• Nenhum resultado encontrado

Rev. LatinoAm. Enfermagem vol.13 número3

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Rev. LatinoAm. Enfermagem vol.13 número3"

Copied!
2
0
0

Texto

(1)

285

PRODUÇÃO CI ENTÍ FI CA DA ENFERMAGEM BRASI LEI RA:

A BUSCA PELO I MPACTO I NTERNACI ONAL

Mar ia Helena Palucci Mar ziale1

A

ciência pode ser considerada um m undo de idéias em m ovim ent o - o processo para a produção do conhecim ent o - e busca descobr ir a unidade exist ent e nas difer ent es facet as da exper iência do hom em com o seu m eio. A t ecnologia, por sua v ez, r eflet e e m olda o sist em a de v alor es e est ende nossas habilidades par a m udar o m undo, sendo um a for ça poder osa no desenvolvim ent o da civilização e pr ópr ia de cada cult ur a( 1). As t ecnologias est r eit ar am sua ligação com a ciência, t or nando difícil, em alguns cam pos, separ ar um a da out r a. Com o a t ecnologia afet a o sist em a social e cult ural m ais diret am ent e do que a pesquisa cient ífica, as im plicações im ediat as de seus sucessos e fr acassos r eflet em dir et am ent e na at iv idade hum ana( 2).

Assim , o desenvolvim ent o cient ífico t ornou- se um fat or crucial para o bem - est ar social a t al pont o que a dist inção ent re povo rico e pobre é hoj e feit a pela capacidade de criar ou não o conhecim ent o cient ífico e sem inst it uições adequadas de educação superior em ciência e t ecnologia e em pesquisa, com um a m assa crít ica de cient ist as ex per ient es, nenhum país pode t er assegur ado um desenv olv im ent o r eal( 3).

O av anço ex plosiv o do conhecim ent o est á m ar ginalizando os pov os que não dispõem de um a infr a-est r ut ur a de pesquisa associada à for m ação de r ecur sos hum anos de alt o nív el e a um a educação cient ífica univ er sal. A análise da sit uação do Br asil m ost r a a necessidade da ex pansão da base de pesquisa acadêm ica e da inov ação t ecnológica e é dest acada a ur gência na m udança do sist em a de ensino fundam ent al, m édio e super ior, passando de infor m at iv o para for m at iv o, com o m eio de capacit ação do hom em para o m er cado de t r abalho, alt am ent e dependent e de um apr ender cont ínuo( 1).

O pr ocesso de pr od u ção do con h ecim en t o n o Br asil sem pr e est ev e ligada ao cr escim en t o da pós-g r ad u ação( 4 - 9 ). O p aís b u sca, p r in cip alm en t e p or m eio d os cu r sos d e p ós- g r ad u ação, con solid ar su a b ase cient ífica e form ar recursos hum anos capacit ados para solucionar problem as regionais e nacionais. Um obj et ivo im port ant e do sist em a de form ação é habilit ar pesquisadores que possam cum prir t ais obj et ivos. Esses produt ores de conhecim ent o dev er ão t er dom ínio do est ado de conhecim ent o na ár ea que at uam , capacidade de or iginar quest ões coer ent es e at ualizadas com dom ínio m et odológico par a t est á- las. Com a est r ut ur ação de linhas de pesquisa aut óct ones, t or nam - se m ult iplicador es na for m ação de nov os pesquisador es e a pr odução or iginada dev e ser r efer endada por av aliador es ex t er nos do cont ex t o nacional e int er nacional( 10).

Consider ando a pr odução cient ífica de im pact o int er nacional no per íodo de 1992 a 2001 em r ecent e publicação da Science foi div ulgado que o Br asil ocupa o 19o lugar no r anking quando consider ado o fat or de im pact o da pr odução index ada no I nst it ut e for Scient ific I nfor m at ion - I SI( 11).

No ent ant o, a capacidade de inovação t ecnológica no Brasil precisa se expandir para que se possa não só at en d er às n ecessid ad es im ed iat as d a p op u lação com t ecn olog ias ap r op r iad as, com o t am b ém p r od u zir bens e ser v iços que im pulsionem o desenv olv im ent o econôm ico( 1 ).

