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REVISTA
BRASILEIRA
DE
REUMATOLOGIA
Artigo
de
Revisão
Parasitoses
intestinais:
efeito
protetor
na
artrite
reumatoide?
夽
Sandra
Maximiano
de
Oliveira
a,∗,
Ana
Paula
Monteiro
Gomides
b,
Lícia
Maria
Henrique
da
Mota
b,c,
Caliandra
Maria
Bezerra
Luna
Lima
d,ee
Francisco
Airton
Castro
Rocha
faHospitalUniversitáriodeBrasília(HUB),Brasília,DF,Brasil
bUniversidadedeBrasília(UnB),FaculdadedeMedicina,Brasília,DF,Brasil
cUniversidadedeBrasília(UnB),ProgramadePós-Graduac¸ão,FaculdadedeMedicina,Brasília,DF,Brasil
dUniversidadeFederaldaParaíba(UFPB),JoãoPessoa,PB,Brasil
eUniversidadeFederaldaParaíba(UFPB),ProgramadePós-Graduac¸ãoInterdisciplinaremModelosdeDecisãoeSaúde,JoãoPessoa,PB,
Brasil
fUniversidadeFederaldoCeará,FaculdadedeMedicina,Fortaleza,CE,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem16desetembrode2015 Aceitoem3deabrilde2016
On-lineem26dejunhode2016
Palavras-chave:
Artritereumatoide Parasitosesintestinais Imunomodulac¸ão
r
e
s
u
m
o
Aartritereumatoide(AR)éumadoenc¸ainflamatóriaautoimune,sistêmica,decurso pro-gressivo, caracterizadaporexuberantesinovitecrônica,quepodegerar deformidadese incapacidadefuncional,cujotratamentoprecoceminimizaodanoàsjuntas.Sua etiopato-geniaaindanãoestácompletamenteelucidada,mascompreenderespostasimunológicas comaparticipac¸ãodecélulasTauxiliares(Th1).UmaaparentemenorgravidadedaARem pacientesderegiõescommenorrendapoderiaestarassociadaamaiorprevalênciade para-sitosesintestinais,especialmenteashelmintíases.Arigor,umdesvionarespostaimune paraopredomíniodecélulasTauxiliares(Th2),decorrentedaexposic¸ãocrônicaa helmin-tos,modularianegativamenteainflamac¸ãoemdoentescomAR,elevariaamenorgravidade edanoarticular.Arevisãodeaspectosdainfluênciadarepostaimunológicanas parasito-sesintestinais,especialmenteashelmintíases,empacientescomartritereumatoideéo objetivodessetrabalho.
©2016PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigoOpenAccesssobuma licenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Intestinal
parasites
infection:
protective
effect
in
rheumatoid
arthritis?
Keywords:
Rheumatoidarthritis Helminthinfections Immunomodulation
a
b
s
t
r
a
c
t
Rheumatoidarthritis(RA)isasystemicautoimmuneinflammatorydisease,witha progres-sivecourse,characterizedbychronicsynovitisthatmayevolvewithdeformitiesand func-tionaldisability,andwhoseearlytreatmentminimizesjointdamage.Itsetiopathogenesis
夽
TrabalhodesenvolvidonoServic¸odeReumatologia,HospitalUniversitáriodeBrasília(HUB),Brasília,DF,Brasil.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:sandramaximianoo@gmail.com(S.M.Oliveira).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2016.04.002
isnotfullyelucidatedbutcomprisesimmunologicresponsesmediatedbyThelpercells (Th1).AnapparentminorseverityofRAinpatientsfromregionswithlowerincomecould beassociatedwithahigherprevalenceofgutparasites,especiallyhelminths.Strictly,ashift intheimmuneresponsetowardsthepredominanceofThelpercells(Th2),duetothechronic exposuretohelminths,couldmodulatenegativelytheinflammationinRApatients, resul-tinginlowerseverity/jointinjury.Theinteractionbetweentheimmunologicalresponsesof parasitichelminthsinrheumatoidarthritispatientsisthepurposeofthispaper.
