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Rev. Bras. Reumatol. vol.57 número5

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w w w . r e u m a t o l o g i a . c o m . b r

REVISTA

BRASILEIRA

DE

REUMATOLOGIA

Artigo

de

Revisão

Parasitoses

intestinais:

efeito

protetor

na

artrite

reumatoide?

Sandra

Maximiano

de

Oliveira

a,∗

,

Ana

Paula

Monteiro

Gomides

b

,

Lícia

Maria

Henrique

da

Mota

b,c

,

Caliandra

Maria

Bezerra

Luna

Lima

d,e

e

Francisco

Airton

Castro

Rocha

f

aHospitalUniversitáriodeBrasília(HUB),Brasília,DF,Brasil

bUniversidadedeBrasília(UnB),FaculdadedeMedicina,Brasília,DF,Brasil

cUniversidadedeBrasília(UnB),ProgramadePós-Graduac¸ão,FaculdadedeMedicina,Brasília,DF,Brasil

dUniversidadeFederaldaParaíba(UFPB),JoãoPessoa,PB,Brasil

eUniversidadeFederaldaParaíba(UFPB),ProgramadePós-Graduac¸ãoInterdisciplinaremModelosdeDecisãoeSaúde,JoãoPessoa,PB,

Brasil

fUniversidadeFederaldoCeará,FaculdadedeMedicina,Fortaleza,CE,Brasil

informações

sobre

o

artigo

Históricodoartigo:

Recebidoem16desetembrode2015 Aceitoem3deabrilde2016

On-lineem26dejunhode2016

Palavras-chave:

Artritereumatoide Parasitosesintestinais Imunomodulac¸ão

r

e

s

u

m

o

Aartritereumatoide(AR)éumadoenc¸ainflamatóriaautoimune,sistêmica,decurso pro-gressivo, caracterizadaporexuberantesinovitecrônica,quepodegerar deformidadese incapacidadefuncional,cujotratamentoprecoceminimizaodanoàsjuntas.Sua etiopato-geniaaindanãoestácompletamenteelucidada,mascompreenderespostasimunológicas comaparticipac¸ãodecélulasTauxiliares(Th1).UmaaparentemenorgravidadedaARem pacientesderegiõescommenorrendapoderiaestarassociadaamaiorprevalênciade para-sitosesintestinais,especialmenteashelmintíases.Arigor,umdesvionarespostaimune paraopredomíniodecélulasTauxiliares(Th2),decorrentedaexposic¸ãocrônicaa helmin-tos,modularianegativamenteainflamac¸ãoemdoentescomAR,elevariaamenorgravidade edanoarticular.Arevisãodeaspectosdainfluênciadarepostaimunológicanas parasito-sesintestinais,especialmenteashelmintíases,empacientescomartritereumatoideéo objetivodessetrabalho.

©2016PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigoOpenAccesssobuma licenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Intestinal

parasites

infection:

protective

effect

in

rheumatoid

arthritis?

Keywords:

Rheumatoidarthritis Helminthinfections Immunomodulation

a

b

s

t

r

a

c

t

Rheumatoidarthritis(RA)isasystemicautoimmuneinflammatorydisease,witha progres-sivecourse,characterizedbychronicsynovitisthatmayevolvewithdeformitiesand func-tionaldisability,andwhoseearlytreatmentminimizesjointdamage.Itsetiopathogenesis

TrabalhodesenvolvidonoServic¸odeReumatologia,HospitalUniversitáriodeBrasília(HUB),Brasília,DF,Brasil.

Autorparacorrespondência.

E-mail:sandramaximianoo@gmail.com(S.M.Oliveira).

http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2016.04.002

(2)

isnotfullyelucidatedbutcomprisesimmunologicresponsesmediatedbyThelpercells (Th1).AnapparentminorseverityofRAinpatientsfromregionswithlowerincomecould beassociatedwithahigherprevalenceofgutparasites,especiallyhelminths.Strictly,ashift intheimmuneresponsetowardsthepredominanceofThelpercells(Th2),duetothechronic exposuretohelminths,couldmodulatenegativelytheinflammationinRApatients, resul-tinginlowerseverity/jointinjury.Theinteractionbetweentheimmunologicalresponsesof parasitichelminthsinrheumatoidarthritispatientsisthepurposeofthispaper.

