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J. Pediatr. (Rio J.) vol.93 número1

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Academic year: 2018

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JPediatr(RioJ).2017;93(1):6---16

www.jped.com.br

ARTIGO

DE

REVISÃO

Therapeutic

play

to

prepare

children

for

invasive

procedures:

a

systematic

review

,

夽夽

Rosalia

Daniela

Medeiros

da

Silva

a,∗

,

Silvia

Carréra

Austregésilo

a

,

Lucas

Ithamar

a

e

Luciane

Soares

de

Lima

a,b

aUniversidadeFederaldePernambuco(UFPE),ProgramadePós-Graduac¸ãoemSaúdedaCrianc¸aedoAdolescente,Recife,PE,

Brasil

bUniversidadeFederaldePernambuco(UFPE),ProgramadePós-Graduac¸ãoemEnfermagem,Recife,PE,Brasil

Recebidoem2demaiode2016;aceitoem11demaiode2016

KEYWORDS Children;

Playandplaythings; Anxiety;

Behavior; Hospitalcare

Abstract

Objective: Toanalyzetheavailableevidenceregardingtheefficacyofusingtherapeuticplay onbehaviorandanxietyinchildrenundergoinginvasiveprocedures.

Datasource: ThesystematicreviewsearchwasperformedintheMEDLINE,LILACS,CENTRAL andCINAHLdatabases.Therewasnolimitationontheyearorlanguage.

Synthesisofdata: Theliteraturesearchfound1892articlesandselected22forfullreading. Eightarticleswereexcluded,astheydidnotaddresstheobjectivesassessedinthisreview. Twelvestudies,representing14articles,wereincluded.Thestudieswereconductedbetween 1983and2015,fiveinBrazil,oneintheUnitedStates,fiveinChina,oneinLebanon,onein Taiwan,andoneinIran.Moststudiesshowedthatinterventionwiththerapeuticplaypromotes reductioninthelevelofanxietyandpromotescollaborativebehaviorandacceptanceofthe invasiveprocedure.

Conclusions: Evidencerelatedtotheuseoftherapeuticplayonanxietyandbehaviorof chil-drenundergoinginvasiveproceduresisstillquestionable.Theabsence,inmoststudies,ofthe creationofarandomsequencetoassignthesubjectstoeitherthecontrolorthe experimen-talgroup,aswellasallocation concealment,arefactorsthatcontributetothesequestions. Anotherissuethatcharacterizesanimportantsourceofbiasistheabsenceofblinded evalua-tors.Itisnecessarytoperformfurtherstudiesthatwilltakeintoaccountgreatermethodological stringency.

©2016SociedadeBrasileiradePediatria.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Thisisanopen accessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/ 4.0/).

DOIserefereaoartigo:

http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2016.06.005

Comocitaresteartigo:SilvaRD,AustregésiloSC,IthamarL,LimaLS.Therapeuticplaytopreparechildrenforinvasiveprocedures:

asystematicreview.JPediatr(RioJ).2017;93:6---16.

夽夽EstudovinculadoàUniversidadeFederaldePernambuco(UFPE),Recife,PE,Brasil.

Autorparacorrespondência.

E-mail:rosaliadaniela@hotmail.com(R.D.Silva).

(2)

Therapeuticplaytopreparechildrenforinvasiveprocedures 7

PALAVRAS-CHAVE Crianc¸a;

Jogosebrinquedos; Ansiedade;

Comportamento; Assistênciahospitalar

Brinquedoterapêuticonopreparodecrianc¸asparaprocedimentosinvasivos:revisão sistemática

Resumo

Objetivo: Revisar,deformasistemática,asevidênciasemrelac¸ãoàeficáciadousodobrinquedo terapêutico sobreocomportamento eaansiedadedecrianc¸as submetidasaprocedimentos invasivos.

Fontesdosdados: AbuscadarevisãosistemáticafoiefetuadanasbasesMedLine,Lilacs, Cen-traleCinahl.Nãohouvelimitac¸ãoquantoaoanoouidioma.

Síntesedosdados: Na busca de literatura foram encontrados 1.892 artigos e selecionados 22paraleituraintegral.Foramexcluídos8quenãorespondiamaosobjetivosavaliadosnesta revisão.Foramincluídos12estudos,correspondentesa14artigos.Osestudosforamconduzidos entre1983e2015,cinconoBrasil,umnosEstadosUnidos,cinconaChina,umnoLíbano,um emTaiwaneumnoIrã.Amaioriadosestudosmostrouqueaintervenc¸ãocombrinquedo tera-pêuticopromovereduc¸ãononíveldeansiedadeefavoreceumcomportamentodecolaborac¸ão eaceitac¸ãodoprocedimentoinvasivo.

Conclusões: As evidências relacionadasao uso dobrinquedo terapêutico sobre aansiedade ecomportamentodecrianc¸assubmetidasaprocedimentosinvasivosaindasãoquestionáveis. Aausência,namaioriadosestudos,deumagerac¸ãodesequênciaaleatóriaparadirecionamento dossujeitosparaosgruposcontroleouexperimentaledosigilodealocac¸ãosãofatoresque contribuemparaessequestionamento.Umaoutra questãoquecaracterizaimportantefonte deviéséonãocegamentodosavaliadores.Sefazemnecessáriasnovaspesquisasquelevem emconsiderac¸ãoummaiorrigormetodológico.

©2016SociedadeBrasileiradePediatria.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigo OpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4. 0/).