O pr odut o e o pr ocesso da at iv idade cient ífica são dependent es da com unicação eficaz e as r ev ist as esp eci al i zad as são i m p o r t an t es v eícu l o s d e d i v u l g ação d o co n h eci m en t o ci en t íf i co . Tr ad i ci o n al m en t e o s descobr im ent os cient íficos ganhar ão r econhecim ent o e cr edibilidade em função de sua publicação em r ev ist as cient íficas de pr est ígio.

O pr est ígio da r ev ist a est á r elacionado à qualidade de ar bit r agem ( r ev ist as que apr esent am ) cr ít ico pr ocesso de av aliação por par es ( peer - r ev iew ) ; a qualidade dos ar t igos publicados ( r igor e or iginalidade dos ar t ig os) e a v isib ilid ad e d a p u b licação ( con seg u id a p elas in d ex ações n as b ases d e d ad os e p elo f at or d e im pact o)( 12).

O fat or de im pact o com eçou a ser consider ado com o inst r um ent o de avaliação das r evist as cient íficas a par t ir da década de 60, por Eugene Gar field, ent ão dir et or do I SI , com o for m a de classificar e av aliar as revist as incluídas na base. Só as revist as indexadas no I SI são consideradas para o calculo do fat or de im pact o que é feit o dividindo- se o núm ero de vezes em que os art igos de um a revist a são cit ados em um det erm inado a n o , em r ev i st a s i n d ex a d a s p el o I SI , p el o n ú m er o d e t r a b a l h o s p u b l i ca d o s p el a r ev i st a n o s d o i s a n o s an t er ior es( 1 3 ).

A com unidade cient ífica brasileira vem sendo alt am ent e influenciada pelo fat or de im pact o das revist as

1

Edit or da Revist a Lat ino- Am ericana de Enferm agem , Professor Associado da Escola de Enferm agem de Ribeirão Pret o, da Universidade de São Paulo, Cent ro Colaborador da OMS para o desenvolvim ent o da pesquisa em enferm agem , e- m ail: m arziale@eerp.usp.br

Rev Lat ino- am Enferm agem 2005 m aio- j unho; 13( 3) : 285- 6

(2)

286

onde ela publica os seus t r abalhos. O fat or de im pact o, Science Cit at ion I ndex ( SCI ) , da base de dados do I nst it ut e for Scient ific I nfor m at ion ( I SI ) div ulgado pelo Jour nal Cit at ion Repor t s ( JCR) ,passou a ser ut ilizado pela m aior ia dos pesquisador es, inst it uições de ensino e pesquisa e agências financiador as de pesquisa e pós-gr aduação, par t icular m ent e pela Capes e pelo CNPq( 14).

O I SI t em a m issão básica de ofer ecer cober t u r a às pesqu isas m ais im por t an t es r ealizadas a n ív el m undial. A base de dados indexa aproxim adam ent e, 16 m il periódicos em m ais de 160 áreas de conhecim ent o. Dent re est es est ão 31 revist as de Enferm agem , rigorosam ent e selecionadas( 13). Segundo um a pesquisa r ealizada por en fer m eir as espan h olas apen as 0 , 4 4 % das r ev ist as cien t íficas in dex adas n o I SI é da ár ea da En fer m agem , sen do a m aior ia delas de or igem An glox asôn ica e Nor t e Am er ican a( 1 5 ), e n en h u m a r ev ist a de enfer m agem da Am ér ica Lat ina conseguiu ainda ser index ada na r efer ida base de dados. Assim const at a- se que a pr odução cient ifica da Enfer m agem t em pouca v isibilidade int er nacional.

