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Metalopolímero de pentacianoferrato e poli(4-vinilpiridina) : síntese, caracterização e aplicação na produção de estruturas automontadas

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE QUÍMICA. SERGIO AUGUSTO VENTURINELLI JANNUZZI. METALOPOLÍMERO DE PENTACIANOFERRATO E POLI(4VINILPIRIDINA): SÍNTESE, CARACTERIZAÇÃO E APLICAÇÃO NA PRODUÇÃO DE ESTRUTURAS AUTOMONTADAS DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA AO INSTITUTO DE QUÍMICA DA UNICAMP PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM QUÍMICA NA ÁREA DE QUÍMICA INORGÂNICA.. ORIENTADOR: PROF. DR. ANDRÉ LUIZ BARBOZA FORMIGA CO-ORIENTADORA: PROFa. DRa. MARIA ISABEL FELISBERTI. ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA POR SERGIO AUGUSTO VENTURINELLI JANNUZZI, E ORIENTADA PELO PROF. DR. ANDRÉ LUIZ BARBOZA FORMIGA.. _____________________________________ Assinatura do Orientador. CAMPINAS, 2011. i.

(2) FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA POR SIMONE LUCAS - CRB8/8144 BIBLIOTECA DO INSTITUTO DE QUÍMICA DA UNICAMP. J263m. Jannuzzi, Sergio Augusto Venturinelli (1987-). Metapolímero de pentacianoferrato e poli(4vinilpiridina): síntese, caracterização e aplicação na produção de estruturas automontadas / Sergio Augusto Venturinelli Jannuzzi. – Campinas, SP: [s.n.], 2011. Orientador: André Luiz Barboza Formiga. Coorientador: Maria Isabel Felisberti. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Química. 1. Metapolímero. 2. Cianoferrato. 3. Química supramolecular. 4. Poli(4-vinilpiridina). I. Formiga, André Luiz Barboza. II. Felisberti, Maria Isabel. III. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Química. IV. Título.. Informações para Biblioteca Digital. Título em inglês: Pentacyanoferrate and poly(4-vinylpyridine) metallopolymer: synthesis, characterization and application to the production of self-assembled structures Palavras-chave em inglês: Metallopolymer Cyanoferrate Poly(4-vinylpyridine) Supramolecular chemistry Área de concentração: Química Inorgânica Titulação: Mestre em Química na área de Química Inorgânica Banca examinadora: André Luiz Barboza Formiga [Orientador] Ana Flávia Nogueira Alfredo Tibúrcio Nunes Pires Data de defesa: 02/12/2011 Programa de pós-graduação: Química. ii.

(3) iv.

(4) “Confie em mim, porque em ti eu confio. N˜ao tema, porque estou ao seu lado.”. Ao meu querido pai Deo C´esar Jannuzzi e a` minha querida m˜ae Neuza Venturinelli Jannuzzi. Atrav´es dele se deu o motivo, o aˆ nimo e as condic¸o˜ es para que esse trabalho surgisse. Atrav´es dela veio o apoio incondicional de todas as horas, indispens´avel para que eu seguisse adiante.. v.

(5) vi.

(6) Agradecimentos Agradec¸o primeiramente a` Deus pela oportunidade de aprender ciˆencia, por aprender sobre a Sua obra mesmo que atrav´es dos m´ıopes olhos humanos. Agradec¸o ao meu orientador e a` minha co-orientadora pelo entusiasmo, pelos desafios propostos, pelas discuss˜oes e por incentivarem minhas iniciativas. Agradec¸o aos meus amigos do LQC: a` Bianca Martins pelo seu brilhante empenho e competˆencia no trabalho di´ario, a` Tam´ıris Lambert pela sua sensibilidade e interesse, ao Pedro Rollo e ao Ricardo Barroso pelas cr´ıticas e valiosas discuss˜oes, a` Stella Gonsales, Suelen Sucena, Helen Graci, ao Bruno Teodoro e Fernando Bergamini pelo interesse, companheirismo e apoio. Agradec¸o aos meus amigos do GPPol: ao Marcelo de Farias pelo companheirismo e infind´aveis conversas sobre tudo, ao Evandro Alexandrino, Daniel Cocco, Helton Nogueira, Heitor de Oliveira pelas conversas, interesse e ajudas das mais diversas. Agradec¸o tamb´em aos brilhantes amigos Victor Baldim, Marcus Cangussu e Thiago Ito pela importante ajuda e por ampliarem meus horizontes na ciˆencia. Por fim, mas n˜ao menos importante, agradec¸o aos t´ecnicos C´ıntia Saito, Daniel Razzo e Fabiana pelo aux´ılio; aos professores Pedro Corbi, Maria do Carmo Gonc¸alves, Edvaldo Sabadini e Ren`e Nome pelas edificantes conversas; a` Inez Val´eria por ter me apresentado ao Formiga. Sobretudo, agradec¸o a amizade de todos com quem convivi, os co-autores. vii.

(7) viii.

(8) Curriculum Vitae Formac¸a˜ o acadˆemica 01/2005 - 07/2009 Bacharel em Qu´ımica com habilitac¸a˜ o em Qu´ımica Tecnol´ogica. Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, Campinas-SP, Brasil.. Formac¸a˜ o complementar 01/2010. III Curso Te´orico-Pr´atico Avanc¸ado em Microscopia Eletrˆonica de Transmiss˜ao. Laborat´orio Nacional de Luz S´ıncrotron (LNLS) e Laborat´orio Nacional de Nanotecnologia (LNNano), Campinas-SP, Brasil. Durac¸a˜ o. 3 semanas (128 horas: 56 de teoria e 72 de pr´atica).. 03/2008. Extens˜ao universit´aria em “Uma Introduc¸a˜ o ao Programa Computacional Matlab com Atividades em Matem´atica”. Instituto de Matem´atica, Estat´ıstica e Computac¸a˜ o Cient´ıfica da Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, Campinas-SP, Brasil. Durac¸a˜ o. 8 horas. ix.