Introduc

¸ão

O grau de compreensãoda crianc¸asobre o procedimento ao qual ela será submetida pode estar relacionado com período de estresse e inseguranc¸a que ela venha apre-sentar. O comportamento pode variar conforme a faixa etária,oambiente,pessoasestranhaseprocedimentos inva-sivosvivenciadospelasprópriascrianc¸asouobservadosem outras. Esses fatores contribuem para o desenvolvimento de reac¸ões desagradáveis, como o medo, a ansiedade e a resistência aos procedimentos. A hospitalizac¸ão signi-fica agressão a seu mundo lúdico e mágico e, por isso, requerdoprofissionalqueaassisteacompreensãodomundo infantil.1,2

Oestresseexcessivoe aansiedadevividosporcrianc¸as podecomprometerasuasaúdefísicae fisiológica, dificul-tarasuacapacidadedelidarcomprocedimentosmédicos, causar mudanc¸as em seu comportamento e prejudicar a sua recuperac¸ão da doenc¸a. Portanto, há uma necessi-dadeimperiosaparainvestigadoresclínicosdedesenvolver, implantar e avaliar intervenc¸ões que possam minimizar a ansiedadeinfantilemelhorarasuacapacidadedelidarcom oestressedahospitalizac¸ãoeosprocedimentosinvasivos.3

Ao longodas últimas décadas, numerosos estudosque abordamcuidadosdesaúdecomascrianc¸asabordaram dife-rentesmétodosdeintervenc¸õeseducativasantesoudurante a hospitalizac¸ão, quando feitos procedimentos médicos cirúrgicoseinvasivos.4---9

A necessidade de brincar não é eliminada quando as crianc¸as adoecem ou são hospitalizadas, pelo contrá-rio, a crianc¸a que pode brincar poderá sentir-se mais

segura durante o transoperatório mesmo em um ambi-ente estranho.10 Uma vertente das atividades do brincar

é o brinquedo terapêutico, que confere uma brincadeira estruturada, a qual segue os princípios da ludoterapia e apresentaobjetivosespecíficos aseremalcanc¸ados.Oseu usopossibilitaoalíviodaansiedadecausadapor experiên-ciasatípicasparaaidade,quecostumamseconfigurarcomo ameac¸adoras,oquerequerumaintervenc¸ãoquefavorec¸a oenfrentamentopelacrianc¸a/famíliaqueserásubmetidaa umprocedimentoinvasivodealtacomplexidade.11

Estudostêmmostradoosbenefícios dobrinquedo tera-pêuticonareduc¸ãodaansiedadeedadorpós-operatóriaem crianc¸ashospitalizadas.12Ensaiosclínicostêmdemonstrado

osefeitos positivos daintervenc¸ão brinquedo terapêutico sobre a ansiedade perioperatória, a dor pós-operatória e ocomportamento negativo em crianc¸as quese submetem aprocedimentoscirúrgicos.7,9

Assim,paracontribuirparaoconhecimentoem relac¸ão ao uso do brinquedo terapêutico, que é uma importante estratégiaaser usada na assistênciaà crianc¸a,essa revi-sãoteve como objetivo revisar, de forma sistemática, as evidênciasemrelac¸ãoaeficáciadousodobrinquedo tera-pêuticosobreocomportamentoeaansiedadedecrianc¸as submetidasaprocedimentosinvasivos.

Método

(3)

8 SilvaRDetal.

acessado por meio do link (http://www.crd.york.ac.uk/ PROSPERO/displayrecord.asp?ID=CRD42016035878). Este artigo foi escrito conforme recomendac¸ões do Preferred ReportingItemsforSystematicReviewsandMeta-Analyses

(Prisma)pararedigirrevisõessistemáticas.13

Entre novembrode 2015 e fevereiro de2016, fez-se a revisãosistemáticadaliteraturaapartirdabuscanasbases dedadosMedLine,Lilacs,CentraleCinahl.

Paracada portaldepesquisa, foielaboradauma estra-tégia específica de cruzamento dos descritores ou das palavras-chavepararecuperac¸ãodeassuntosdaliteratura científica.

Na MedLine, via portal de busca Pubmed, foi apli-cada a estratégia de busca com a sintaxe: ((‘‘Child, Preschool’’[Mesh] OR ‘‘Child, Hospitalized’’[Mesh] OR ‘‘Child’’[Mesh] OR ‘‘Children’’[Mesh]) AND (‘‘Play and Playthings’’[Mesh] OR ‘‘Play Therapy’’[Mesh] OR ‘‘Therapeutic Play’’[Mesh]) AND (‘‘Nurses’’[Mesh] OR ‘‘Speech’’[Mesh] OR ‘‘Pediatric Nurse Practitioners’’ [Mesh] OR ‘‘Pain Management’’[Mesh] OR ‘‘Child Behavior’’[Mesh] OR ‘‘Psychology, Child’’[Mesh] OR ‘‘Surgery’’[Mesh]OR‘‘Pediatricsurgeryprocedure’’[Mesh] OR‘‘PreoperativeCare’’[Mesh])).

NaLilacsfoiusada aestratégia:‘‘CRIANC¸A’’ OR ‘‘PRE--ESCOLAR’’ AND(jogose brinquedos) OR(Terapia através dobrinquedo) OR (Brinquedoterapêutico) AND (Enferma-gem perioperatória) OR (Humanizac¸ãoda assistência) OR Comunicac¸ãoOR(EnfermagemPediátrica)OR(Mediac¸ãoda dor) OR (Comportamento Infantil) OR (Psicologiada Crianc¸a)OR(CuidadosPré-Operatórios)OR(Procedimentos Clínicos) OR (Cirurgia) OR (Cirurgia pediátrica) OR (Ludoterapia).

Na Central e Cinahl: ((‘‘Child, Preschool’’ OR ‘‘Child, Hospitalized’’OR‘‘Child’’OR‘‘Children’’)AND(‘‘Playand Playthings’’ OR ‘‘Play Therapy’’ OR ‘‘Therapeutic Play’’) AND(‘‘Nurses’’OR‘‘Speech’’OR ‘‘PediatricNurse Practi-tioners’’OR‘‘PainManagement’’OR‘‘ChildBehavior’’OR ‘‘Psychology,Child’’OR‘‘Surgery’’ OR‘‘Pediatricsurgery procedure’’OR‘‘PreoperativeCare’’)).