©2016PublishedbyElsevierEditoraLtda.ThisisanopenaccessarticleundertheCC BY-NC-NDlicense(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Introduc¸ão
Aartritereumatoide(AR)éumadoenc¸aautoimunesistêmica, inflamatória,decarátercrônicoeprogressivo,caracterizada pelocomprometimentosimétricodamembranasinovialdas articulac¸õesperiféricas,comdanoedestruic¸ãoarticular.1Sua
prevalênciaéestimadaem0,2-1%dapopulac¸ãobrasileira,2
compredomínioemmulheresemaiorincidêncianafaixade 30-50anos.1Éumadoenc¸amultifatorial,deetiologia
desco-nhecida,comacontribuic¸ãodefatoresgenéticos(HLA-DR1 eHLA-DR4)eambientais(exposic¸ãoainfecc¸õesetabagismo, entreoutros)paraaperdadatolerânciaedanoorgânico.3A
doenc¸a,senãoadequadamentetratada,podelevaràlimitac¸ão funcionalcomdeformidadesirreversíveisereduc¸ãona expec-tativa devida.1 Oimpacto daARésignificativo tantopara
opaciente(morbimortalidadeepiorada qualidadedevida) comoparaasociedade(prejuízofuncional,comquedada pro-dutividadeemenorcapacidadedeparticipac¸ãonomercadode trabalho).2
As doenc¸as parasitárias intestinais abrangem infecc¸ões causadasporprotozoáriosehelmintoscomgrande morbimor-talidade.Suaprevalênciaéestimadaem30%dapopulac¸ãodas Américas.4,5
Apesardamorbidadee,menoscomum,mortalidadeque podeestarassociadaàsparasitoses,especificamentenocaso de helmintíases, infestac¸ões subclínicas ocorrem, como a denunciaruma adaptac¸ão do hospedeiro ao parasita, con-tendo os danos e permitíndo a sobrevida de ambos. Essa adaptac¸ão parasita/hospedeiro está relacionada a compo-nentes da resposta imune inata e, no caso da resposta imuneadaptativa,aopredomínioderespostaTh2,commaior liberac¸ãodecitocinasditasanti-inflamatórias,comoas inter-leucinas(IL)4,10e13.5
Hárelatosdamenorprevalênciae/ougravidadedaARem populac¸õesdaÁfricasubsaarianae,emnossomeio,embora abordepacientescomlúpuseritematososistêmico,umestudo emNatal/RNencontrougravidadesimilardepacientes lúpi-cos,comparadoscompopulac¸õesderegiõescommaiorpoder econômico.6 Mais recentemente,ao se estudarem crianc¸as
portadorasdeartriteidiopáticajuvenilemumcentro terciá-rionoEstadodoCeará,observou-sequecercadedoisterc¸os dospacientes podiamatingirremissão da doenc¸a se usas-semmetotrexatoe/ouleflunomida,mesmocompredomínio dosubtipopoliarticular,queteriapiorprognóstico.7Oretardo
nodiagnósticoenoiníciodotratamentoeabaixa escolari-dadefamiliarerenda,queocorremnanossapopulac¸ão,são fatoresconsideradosagravantesdoprognósticoemdoenc¸as
autoimunes. Portanto, é curioso que a evoluc¸ão em longo prazodessespacientessejanomínimosemelhante, senão menos grave, à encontrada em populac¸ões com melhores índices socioeconômicos. Essa boa resposta em pacientes potencialmentemaisgraves,quandocomparadacom casuís-ticasdepaísesricosdohemisférionorte,abreapossibilidade dequefatoresambientaisatuemnocursoclínicodedoenc¸as autoimunes.
O objetivo deste trabalho é elucidar o potencial efeito protetor que a infecc¸ão concomitante por enteroparasitas, especialmenteoshelmintos,poderiaconferiraosdoentescom AR.Demaioajulhode2015foifeitarevisãodaliteraturapor meiodasbasesdedadosPubmed(1970-2015)eScopus,nos idiomasinglêseportuguês,comasseguintespalavras-chave: artritereumatoide,helmintíases,imunopatogeniaehipótese higiênica.