(9) Projetos de Cient´ıficos 07/2010 - 08/2010 3rd International Summer Research Program Ludwig-Maximilians-Universit¨at M¨unchen (LMU) e NanoSystems Initiative Munich (NIM), Munique, Alemanha. Modalidade. Est´agio em pesquisa no exterior.. Durac¸a˜ o. 8 semanas.. Supervisor. Prof. Dr. Thomas Bein e MSc. Norma Minar.. Projeto. Synthesis and assembly of thin mesoporous titania films for bulk heterojunction solar cells.. 01/2009 - 03/2009 Programa Piloto de Intercˆambio em Pesquisa para Bolsistas de Iniciac¸a˜ o Cient´ıfica NSF/FAPESP University of California at Los Angeles, UCLA, Los Angeles, Estados Unidos. Modalidade. Est´agio em pesquisa no exterior.. Durac¸a˜ o. 10 semanas.. Supervisor. Prof. Dr. Richard Kaner e Sergey Dubin.. Projeto. Synthesis of chemically reduced graphene from graphite oxide.. 07/2008 - 08/2008 Est´agio volunt´ario Ludwig-Maximilians-Universit¨at M¨unchen (LMU) e NanoSystems Initiative Munich (NIM), Munique, Alemanha. Modalidade. Est´agio em pesquisa no exterior.. Durac¸a˜ o. 5 semanas.. Supervisor. Prof. Dr. Bianca Hermann, Carsten Rohr e Kathrin Gruber. Projeto. Atomic force microscopy of CANTISENS cantilevers.. x.

(10) 04/2008 - 07/2009 Centro de Componentes Semicondutores da UNICAMP Modalidade. Iniciac¸a˜ o cient´ıfica.. Durac¸a˜ o. 12 meses.. Orientador. Dr. Stanislav Moshkalev.. Projeto. Caracterizac¸a˜ o de compostos de carbono por microscopia de forc¸a atˆomica e espectroscopia micro-Raman.. 08/2007 - 04/2008 Institudo de Qu´ımica da UNICAMP, Departamento de F´ısicoQu´ımica Modalidade. Iniciac¸a˜ o cient´ıfica.. Durac¸a˜ o. 8 meses.. Orientador. Prof. Dr. Fernando Galembeck.. Projeto. Eletrost´atica de diel´etricos.. 08/2007 - 04/2008 Institudo de Qu´ımica da UNICAMP, Departamento de F´ısicoQu´ımica Modalidade. Iniciac¸a˜ o cient´ıfica.. Durac¸a˜ o. 12 meses.. Orientador. Prof. Dr. Fernando Galembeck.. Projeto. Nanocomp´ositos de montmorilonita em matriz de l´atex: produc¸a˜ o e investigac¸a˜ o de laminados.. Prˆemios 2011. Prˆemio como melhor tema livre da a´ rea de exatas ao trabalho. “Estudo da interac¸a˜ o entre nanotubos de carbono com metalopol´ımeros de poli(4xi.

(11) vinilpiridina) e pentacianoferrato”, B. Martins, S.A.V. Jannuzzi, M.I. Felisberti, A.L.B. Formiga, XIX Congresso Interno de Iniciac¸a˜ o Cient´ıfica da Unicamp. 2010. Menc¸a˜ o Honrosa ao trabalho “Novel Synthesis of (µ3 -oxo)-Tri-. ruthenium Cluster-Functionalized Prussian Blue Nanoparticles”, S.A.V. Jannuzzi, A.L.B. Formiga, XV Brazilian Meeting on Inorganic Chemistry. 2009. Prˆemio Lavoisier de Melhor Aluno de Qu´ımica 2005-2009, Con-. selho Regional de Qu´ımica - 4a Regi˜ao. 2007. II Prˆemio Assintecal/Petrobr´as de Tecnologia em Adesivos e Pro-. cessos de Colagem para Calc¸ados, Associac¸a˜ o Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calc¸ados e Artefatos (Assintecal).. Artigos publicados 1. R. Santos, S.A.V. Jannuzzi, A.L.B. Formiga. Acetatos homo e heterotrinucleares de ferro: um experimento para o laborat´orio de qu´ımica de coordenac¸a˜ o. Qu´ımica Nova, 33:1815-1820, 2010. 2. S.A.V. Jannuzzi, S. Dubin, M.J. Allen, J. Wassei, S. Moshkalev, R.B. Kaner, Two Different Chemical Routes to Obtain Graphene or Few-Layer Graphite. Smart Nanocomposites, 1:1-12, 2010. 3. M.J. Allen, M. Wang, S.A.V. Jannuzzi, Y. Yang, K.L. Wang, R.B. Kaner, Chemically induced folding of single and bilayer graphene. Chemical Communications, 6285-6287, 2009. 4. E.M. Linares, S.A.V. Jannuzzi, F. Galembeck, Electrostatic Contributions in the xii.

(12) Increased Compatibility of Polymer Blends, Langmuir, 15199-15205, 2011.. Patentes S.A.V. Jannuzzi, F.C. Braganc¸a, F. Galembeck, PROCESSO PARA OBTEN˜ DE FILMES LAMINADOS NANOESTRUTURADOS ESPESSOS. PriC ¸ AO vil´egio de Inovac¸a˜ o n.018080050839, 13 de Agosto de 2008 (Dep´osito).. Recentes trabalhos em congressos 1. S.A.V. Jannuzzi, B. Martins, M.I. Felisberti, A.L.B. Formiga, Modificac¸a˜ o de poli(4-vinilpiridina) com complexo de metal de transic¸a˜ o, 11o Congresso Brasileiro de Pol´ımeros, Campos dos Jord˜ao, 16-20 de outubro de 2011. 2. S.A.V. Jannuzzi, B. Martins, M.I. Felisberti, C.C. Correa, L.T. Kubota, A.L.B. Formiga, Easy-made hybrid material obtained from cyanoferrate and poly(4vinylpyridine), Second International Conference on Multifunctional, Hybrid and Nanomaterials, Strasbourg, 6-10 de marc¸o de 2011. 3. S.A.V. Jannuzzi, A.L.B. Formiga, Novel Synthesis of (µ3 -Oxo)-Triruthenium Cluster-Functionalized Prussian Blue Nanoparticles, XV Brazilian Meeting on Inorganic Chemistry, Angra dos Reis-RJ, 16-19 de agosto de 2010. 4. E.M. Linares, S.A.V. Jannuzzi, F. Galembeck, Electric charge partition in polymer latex blends., 11th International Conference on Advanced Materials, Rio de Janeiro, 20-25 de setembro de 2009.. xiii.

(13) xiv.