Localizadososartigos,aplicaram-seoscritériosde elegi-bilidade,selec¸ãoeexclusão.Foramconsideradoselegíveis artigos originais(ensaios clínicos e estudos quase experi-mentais) que tivessem crianc¸as pré-escolares e escolares como populac¸ão de estudo e que usassem o brinquedo terapêutico como intervenc¸ão para o preparo da crianc¸a submetidaaprocedimentosinvasivos.Foramexcluídos resu-mos de congresso, teses, dissertac¸ões, carta ao editor e aquelesnãocondizentescomoquestionamentodoestudo. Nãohouvelimitac¸ãoquantoaoanoouidiomadepublicac¸ão. Inicialmentefoifeitaaleituradostítulosdosartigose, apósaexclusãodaquelesquenãoatendiamaoscritériosde elegibilidade,procedeu-seàanálisedosresumosdeacordo comosmesmoscritérios.Essasetapasforamfeitasdeforma independentepor duas autoras destarevisão sistemática. Emcasodediscordâncianaexclusãodosresumos,optou-se pelaleituraintegraldosartigos.

Após a leitura na íntegra, foi feita nova exclusão de acordocomos mesmoscritériosde selec¸ãodoestudo. As discordânciasforamresolvidasporconsensoouporconsulta aumterceirorevisor.Foi usadoparaa extrac¸ão dedados umformuláriopadronizadoelaboradopelasautoras.

Ojulgamentoquantoaoriscodeviésfoifeitoemduas partes.Aprimeirareferiu-seàdescric¸ãodoquefoirelatado emcadaestudo,emdetalhessuficientesparaqueo julga-mentofossefeitocombasenessasinformac¸ões.Asegunda parteconsistiunojulgamentoquantoaoriscodeviéspara cadaumdosparâmetrosanalisados,foramclassificadosem trêscategorias:baixoriscodeviés,altoriscodeviéseviés incerto, seguindoorientac¸õesda ferramentadesenvolvida pela Colaborac¸ão Cochrane para avaliac¸ão de risco de viésdeensaiosclínicosrandomizados.14,15

Resultados

Foramencontrados 1.892artigos,1.052 na base dedados Medline,95na Central,722naCinahle 23naLilacs. Des-ses, 1.861 foram excluídos por não atender aos critérios deelegibilidadee10foramdescartadosporestar duplica-dos.Após leiturana íntegrade21artigos,restaram como amostrafinal destarevisão12estudos,correspondentes a 14artigos,tendoemvistaqueummesmoestudogeroutrês publicac¸ões. Afigura 1 mostra o processo de selec¸ão dos artigos.

Dos14artigos,10foramensaiosclínicosrandomizadose quatroquaseexperimentais. Osestudosforamconduzidos entre1983e2015nosseguintespaíses:cinconoBrasil,um nosEstadosUnidos,cinconaChina,umnoLíbano,umem TaiwaneumnoIrã.Osestudosforamfeitosemhospitaisde grandeepequenoporte.Aidadedosparticipantes compre-endeu entre3e 15 anos (938participantes). Informac¸ões detalhadasdos artigos incluídosnestarevisão estão apre-sentadasnatabela1.

Nesta revisão, todos os estudos usaram o brinquedo terapêutico para preparar crianc¸as que seriam sub-metidas a procedimentos invasivos. Os materiais e as estratégias usados nas sessõesforam diversos,tais como: bonecos representativos com tamanho semelhante ao da crianc¸a,9,16---19 boneca(o),20---22 objetos hospitalares,20---25

contac¸ão de histórias, jogo de interpretac¸ão, livro de colorir com cada etapa do processo de tratamento, mol-dagem de barro, pintura,jogo de vídeo game e desenho animadoprojetadonotetodasaladetratamentoduranteo procedimento,26 vídeosobreacirurgiacomfotosdo

ambi-entedasaladeoperac¸ão,atividadeslúdicascomousode brinquedos,jogos,livros,gibis,filmes,televisãoemateriais paradesenho7,27 edemonstrac¸ãocomousodefantoches.7

Umestudotambémsolicitouqueacrianc¸alevasseseu/sua boneco(a) favorito(a).26 A durac¸ão de cada sessão com o

brinquedoterapêuticovariouentre15minutosaumahora. Além disso, alguns estudos incluíram também a visita às salas de recepc¸ão, induc¸ão anestésica, operac¸ão e de recuperac¸ão,mimetizaramtodooprocessodetratamento, desde a entrada da crianc¸a no hospital até a sala de cirurgia.9,16---19 Em 10artigosascrianc¸asforamsubmetidas

acirurgiaeletiva.7,9,16---20,24,25,27Outrosprocedimentosforam

radioterapia,26 vacina,22 coleta de sangue21 e tratamento

odontológico.23

(4)

Therapeuticplaytopreparechildrenforinvasiveprocedures 9

14 artigos incluídos na revisão

Artigos excluídos (7) - Anais de congresso (1) - Considerações metodológicas (1) - Desfecho avaliado nos pais (1)

- Avaliação de escala emocional (1) - Nota sobre a pesquisa (1) - Criança não submetida a procedimento invasio (1) - Carta ao editor (1) 21 resumos selecionados para

leitura integral do texto

Inclusão

Elegibilidade

Seleção

Identificação 1.892 artigos encontrads

1.775 excluídos após leitura de títulos

31 artigos 117 artigos

10 artigos duplicados

86 excluídos após leitura de resumos Central

95 resultados

Cinahl 722 resultados

Lilacs 23 resultados

Medline 1.052

Figura1 Fluxogramarepresentativodasetapasdeselec¸ãodosartigosincluídosnarevisãosistemática.