©2016PublishedbyElsevierEditoraLtda.ThisisanopenaccessarticleundertheCC BY-NC-NDlicense(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Introduc¸ão

Aartritereumatoide(AR)éumadoenc¸aautoimunesistêmica, inflamatória,decarátercrônicoeprogressivo,caracterizada pelocomprometimentosimétricodamembranasinovialdas articulac¸õesperiféricas,comdanoedestruic¸ãoarticular.1Sua

prevalênciaéestimadaem0,2-1%dapopulac¸ãobrasileira,2

compredomínioemmulheresemaiorincidêncianafaixade 30-50anos.1Éumadoenc¸amultifatorial,deetiologia

desco-nhecida,comacontribuic¸ãodefatoresgenéticos(HLA-DR1 eHLA-DR4)eambientais(exposic¸ãoainfecc¸õesetabagismo, entreoutros)paraaperdadatolerânciaedanoorgânico.3A

doenc¸a,senãoadequadamentetratada,podelevaràlimitac¸ão funcionalcomdeformidadesirreversíveisereduc¸ãona expec-tativa devida.1 Oimpacto daARésignificativo tantopara

opaciente(morbimortalidadeepiorada qualidadedevida) comoparaasociedade(prejuízofuncional,comquedada pro-dutividadeemenorcapacidadedeparticipac¸ãonomercadode trabalho).2

As doenc¸as parasitárias intestinais abrangem infecc¸ões causadasporprotozoáriosehelmintoscomgrande morbimor-talidade.Suaprevalênciaéestimadaem30%dapopulac¸ãodas Américas.4,5

Apesardamorbidadee,menoscomum,mortalidadeque podeestarassociadaàsparasitoses,especificamentenocaso de helmintíases, infestac¸ões subclínicas ocorrem, como a denunciaruma adaptac¸ão do hospedeiro ao parasita, con-tendo os danos e permitíndo a sobrevida de ambos. Essa adaptac¸ão parasita/hospedeiro está relacionada a compo-nentes da resposta imune inata e, no caso da resposta imuneadaptativa,aopredomínioderespostaTh2,commaior liberac¸ãodecitocinasditasanti-inflamatórias,comoas inter-leucinas(IL)4,10e13.5

Hárelatosdamenorprevalênciae/ougravidadedaARem populac¸õesdaÁfricasubsaarianae,emnossomeio,embora abordepacientescomlúpuseritematososistêmico,umestudo emNatal/RNencontrougravidadesimilardepacientes lúpi-cos,comparadoscompopulac¸õesderegiõescommaiorpoder econômico.6 Mais recentemente,ao se estudarem crianc¸as

portadorasdeartriteidiopáticajuvenilemumcentro terciá-rionoEstadodoCeará,observou-sequecercadedoisterc¸os dospacientes podiamatingirremissão da doenc¸a se usas-semmetotrexatoe/ouleflunomida,mesmocompredomínio dosubtipopoliarticular,queteriapiorprognóstico.7Oretardo

nodiagnósticoenoiníciodotratamentoeabaixa escolari-dadefamiliarerenda,queocorremnanossapopulac¸ão,são fatoresconsideradosagravantesdoprognósticoemdoenc¸as

autoimunes. Portanto, é curioso que a evoluc¸ão em longo prazodessespacientessejanomínimosemelhante, senão menos grave, à encontrada em populac¸ões com melhores índices socioeconômicos. Essa boa resposta em pacientes potencialmentemaisgraves,quandocomparadacom casuís-ticasdepaísesricosdohemisférionorte,abreapossibilidade dequefatoresambientaisatuemnocursoclínicodedoenc¸as autoimunes.

O objetivo deste trabalho é elucidar o potencial efeito protetor que a infecc¸ão concomitante por enteroparasitas, especialmenteoshelmintos,poderiaconferiraosdoentescom AR.Demaioajulhode2015foifeitarevisãodaliteraturapor meiodasbasesdedadosPubmed(1970-2015)eScopus,nos idiomasinglêseportuguês,comasseguintespalavras-chave: artritereumatoide,helmintíases,imunopatogeniaehipótese higiênica.