Imunopatogenia
da
artrite
reumatoide
A sinóvia ou membrana sinovial é considerada o tecido no qual se inicia e se perpetua o processo inflamatório naAR, ocorreminfiltradoinflamatório predominantemente mononuclear, hiperplasia da sinóvia e proliferac¸ão vascu-lar,associadaàproduc¸ãodecitocinaspró-inflamatórias.Essa sinóviahiperplásicaconstituiopannussinovial,que,por inva-são do osso subcondral e da cartilagem subjacentes, bem como tendões e ligamentos, leva à destruic¸ão articular.3,8
Propõe-se,comoummecanismobásico,aperdadatolerância imunológica a antígenos próprios, em indivíduo genetica-mentesusceptível,quedesencadeiaasinovite.3 Emrelac¸ão
aosmecanismosderespostaimuneinata,neutrófilos, macró-fagos, mastócitos e células natural killer participam nessa respostainflamatórianamembranasinovial.3Osmacrófagos
participam tanto como célulasapresentadoras de antígeno quantocomocélulasefetoras,vialiberac¸ãodecitocinasditas pró-inflamatórias (p.ex.:fator denecrosetumoral[TNF]-␣e IL-1, IL-6, IL-12, IL-15, IL-18 e IL-23), espécies reativas de oxigênio,produc¸ão deprostanoidesemetaloproteinasesda matrizextracelular.3 Admite-sequeoTNF tenhaumpapel
central na patogênese da AR, promovendo a liberac¸ão de outrosmediadores inflamatórios(comocitocinas com ac¸ão autócrina eparácrina)eaativac¸ãodelinfócitose macrófa-gosquecontribuemparaintensificarasinovite;alémdeativar diretamenteosteoclastos,queinduzemareabsorc¸ãoóssea.3
promovidaindiretamente peloTNF,porativac¸ãodoligante doreceptorativadordefatornuclear(RANKL),membroda superfamíliadeTNF.9 Essaac¸ãodoTNFacabapor
implicá--lonareabsorc¸ãoósseainflamatóriadaAR,umavezqueo resultadoda ativac¸ãodoRANKLestimula adiferenciac¸ãoe aativac¸ãodeosteoclastos,alémdeinibiraapoptosedessas células.10 Ainda, aproduc¸ãodeIL-17 peloslinfócitosTh17,
presenteemaltosníveis nasinóviade indivíduos portado-resde AR,regulaaexpressãode RANKLecontribuipara a osteoclastogêneseeaprogressãododanoarticular.9Embora
afrequênciadecélulasTregulatóriasCD4+CD25+,
responsá-veisporinibir aproliferac¸ão eproduc¸ãode citocinas pelas célulasTefetoras,estejaaumentada nolíquidosinovialde pacientescomAR,nãoestáclaroseessascélulasestão ati-vadasnesseambiente,vistoqueháperdadaautotolerância aantígenospróprios,oquecontribuiparaapersistênciado processoinflamatório articular.9 Além disso,a apoptosede
célulasTencontra-seinibida,provavelmentedevidoaoalto níveldecitocinasantiapoptóticas,comoIL-2,IL-4,IL-15, pre-sentesprecocementenaAR.9
Tambémhácontribuic¸ãodarespostaimunehumoral na AR,pormeiodadiferenciac¸ãoeproliferac¸ãodecélulasB,que produzemcitocinaspodemfuncionarcomocélulas apresenta-dorasdeantígenodeclasseII,colaborandoparaaperpetuac¸ão dasinovite.9 Apresenc¸ade autoanticorposdirigidos contra
aporc¸ãoFcdemoléculasde IgG,comoofatorreumatoide, queilustraocomponentehumoral naAR,édetectável em 70-80%dospacientes,mastambémpodeestarpresenteem indivíduos saudáveis e em portadores de outras doenc¸as sistêmicas.9Anticorposcontraautoantígenosmodificadospor
citrulinac¸ãopormeiodadeaminac¸ãodearginina (antipeptí-deoscitrulinadoscíclicos)podemestarpresentesematé70% dospacienteseaparecemprecocementenaAR.9Opapelexato
dessesautoanticorposnapatogeniadadoenc¸aaindanãoestá claro,massabe-sequepacientessoropositivosemaltostítulos paraessesantígenostendemaapresentardoenc¸amais agres-siva,commaiordanoarticulareerosãoósseaepresenc¸ade manifestac¸õesextra-articulares.3,5
Imunopatogenia
das
parasitoses
intestinais
Parasitas como os helmintos podem modular a resposta imune e propiciar um ambiente anti-inflamatório que favorec¸a suasobrevivênciadentrodo organismodo hospe-deiro,ouseja,suprimemrespostasimunespró-inflamatórias paramanterseuciclovital.3,11Asinfecc¸õesparasitárias