analisaram comportamento4,7,20---22,24 e quatro analisaram

ambososdesfechos.9,16,18,25

Outrosdesfechosanalisadosdiziamrespeitoaoefeitodo brinquedoterapêutico pormeiodeanálisede indicadores fisiológicos,comofrequênciacardíaca,23,26pressãoarterial

epulso7eníveldecortisolsalivar.26Ademais,oníveldedor

pós-operatóriafoiavaliadoemtrêsartigos,9,18,25asatisfac¸ão

eansiedadedospaistambémforamverificadas.9,16,19

Para analisaro nível deansiedade diversos instrumen-tos foram usados, em sua maioria escalas que incluíram a Chinese version of the state anxiety scale for chil-dren(CSAS-C),9,16,18,19 SpielpergerState Anxiety Scalefor

children (SSAS-c),17 Face Anxiety Scale (FAS), Beck Youth

Anxiety Inventory (BAI-Y),26 State Anxiety Scale for

chil-dren(SAS-c)25eEscaladeAnsiedadePré-OperatóriadeYale

modificada(YPAS).27

O momento de verificac¸ão dos desfechos variou nos 12estudos.Amaioriaverificouanteseapósoprocedimento cirúrgico.Outrosestudosverificaramnaadmissãoedurante ainjec¸ãoanestésicapré-operatória.Umestudoavaliouduas semanasdepois.7Outrosmomentosforamduranteapunc¸ão

venosa,feituradecurativo,induc¸ãoanestésica,retiradade fiosdemarcapasso,examefísico,dentreoutros.

Para análise do comportamento foram usados os seguintes instrumentos de medidas: Cooperation scale e

Manifestupsetscale,7,23Children’sEmotionalManifestation

Scale,9,16,18,25 formulárioelaboradopelopesquisador,20,21,24

EscalaWongeBaker20eentrevistacomoresponsável.22

Quanto à qualidade metodológica dos artigos, apenas um estudo gerou a sequência de alocac¸ão nos grupos de maneiraverdadeiramentealeatóriacomousodosoftware

Research Randomizer (Urbaniak. G.C.,& Plous. S. (2013). Research Randomizer (versão 4.0) from http://www.

randomizer.org/)egarantiuosigilopormeiodousode enve-lopesopacos, demesmotamanhodentrodeumacaixa, e osparticipantesforamavisadosportelefone.25Quatro

arti-gosfizeramusodemétododerandomizac¸ãosimples,com osorteiodebolas identificadascom grupoexperimentale outracomgrupocontrole---tirava-seumaparacadacrianc¸a esecolocavadevoltanosaco.9,16,17,19Osdemaisque

fize-ramensaioclíniconãoinformaramométodousadoparaa randomizac¸ão.

Nãohouvecegamentodosparticipantesemnenhumdos estudos, visto que não seria necessário considerando a naturezadaintervenc¸ão(brinquedoterapêutico).Jáo cega-mentodoavaliadorfoifeitoemcincoestudos.7,16,17,23,25Em

relac¸ãoàperdaamostral,somenteumestudoapontoupara isso18eusouaanáliseestatísticaapropriadadeformaclara.

Damesmaforma,apenasumapresentoupublicac¸ãode pro-tocoloreferenteàpesquisa,disponívelonline.25

Ansiedade

Nesta revisão os artigos que analisaram a efetividade dobrinquedo terapêutico na ansiedade perioperatória de crianc¸assubmetidasaprocedimentosmédicosinvasivos fize-ramusodediferentesinstrumentosdemedida.Dosquatro artigosquesepropuseramaverificarapenasoefeitosobre a ansiedade, fizeram tal verificac¸ão por meio da medida de ansiedade da crianc¸a antes e após o procedimento cirúrgico.9,16,17,19 outro estudo verificou na admissão e

duranteainjec¸ãoanestésicapré-operatória.7

(5)

10

Silva

RD

et

al.

Tabela1 Síntesedosartigos

Autor,anode publicac¸ão elocal

Populac¸ãodo estudoetamanho daamostra

Delineamento doestudo

Estratégiaemateriaisusados, durac¸ãoemomentoda(s)sessão(s) debrinquedoterapêutico

Desfechoavaliadoemétodo deavaliac¸ão

Resultados

Bruceetal.(1983) EUA

45crianc¸asde3 a4anos, submetidasa extrac¸ãoe restaurac¸ãodental

Experimental •Objetoshospitalares.Paise crianc¸asatuavamcomopaciente eprofissionalesimulavamo procedimento

•Umasessãode20-25minnodia anterioraoprocedimento

•Cooperac¸ão,comportamento negativoefrequênciacardíaca

ManifestUpsetScaleCooperationScale

•Monitoramentodafrequência cardíacapor2min

OGErelacionadoaoprocedimento foimaiscooperativodoqueos outrosdoisgrupos

Lietal.(2007)16,a China

203crianc¸asde7 a12anos submetidasa cirurgiaeletiva eseuspais

Experimental •Visitaàssalasderecepc¸ão, induc¸ãoanestésica,operac¸ão ederecuperac¸ão

•Bonecorepresentativocom tamanhosemelhanteaodacrianc¸a

•Representac¸ãodaobtenc¸ãodos sinaisvitais,induc¸ãoanestésica epunc¸ãovenosa

•Umasessãodeumahorauma semanaantesdoprocedimento

•Ansiedadedacrianc¸aedospais, comportamentoemocional duranteainduc¸ãoanestésica,dor pós-operatóriaesatisfac¸ão dospais

ChineseversionoftheState

AnxietyScaleforChildren

(CSAS-C)

ChineseversionoftheState

AnxietyScaleforAdults

Children’sEmotional

ManifestationScale(CEMS)

Visualanaloguescale(VAS)

Osescoresdeansiedadeforam maisbaixos,ocomportamento negativomenosfrequenteemaior graudesatisfac¸ãodospaisnoGE