(14) Resumo METALOPOL´IMERO DE PENTACIANOFERRATO E POLI(4-VINILPIRIDI˜ E APLICAC¸AO ˜ NA PRODUC¸AO ˜ DE ESNA): S´INTESE, CARACTERIZAC¸AO TRUTURAS AUTOMONTADAS. O presente trabalho ocupa-se da s´ıntese, caracterizac¸a˜ o e aplicac¸a˜ o de um material h´ıbrido orgˆanico-inorgˆanico em que o bloco orgˆanico e´ o pol´ımero poli(4-vinilpiridina) e o bloco inorgˆanico e´ o pentacianoferrato(II) de s´odio. A primeira parte trata da influˆencia do pol´ımero nas propriedades do complexo, e vice-versa. A segunda parte ilustra a aplicac¸a˜ o do metalopol´ımero na produc¸a˜ o de estruturas an´alogas ao azul da Pr´ussia (AP) pela reac¸a˜ o de Fe3+ com as unidades pentacianoferrato. A banda de transferˆencia de carga metal-ligante do pentacianoferrato do metalopol´ımero em soluc¸a˜ o desloca-se para energias menores na medida em que aumenta a frac¸a˜ o de meros livres da cadeia polim´erica, indicando que a frac¸a˜ o do bloco orgˆanico modula a polaridade do ambiente qu´ımico do complexo. Por outro lado, a crescente quantidade de complexo ligado a` s cadeias polim´ericas aumenta viscosidade das soluc¸o˜ es de metalopol´ımeros, evidenciando que o pentacianoferrato expande o novelo macromolecular. Estruturas tipo azul da Pr´ussia sintetizadas a partir do metalopol´ımero exibem elevada estabilidade coloidal quando comparadas aos compostos isentos de pol´ımero e apresentam banda de intervalˆencia em menores energias do que o frequentemente reportado para esse tipo de estrutura, provavelmente em virtude do envolvimento das part´ıculas de AP pelo pol´ımero.. xv.

(15) xvi.

(16) Abstract PENTACYANOFERRATE AND POLY(4-VINYLPIRIDINE) METALLOPOLYMER: SYNTHESIS, CHARACTERIZATION AND APPLICATION TO THE PRODUCTION OF SELF-ASSEMBLED STRUCTURES. This work comprises the synthesis, characterization and application of a hybrid organic-inorganic metallopolymer, in which the organic block is the polymer poly(4-vinylpyridine) and the inorganic block is the complex sodium pentacyanoferrate(II). The first part presents the influence of the polymer on the properties of the complex and vice-versa. The second part illustrates an application of the metallopolymer on the production of Prussian blue (AP) analogs based on the reaction of Fe3+ with the pentacyanoferrate moieties. The metal-to-ligand charge transfer band of the polymer-bound pentacyanoferrate in solution shifts towards lower energies whereas the free monomers fraction arises. It indicates that the organic block fraction tunes the polarity of the pentacyanoferrate chemical environment. On the other side, the increasing fraction of complex bound to the polymer chain increases the metallopolymer solution viscosities. This is an evidence that the pentacyanoferrate expands the macromolecular coil. Prussian blue-type structures synthesized from metallopolymers exhibit enhanced colloidal stability when compared to the polymer-free compounds. They also present intervalence bands at lower energies than those frequentlly reported for this type of inorganic structure. The reason is probably the polymer wrapping of the particles.. xvii.

(17) xviii.

(18) Sum´ario. Abreviaturas, Acrˆonimos e S´ımbolos. xxii. Lista de Tabelas. xxviii. Lista de Figuras. xxxiv. 1. Introduc¸a˜ o. 1. 1.1. Metalopol´ımeros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 1. Classificac¸a˜ o de metalopol´ımeros . . . . . . . . . . . . . .. 3. 1.2. Pentacianoferrato associado a sistemas supramoleculares . . . . . .. 5. 1.3. Metalopol´ımeros de poli(4-vinilpiridina) e pentacianoferrato . . . .. 9. 1.4. Interac¸a˜ o entre azul da Pr´ussia e an´alogos com pol´ımeros . . . . . .. 14. 1.1.1. 2. Motivac¸a˜ o e Objetivos. 19. 3. Parte experimental. 21. 3.1. An´alises espectrosc´opicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 21. 3.2. Microscopia eletrˆonica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 22. 3.3. S´ınteses dos compostos de coordenac¸a˜ o . . . . . . . . . . . . . . .. 22. 3.3.1. 22. Na3 [Fe(CN)5 NH3 ]·3H2 O - complexo precursor . . . . . . . xix.

(19) 3.3.2. Na3 [Fe(CN)5 py]·4H2 O - complexo modelo . . . . . . . . .. 24. 3.3.3. [Fe(CN)5 (P4VP)S ]3− - metalopol´ımeros . . . . . . . . . . .. 24. 3.4. Experimentos de solvatocromismo . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 27. 3.5. Viscosimetria de soluc¸o˜ es dilu´ıdas . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 27. 3.6. S´ıntese das estruturas tipo azul da Pr´ussia (AP) . . . . . . . . . . .. 28. 3.6.1. Fe4 [Fe(CN)6 ]3 - AP padr˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 28. 3.6.2. Fe[Fe(CN)5 py] - AP do complexo modelo . . . . . . . . . .. 29. 3.6.3. Fe[Fe(CN)5 (P4VP)S ] - AP a partir dos metalopol´ımeros . .. 30. Investigac¸a˜ o da formac¸a˜ o dos AP de metalopol´ımeros . . . . . . . .. 31. 3.7 4. 5. O metalopol´ımero [Fe(CN)5 (P4VP)S ]3−. 32. 4.1. Estrutura eletrˆonica com base no complexo modelo . . . . . . . . .. 38. 4.2. Identificac¸a˜ o da coordenac¸a˜ o P4VP-Fe(CN)3− 5 . . . . . . . . . . . .. 40. 4.3. Saturac¸a˜ o da cadeia polim´erica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 45. 4.4. Solvatocromismo dos metalopol´ımeros . . . . . . . . . . . . . . . .. 48. 4.4.1. A regi˜ao 1 da Figura 4.7 . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 56. 4.4.2. A regi˜ao 2 da Figura 4.7 . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 58. 4.5. Conformac¸a˜ o das macromol´eculas em soluc¸a˜ o . . . . . . . . . . . .. 61. 4.6. Viscosimetria e solvatocromismo: efeitos cruzados . . . . . . . . .. 68. ´ Azul da Prussia a partir dos metalopol´ımeros. 73. 5.1. Estrutura das part´ıculas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 76. 5.2. Perspectivas futuras: mecanismo de formac¸a˜ o . . . . . . . . . . . .. 94. Conclus˜oes xx. 96.