Imunopatogenia

da

artrite

reumatoide

A sinóvia ou membrana sinovial é considerada o tecido no qual se inicia e se perpetua o processo inflamatório naAR, ocorreminfiltradoinflamatório predominantemente mononuclear, hiperplasia da sinóvia e proliferac¸ão vascu-lar,associadaàproduc¸ãodecitocinaspró-inflamatórias.Essa sinóviahiperplásicaconstituiopannussinovial,que,por inva-são do osso subcondral e da cartilagem subjacentes, bem como tendões e ligamentos, leva à destruic¸ão articular.3,8

Propõe-se,comoummecanismobásico,aperdadatolerância imunológica a antígenos próprios, em indivíduo genetica-mentesusceptível,quedesencadeiaasinovite.3 Emrelac¸ão

aosmecanismosderespostaimuneinata,neutrófilos, macró-fagos, mastócitos e células natural killer participam nessa respostainflamatórianamembranasinovial.3Osmacrófagos

participam tanto como célulasapresentadoras de antígeno quantocomocélulasefetoras,vialiberac¸ãodecitocinasditas pró-inflamatórias (p.ex.:fator denecrosetumoral[TNF]-␣e IL-1␤, IL-6, IL-12, IL-15, IL-18 e IL-23), espécies reativas de oxigênio,produc¸ão deprostanoidesemetaloproteinasesda matrizextracelular.3 Admite-sequeoTNF tenhaumpapel

central na patogênese da AR, promovendo a liberac¸ão de outrosmediadores inflamatórios(comocitocinas com ac¸ão autócrina eparácrina)eaativac¸ãodelinfócitose macrófa-gosquecontribuemparaintensificarasinovite;alémdeativar diretamenteosteoclastos,queinduzemareabsorc¸ãoóssea.3

(3)

promovidaindiretamente peloTNF,porativac¸ãodoligante doreceptorativadordefatornuclear␬␤(RANKL),membroda superfamíliadeTNF.9 Essaac¸ãodoTNFacabapor

implicá--lonareabsorc¸ãoósseainflamatóriadaAR,umavezqueo resultadoda ativac¸ãodoRANKLestimula adiferenciac¸ãoe aativac¸ãodeosteoclastos,alémdeinibiraapoptosedessas células.10 Ainda, aproduc¸ãodeIL-17 peloslinfócitosTh17,

presenteemaltosníveis nasinóviade indivíduos portado-resde AR,regulaaexpressãode RANKLecontribuipara a osteoclastogêneseeaprogressãododanoarticular.9Embora

afrequênciadecélulasTregulatóriasCD4+CD25+,

responsá-veisporinibir aproliferac¸ão eproduc¸ãode citocinas pelas célulasTefetoras,estejaaumentada nolíquidosinovialde pacientescomAR,nãoestáclaroseessascélulasestão ati-vadasnesseambiente,vistoqueháperdadaautotolerância aantígenospróprios,oquecontribuiparaapersistênciado processoinflamatório articular.9 Além disso,a apoptosede

célulasTencontra-seinibida,provavelmentedevidoaoalto níveldecitocinasantiapoptóticas,comoIL-2,IL-4,IL-15, pre-sentesprecocementenaAR.9

Tambémhácontribuic¸ãodarespostaimunehumoral na AR,pormeiodadiferenciac¸ãoeproliferac¸ãodecélulasB,que produzemcitocinaspodemfuncionarcomocélulas apresenta-dorasdeantígenodeclasseII,colaborandoparaaperpetuac¸ão dasinovite.9 Apresenc¸ade autoanticorposdirigidos contra

aporc¸ãoFcdemoléculasde IgG,comoofatorreumatoide, queilustraocomponentehumoral naAR,édetectável em 70-80%dospacientes,mastambémpodeestarpresenteem indivíduos saudáveis e em portadores de outras doenc¸as sistêmicas.9Anticorposcontraautoantígenosmodificadospor

citrulinac¸ãopormeiodadeaminac¸ãodearginina (antipeptí-deoscitrulinadoscíclicos)podemestarpresentesematé70% dospacienteseaparecemprecocementenaAR.9Opapelexato

dessesautoanticorposnapatogeniadadoenc¸aaindanãoestá claro,massabe-sequepacientessoropositivosemaltostítulos paraessesantígenostendemaapresentardoenc¸amais agres-siva,commaiordanoarticulareerosãoósseaepresenc¸ade manifestac¸õesextra-articulares.3,5

Imunopatogenia

das

parasitoses

intestinais

Parasitas como os helmintos podem modular a resposta imune e propiciar um ambiente anti-inflamatório que favorec¸a suasobrevivênciadentrodo organismodo hospe-deiro,ouseja,suprimemrespostasimunespró-inflamatórias paramanterseuciclovital.3,11Asinfecc¸õesparasitárias

intes-tinaissãocrônicas,areinfestac¸ãoécomum,etaisorganismos, alémdasalterac¸õesinibitóriasqueocasionamnasrespostas imunesinataeadaptativa,tambémtêmmecanismosde eva-sãoàrespostaimunitáriadohospedeiropormeiodareduc¸ão desuaimunogenicidade.5Helmintosgeralmentesobrevivem

dentrodoorganismohospedeiroeprovocaminfecc¸ões persis-tentesaparentementeporquearespostaimuneinatacontra eleséreduzida.5,12Aac¸ãocombinadademastócitose

eosinó-filoscontribuiparaacontenc¸ãodosparasitasintestinais.5Tais

parasitassãoresistentesàfagocitoseeaosmecanismos cito-cidasdemacrófagoseneutrófilos.5Algunshelmintospodem

aindaativaraviaalternativadosistemacomplementoesão resistentesàlisemediadapelasproteínasdessesistema.5