intes-tinaissãocrônicas,areinfestac¸ãoécomum,etaisorganismos, alémdasalterac¸õesinibitóriasqueocasionamnasrespostas imunesinataeadaptativa,tambémtêmmecanismosde eva-sãoàrespostaimunitáriadohospedeiropormeiodareduc¸ão desuaimunogenicidade.5Helmintosgeralmentesobrevivem
dentrodoorganismohospedeiroeprovocaminfecc¸ões persis-tentesaparentementeporquearespostaimuneinatacontra eleséreduzida.5,12Aac¸ãocombinadademastócitose
eosinó-filoscontribuiparaacontenc¸ãodosparasitasintestinais.5Tais
parasitassãoresistentesàfagocitoseeaosmecanismos cito-cidasdemacrófagoseneutrófilos.5Algunshelmintospodem
aindaativaraviaalternativadosistemacomplementoesão resistentesàlisemediadapelasproteínasdessesistema.5
Na infecc¸ão por helmintos, os parasitas induzem a produc¸ãodeIL-10ecitocinasTh2(IL-4,5,9e13),modificando aestimulac¸ãodosmacrófagosparafenótipoativado alterna-tivo,oquefavorecearespostaanti-inflamatóriadecélulasTh2 earespostaeosinofílica.3,12ElestambéminibemIFN-␣,IL-1
eIL-17esuprimemarespostaimuneinflamatóriadecélulas Th1eTh17.3,12,13Helmintossecretamprodutos
excretórios--secretórios, como aES-62, quesãoglicosilados einduzem citocinasTh2eexpansãodecélulasTregulatórias.13Ademais,
a quantidade decélulas T regulatórias(CD4+CD25+FOXP3+)
que produzemIL-10 eTGF- aumentaapós ainfecc¸ão por helmintos,3,11 contribuindoparasuapermanênciadentrodo
organismohospedeiro.
A homeostase gerada por essas respostas imunes pre-vineumareac¸ãoexageradacontraosparasitasquetambém prejudicariamohospedeiro,garantindoasobrevivênciados helmintos.11,13
Efeito
protetor
das
helmintíases
na
artrite
reumatoide
Greenwood,em1970,observouqueindivíduosdevilas nige-rianas,apesardealtaincidênciadefatorreumatoidepositivo, apresentavamdoenc¸areumáticadecursobenigno,combom prognósticoesemsinaisradiológicosdegravidade.14Dadaa
altaprevalênciadedoenc¸asinfecciosasparasitáriasnaquela populac¸ão,foisugeridoquearespostadohospedeiroa múlti-plasparasitosesdeveriainterferirdealgummodonocursodas doenc¸asautoimunes.14Oatrasonodiagnóstico,as
dificulda-desdeacessoaoespecialista,apoucaadesãoaotratamento eafalhaouoatraso naindicac¸ão dedrogasmodificadoras dadoenc¸aimpactamnegativamenteaprevalênciaea gravi-dadedasdoenc¸asautoimunes.15Logo,pacientesoriundosde
paísessubdesenvolvidosdeveriamapresentarmaiores morbi-dadeemortalidade.15Porém,aARémenoscomumemcertas
áreas de países tropicais em que a incidênciade doenc¸as infecciosas,especialmente asparasitárias, éalta.16No
Nor-deste brasileiro, também observou-se menor gravidade da doenc¸areumáticaautoimune,empartedevidopossivelmente a infestac¸ões parasitárias endêmicas.17 Em 1989, Strachan
propôsateoriada“hipótesehigiênica”:areduc¸ãodaexposic¸ão apatógenoscomuns,comooshelmintos,aumentoua preva-lênciadedoenc¸asalérgicaseautoimunesemáreasondeas condic¸õessanitáriasmelhoraram.3,6,12,13,18–21
Osparasitasintestinaissãosupressoresdaresposta imu-nológicapró-inflamatória,oqueospermiteviveremequilíbrio comosistemaimunedohospedeiro.3,12Assim,alémde
cau-sar doenc¸a,também sãopotentes moduladoresdosistema imunológico.3 Osparasitasrelacionadosaefeitosprotetores
daagressividadedadoenc¸anaAR,descritosnaliteratura,são
Schistosomamansoni,Schistosomajaponicum,Ascarissuum, Helig-mosomoides polygyrus bakeri e Hymenolepsis diminuta.3,12,20,21
Taispatógenosinibemasecrec¸ãodecitocinasTh1/Th17, indu-zemcélulasdendritícastolerantesepromovemaproliferac¸ão decélulasTregulatórias.21Ainfecc¸ãopeloSchistosomamansoni
