porque, geralm ente, esses produtos apresentam grande especificidade quando com pa­ rados aos agrotóxicos, o que reduz o seu potencial de mercado.

No caso dos sem ioquím icos, a Portaria no. 121, de 0 9 /1 0 /1 997, da Secretaria de Defesa Agropecuária do M inistério da A gricultura estabelece as exigências para o seu registro. É interessante observar que não há exigências quanto aos testes toxicológicos ou ecotoxicológicos, ficando a apresentação do relatório técnico restrito a: teste e inform ações sobre a eficiência e praticabilidade agronôm ica do produto, modelo de rótulo e bula, e modelo e características da em balagem . Essa Portaria estabelece tam bém que devem ser apresentadas in-

formações sobre o registro em outros países, inclusive o de origem, e que os órgãos federais responsáveis pelos setores de saúde pública e de meio ambiente deverão se manifestar, no prazo de trin ta dias, caso haja restrições ao produto.

Para fins de registro e avaliação am biental de agentes m icrobianos vivos de ocorrência natural empregados no controle de um o u tro organism o vivo considerado nocivo, o Ibama publicou a Portaria N orm ativa no. 131, de 0 3 /1 1 / 1997. Esta Portaria estabelece os procedim entos a serem adotados, com a apre­ sentação das seguintes inform ações: dados do requerente e inform ações gerais sobre o organism o a ser registrado, docum entos relativos à avaliação da eficiên­ cia do produto com ercial, docum entos exigidos pelo M inistério da Saúde para fins de avaliação e classificação toxicológica do produto quanto ao aspecto de saúde humana, dados e inform ações referentes à avaliação am biental do produ­ to , modelo de rótulo e de bula e descrição da embalagem quanto ao tip o , m ate­ rial e capacidade volum étrica.

A avaliação to xico p a to ló g ica tem por o b je tivo verifica r os efeitos adversos do agente m icrobiano de controle sobre m am íferos. Os principais as­ pectos a serem considerados são: patogenicidade, infe ctivid a d e /p e rsistê n cia , e toxicidade do agente de biocontrole, de contam inantes m icrobianos e de seus subprodutos. Essa avaliação é realizada por meio de uma série de te ste s, d ivid i­ da em três fases distintas. A Fase I consiste de uma bateria de testes de curta duração, onde o organism o-teste (mamífero) recebe uma dose m áxim a única do agente de controle com o objetivo de se obter a m áxim a chance do agente de controle causar toxicidade, infectividad e e patogenicidade. Se nenhum efeito adverso fo r observado na Fase I, não há necessidade de se realizar nenhum dos testes das Fases II e III. A Fase II foi elaborada para avaliar uma situação p a rti­ cular, quando se observa toxicidade ou infectividad e na Fase I, sem evidências de patogenicidade. Na Fase II, estudos de to xicidade aguda são norm alm ente exigidos com o com ponente tó x ic o da preparação do bioagente. Nas Fases II e III, estudos adicionais para avaliar o e fe ito de to xicid a d e de preparações do

agente de biocontrole deverão ser realizados de acordo com protocolos apropri­ ados. Estudos subcrônicos de toxicidade/patogenicidade tam bém constam da Fase II. A Fase III contém testes para identificar efeitos adversos particulares de parasitos de células de m amíferos, e só serão exigidos quando efeitos adversos forem observados na Fase II.

Por sua vez, a avaliação de danos sobre organismos não-visados e com portam ento ambiental do agente biológico de controle tam bém é feita por testes estabelecidos em três Fases. Na Fase I, os organismos indicadores, que representam os principais grupos de organism os não-alvo, são subm etidos a uma dose única m áxima do produto biológico, estabelecendo-se um sistema em que a chance de expressão dos efeitos indesejáveis é máxima. A ausência de danos aos organism os indicadores nesta fase implica um alto grau de confiança de que nenhum efeito adverso ocorrerá no uso prático do agente de biocontrole. Do mesmo modo que na avaliação to xicopato lógica, aqui, se os efeitos adversos significativos forem observados na Fase I, então os testes da Fase II são realiza­ dos, onde a exposição potencial dos organismos não-alvo ao agente de biocontrole é estimada. Os testes desta Fase contem plam estudos de sobrevivência, persis­ tência, m ultiplicação e dispersão do agente m icrobiano de controle, em diferen­ tes ambientes. Se os testes da Fase II mostrarem que pode haver exposição significante dos organismos não-alvo ao agente de biocontrole, então a Fase III torna-se necessária. Os testes da Fase III servem para determ inar efeitos dose- resposta, ou certos efeitos crônicos. Há ainda os testes da Fase IV, que são exigidos apenas quando forem observados, na Fase III, efeitos patogênicos nas doses efetivas, ou em níveis residuais de exposição. São estudos simulados de curta dura­ ção ou efeitos em campo sobre aves e mamíferos, organismos aquáticos, insetos predadores e parasitóides e insetos polinizadores.