(20) Referˆencias Bibliogr´aficas A Tabelas. 99 111. xxi.

(21) Abreviaturas, Acrˆonimos e S´ımbolos 4vpy. 4-vinilpiridina. AP. azul da Pr´ussia. bipy. 2,2’-bipiridina. bipz. bipirazina. B. medida da interac¸a˜ o eletrost´atica poli´ıon-contra´ıon. c. concentrac¸a˜ o de pol´ımero. DBS. dodecilbenzenosulfonato. DFT. Teoria do Funcional de Densidade. f. 3+ frac¸a˜ o Fe3+ /Fe(CN)3− adicionado e Fe(CN)3− 5 entre Fe 5 pre-. sente no metalopol´ımero FTIR. espectroscopia infravermelho. HAD. energia de estabilizac¸a˜ o por ressonˆancia de compostos de valˆencia mista fracamente acoplados. k0. constante de Huggins. ki. constante cin´etica da etapa i. K. constante de equil´ıbrio. K. constante de solvatac¸a˜ o preferencial. K0. constante de solvatac¸a˜ o preferencial do modelo modificado xxii.

(22) Ln. um ligante gen´erico. m. n´umero de meros substitu´ıdos com Fe(CN)3− 5 numa cadeia polim´erica. M. massa molar da cadeia polim´erica. M4vpy. massa molar da unidade repetitiva da poli(4-vinilpiridina): 105,139 g/mol. MLCT. transferˆencia de carga metal-ligante. MMCT. transferˆencia de carga metal-metal. Equivalente a` transferˆencia de carga de intervalˆencia (IVCT). n. n´umero de meros de uma cadeia polim´erica. NA. n´umero de Avogadro. phen. 9,10-fenantrolina. py/Fe. raz˜ao molar de unidades repetitivas da poli(4-vinilpiridina) e Fe(CN)3− 5. P2VP. poli(2-vinilpiridina). P4VP. poli(4-vinilpiridina). PAH. poli(hidrocloreto alilamina). PDDA. poli(cloreto de dialildimetilamˆonio). PSS. poli(estireno sulfonato). PVP. poli(N-vinil-2-pirrolidona). S. raz˜ao molar py/Fe. Sbipy. 4,4’-dimetiltio-2,2’-bipiridina. SEM. microscopia eletrˆonica de varredura. xxiii.

(23) SSCE. eletrodo padr˜ao de calomelano saturado. t. tempo de fluxo da soluc¸a˜ o de pol´ımero. t0. tempo de fluxo do solvente puro. UV-Vis. espectroscopia ultravioleta-vis´ıvel. Vh. volume hidrodinˆamico de um novelo polim´erico. x4vpy. frac¸a˜ o molar do bloco orgˆanico expresso em termos de meros da P4VP. xi(e.solv). frac¸a˜ o molar do solvente i na esfera de solvatac¸a˜ o do soluto. Xi(bulk). frac¸a˜ o molar do solvente i no seio da soluc¸a˜ o, tamb´em simbolizada por XH2 O no corpo do texto no caso de i der H2 O. xF e(CN )5. frac¸a˜ o molar do bloco inorgˆanico {Na3 Fe(CN)5 } coordenado a` P4VP. xH2 O(B). frac¸a˜ o molar de a´ gua na esfera de solvatac¸a˜ o do soluto que forma “bols˜oes” de a´ gua em baixa XH2 O. αd. grau de deslocalizac¸a˜ o eletrˆonico em compostos de valˆencia mista. ∆G‡. energia de ativac¸a˜ o da reac¸a˜ o de transferˆencia de el´etrons. ∆r G◦. energia livre padr˜ao de reac¸a˜ o. δ(XYZ). deformac¸a˜ o angular entre os a´ tomos XYZ. . constante diel´etrica relativa do meio. ε. absortividade molar. η. viscosidade. η0. viscosidade do solvente puro. xxiv.

(24) ηred. viscosidade reduzida, definida por ηsp /c. ηsp. viscosidade espec´ıfica, definida pela Equac¸a˜ o 4.9. [η]. viscosidade intr´ınseca, definida pela Equac¸a˜ o 4.11. ν0. energia da transic¸a˜ o eletrˆonica num solvente que tem AN = 0. νS. energia da transic¸a˜ o eletrˆonica num dado solvente. ν(XY). estiramento da ligac¸a˜ o entre os a´ tomos X e Y. ν max. n´umero de onda do m´aximo da banda de intervalˆencia. Detalhes sobre as amostras de metalopol´ımeros [Fe(CN)5 (P4VP)S ]3− preparadas Nome da amostra [Fe(CN)5 (P4VP)1 ]3− [Fe(CN)5 (P4VP)2 ]3− [Fe(CN)5 (P4VP)5 ]3− [Fe(CN)5 (P4VP)10 ]3− [Fe(CN)5 (P4VP)25 ]3− [Fe(CN)5 (P4VP)50 ]3− [Fe(CN)5 (P4VP)75 ]3− [Fe(CN)5 (P4VP)100 ]3− [Fe(CN)5 (P4VP)200 ]3− [Fe(CN)5 (P4VP)400 ]3− P4VP. py/Fe (S) 1 2 5 10 25 50 75 100 200 400 ∞. Massa de Na3 [Fe(CN)5 NH3 ]·3H2 O adicionada (% em massa) 75,61 60,79 38,28 23,67 11,03 5,84 3,97 3,01 1,53 0,77 0,00. Massa de {Na3 Fe(CN)5 } (% em massa) 70,80 54,80 32,66 19,51 8,84 4,62 3,13 2,37 1,20 0,60 0,00. xF e(CN )5. x4vpy. 0,5000 0,3333 0,1667 0,0909 0,0385 0,0196 0,0132 0,0099 0,0050 0,0025 0,0000. 0,5000 0,6667 0,8333 0,9091 0,9615 0,9804 0,9868 0,9901 0,9950 0,9975 1,0000. xxv.