Na infecc¸ão por helmintos, os parasitas induzem a produc¸ãodeIL-10ecitocinasTh2(IL-4,5,9e13),modificando aestimulac¸ãodosmacrófagosparafenótipoativado alterna-tivo,oquefavorecearespostaanti-inflamatóriadecélulasTh2 earespostaeosinofílica.3,12ElestambéminibemIFN-,IL-1

eIL-17esuprimemarespostaimuneinflamatóriadecélulas Th1eTh17.3,12,13Helmintossecretamprodutos

excretórios--secretórios, como aES-62, quesãoglicosilados einduzem citocinasTh2eexpansãodecélulasTregulatórias.13Ademais,

a quantidade decélulas T regulatórias(CD4+CD25+FOXP3+)

que produzemIL-10 eTGF-␤ aumentaapós ainfecc¸ão por helmintos,3,11 contribuindoparasuapermanênciadentrodo

organismohospedeiro.

A homeostase gerada por essas respostas imunes pre-vineumareac¸ãoexageradacontraosparasitasquetambém prejudicariamohospedeiro,garantindoasobrevivênciados helmintos.11,13

Efeito

protetor

das

helmintíases

na

artrite

reumatoide

Greenwood,em1970,observouqueindivíduosdevilas nige-rianas,apesardealtaincidênciadefatorreumatoidepositivo, apresentavamdoenc¸areumáticadecursobenigno,combom prognósticoesemsinaisradiológicosdegravidade.14Dadaa

altaprevalênciadedoenc¸asinfecciosasparasitáriasnaquela populac¸ão,foisugeridoquearespostadohospedeiroa múlti-plasparasitosesdeveriainterferirdealgummodonocursodas doenc¸asautoimunes.14Oatrasonodiagnóstico,as

dificulda-desdeacessoaoespecialista,apoucaadesãoaotratamento eafalhaouoatraso naindicac¸ão dedrogasmodificadoras dadoenc¸aimpactamnegativamenteaprevalênciaea gravi-dadedasdoenc¸asautoimunes.15Logo,pacientesoriundosde

paísessubdesenvolvidosdeveriamapresentarmaiores morbi-dadeemortalidade.15Porém,aARémenoscomumemcertas

áreas de países tropicais em que a incidênciade doenc¸as infecciosas,especialmente asparasitárias, éalta.16No

Nor-deste brasileiro, também observou-se menor gravidade da doenc¸areumáticaautoimune,empartedevidopossivelmente a infestac¸ões parasitárias endêmicas.17 Em 1989, Strachan

propôsateoriada“hipótesehigiênica”:areduc¸ãodaexposic¸ão apatógenoscomuns,comooshelmintos,aumentoua preva-lênciadedoenc¸asalérgicaseautoimunesemáreasondeas condic¸õessanitáriasmelhoraram.3,6,12,13,18–21

Osparasitasintestinaissãosupressoresdaresposta imu-nológicapró-inflamatória,oqueospermiteviveremequilíbrio comosistemaimunedohospedeiro.3,12Assim,alémde

cau-sar doenc¸a,também sãopotentes moduladoresdosistema imunológico.3 Osparasitasrelacionadosaefeitosprotetores

daagressividadedadoenc¸anaAR,descritosnaliteratura,são

Schistosomamansoni,Schistosomajaponicum,Ascarissuum, Helig-mosomoides polygyrus bakeri e Hymenolepsis diminuta.3,12,20,21

Taispatógenosinibemasecrec¸ãodecitocinasTh1/Th17, indu-zemcélulasdendritícastolerantesepromovemaproliferac¸ão decélulasTregulatórias.21Ainfecc¸ãopeloSchistosomamansoni

(4)