As r ev ist as de Enfer m agem index adas no I SI( 16), e seus r espect iv os fat or es de im pact o são: BI RTH-I SS PERRTH-I NAT C ( 1.709) ; ADV NURS SCRTH-I ( 1.625) ; NURS OUTLOOK ( 1.169) ; NURS RES ( 1.129) ; CANCER NURS ( 1 . 1 0 1 ) ; RES NURS HEALTH ( 1 . 0 6 9 ) ; J AD V NURS ( 0 . 9 9 8 ) ; J MI D WI FERY WOM HEAL ( 0 . 8 9 0 ) ; J NURS SCHOLARSHI P ( 0.886) ; J SCHOOL HEALTH ( 0.868) ; J NURS ADMI N ( 0.855) ; NURS SCI QUART ( 0.815) ; J CLI N NURS ( 0 . 6 5 3 ) ; J PROF NURS ( 0 . 6 1 6 ) ; NURS EDUC TODAY ( 0 . 5 9 8 ) ; I NT J NURS STUD ( 0 . 5 8 2 ) ; MI DWI FERY ( 0. 523) ; NURS ETHI CS ( 0. 516) ; WESTERN J NURS RES ( 0. 510) ; PUBLI C HEALTH NURS ( 0. 505) ; APPL NURS RES ( 0.483) ; J PERI NAT NEONAT NUR ( 0.467) ; J NURS EDUC 0.439 ; ARCH PSYCHI AT NURS ( 0.403) ; J NURS CARE QUAL ( 0.340) ; PERSPECT PSYCHI ATR C ( 0.333) ; NURS CLI N N AM ( 0.281) ; GERI ATR NURS 0.243; CI N-COMPUT I NFORM NU ( 0.217) ; AM J NURS ( 0.193) ; NURS HI ST REV ( 0.045) .

Diant e do at ual cont ex t o e consider ando- se que a div ulgação dos r esult ados das pesquisas é apenas um a das et apas do pr ocesso da pr odução do conhecim ent o, est r at égias devem ser im plem ent adas na ár ea da Enfer m agem no Br asil v olt adas a for m ação de r ecur sos hum anos, a pr odução das pesquisas e a div ulgação das pr oduções. Faz se necessár io m oder nizar o pr ocesso de for m ação dos enfer m eir os; incent ivar os j ov ens cr iat iv os env olv endo- os nas at iv idades de pesquisa e ex t ensão; est im ular os alunos a int egr ar os gr upos de p esq u i sa d as u n i v er si d ad es co m u m o b j et i v o co m u m , v i san d o at en d er às d em an d as d a so ci ed ad e; ao s pesqu isador es cabe a r espon sabilidade de en cam in h ar seu s m an u scr it os a r ev ist as ar bit r adas, r ef er en dado ou t r as p u b licações n acion ais d a ár ea p u b licad as em r ev ist as b r asileir as e aos ed it or es d e r ev ist as cab e a ad oção d e esf or ços p ar a m elh or ia d a q u alid ad e ed it or ial e a in d ex ação em b ases d e d ad os n acion ais e in t er n acion ais. Esses podem ser con sider ados os desafios da En fer m agem con t em por ân ea.

REFERÊNCI AS BI BLI OGRÁFI CAS

1. Zancan GT. Educação cient ífica: um a pr ior idade nacional. Per spec 2002 j ul/ set ; 14( 3) . 2. Rut her for d FJ, Algr een A. Science for all Am er icans. Nova Yor k : Ox for d Univ er sit y Pr ess; 1990. 3 . UNESCO. Science for t he t w ent y- fir st cent ur y. Par is; 2 0 0 0 .

4. Mendes I AC. Pesquisa em enfer m agem : im pact o na pr át ica. São Paulo ( SP) : Edusp; 1991.

5. Mendes I AC, Trevizan MA. The evolut ion of nursing research in Brazil. I n: Fit zpat rick J, organizador. Annual review of nursing r esear ch. v. 14. New Yor k : Spr inger Publishing Com pany ; 1996. p. 225- 42.

6. Bar r eir a I A. Pesquisa em enfer m agem no Br asil e sua posição em agência feder al de fom ent o. Rev Lat ino- am Enfer m agem 1 9 9 3 j an eir o; 1 ( 1 ) : 5 1 - 7 .

7. Moriya TM. A pesquisa no ensino de pós- graduação em Enferm agem : um est udo de seu desenvolvim ent o no Brasil. Ribeirão Pr et o ( SP) : Fundação I nst it ut o de Enfer m agem de Ribeir ão Pr et o; 1998. p. 61- 76

8. Leit e JL, Mendes I AC. Pesquisa em enfer m agem e seu espaço no CNPq. Esc Anna Ner y R Enfer m 2000; 4( 3) : 389- 94. 9. Leit e JL, Tr ezza MCS, Sant os RM, Mendes I AC, Felli VEA. Os pr oj et os de pesquisa em enfer m agem no CNPq: seu per cur so, su as t em át icas, su as ader ên cias. Rev Br as En f er m agem 2 0 0 1 ; 5 4 ( 1 ) : 8 1 - 9 7 .