(25) Lista de Tabelas. 3.1. Descric¸a˜ o das amostras preparadas quanto ao volume da soluc¸a˜ o estoque de complexo adicionado a uma massa fixa de 225,8 mg de P4VP, volume de a´ gua extra adicionada necess´aria a` homogeneizac¸a˜ o do meio, pH resultante da soluc¸a˜ o final e nome das amostras. . . . .. 4.1. 26. Raz˜oes molares mero contendo grupo piridina/pentacianoferrato esperadas pela proporc¸a˜ o usada na s´ıntese e calculadas pelos dados das amostras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 4.2. 47. Constante de solvatac¸a˜ o preferencial obtida ajustando-se os pontos da Figura 4.8a com a Equac¸a˜ o 4.5, a composic¸a˜ o da esfera de solva´ gua/etanol tac¸a˜ o das unidades Fe(CN)3− 5 em uma mistura equimolar a e o coeficiente de correlac¸a˜ o do ajuste. . . . . . . . . . . . . . . . .. 4.3. Resultados do ajuste dos pontos da Figura 4.8a com o modelo de solvatac¸a˜ o preferencial modificado (Equac¸a˜ o 4.6). . . . . . . . . . .. 4.4. 55. 58. Constante de solvatac¸a˜ o preferencial da regi˜ao 2 da Figura 4.7, considerando-se as unidades [Fe(CN)5 (4vpy)]3− dos metalopol´ımeros dissolvidas em mistura de etanol e unidades monom´ericas de 4vpy do P4VP. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxvi. 61.

(26) 4.5. Valores de viscosidade intr´ınseca e parˆametros dos ajustes. . . . . .. 4.6. Viscosidade intr´ınseca e energia do m´aximo da banda MLCT (ν) da. 66. amostra [Fe(CN)5 (P4VP)25 ]3− em solvente a´ gua/etanol com diferentes frac¸o˜ es molares de a´ gua. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 71. 5.1. Tamanho das part´ıcula das amostras de azul da Pr´ussia. . . . . . . .. 79. 5.2. Absortividade molar (ε), posic¸a˜ o (ν max ) e largura a` meia altura (∆ν 1/2 ) da banda MMCT dos Fe[Fe(CN)5 (P4VP)S ] e AP de referˆencia. Energia de ressonˆancia (HAD ), grau de deslocalizac¸a˜ o eletrˆonico (αd ) e energia de ativac¸a˜ o (∆G‡ ) calculados a partir das equac¸o˜ es de Marcus-Hush. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 86. A.1 Dados dos meios nos quais cada amostra de metalopol´ımero foi sintetizado e os volumes utilizados no preparo das amostras para o experimento de solvatocromismo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111 A.2 Quantidades de a´ gua e etanol usadas no preparo de cada solvente com diferentes XH2 O . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113 A.3 Volumes das soluc¸o˜ es de metalopol´ımeros e de solventes para formac¸a˜ o das amostras para viscosimetria. . . . . . . . . . . . . . . . 113 A.4 Volumes das soluc¸o˜ es do metalopol´ımero [Fe(CN)5 (P4VP)25 ]3− , de a´ gua e de etanol usados no preparo das soluc¸o˜ es para medidas viscosim´etricas variando-se XH2 O do solvente. O valor de XH2 O na soluc¸a˜ o de s´ıntese era de 0,6313. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115 xxvii.

(27) A.5 Dados das soluc¸o˜ es dos metalopol´ımeros, volumes dos solventes e da soluc¸a˜ o de FeC`3 0,1 mol L−1 usados na s´ıntese dos azuis da Pr´ussia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116 A.6 Tempos de escoamento das soluc¸o˜ es dilu´ıdas dos metalopol´ımeros no viscos´ımetro capilar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117 A.7 Dados experimentais da viscosimetria de soluc¸o˜ es dilu´ıdas dos metalopol´ımeros. Valores de ηsp das soluc¸o˜ es com as concentrac¸o˜ es especificadas foram calculados com base nos tempos de fluxo no viscos´ımetro, segundo a equac¸a˜ o 4.9. . . . . . . . . . . . . . . . . . 118 A.8 Tempos de escoamento das soluc¸o˜ es dilu´ıdas da amostra [Fe(CN)5 (P4VP)25 ]3− em no viscos´ımetro capilar em solventes a´ gua/etanol com variadas frac¸o˜ es molares de a´ gua (XH2 O ).. . . . . . . . . . . . 119. A.9 Resultados de viscosidade espec´ıfica das soluc¸o˜ es da amostra [Fe(CN)5 (P4VP)25 ]3− em diferentes concentrac¸o˜ es e frac¸o˜ es molar de a´ gua . 119. xxviii.

(28) Lista de Figuras. 1.1. Metalopol´ımero contendo Fe(CN)3− 5 ligados nas pontas da cadeia do copol´ımero tribloco poli(´oxido de etileno-co-´oxido de propileno-coo´ xido de etileno) e seu uso na obtenc¸a˜ o de nanocascas de azul da Pr´ussia, valendo-se da capacidade de formac¸a˜ o da estrutura supramolecular de micelas. Figura adaptada da referˆencia 33. . . . . . . .. 1.2. 8. Estrutura cristalina c´ubica de face centrada do Fe4 [Fe(CN)6 ]·14H2 O, ´ tamb´em conhecido como “azul da Pr´ussia“. Atomos de C s˜ao mostrados em cinza, N em azul, O em vermelho, Fe(II) s˜ao as esferas laranjas ligadas a a´ tomos de C, e Fe(III) s˜ao as ligadas a N. Existem vacˆancias na rede cristalina em que CN− s˜ao substitu´ıdos por H2 O, com o oxigˆenio ocupando aproximadamente o s´ıtio do N.1 . . . . .. 1.3. Esquema contendo os assuntos desenvolvidos em cada parte do trabalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 3.1. 15. 18. Procedimento de s´ıntese do metalopol´ımero [Fe(CN)5 (P4VP)S ]3− a partir de soluc¸a˜ o etan´olica de poli(4-vinilpiridina) e soluc¸a˜ o aquosa de aminopentacianoferrato(II) de s´odio. . . . . . . . . . . . . . . . xxix. 26.