Considera-se que toda a legislação sobre agrotóxicos e uso de agentes microbianos de controle de pragas e doenças constitui-se em um gran­ de avanço, pois disciplinou a oferta e, conseqüentemente, a utilização desses produ­

tos, 0 que tem contribuído para dim inuir o potencial de dano dos agrotóxicos e de organismos vivos à saúde humana e ao meio ambiente.

Um novo avanço na legislação de agrotóxicos foi estabelecido com o Decreto n° 4 .074, de 4 de janeiro de 2002, que regulamenta a Lei n° 7 .802, de 11 de julho de 1989. Entre os avanços encontra-se em sua Seção II, sobre a Destinação Final de Sobras e de Embalagens, o estabelecimento da criação de centro ou central de recolhimento, destinado ao recebimento e armazenamento provisório de embala­ gens vazias, de agrotóxicos e afins. Além disso, nos seus artigos 53 e 60, estabelece que os usuários de agrotóxicos e afins deverão efetuar a devolução das embalagens vazias, e respectivas tampas, aos estabelecimentos comerciais em que foram adqui­ ridos, no prazo de até um ano, contado da data de sua compra. Para isso as empresas produtoras e as comercializadoras de agrotóxicos, seus componentes e afins deverão estruturar-se adequadamente para as operações de recebim ento, recolhim ento e destinação de embalagens vazias e produtos de que trata o decreto 4 .0 7 4 , até 31 de maio de 2002. 0 estabelecimento da devolução de embalagens de agrotóxicos vem suprir um dos graves problemas relacionados com a poluição ambiental.

O papel das indústrias de agrotóxicos

A indústria de agrotóxicos está organizada por duas grandes asso­ ciações nacionais: a ANDEF - Associação Nacional de Defesa Vegetal, que agrega apenas as empresas multinacionais e os grandes conglomerados internacionais, e a AENDA - Associação das Empresas Nacionais de Defensivos Agrícolas. Cabe ressaltar que as indústrias nacionais geralmente restringem as suas atividades à formulação de agrotóxicos, adquirindo os ingredientes ativos de terceiros.

As Organizações N ão-G overnam entais (ONGs) desem penham papel im portante na restrição de uso de agrotóxicos na produção animal ou vegetal. Esse com portam ento tem influenciado não só as decisões governam en­ tais, com o tam bém as estratégias das empresas de agrotóxicos, que adotaram o discurso a favor do manejo integrado de pragas (MIP) e do uso adequado e

racional de agrotóxicos. Além de cursos de capacitação, as indústrias têm se e n v o lv id o no problem a do descarte e da c o le ta de em balagens vazias de agrotóxicos. Há mais de cinco anos, a ANDEF lançou um programa para a tríplice lavagem das embalagens em todo o país, assumindo todo o trabalho de sua divulgação ju n to aos técnicos, extensionistas e agricultores. O processo da tríplice lavagem consiste em se lavar a embalagem com água, por três vezes, despejan­ do a m istura no tanque de pulverização. Com esse procedim ento, argumentam os técnicos das indústrias, elimina-se mais de 9 9 ,9 % do agrotóxico que restaria na em balagem. Essa ação está vinculada à posterior coleta e reciclagem das embalagens.

A coleta de embalagens vazias continua sendo um problema bas­ ta n te sério. Por exem plo, no município de Vinhedo, localizado a 70km da cidade de São Paulo, constatou-se que a sua atividade agrícola, baseada na fru tic u ltu ­ ra, consom e 4 4 toneladas de agrotóxicos por ano e gera 18 mil embalagens que são jogadas em córregos ou terrenos^ . Considerando-se que a população rural deste município é de 4 ,2 mil pessoas, esse número representa uma quantidade média de embalagens descartadas, inadequadamente, de 4 ,3 por habitante rural.

A partir de 1 9 9 8 , o “ Programa nacional de destino final de em ba­ lagens de defensivos agrícolas” , coordenado pela ANDEF, foi colocado em p rá ti­ ca. No país, há a tu a lm e n te 29 c e n tra is de re ce b im e n to de em balagens que as condensam antes da reciclagem . Entretanto, do to ta l de embalagens consum idas por ano, que é de 1 0 0 m ilhões de unidades, apenas 10% é reciclado. Do to ta l