1 0 . UNESCO [ h om ep ag e on t h e I n t er n et ] . Par is: Un esco; [ u p d at e 2 0 0 5 Ju n e; cit ed 2 0 0 5 Ju n e 6 ] . Pr im ar y an d Secon d Educat ion: Age- specific enrolm ent rat ios by gender 1960/ 61- 1995/ 96; [ about 2 screens] . Available from : ht t p: / / w w w .unesco.org 11. Paraj e G, Sadana R, Karam G. I ncreasing int ernat ional gaps in healt h –relat ed publicat ions. Science 2005 May; 308( 13) : 959-6 0 .

1 2 . Mar ziale MHP, Men d es I AC. O f at or d e im p act o d as p u b licaçôes cien t íf icas. Rev Lat in am En f er m ag em 2 0 0 2 j u lh o-ag ost o; 1 0 ( 4 ) : 4 7 0 - 1 .

13. Marziale MHP, Mendes I AC, Malerbo MB. Desafios em la divulgacion del conocim ient o cient ifico de enferm eria producido em Br asil. I n dex de En f er m er ia 2 0 0 4 ; 1 3 ( 4 7 ) : 7 5 - 8 .

14. Cor t ez NI O, Mar t inez MR, Gar cia JC. Fact or de im pact o en las r ev ist as de Enfer m er ía. Alicant e: Univ er sidad de Alicant e; 2 0 0 1 .

15. Cour a JR, Willcox L de CB. Fat or de I m pact o, Pr odução Cient ífica e Qualidade das Rev ist as Médicas Br asileir as. Mem ór ias do I n st it u t o Osw aldo Cr u z 2 0 0 3 abr il; 9 8 ( 3 ) : 2 9 3 - 7 .

16. I nt ernat ional Scient ific I nform at ion. [ hom epage on t he int ernet ] . St anford: I SI . [ updat e 2005; cit ed 2003 June 6] . Ranking is based on your j ournal and sort select ions; [ about 1 screen] . Available from : ht t p: / / w w w .isinet .com

Rev Lat ino- am Enferm agem 2005 m aio- j unho; 13( 3) : 285- 6 w w w .eer p.usp.br / r lae Produção cient ífica da enferm agem ...

Referências

Documentos relacionados

La ut ilización del inst r um ent o m ost r ó ser fact ible y capaz de ev aluar , discr im inar y m ensur ar las dist int as dim ensiones del dolor.. DESCRI PTORES: dim ensión

Escuela de Enfer m er ía de Ribeir ão Pr et o de la Univer sidad de São Paulo, Cent r o Colabor ador de la OMS par a el Desar r ollo de la I nvest igación en Enfer m er ía; 3

1 Enfer m er a, Magist er en Enfer m er ía, Pr ofesor a de la Pont ifícia Univer sidad Cat ólica de Minas Ger ais, e- m ail: kenialar a17@yahoo.com .br ; 2 Enfer m er a,. Doct

1 Magíst er en Ciencias, Profesor de la Facult ad de Medicina de la Fundación de ABC, e- m ail: si.cam illo@uol.com .br; 2 Doctor en Enferm ería, Docente del Program a de

Trabaj o ext raído de Diser t ación de Maest r ía; 2 Doct oranda en la Univer sidad de Br asília, Brasil, Pr ofesor del cur so de enfer m er ía de la Univer sidad Cat ólica de

DESCRI PTORES: enfer m er ía; m edicina basada en ev idencia; inv est igácion en enfer m ar ía; t om a de decisiones; lit er at ur a de r ev isión; bases da dat os

El ar t ículo busca cont r ibuir par a la discusión de las posibilidades de desar r ollar una línea de invest igación específica en Hist or ia de la Enfer m er ía... En est

Escuela de Enfer m er ía de Ribeir ão Pr et o de la Univer sidad de São Paulo, Cent r o Colabor ador de la OMS par a el Desar r ollo de la I nvest igación en Enfer m er ía, Br asil;