(29) 3.2. Viscos´ımetro do tipo Cannon-Fenske imerso no banho de a´ gua termostatizado. A viscosidade e´ calculada a partir do tempo que o menisco do fluido leva entre as duas marcas de referˆencia, enquanto escoa pelo capilar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 4.1. 28. Fotografias da soluc¸a˜ o de P4VP em etanol e da soluc¸a˜ o de Na3 [Fe(CN)5 NH3 ]·3H2 O em a´ gua antes (a), imedatamente ap´os a mistura (b) e poucos minutos mais tarde (c). A mistura inicialmente heterogˆenea se torna homogˆenea sem mesmo a necessidade de agitac¸a˜ o, o que indicativo da reac¸a˜ o de complexac¸a˜ o. . . . . . . . . . . . . .. 4.2. 34. Reac¸a˜ o realizada entre pentacianoferrato(II) e o ligante macromolecular poli(4-vinilpiridina), com diferentes proporc¸oes mero/complexo, isto e´ , n/m = S = 1, 2, 5, 10, 25, 50, 75, 100, 200 e 400. . . . . .. 4.3. 37. Espectros UV-Vis de soluc¸o˜ es dos metalopol´ımeros obtidos a partir de diluic¸o˜ es aproximadamente iguais de cada amostra (a). Valores de absorbˆancia em 395 nm de cada espectro em func¸a˜ o da concentrac¸a˜ o molar de Na3 [Fe(CN)5 NH3 ] adicionado (b). A reta pontilhada e´ a referˆencia para ε = 4,0×103 L mol−1 cm−1 observada para o complexo modelo Na3 [Fe(CN)5 py]. Espectro UV-Vis do complexo modelo (c) e a absorbˆancia em 367 nm em func¸a˜ o da concentrac¸a˜ o, revelando ε = (4,2±0,3)×103 L mol−1 cm−1 , em concordˆancia com a referˆencia. .. xxx. 41.

(30) 4.4. Espectro infravermelho dos metalopol´ımeros, complexo modelo e P4VP pura (a). Ampliac¸a˜ o na regi˜ao de 1550-2100 cm−1 (b) evidenciando banda do estiramento ν(CN) e deslocamento da banda em 1595 cm−1 para 1603 cm−1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 4.5. 43. Raz˜ao entre as absorbˆancias das bandas em 1601 cm−1 (da P4VP) e em 2044 cm−1 (do Fe(CN)3− ¸ a˜ o da raz˜ao py/Fe contida 5 ) em func no metalopol´ımero. Os valores de absorbˆancia das bandas foram obtidos por desconvoluc¸a˜ o. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 4.6. 45. Efeito da ligac¸a˜ o de hidrogˆenio na energia de transic¸a˜ o de carga no ` esquerda encontra-se o orbital do Fe, complexo [Fe(CN)5 py]3− . A sua estabilizac¸a˜ o em decorrˆencia da interac¸a˜ o com um orbital π do CN− e em seguida sua combinac¸a˜ o com o orbital B2 (π ∗ ) da piridina para a formac¸a˜ o do complexo. Em azul est˜ao representados os orbitais ap´os a interac¸a˜ o de hidrogˆenio dos el´etrons do orbital 2σ com o solvente, resultado na transic¸a˜ o MLCT com uma energia E’ maior que na ausˆencia das ligac¸o˜ es de hidrogˆenio, em preto. . . . . . . . .. 4.7. 49. Energia da banda de transferˆencia de carga Fe−py associada aos or-. . bitais B2 (dπ) B2 (π ∗ ) em func¸a˜ o da frac¸a˜ o molar de a´ gua presente no solvente a´ gua/etanol. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4.8. 51. Composic¸a˜ o da esfera de solvatac¸a˜ o em func¸a˜ o da composic¸a˜ o no seio da soluc¸a˜ o (a). O coeficiente angular e´ a constante de equil´ıbrio. Valores de K em func¸a˜ o da raz˜ao py/Fe de diversos metalopol´ımeros (b). O inset mostra os valores de K em func¸a˜ o da frac¸a˜ o molar de Fe(CN)3− 5 presente nos metalopol´ımeros. . . . . . . . . . . . . . . .. 54 xxxi.

(31) 4.9. Energia da banda MLCT em func¸a˜ o da frac¸a˜ o molar de etanol na regi˜ao 2 da Figura 4.7. Interpreta-se esta regi˜ao como sendo uma mistura etanol/4-vinilpiridina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 60. 4.10 O perfil de uma curva de viscosidade reduzida em func¸a˜ o da concentrac¸a˜ o de polieletr´olito tipicamente encontrada na literatura. A abcissa tamb´em pode ser tomada como concentrac¸a˜ o de carga na cadeia, pois a concentrac¸a˜ o de cadeias com uma dada carga e´ equivalente a concentrac¸a˜ o de cargas numa dada cadeia. Os n´umeros indicam a raz˜ao py/Fe de cada amostra e sua posic¸a˜ o indica qualitativamente o perfil dos pontos experimentais, a serem exibidos na Figura 4.11. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 65. 4.11 Viscosidade espec´ıfica (a) e viscosidade reduzida (b) em func¸a˜ o da concentrac¸a˜ o das soluc¸o˜ es das amostras de metalopol´ımeros. Viscosidade intr´ınseca de cada amostra (c) em func¸a˜ o da raz˜ao py/Fe. A linha tracejada vermelha indica o valor da P4VP para o qual a curva de tendˆencia se aproxima assintoticamente. O inset mostra os mesmos valores em func¸a˜ o da frac¸a˜ o molar de pentacianoferrato. . .. 67. 4.12 Viscosidade espec´ıfica (a) e viscosidade reduzida (b) em func¸a˜ o da concentrac¸a˜ o das soluc¸o˜ es das amostras de [Fe(CN)5 (P4VP)25 ]3− . Viscosidade intr´ınseca (c) em func¸a˜ o da frac¸a˜ o molar de a´ gua no solvente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xxxii. 72.

(32) 5.1. Estrutura do complexo modelo Na3 [Fe(CN)5 py] e uma fotografia dos bal˜oes contendo os metalopol´ımeros com raz˜ao py/Fe iguais a 5, 10, 25, 50, 75, 100 e 200 na sequˆencia. Logo abaixo de cada um, encontra-se uma fotografia dos frascos contendo os respectivos produtos tipo azul da Pr´ussia formado por cada sistema pela adic¸a˜ o de FeC`3 em um excesso de duas vezes. . . . . . . . . . . . . . . . . .. 5.2. 74. Micrografias eletrˆonicas de varredura dos produtos Fe[Fe(CN)5 py] (a-c), Fe[Fe(CN)5 (P4VP)10 ] (d-f) e Fe[Fe(CN)5 (P4VP)100 ] (g-i) em diferentes magnificac¸o˜ es. Os histogramas de tamanho de part´ıcula das imagens em (b), (e) e (i) s˜ao mostrados em (j), (k) e (l) respectivamente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 5.3. 78. Micrografias eletrˆonicas de varredura do filme de [Fe(CN)5 (P4VP)50 ]3− , mostrando que sobre o filme liso (a) foram encontradas part´ıculas (b) com morfologia e tamanho similares a` s observadas nos produtos tipo azul da Pr´ussia nas Figuras 5.2e,f. . . . . . . . . . . . . . . . .. 5.4. 81. Espectro infravermelho dos azuis da Pr´ussia obtidos a partir dos metalopol´ımeros, bem como do AP padr˜ao Fe4 [Fe(CN)6 ]3 e do produto derivado do complexo modelo Fe[Fe(CN)5 py] (a). Ampliac¸a˜ o na regi˜ao de 1550-2100 cm−1 (b) evidenciando banda do estiramento ν(CN) e deslocamento da banda em 1595 cm−1 para 1603 cm−1 . . .. 82 xxxiii.