Vaezzadehetal. (2011)17 Iran

122crianc¸as7e 12anos, submetidasa cirurgiaeletiva

Experimental •Visitaàssalasderecepc¸ão, operac¸ãoerecuperac¸ão

•Demonstrac¸ãoemummanequim pediátricocomtamanhosimilara deumacrianc¸ade6-8anos

•Ascrianc¸asmanuseavamos equipamentosedepois

demonstravamosprocedimentos noboneco

•Umasessãodeumahora,umdia antesdacirurgia

•Ansiedade

SpielbergerStateAnxietyScale

forchildren(SSAS-c)

Houveumamaiorreduc¸ãona médiadoescoredeansiedade noGEnopré-operatório (31,44±5,87)doquenoGC (38,31±7,44)

Yu-Lietal.(2013) Taiwan

19crianc¸asde3 a15anos submetidasa radioterapia

Experimental •Contac¸ãodehistória,jogode interpretac¸ãodepapéis,livrode colorircomcadaetapadoprocesso detratamento.Bonecadacrianc¸a, moldagemdebarro,pintura,jogos devídeoedesenhosanimados projetadosnotetodasalade tratamentodurantearadioterapia. Umasessãode15-20minpordia, todasastardedesegundaasexta

•Ansiedade

TheFacesAnxietyScale(FAS)

BeckYouthAnxietyInventory

(BAI-Y)

•Frequênciacardíaca

•Diferenc¸asnaconcentrac¸ão decortisol

(6)

Therapeutic

play

to

prepare

children

for

invasive

procedures

11

Tabela1 (Continuac¸ão)

Autor,anode publicac¸ão elocal

Populac¸ãodo estudoetamanho daamostra

Delineamento doestudo

Estratégiaemateriaisusados, durac¸ãoemomentoda(s)sessão(s) debrinquedoterapêutico

Desfechoavaliadoemétodo deavaliac¸ão

Resultados

Ruschel(1995) Brasil

60crianc¸asde3 a10anos submetidasà cirurgia decardiopatia congênita

Quase expe-rimental

•Materiaisreferentesaoscuidados préepós-operatórios.Boneco,fios desutura,agulhas,pinc¸as

etesouras

•Simulac¸ãodacirurgiacomboneco

•Atitudedacrianc¸afrente adiversosprocedimentos

•Formulário

Houvesignificânciaestatística (p<0,05)nosmomentos:acordar tranquilo,cooperac¸ãodurantea realizac¸ãodeprocedimentos, aceitaraausênciadamãe erestric¸ãohídrica Heetal.(2015)25

China

95crianc¸asde6 a14anos submetidasà cirurgiaeletiva

Experimental •Vídeosobreacirurgiacomfotos doambientedasaladeoperac¸ão. Demonstrac¸ãocombonecados procedimentospré-operatórios. Demonstrac¸ãopelacrianc¸a

•Manualcomosobjetosmédicose equipamentosusadosdurantea cirurgia.Umasessãodeumahora trêsasetediasantesdo

procedimento

•Ansiedadeperioperatória, manifestac¸ãoemocionalnegativa edorpós-operatória

StateAnxietyScaleforChildren

(SAS-C)

Children’sEmotional

ManifestationScale(CEMS)

TheNumericRatingScale(NRS)

•Prontuário

OGEapresentoumenos comportamentoemocional negativoantesdainduc¸ão anestésica,baixosníveis deansiedadeemenosdor pós-operatória

KicheeAlmeida (2009)20 Brasil

34crianc¸asde3 a10anos submetidasa cirurgiasde pequenoemédio porte

Quase expe-rimental

•Boneca,sorofisiológico,gaze, esparadrapo,máscaras,tesoura, pinc¸asdecurativo,luvas,talase outrositensespecíficosdeacordo comocurativodacrianc¸a

•Duassessões,umaapósocurativo easegundanooutrodia,antesdo curativo

•Comportamentosque evidenciassemaaceitac¸ãoe adaptac¸ãoaoprocedimento

•Formulário

•EscalaWongeBaker

Oscomportamentosque evidenciammenoraceitac¸ão eadaptac¸ãoaoprocedimento reduzirameosqueevidenciam maioraceitac¸ãoeadaptac¸ão aumentaramapósasessãocom BrinquedoTerapêutico

Ribeiroetal. (2001)21 Brasil

42crianc¸asde3a 6anossubmetidas acoletadesangue

Quase expe-rimental

•Boneco,seringa,tubodeensaio, algodão,esparadrapo.Escalpecom umcateterefrascocomlíquido vermelho

•Umasessãoantes doprocedimento

•Comportamentodurantea coletadesangue

•Formulário

OGEapresentoucomportamentos de‘‘agressão,expressãoverbal, movimentac¸ãodocorpo, expressãodeemoc¸ãoe

(7)

12

Silva

RD

et

al.

Tabela1 (Continuac¸ão)

Autor,anode publicac¸ão elocal

Populac¸ãodo estudoetamanho daamostra

Delineamento doestudo

Estratégiaemateriaisusados, durac¸ãoemomentoda(s)sessão(s) debrinquedoterapêutico

Desfechoavaliadoemétodo deavaliac¸ão

Resultados

Pontesetal. (2015)22 Brasil

60crianc¸asde3a 6anossubmetidas avacina

Quase expe-rimental

•Boneca,seringasdescartáveis, agulhas,algodãoeadesivos parapunc¸ãovenosa

•Umasessãode20minutosantes davacinac¸ão

•Reac¸õesdacrianc¸a

•Observac¸ãoduranteavacinac¸ão

•Entrevistacomoresponsável

OGEapresentoumaisreac¸ões de‘‘ficarquieta’’e‘‘colaborar espontaneamente’’;os

comportamentosde‘‘empurrar’’, ‘‘agarrar-seaospais’’,‘‘pedir colo’’e‘‘rigidezmuscular’’foram menospresentes

