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C oletor solar para a desinfestação de substratos para produção de mudas

Características das doenças de plantas causadas por

patógenos habitantes do solo e práticas de controle utilizadas

As doenças de plantas causadas por patógenos habitantes do solo constituem um dos principais problemas para a produção de mudas em viveiros. Es­ ses patógenos podem destruir as sementes ou outros órgãos de propagação, causar tombamento de plântulas, murcha devido a danos no sistema vascular, apodrecimen­ to e destruição de raízes. Como conseqüência, há uma queda na quantidade e quali­ dade das mudas produzidas, resultando em graves prejuízos para o viveirista. Além disso, um dos mais sérios problemas é a dissem inação de patógenos pelas mudas contaminadas para áreas ainda não infestadas, haja vista que, uma vez in tro d u z i­ dos no solo, ta n to a convivência quanto a erradicação desses patógenos apresen­ tam problem as, devido aos poucos m étodos de co n tro le disponíveis e suas des­ vantagens.

Entre os patógenos habitantes do solo estão, principalm ente, diver­ sos gêneros de fungos, tais com o Pythium , Rhizoctonia, P hytophthora, Fusarium,

VerticHHum, CoUetotrichum, Sclerotium, Sclerotinia; bactérias, tais como Xanthomonas

e Pseudomonas-, e nematóides, especialmente, do gênero Meloidogyne.

0 controle preventivo é o mais recomendável, evitando-se a entrada do patógeno no viveiro, por exemplo, por meio de cuidados com a qualidade da água de irrigação, sementes, mudas, além de outros materiais que serão utilizados no pre­ paro do substrato e que possam conter propágulos do patógeno.

A utilização de vapor para a desinfestação de substrato é restrita devido ao custo do equipamento necessário. 0 vapor, produzido por uma caldeira, é

injetado no substrato, promovendo o controle de patógenos, plantas daninhas e pra­ gas, por meio da elevação da temperatura do substrato.

0 controle químico com o uso de fungicidas erradicantes, com o os fum igantes, tem sido o método convencional de controle de patógenos habitantes do solo, na maioria dos viveiros. 0 produto mais utilizado é o brometo do metila, que é um fum igante altamente tóxico. 0 brometo de metila se apresenta na forma gasosa, com prim ido em latas e é aplicado sob uma cobertura plástica, a qual é retirada 24 a 4 8 horas após a aplicação. Há a necessidade de um período mínimo de 7 dias de aeração antes do plantio. As principais vantagens do uso de brometo de metila são: 1) ação rápida e consistente; 2) o espectro de ação contra patógenos do solo é mais amplo do que os demais tratam entos, exceto a vaporização; 3) não ocorrem proble­ mas com resistência; 4) fácil penetração no solo; 5) pode ser usado em solos com uma maior variedade de umidade e temperatura do que outros produtos; 6) dissipa-se rapidamente após o tratamento; 7) apresenta ação viricida, que nenhum outro fumigante apresenta. Entretanto, entre as principais desvantagens do seu uso, estão: 1) a alta toxicidade e volatilidade tornam im portantíssim a a adoção de medidas de proteção dos trabalhadores; 2) reduz a biodiversidade do solo; 3) resíduos de brom eto são form ados no solo, podendo causar problemas a algumas culturas; 4) poluição do ar em áreas próximas; 5) contaminação da água em áreas com lençol freático alto, isto é, mais superficial; 6) problemas referentes ao destino final dos plásticos usados no tra ta m e n to ; 7) elimina todos os microrganismos do solo, inclusive os antagonistas, criando o chamado “ vácuo biológico” , que facilita a reinfestação por patógenos. Além dos riscos à saúde do trabalhador e dos demais problemas apresentados, recente­ mente descobriu-se que o brometo de metila possui ação destruidora da camada de ozônio da estratosfera terrestre. Por esse m otivo, medidas foram tomadas para res­ tringir o seu uso até a com pleta proibição em 2 010. Devido à sua versatilidade, não há um único tratam ento químico alternativo ou uma com binação de produtos que possam substituir o brometo de metila em todos os seus diversos usos na fumigação do solo.

1 7 4 ' ^ ^ M é to d o s A lte rn a tiv o s de C ontrole F ito s s a n itá rio z z i M étodo de controle alternativo utilizado e disponível

Um equipam ento, denom inado coletor solar, foi desenvolvido pela Embrapa Meio Am biente e In stitu to A gronôm ico de Campinas (Divisão de Enge­ nharia Agrícola) para desinfestar substratos utilizados em recipientes em v iv e i­ ros de plantas, com o uso da energia solar. Alguns patógenos habitan tes do solo, com o fungos, bactérias e nem atóides, podem ser inativados no c o le to r em algumas horas de tra ta m e n to , devido às altas tem peraturas atingidas (70 a 80°C , no período da tarde), porém recomenda-se o tratam ento por 1 ou 2 dias.

Por não se tra ta r de um m étodo quím ico, apresenta vantagens quanto à segurança do aplicador, ausência de resíduos e não contam inação do am biente. O substrato tratado nos coletores pode ser prontam ente utilizado, enquanto que no caso do brom eto é necessário um período para aeração e elim inação dos resíduos do produto, que podem ser tóxicos, ta n to para a planta, quanto para o trabalhador que manuseá-lo.