(33) 5.5. Espectros eletrˆonicos dos azuis da Pr´ussia de referˆencia e dos produzidos a partir dos metalopol´ımeros nas concentrac¸o˜ es de 2,27×10−4 mol/L, 3,33×10−4 mol/L e 3,33×10−4 mol/L para o Fe4 [Fe(CN)6 ]3 , Fe[Fe(CN)5 py] e para os Fe[Fe(CN)5 (P4VP)S ] respectivamente (a). Posic¸a˜ o da banda obtida com ajuste por gaussina no intervalo de 917×103 cm−1 e energia de ressonˆancia (eq. 5.5) (b). Absortividade molar e grau de deslocalizac¸a˜ o eletrˆonico (eq. 5.6) (c). . . . . . . .. 5.6. 87. Diagrama de n´ıveis de energia dos estados fundametal e excitado da transferˆencia de carga metal-metal em azuis da Pr´ussia. A variac¸a˜ o da energia em relac¸a˜ o ao AP padr˜ao e´ dada pela interac¸a˜ o com mol´eculas do ambiente que podem estabilizar o estado fundamental ou o excitado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 5.7. 91. Espectros UV-Vis do metalopol´ımero [Fe(CN)5 (P4VP)25 ]3− mediante adic¸a˜ o de porc¸o˜ es de FeC`3 equivalentes a f = Fe3+ /Fe(CN)3− 5 de 0 a 1(a) e de 0 a 4 (b). Posic¸a˜ o ν max do m´aximo da banda obtido por ajuste por gaussiana no intervalo de 12,5-10×103 cm−1 (8001000 nm) e o valor da absorbˆancia em ν max (c). . . . . . . . . . . .. xxxiv. 95.

(34) Cap´ıtulo 1 Introduc¸a˜ o 1.1. Metalopol´ımeros. A produc¸a˜ o de pol´ımeros na primeira metade do s´eculo XX revolucionou o modo de consumo de materiais da sociedade moderna. Atualmente, os mais diferentes tipos de pol´ımeros s˜ao empregados, desde embalagens at´e em reforc¸os estruturais na engenharia. Tamanha versatilidade se deu em parte pela grande diversidade de suas estruturas moleculares, atrav´es da s´ıntese de copol´ımeros e enxertias. Mais um fator respons´avel pelo sucesso est´a em sua associac¸a˜ o com diferentes materiais, sejam eles outros pol´ımeros, como no caso das blendas polim´ericasa , ou algum tipo de reforc¸o, como no caso dos comp´ositos e nanocomp´ositosb . Se no in´ıcio do s´eculo XX o apelo era por novas propriedades mecˆanicas e de processamento, impulsionado pelo crescente mercado de commodities, no fim do s´eculo XX o foco se deslocou para o mercado de especialidades, impelido pela busca de propriedades espec´ıficas e mais a. Nome dado a` mistura de pol´ımeros. Comp´ositos polim´ericos s˜ao misturas heterogˆeneas em que um s´olido (chamado de carga) e´ disperso numa matriz polim´erica visando-se alterac¸a˜ o de suas propriedades. Quando a carga tem dimens˜ao nanom´etrica em pelo menos uma de suas dimens˜oes, diz-se tratar de um nanocomp´osito. b. 1.

(35) Cap´ıtulo 1. Introduc¸a˜ o. Sergio Augusto Venturinelli Jannuzzi. elaboradas. Mais uma vez, o alcance dessas propriedades espec´ıficas se deu em grande parte pela associac¸a˜ o de pol´ımeros com outros materiais.2 Diversas func¸o˜ es e propriedades que seriam interessantes se apresentadas por um material polim´erico podem ser conferidas por mol´eculas pequenas, s´olidos com estruturas bi ou tridimensional estendidas ou biomol´eculas contendo centros met´alicos. Destacam-se magnetismo, usado no armazenamento de informac¸a˜ o, conduc¸a˜ o e superconduc¸a˜ o el´etrica, eletro e termocromismo, luminescˆencia e cat´alise. Aliando-se estas e outras propriedades dos metais do bloco p, d ou f com a capacidade de processamento dos pol´ımeros, surge uma nova classe de materiais funcionais chamados de metalopol´ımeros.3, 4 O primeiro metalopol´ımero sintetizado foi o poli(vinilferroceno), em 1955.5 A baixa solubilidade e a dificuldade sint´etica de se manter um metal na cadeia macromolecular fizeram com que os primeiros estudos focassem a soluc¸a˜ o dessas dificuldades, o que resultou numa literatura voltada para s´ıntese de pol´ımeros baseados no ferroceno e em sililferroceno principalmente.6 A investigac¸a˜ o das propriedades dos metalopol´ımeros foi deixada para meados da d´ecada de 1990, quando as dificuldades sint´eticas foram superadas atrav´es do desenvolvimento de t´ecnicas de polimerizac¸a˜ o compat´ıveis com a presenc¸a de centros met´alicos.3 A partir de ent˜ao, metalopol´ımeros com elevada massa molar, boa solubilidade em solventes comuns e dispon´ıveis em quantidades adequadas ao estudo detalhado de suas propriedades e aplicac¸o˜ es permitiram r´apido desenvolvimento da pesquisa nessa a´ rea, visando-se elaborac¸a˜ o de estruturas supramoleculares auto-montadas7 e materiais funcionais. No que tange as aplicac¸o˜ es, destacam-se as em materiais condutores e semicondutores, foto e eletroluminescentes, fotovoltaicos, l´ıquido-cristalinos, sens´ıveis a` 2. Laborat´orio de Qu´ımica de Coordenac¸a˜ o – IQ Unicamp.