Oscomportamentosde‘‘chorar’’, ‘‘agarrar-seaospais’’,‘‘rubor facial’’e

‘‘movimentar-se/agitar-se’’ estiverammaispresentesnoGC Lietal.(2014)18

China

108crianc¸asde7 a12anos admitidaspara cirurgiaeletiva

Experimental •Visitaàsaladeoperac¸ãoe apresentac¸ãodosequipamentos

•Demonstrac¸ãonasaladecirurgia comumbonecosobreosseguintes procedimentos.Explicadosobreo períododerecuperac¸ão

pós-anestésica

•Demonstrac¸ãopelacrianc¸ados procedimentosnaboneca

•Umasessãode1hora

•Ansiedade,respostasemocionais duranteainduc¸ãoanestésica esatisfac¸ãodospais

StateAnxietyScaleforchildren

andadults

Children’sEmotional

ManifestationScale

•Questionárioeentrevista semiestruturada

OGEapresentoumenornívelde ansiedade,demonstroumenos emoc¸õesnainduc¸ãoanestésicae seuspaisdecrianc¸asdogrupo reportarammaissatisfac¸ãoapósa cirurgia

Weber(2010)27 Brasil

50crianc¸asde5 a12anos submetidasa cirurgia

Experimental •Atividadeslúdicascomousode jogos,brinquedos,livros,gibis, filmes,televisãoemateriaispara desenho

•Umasessão15minutosapósa entradanoCentroCirúrgico Ambulatorial,comdurac¸ão de15minutos

•Níveldeansiedade

•Observac¸ãoaoentrarnocentro cirúrgicoe15minutosapósa entradanasala

•EscaladeAnsiedade

Pré-operatóriadeYalemodificada

(8)

Therapeutic

play

to

prepare

children

for

invasive

procedures

13

Tabela1 (Continuac¸ão)

Autor,anode publicac¸ão elocal

Populac¸ãodo estudoetamanho daamostra

Delineamento doestudo

Estratégiaemateriaisusados, durac¸ãoemomentoda(s)sessão(s) debrinquedoterapêutico

Desfechoavaliadoemétodo deavaliac¸ão

Resultados

Zahr(1998)7 Líbano

100crianc¸asde3a 6anossubmetidas acirurgiaeletiva

Experimental •Materiaisparapintura,bonecos, quebra-cabec¸asebicicletas

•Demonstrac¸ãocomfantoches dasequênciadeeventosdesdea admissão,cirurgiaatéaalta

•Acrianc¸aeraencorajadaa brincar,manusearoequipamento ereapresentarapec¸a

•Umasessão,feitaumdiaantes doprocedimento

•Comportamento,pressão arterialepulso

ManifestUpsetScale

CooperationScale

Post-HospitalBehavior

Questionnaire(PHBQ)

Crianc¸asdoGEficarammais calmasdoqueasdoGC (2,52±1,28vs3,76+---1,16, t=---5,08;p=0,001)

LieLopeza,19 (2008) China

203crianc¸asentre 7e12anosde idadesubmetidas acirurgia

Experimental •Visitaàssaladerecepc¸ão, induc¸ãoanestésica,cirurgia ederecuperac¸ão

•Demonstrac¸ãodeprocedimentos emumbonecocomtamanho semelhanteaodeumacrianc¸a

•Umasessãodeumahorauma semanaantesdoprocedimento

•Ansiedadedascrianc¸asedos paisesatisfac¸ãodospais

ChineseversionoftheState

AnxietyScaleforChildren

(CSAS-C)

ChineseversionoftheState

AnxietyScaleforAdults

ThePostoperativeParents’

SatisfactionQuestionnaire(PPSQ)

OGEapresentouescoresde ansiedadeestatisticamente inferioresnosperíodosprée pós-operatório(F[1,201]¼5,36, p<,02)ecomportamento negativoemmenorfrequênciado queasdoGCeseuspaismaior graudesatisfac¸ão

Lietal.a(2007b) China

203crianc¸asde7 a12anos submetidasà cirurgiaeletiva

Experimental •Visitaasaladerecepc¸ão,induc¸ão anestésica,cirurgia

ederecuperac¸ão

•Demonstrac¸ãodosprocedimentos emumboneco,comtamanho semelhanteaodeumacrianc¸a

•Ansiedade,comportamento dacrianc¸aeníveldedor pós-operatória

ChineseversionoftheState

AnxietyScaleforChildren

(CSAS-C)

Children’sEmotional

ManifestationScale(CEMS)

Visualanaloguescale(VAS)

Crianc¸asdoGEeseuspais apresentaramescoresde ansiedademaisbaixosnos períodospréepósoperatório (F[1,201]¼5,36,p<,02); comportamentonegativoem menorfrequência(t[201]¼ 5,4, p<0,001)eseuspaismaiorgrau desatisfac¸ão

GC,grupocontrole,GE,grupoexperimental.

(9)

14 SilvaRDetal.

estudonoqualforamusadasatividadeslúdicasnomomento queantecedeacirurgia,numasaladerecreac¸ão,numcurto períodode15minutos,éconstatadoque92%dascrianc¸as no grupo experimental passaram a não apresentar ansiedade.27

Ao analisar o efeito do tempo sobre os níveis de ansiedadeobservou-seumavariac¸ãopercentual estatistica-mentesignificativa(F=3,260,p<0,05)emambososgrupos, enquantonãohouveefeitodegrupoestatisticamente signi-ficativo(F=0,637,p>0,05)eefeitodeinterac¸ão(F=0,368, p>0,05), o que pôde ser confirmado por repetidas medi-das,apósoajusteparafatoresdeconfusãopossíveis,tais comosexo,idade,tipodecirurgia,pesocorporal,durac¸ão daoperac¸ãoeconsumodemedicac¸ãoparaador.

Comportamento

Todososartigosqueavaliaramcomportamentomostraram que crianc¸as do grupo experimental foram mais cola-borativas e apresentaram mais reac¸ões de aceitac¸ão ao procedimento quando comparadas com as do grupo con-trole. Sete estudos expressam esses resultados com uma diferenc¸aestatisticamentesignificativa(p<0,05).

