PMR - 2330
MATERIAIS
para Sistemas
Eletromecânicos
Aula 9
PROPRIEDADES MECÂNICAS
Vs
Efeito de concentradores de tensão:
A fadiga (e a grande maioria das falhas) é um processo que se inicia geralmente na superfície de um componente mecânico submetido a esforços. Dessa forma, os concentradores de tensão, como os cantos vivos e mudanças bruscas de seção são locais convidativos à nucleação e crescimento de trincas de fadiga.
O acabamento superficial (ex. rugosidade) da peça também influi no comportamento em fadiga. Acabamento superficial mal feito, como marcas de lixamento, esmeril, punção, etc. podem diminuir a vida em fadiga.
Efeito de concentradores de
tensão:
Pequenos
pontos de corrosão
têm o
mesmo efeito, pois podem servir como
concentradores de tensão e pontos de
nucleação das trincas.
Inclusões sólidas, precipitação de fases
frágeis, porosidades
, assim como outros
defeitos internos também podem ser
pontos de nucleação de trincas.
A fadiga é um tipo de falha mecânica que ocorre devido a esforços (tensões e deformações) flutuantes. Estes esforços geralmente são aleatórios como na figura abaixo.
Nos ensaios de fadiga são comumente empregados ciclos de tensão ou deformação “bem comportados” como os das figuras (A) e (B).
Ao se ensaiar vários corpos de prova em
fadiga, seja por
tração-compressão
, ou
flexão
alternada
, nota-se que,
quanto
maior a tensão apli-
cada (geralmente σ
a)
menos ciclos de fa-
diga serão necessá-
rios para a ruptura
.
Constrói-se, dessa
forma, uma curva S-N
(
S
tress &
N
umber of
Cycles to failure)
Limite de fadiga (limite de endurecimento): É a
tensão (Rl) abaixo da qual o material não rompe por fadiga.
Materiais que não apresentam esse limite bem definido, adota-se N=107ciclos para determinar
Influência da tensão média:
maior
médio
menor vida em fadiga
FLUÊNCIA
DEFINIÇÃO:
Deformação permanente e dependente
do tempo que os materiais sofrem
quando são submetidos a uma carga
Falha por Fluência
A falha por fluência em metais pode resultar
de uma excessiva deformação plástica do componente ou da ruptura desse
componente.
Exemplos típicos de sistemas mecânicos
sujeitos à fluência: vasos de pressão, turbinas a gás e motores aeronáuticos; contudo, todos os sistemas operando as
altas temperaturas, sob consideráveis níveis de tensão, estão sujeitos ao aparecimento da fluência.
Falha por Fluência
A analise microscópica dos metais
submetidos a fluência permite identificar diversos mecanismos pelas quais ela pode se manifestar:
1. movimentação de discordâncias ao longo
de planos de deslizamentos superando barreiras com a ativação térmica
2. ascensão de discordâncias conduzindo a
Falha por Fluência
3. deslizamento de contornos de grãos 4. difusão de vacâncias
A presença de elementos de liga em
solução sólida ou na forma de precipitados influenciam o desenvolvimento desses
Ensaios de fluência e curva
de fluência
Podem ser conduzidos com diferentes tipos de
tensão; porém é comum o uso de esforço de tração devido a facilidade de aplicação. Nesse ensaio, realizado a um determinado nível de temperatura e a uma carga ou tensão constante, pode-se determinar a velocidade de fluência, o nível do esforço de tração para ruptura e a
fluência total em todos esses estágios.
A duração de tais testes pode variar de alguns
Representação do ensaio de
fluência
Esboço de um
aparelho utilizado
para o ensaio de
fluência
Curva de fluência
Não considerando a deformação elástica inicial
(εo), a fluência pode ser de dois tipos:
1. Transitório, quando surge somente o primeiro
estágio
2. Contínuo, quando ocorrem os três estágios
Esses tipos podem ser característicos de um metal em função dos níveis de tensão e de
Propriedades da curva
de fluência
Da curva de fluência se extrai uma propriedade importante para a definição do comportamento do material metálico em altas temperaturas: a velocidade mínima de fluência. Nesse caso, é importante indicar o
nível de tensão (em MPa) a uma dada temperatura (em
OC), que provoca uma determinada velocidade de
fluência (em %/h).
Para um dado nível de temperatura, a relação de "tensão versus velocidade mínima de fluência", colocada num diagrama. bi-logarítmico, apresenta-se comumente na forma de uma linha reta. Essa propriedade é extraída do estágio secundário da fluência
Representação de uma curva
de fluência típica:
Estágio I: taxa de fluência é decrescente. Estágio II: taxa de fluência é praticamente constante. Estágio III: a velocidade de fluência é crescente, conduzindo o corpo ensaiado à ruptura.
Tipos de curvas obtidas por este ensaio:
Deformação total Taxa de deformação
Determina-se com o ensaio de fluência: i) taxa de deformação no estágio II; ii) a vida em fluência (tt), ou seja, o tempo total para a ruptura. Os materiais mais resistentes à fluência possuem maior vida em fluência.
A curva de fluência apresenta 3 estágios distintos:
- No estágio I a taxa de deformação do material diminui
com o tempo – predomina o fenômeno de encruamento
sobre os de amolecimento.