Schistosomajaponicumpreviamenteàinduc¸ãodeartritepelo colágeno(intervalodeduassemanas)atenuou significativa-menteossinaisclínicosdaartrite,comreduc¸ãodahiperplasia sinovial,doinfiltradodecélulasmononuclearessinoviais,da angiogênesenasinóviainflamada,daativac¸ãode osteoclas-tosedadestruic¸ãoarticular.11Ocorrediminuic¸ãonaproduc¸ão
deIFN-␥eaumentonaproduc¸ãodeIL-4e10,alémdequeda nosníveisdecitocinaspró-inflamatórias(TNF-␣,IL-1,6e17, IFN-␥,RANKL),oquesugerepredominânciaderespostaTh2e reduc¸ãoderespostaTh1.11,18Essamudanc¸anoperfil
imunoló-gicoexplicariaamenoragressividadeeatémesmoaausência dedoenc¸aarticularnosmodelosestudados.11,18 Noentanto,
ainfecc¸ãodoscamundongoscomSchistosomajaponicumapós induc¸ãodeartritepelocolágenonãopôdereverteraresposta imunológicajáinstaladaealesãoarticularsubsequente.11
EstudoscomextratosdeAscarissuum(nãopatogênicopara oserhumano),fornecidostantoporviaoralquantoparenteral, paracamundongosmodelosdeartriteinduzidaporzymosan epelocolágenodemonstraramefeitosanti-inflamatóriosdo extrato,comreduc¸ãodahiperalgesiaedodanonacartilagem articular.15,17Omecanismoobservadoassociadoàrespostaao
extratodohelmintofoiareduc¸ãonaliberac¸ãodemediadores inflamatórios–óxidonítrico,IL-1eIL-10–naarticulac¸ãodos camundongos.17Nãohouvealterac¸ãonosníveisdeTNF-␣.17
Noindivíduo portadorde umadoenc¸a reumática autoi-mune como a AR, a infecc¸ão por helmintos poderia potencialmente aliviar os sintomas e melhorar o curso progressivodadoenc¸adevidoàinduc¸ãodeumaresposta imu-nológicaporcélulasTh2queantagonizaarespostaporcélulas Th1presentenadoenc¸aautoimune.6,19 Alémdainibic¸ãode
citocinasTh1,ainduc¸ãodecitocinasregulatórias(IL-10e TGF--),aproduc¸ãodecélulasTregulatóriasFOXP3eaatividade demacrófagosativadosalternativamenteinfluenciariamno efeitoprotetordainfecc¸ãoporhelmintosemindivíduoscom AR.20
Diante da hipótese de que indivíduos infectados por helmintosseriammenossuscetíveisaoutrasdoenc¸as infla-matórias, a infecc¸ão parasitária poderia influenciar no tratamentodedoenc¸asmediadasporcélulasTh1.20
As infecc¸õespor helmintos e os produtosderivados de helmintos(comoaES-62)sãoferramentasvaliosaspara com-preender as respostas imunológicas provocadas por esses parasitas,quepodemajudaraidentificarnovosalvos terapêu-ticosclinicamenterelevantes.13Produtosimunomodulatórios
de helmintos, purificados ou sintetizados, devem ser pes-quisadosafimdeseremusadosclinicamente.15,19Ogrande
desafioserá identificar ecaracterizarantígenos específicos deumdeterminadohelmintoquedirijaarepostaprotetora eosantígenos/moléculasqueserviriamcomoindicadoresno desenvolvimentodenovosimunobiológicosparaotratamento deumasériededoenc¸as,20entreelasaAR.
Conclusão
A ARé umadoenc¸a sistêmica dolorosa e debilitante, cuja imunopatogeniaenvolvemecanismosimunesinatose adap-tativos,especialmenteaac¸ãodecélulasTh1ealiberac¸ãode citocinasinflamatóriascomooTNF-␣.Otratamentoprecoce podemodificarseucursoagressivoeincapacitante.Terapias
biológicas eficazes estão disponíveis para o tratamento da AR,dirigidas aobloqueiodecitocinas inflamatórias especí-ficas.Presume-sequeagerac¸ãodeumambienteequilibrado imunologicamentecomoresultado dainfecc¸ãopor helmin-tos possa reduzir a gravidade de uma doenc¸a reumática autoimune concomitante. A melhorcompreensão das vias demodulac¸ãodaac¸ãoanti-inflamatóriaproporcionadapela infecc¸ãoporhelmintos,ouporseusprodutossecretórios,pode gerarnovasestratégiasdetratamento(queinibamdemodo maisabrangenteascitocinasinflamatórias)eampliaro arse-nalterapêuticoatualmentedisponívelparaaAR.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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c
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