Umestudoindicouqueaintervenc¸ãobrinquedo terapêu-ticoreduziusignificativamenteocomportamentoemocional negativo das crianc¸as antes da induc¸ão anestésica.9 No

estudodeZahr(1998),7ascrianc¸asdogrupoexperimental

indicarammenoscomportamentosnegativosdentrodeduas semanasapósacirurgia,comamudanc¸adecomportamento medido pelo Post Hospitalization Behavior Questionnaire

(PHBQ).

As crianc¸as do grupo experimental foram mais cola-borativas, gritaram, exigiram, negaram, choraram e movimentaram-semenosdoqueasdogrupocontrole.21No

quetangeàavaliac¸ãodocomportamentoemocional nega-tivo,pormeiodaescalaChildren’sEmotionalManifestation Scale(CEMS),outroestudoapontouquecrianc¸as dogrupo experimental tiveramescores médios de CEMS significati-vamente maisbaixos antesda induc¸ão anestésicado que aquelasnogrupocontrole(F=13,452,p<0,01).25

Crianc¸as que receberama intervenc¸ão brinquedo tera-pêuticoexibirammenosemoc¸õesnainduc¸ãodaanestésica com tamanho do efeito grande para a intervenc¸ão.18

Crianc¸asquereceberamaintervenc¸ãoexibiram comporta-mentoemocionalnegativo significativamentemenor antes dainduc¸ãoanestésica(t[201]¼---5,4,p<0,001).9

Discussão

Crianc¸as submetidas a procedimentos médicos invasivos sofremtodaasortedeestressepsicológicoefísico,assim comosuafamília.Muitasvezesoambientehospitalaraoqual acrianc¸aéexpostacostumaserassustador,ociclode ansi-edadeecomportamentodessacrianc¸aéalterado.28Então,

compreenderasmelhoresformasdeatenuaressaselevac¸ões negativasnessesfatoreséimprescindível.

Estaéaprimeirarevisãosistemáticasobreintervenc¸ão com brinquedo terapêutico com crianc¸as submetidas a diversos procedimentos invasivos e sem limite temporal para publicac¸ão dos estudos, tendo em vista que a revi-são publicada anteriormente sobre esse tema teve como

populac¸ão exclusivamente crianc¸as submetidas a cirurgia eletivaeincluiuartigospublicadosentre1995e2012,além derestringirtambémoidiomadepublicac¸ão.29

Osestudosincluídosnestapesquisaforamfeitosem paí-ses desenvolvidos e em desenvolvimento,em hospitais de grande epequenoporte,comcrianc¸as compreendidasem uma ampla faixa etária, submetidas a diversos procedi-mentosinvasivos, comocirurgiaeletiva, vacina,coletade sangue e tratamento odontológico. Isso mostra que o uso do brinquedo terapêutico em diversos cenários favorece uma comunicac¸ão efetiva com a crianc¸a, busca redu-zir a probabilidade de desenvolvimentode traumas, bem comopromoverumcomportamentocolaborativodiantede umprocedimentoinvasivo.

Percebe-seumadiversidadenosmateriaise estratégias usadosnas sessõesdebrinquedo terapêutico.Noentanto, dos14 artigos,13 usaramoboneco eobjetoshospitalares paraademonstrac¸ãoacrianc¸adoprocedimentonaqualela seriasubmetida.

Ousodessasferramentasestádeacordocomaafirmac¸ão de que, a partir do estágio pré-operacional, a crianc¸a comec¸aadesenvolveracapacidadedepensarsobre obje-tosefatosquenãoestãopresentesnoambienteimediato epassaarepresentá-lospormeiodefigurasmentais,sons, imagens,palavrasououtrasformas.Essanova capacidade permitequeelasultrapassemoslimitesdo‘‘aquieagora’’e comecemaentenderqueumaimagemmentalouideiapode representarumsímboloparaumobjetoouumaexperiência vivida.30

Cincoartigos9,16---19usaramnogrupoexperimental,além

dobrinquedoterapêutico, avisita àsalade recepc¸ão, de cirurgia,induc¸ãoanestésicaerecuperac¸ãocomoobjetivo depromover afamiliarizac¸ão dacrianc¸acom oambiente. Nessescasos, issopodeser consideradoumalimitac¸ão do estudo,poisaassociac¸ãodeoutramedidaterapêuticapode tersuperestimadooefeitodobrinquedoterapêuticona ansi-edadeenocomportamentodascrianc¸asdessesestudos.

Nãoexisteumapadronizac¸ãonaescolhadoinstrumento para análise da ansiedade e comportamento de crianc¸as. Amaioriadosestudosoptoupelousodeescalasvalidadas, oqueasseguraquesuaaplicac¸ãopermiteafielmensurac¸ão daquilo quesepretendemensurar.31 Ouso deindicadores

fisiológicos, como pressão arterial, frequência cardíaca e níveldecortisol,temumagrandeimportânciaparaagregar evidênciaquantoàsrepercussõesdousodobrinquedo tera-pêuticonoestadoemocionaldacrianc¸a.Entretanto,essas medidasforamusadasempoucosestudos.

Amaioriadosestudosconstatoumudanc¸as positivasno comportamentodascrianc¸asqueparticiparamdasessãode brinquedo terapêutico, como também reduc¸ão nos esco-resdeansiedadepós-intervenc¸ãoquandocomparadascom o grupo controle. No entanto, poucos estudos trouxeram aanáliseparamostrarsefoiestatisticamentesignificativa essadiferenc¸a.Algunsestudosapresentaramosresultados apenasemfrequênciasabsolutaserelativas,oquedificulta aavaliac¸ãosedefatoaintervenc¸ãofezdiferenc¸aounãona ansiedadeenocomportamentodacrianc¸a.