Além disso, o coletor solar não consom e energia elétrica ou le­ nha, é de fácil construção e m anutenção e tem baixo custo.

O tratam ento com o coletor perm ite a sobrevivência de m icro r­ ganismos term otolerantes benéficos que impedem a reinfestação do su b stra to pelo patógeno, o que não ocorre no tra ta m e n to com brom eto de m etila que esteriliza o solo, criando um “ vácuo biológico” .

0 c o le to r so la r a p re s e n ta d o na Figura 3 fo i d e s e n v o lv id o pela Em brapa M e io A m b ie n te , com a p o io fin a n c e iro da Fapesp - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, c o n s is tin d o , b a s ic a m e n te , de um a ca ixa de m adeira que c o n té m tu b o s de fe rro ga lva n iza d o e uma c o b e rtu ra de p lá s tic o tra n s p a re n te , que p e rm ite a e n tra d a dos raios solares. O solo é colo­ cado nos tubos pela abertura superior e, após o tratam ento, retirado pela in fe rio r, através da fo rça da gravidade. Os coletores são instalados com exposição na face norte e um ângulo de inclinação semelhante à latitude local acrescida de 10°. A tam pa refletora, constituída por uma chapa de alumínio, tem a finalidade de aum en­

ta r a radiação recebida pelos tubos. Entretanto, a tam pa não é essencial para o fu nciona m e nto do equipam ento, haja vista que além de onerar a sua construção, eleva a tem peratura em apenas alguns graus. Os detalhes de sua construção são apresentados por Ghini & Bettiol (1991) e por Ghini (1998).

0 Núcleo de Produção de Mudas da Cati situado em São Bento do Sapucaí, SP é um exemplo de um viveiro que adotou a nova técnica para tra ta m e n to em larga escala de substrato para produção de mudas. Nesse vive i­ ro, o brom eto de m etila foi totalm ente substituído pelos coletores solares em 1 998. Na Figura 4 observa-se a disposição dos coletores solares no Núcleo de Produção de Mudas da Cati.

o coletor solar pode ser usado durante o ano to d o , exceto em dias de baixa radiação solar. Por exem plo, na região de São Bento do Sapucaí, SP, o m aior período sem possibilidade de uso dos coletores foi de aproxim ada­ m ente 2 0 dias, durante outubro/novem bro, devido à intensa precipitação. Entre­ ta n to , há a possibilidade de se estocar o substrato tratado para esses períodos.

As tem peraturas do substrato atingidas dentro de um coletor solar com 15cm de diâm etro são apresentadas na Figura 5, dem onstrando a eficiência do equipam ento no seu aquecim ento.

o coletor solar m ostrado na Figura 3 tem capacidade para tra ta r 116 litros de substrato. Em períodos de radiação plena, os coletores podem ser recarregados diariam ente.

Possibilidades de uso da técnica de controle alternativo

0 coletor solar substitui integralmente o uso do brometo de metila e outros produtos químicos, sem a necessidade de tratam entos complementares.

0 c u s to para a co n stru çã o de um c o le to r solar utilizando -se m ateriais de boa qualidade é de, a p roxim ada m e nte, R $ 2 0 0 ,0 0 . Desse valor, R $ 9 1 ,0 0 são relativos ao custo do m aterial e o restante à m ão-de-obra para sua co n stru çã o . E ntretanto, o c o le to r pode ser construído com sucatas, o que reduz

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ainda mais o seu cu sto . Com cuidados m ínim os de m a n u te n ç ã o , o c o le to r pode durar m uitos anos.

0 substrato tratado no coletor apresenta as mesmas ca ra cte rísti­ cas do substrato tratado por brom eto de m etila e o u tro s produtos quím icos, no que se refere ao controle de fito p a tó g e n o s. Por p e rm itir a sobrevivência de microrganismos term otolerantes, o substrato tratado no coletor apresenta maior d ifi­ culdade de reinfestação por patógenos habitantes do solo, sendo essa mais uma das vantagens do equipamento.

A tu a lm e n te , a Em brapa M eio A m b ie n te e s tá n e g o c ia n d o uma parceria com em presas p rivadas para a fa b ric a ç ã o do c o le to r so la r. A ssim , no m o m e n to ele não está d isp o n íve l no m e rca d o para c o m p ra , d e v e n d o ser c o n s tru íd o pelo v iv e iris ta .

Do p o n to de v is ta legal sua u tiliz a ç ã o não a p re s e n ta re s tri­ ções, pois tra ta -s e de um m é to d o que não a p re s e n ta ris c o s ao ser h u m a n o , a ou tro s organism os e ao am biente.

Os principais problem as relatados q u a n to ao uso do c o le to r são; não pode ser usado em dias chuvosos; em prega o do b ro da m ão-de-obra neces­

sária para o tra ta m e n to com b ro m e to de m etila; requer m anutenção, ainda que sim p le s , para g a ra n tir a sua d u ra b ilid a d e . E n tre ta n to , as va n ta g e n s dessa te c n o lo g ia são a m p la m e n te co m p e n sa tó ria s, inclusive do p o n to de v ista fin a n ­ ce iro , p o is o c u s to fin a l do tra ta m e n to é in fe rio r aos dos p ro d u to s q uím icos em pregados.

T ra ta m e n to té rm ic o e desinfestação de instrum entos