- No estágio II a taxa de deformação é constante com o
tempo – existe um equilíbrio entre encruamento e
amolecimento - consiste num importante parâmetro
retirado do ensaio, pois quanto maior essa taxa, menos resistente à fluência é o material.
- No estágio III, o processo de fluência já está bastante
avançado, os mecanismos de amolecimento predominam e o material acumula danos que o levarão à ruptura.
No estágio terciário, quando ocorre a ruptura,
determina-se uma outra importante propriedade:
o
tempo necessário para provocar a ruptura
,
para
determinados níveis de temperatura e tensão
aplicados.
A relação
"tensão versus tempo de ruptura"
, à
temperatura
constante,
em
diagrama
bi-logarítmico, pode ser aproximada por uma
linha reta que contém pontos de inflexão quando
ocorrem sensíveis mudanças microestruturais no
material metálico devido a solicitação em altas
temperaturas.
Influência da tensão e da temperatura
no comportamento em fluência:
>
tensão e/ou temperatura >
deformação <
tempo de vidaA e Q são ctes. do material. Q é a energia de ativação da fluência
Resistência à Fluência
A resistência à fluência
corresponde,
portanto,
ao nível de tensão que causa
uma determinada velocidade mínima de
fluência.
A resistência à ruptura por fluência
se
refere à
tensão que conduz a uma
determinada vida sob fluência
.
Ambas são definidas para
níveis
Ligas metálicas resistentes à
fluência
Os mecanismos usados para aumentar a resistência à fluência são semelhantes aqueles usados para aumentar a resistência mecânica a temperatura ambiente, ou seja:
Endurecimento por solução sólida
Endurecimento por solubilização e
precipitação (de partículas de segunda fase muito finas)
Exemplos de Máxima temperatura
de uso de alguns metais
Metal Temp.Fusão(oC) Máxima T
uso(oC) Máxima T na prática (oC) Al 660 350 0,56 Cu 1083 630 - Ni 1453 880 0,74 Fe 1536 930 0,47-0,57 Ti 1668 1020 0,4 Zr 1852 1150 -
Máxima temperatura de uso de
alguns metais ( continuação)
Metal Temp.Fusão (oC) Máxima T uso (oC) Máxima T na prática (oC) Cr 1900 1180 0,6 Hf 2222 1370 - Nb 2468 1550 0,54 Mo 2610 1650 - Ta 2996 1910 - W 3410 2160 0,76
Fluência para Cerâmicas
Uma das vantagens das cerâmicas sobre os
metais é a sua habilidade em suportar temperaturas de serviço tão altas como 1650oC.
A resistência à temperatura das cerâmicas é
caracterizada por diversas propriedades térmicas como resistência à fluência, expansão térmica, condutibilidade térmica e resistência ao choque térmico.
Fluência para Cerâmicas
Alguns exemplos:
Para cerâmicas estruturais, especialmente
Si3N4 prensado a quente, a taxa de fluência pode ser controlada ajustando a composição que definem as propriedades das fases dos contornos de grão.
A resistência à fluência do SiC também é
afetada pelas fases intergranulares, mas as taxas de fluência desse material são baixas.
Fluência para Cerâmicas
A capacidade calorífica e a condutibilidade térmica
também devem ser consideradas para aplicações de cerâmicas em altas temperaturas, pois essas duas propriedades indicam resistência a tensões térmicas. Para óxidos e carbonetos, a capacidade calorífica aumenta com a temperatura até 1000oC.
Para temperaturas superiores, pouco efeito se nota na capacidade calorífica. Para os vidros e os vitro-cerâmicos, nota-se o mesmo efeito, ou seja a capacidade calorífica aumenta com o aumento da temperatura.
Fluência para polímeros e
compósitos
Os plásticos e compósitos podem ser usados
numa larga faixa de temperatura. Porém quase todas as propriedades dos plásticos, incluindo as propriedades físicas, mecânicas, elétricas e químicas são dependentes da temperatura.
Portanto, a temperatura é um parâmetro
Fluência para polímeros e
compósitos
Polímeros: TERMOFIXOS & TERMOPLASTICOS Os termofixos usualmente tem maior resistência
à temperatura que os termoplásticos, devido ao seu alto grau de ligações cruzadas.
Entretanto, eles são substituídos pelos termoplásticos de engenharia resistentes a altas temperaturas, tais como o poli-éter-éter-cetona (PEEK) ou o poli-sulfeto de fenileno (PPS). Esses materiais tem a vantagem de serem moldáveis por injeção.
Fluência para polímeros e
compósitos
Embora novas resinas epoxies possam ser
usadas a temperaturas contínuas de 100 a 180oC, seu uso na prática é limitado a 150oC.
Poli-imidas termofixas são usadas em
composições para altas temp, reforçadas com fibras de grafite na faixa de 260 a 290oC.
Polímeros cristais líquidos sem reforço (LCPs),
baseados em poliésters aromáticos, possuem boas propriedades mecânicas até temperaturas da ordem de 300oC.
Fluência para polímeros e
compósitos
LCPs injetáveis ou extrudáveis são também
utilizadas no processamento de equipamentos resistentes a altas temperaturas e a produtos químicos e na confecção de componentes eletrônicos, como conectores e soquetes.
LCPs, baseados em poliésters aromáticos
possuem um potencial para a confecção de compósitos avançados, principalmente usando grafita na forma de tecido, como reforço.