Dosnoveartigosqueavaliaramaansiedade,três9,18,23não

trouxeram informac¸ões suficientes sobre a randomizac¸ão eosigilodealocac¸ão,oquedificultaaanálisedoriscode viésemrelac¸ãoaessespontosedois26,27ofizeramdeforma

(10)

Therapeuticplaytopreparechildrenforinvasiveprocedures 15

estudado, um dos princípios fundamentais para ensaios clínicos é a randomizac¸ão dos sujeitos para proporcionar o máximo possível de homogeneidade entre os grupos e possibilitar a inferência de que as diferenc¸as avaliadas possamserdevidoaintervenc¸ão.32

Quatroartigosapresentarambaixoriscodeviésquantoà gerac¸ãodasequênciaealocac¸ãodossujeitos.Nessesentido, a ausência da gerac¸ão dasequência de formaadequada, bemcomoosigilodaalocac¸ão,comprometemasevidências trazidasporessesestudosparaessedesfechoeindicamum certograudeincertezanosachados.

Em relac¸ão ao desfecho comportamento, cinco estudos7,20---22,24 não fizeram a alocac¸ão dos sujeitos de

forma aleatória, o que impossibilitou que todos os parti-cipantes tivessem amesma probabilidade deseralocados emumdosgrupos(controleouintervenc¸ão).Tambémnão relataramsigilodealocac¸ão.Doisartigos18,23nãotrouxeram

informac¸õessuficientesemrelac¸ãoàgerac¸ãodasequência de randomizac¸ão dos sujeitos e sigilo de alocac¸ão, o que torna inviável a análise do risco de viés para esses parâmetros.Assim,sãoquestionáveisasevidênciastrazidas por esses estudos em relac¸ão aos efeitos do brinquedo terapêuticosobreocomportamentodecrianc¸assubmetidas aprocedimentosinvasivos.

Em intervenc¸ões educacionais, como é o caso do brinquedo terapêutico, é difícil fazer o cegamento dos participantes,33 pelofatodeosintegrantesdogrupo

expe-rimental terem a consciência de que a intervenc¸ão com brincadeiranãofazpartedocuidadousualdohospital.Em estudosnosquaisumgrupoésubmetidoaumaintervenc¸ãoe outroaocuidadousualderotinanãoépossívelocegamento dopesquisador ou doprofissional que fará aintervenc¸ão. A ausência decegamento dos participantes nãoconfigura importantefontedeviés,jáquenãoseesperaque, inten-cionalmente,umacrianc¸amudeoseucomportamentopor saberqueestásendoavaliadaoupelofatodeterparticipado dedeterminadaintervenc¸ão.

Em relac¸ãoao avaliador,é possívelfazerocegamento, masisso sóocorreu na avaliac¸ão pós-intervenc¸ão em dois estudosqueavaliaramapenascomportamento,7,23 umque

avaliouapenasansiedade19eoutroqueanalisouansiedadee

comportamento.25Aausênciadecegamentodosavaliadores

namaioriadosestudosconfiguraumriscodeviésalto,oque tornaasevidênciasquestionáveis.

Quantoaosdesfechosincompletos,amaioriadosestudos apresentouinformac¸õesinsuficientes paraavaliac¸ão desse risco, pois não deixaram claro se houve perda de dados, exceto18queavaliouansiedadeecomportamentoeregistrou

aperdadecincointegrantesnogrupointervenc¸ãoequatro noseguimento.Contudo,omotivonãofoiexplicadoe tam-poucohouveinformac¸ãosealgumajustefoifeitonaanálise queconsiderasseessasperdas.Heetal.(2015)25 avaliaram

ansiedadeecomportamentoeregistraramnãoterocorrido perdas durante a pesquisa, o que conferiu baixo risco de viés.Nesseponto,aanálisedeevidênciaficaincerta.

Possíveis riscos à validade em estudos de intervenc¸ão com crianc¸as têm sido discutidos na literatura, den-tre osquais destacam-se: insuficientepoder estatístico,34

pouca preocupac¸ão com a confiabilidade e validade de instrumentos de medic¸ão,35 verificac¸ão insuficiente

de uma intervenc¸ão,36 falta de minimizar o viés de

atrito,37 incapacidade de controlar viés do observador8 e

incapacidadedegarantiraintegridadeeauniformidadede tratamento.38

Conclusão

Asevidênciasrelacionadasaousodobrinquedoterapêutico sobreaansiedadeecomportamentodecrianc¸assubmetidas aprocedimentosinvasivosaindasãoquestionáveis.A ausên-cia,namaioriadosestudos,deumagerac¸ãodesequência aleatóriaparadirecionamento dossujeitos paraosgrupos controlee experimental e do sigilode alocac¸ão são fato-resquecontribuemparaessequestionamento.Umaoutra questãoquecaracteriza importantefonte deviésé o não cegamentodosavaliadores.

Dessaforma,sefazemnecessáriasnovaspesquisasque levememconsiderac¸ãoummaiorrigormetodológico, prin-cipalmentenoqueserefereàalocac¸ãodossujeitos,aouso deinstrumentosvalidadoseaocegamentodoavaliador,para quepossam minimizaro risco de viésrelacionado a esses domínios.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

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Imagem

Figura 1 Fluxograma representativo das etapas de selec ¸ão dos artigos incluídos na revisão sistemática.
Tabela 1 Síntese dos artigos Autor, ano de publicac ¸ão e local Populac ¸ão doestudoe tamanhodaamostra Delineamentodoestudo
Tabela 1 (Continuac ¸ão) Autor, ano de publicac ¸ão e local Populac ¸ão doestudoe tamanhodaamostra Delineamentodoestudo
Tabela 1 (Continuac ¸ão) Autor, ano de publicac ¸ão e local Populac ¸ão doestudoe tamanhodaamostra Delineamentodoestudo
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