Schistosomajaponicumpreviamenteàinduc¸ãodeartritepelo colágeno(intervalodeduassemanas)atenuou significativa-menteossinaisclínicosdaartrite,comreduc¸ãodahiperplasia sinovial,doinfiltradodecélulasmononuclearessinoviais,da angiogênesenasinóviainflamada,daativac¸ãode osteoclas-tosedadestruic¸ãoarticular.11Ocorrediminuic¸ãonaproduc¸ão

deIFN-␥eaumentonaproduc¸ãodeIL-4e10,alémdequeda nosníveisdecitocinaspró-inflamatórias(TNF-␣,IL-1␤,6e17, IFN-␥,RANKL),oquesugerepredominânciaderespostaTh2e reduc¸ãoderespostaTh1.11,18Essamudanc¸anoperfil

imunoló-gicoexplicariaamenoragressividadeeatémesmoaausência dedoenc¸aarticularnosmodelosestudados.11,18 Noentanto,

ainfecc¸ãodoscamundongoscomSchistosomajaponicumapós induc¸ãodeartritepelocolágenonãopôdereverteraresposta imunológicajáinstaladaealesãoarticularsubsequente.11

EstudoscomextratosdeAscarissuum(nãopatogênicopara oserhumano),fornecidostantoporviaoralquantoparenteral, paracamundongosmodelosdeartriteinduzidaporzymosan epelocolágenodemonstraramefeitosanti-inflamatóriosdo extrato,comreduc¸ãodahiperalgesiaedodanonacartilagem articular.15,17Omecanismoobservadoassociadoàrespostaao

extratodohelmintofoiareduc¸ãonaliberac¸ãodemediadores inflamatórios–óxidonítrico,IL-1␤eIL-10–naarticulac¸ãodos camundongos.17Nãohouvealterac¸ãonosníveisdeTNF-.17

Noindivíduo portadorde umadoenc¸a reumática autoi-mune como a AR, a infecc¸ão por helmintos poderia potencialmente aliviar os sintomas e melhorar o curso progressivodadoenc¸adevidoàinduc¸ãodeumaresposta imu-nológicaporcélulasTh2queantagonizaarespostaporcélulas Th1presentenadoenc¸aautoimune.6,19 Alémdainibic¸ãode

citocinasTh1,ainduc¸ãodecitocinasregulatórias(IL-10e TGF--␤),aproduc¸ãodecélulasTregulatóriasFOXP3eaatividade demacrófagosativadosalternativamenteinfluenciariamno efeitoprotetordainfecc¸ãoporhelmintosemindivíduoscom AR.20

Diante da hipótese de que indivíduos infectados por helmintosseriammenossuscetíveisaoutrasdoenc¸as infla-matórias, a infecc¸ão parasitária poderia influenciar no tratamentodedoenc¸asmediadasporcélulasTh1.20

As infecc¸õespor helmintos e os produtosderivados de helmintos(comoaES-62)sãoferramentasvaliosaspara com-preender as respostas imunológicas provocadas por esses parasitas,quepodemajudaraidentificarnovosalvos terapêu-ticosclinicamenterelevantes.13Produtosimunomodulatórios

de helmintos, purificados ou sintetizados, devem ser pes-quisadosafimdeseremusadosclinicamente.15,19Ogrande

desafioserá identificar ecaracterizarantígenos específicos deumdeterminadohelmintoquedirijaarepostaprotetora eosantígenos/moléculasqueserviriamcomoindicadoresno desenvolvimentodenovosimunobiológicosparaotratamento deumasériededoenc¸as,20entreelasaAR.

Conclusão

A ARé umadoenc¸a sistêmica dolorosa e debilitante, cuja imunopatogeniaenvolvemecanismosimunesinatose adap-tativos,especialmenteaac¸ãodecélulasTh1ealiberac¸ãode citocinasinflamatóriascomooTNF-␣.Otratamentoprecoce podemodificarseucursoagressivoeincapacitante.Terapias

biológicas eficazes estão disponíveis para o tratamento da AR,dirigidas aobloqueiodecitocinas inflamatórias especí-ficas.Presume-sequeagerac¸ãodeumambienteequilibrado imunologicamentecomoresultado dainfecc¸ãopor helmin-tos possa reduzir a gravidade de uma doenc¸a reumática autoimune concomitante. A melhorcompreensão das vias demodulac¸ãodaac¸ãoanti-inflamatóriaproporcionadapela infecc¸ãoporhelmintos,ouporseusprodutossecretórios,pode gerarnovasestratégiasdetratamento(queinibamdemodo maisabrangenteascitocinasinflamatórias)eampliaro arse-nalterapêuticoatualmentedisponívelparaaAR.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

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c

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