(36) Cap´ıtulo 1. Introduc¸a˜ o. Sergio Augusto Venturinelli Jannuzzi. est´ımulos externos, com alto ´ındice de refrac¸a˜ o, exibindo propriedade de o´ tica n˜aolinear e com potenciais aplicac¸o˜ es em nanotecnologia.4 A qu´ımica de metais de transic¸a˜ o ganhou uma nova forc¸a motriz com o desenvolvimento de metalopol´ımeros. Pol´ımeros n˜ao s˜ao somente ligantes macromoleculares, s˜ao tamb´em uma matriz process´avel na qual uma dada propriedade do complexo met´alico pode ser suportada dispensando um solvente l´ıquido. A processabilidade de uma matriz polim´erica deve ser entendida como sua capacidade de ser transformada em filme, revestimento de uma superf´ıcie, membrana, gel ou numa pec¸a, por exemplo. No caso dos metalopol´ımeros, as propriedades dos centros met´alicos podem ser impregnadas em materiais nesses diferentes formatos. Um exemplo interessante s˜ao os trabalhos de Forster e colaboradores em que a eletroquimioluminescˆencia do complexo [Ru(bipy)2 ]2+ imobilizado em poli(4-vinilpiridina) na formac¸a˜ o do metalopol´ımero [Ru(bipy)2 (P4VP)10 ]2+ passa a ter eficiˆencia aumentada em quase quatro vezes quando comparada com medidas em soluc¸a˜ o.8 Recentemente, a adic¸a˜ o de nanopart´ıculas de ouro neste sistema para a formac¸a˜ o de um nanocomp´osito eletroquimioluminescente permitiu aumento da condutividade do filme e com isso aumento da luminescˆencia pelo aumento da taxa de gerac¸a˜ o de n´ucleos emissores.9. 1.1.1. Classificac¸a˜ o de metalopol´ımeros. Uma vez que propriedade e estrutura est˜ao intimante ligadas, faz-se necess´ario compreender os tipos de estruturas e o tipo de ligac¸a˜ o poss´ıveis de se formar entre metais e cadeia polim´erica. E´ com base nesses fatores que metalopol´ımeros podem ser classificados, tendo-se como referˆencia o metal. O metal pode ser parte integrante da cadeia principal do pol´ımero ou pode se localizar como um grupo lateral, Laborat´orio de Qu´ımica de Coordenac¸a˜ o – IQ Unicamp. 3.

(37) Sergio Augusto Venturinelli Jannuzzi. Cap´ıtulo 1. Introduc¸a˜ o. j´a a ligac¸a˜ o, por sua vez, pode ser covalente com um a´ tomo de carbono (t´ıpica de compostos organomet´alicos) ou com um hetero´atomo da cadeia (t´ıpica de compostos de coordenac¸a˜ o).4, 10 Pol´ımeros lineares contendo metal na cadeia principal podem ser formados a partir de um ligante macrom´erico orgˆanico contendo grupos coordenantes em suas extremidades. A complexac¸a˜ o com um metal une dois macrˆomeros, havendo assim uma polimerizac¸a˜ o supramolecular. Han e colaboradores11 produziram uma s´erie de metalopol´ımeros eletrocrˆomicos a partir de um polifenileno linear contendo uma terpiridina em cada ponta, que por sua vez se coordena a um ´ıon Ru(II). O comprimento de onda emitido pˆode ser variado em func¸a˜ o do n´umero de an´eis fenilas da frac¸a˜ o orgˆanica. De forma similar, Maeda e colaboradores12 produziram nanoesferas fluorescentes com base em ligantes orgˆanicos conjugados contendo um grupo dipirrometeno em cada ponta. Foi usado Zn(II) e Cu(II), posto que nesse sistema um n´umero de coordenac¸a˜ o 4 era necess´ario para formac¸a˜ o da estrutura linear. Quando o metal est´a localizado num grupo pendente, a sua inserc¸a˜ o pode ser feita polimerizando-se um monˆomero que j´a contenha o metal ou coordenando-se o metal ap´os a formac¸a˜ o da cadeia polim´erica. Lacroix e colaboradores13 partiram da poli(4-vinilpiridina) (P4VP) comercial e do W(CO)6 para formar um metalopol´ımero em que o crom´oforo pendente -W(CO)5 gerou modesta propriedade o´ tica n˜aolinear. De outra maneira, Franco e colaboradores14 sintetizaram e caracterizaram um copol´ımero usando como um dos comonˆomeros o complexo trans-[RuCl2 (4vpy)4 ]. Uma outra poss´ıvel classificac¸a˜ o considera a cadeia polim´erica. Pol´ımeros contendo metal podem (i) formar uma estrutura tridimensional estendida r´ıgida e insol´uvel, em que a parte orgˆanica tem tamanho pequeno, e´ polifuncional e se coor4. Laborat´orio de Qu´ımica de Coordenac¸a˜ o – IQ Unicamp.

(38) Cap´ıtulo 1. Introduc¸a˜ o. Sergio Augusto Venturinelli Jannuzzi. dena aos centros met´alicos, que por sua vez constituem os v´ertices do edif´ıcio cristalino. Tais materiais s˜ao conhecidos como metal-organic framework, ou MOF. Alternativamente, (ii) as macromol´eculas podem ser lineares ou (iii) dendr´ıticas, sendo frequentemente process´aveis e podendo, por exemplo, agregar para gerar estruturas nanom´etricas. H´a tamb´em (iv) sistemas envolvendo coordenac¸a˜ o de ligantes l´abeis que s˜ao capazes de se estruturar em soluc¸a˜ o formando g´eis. A estruturac¸a˜ o do gel pode, por exemplo, responder a um est´ımulo externo que afeta diretamente os centros met´alicos.10 A despeito da classificac¸a˜ o, e´ relevante ressaltar que a pesquisa em metalopol´ımeros consiste numa a´ rea claramente multidisciplinar, j´a que envolve tanto conhecimentos de qu´ımica de coordenac¸a˜ o e organomet´alicos quanto conhecimentos de s´ıntese e propriedade de pol´ımeros. A concatenac¸a˜ o dessas a´ reas da qu´ımica se faz imprescind´ıvel para o suprimento de diversas demandas da sociedade moderna por materiais com propriedades espec´ıficas.. 1.2. Pentacianoferrato associado a sistemas supramoleculares. Pentacianoferratos cuja f´ormula gen´erica e´ [Fe(CN)5 L]2−/3− s˜ao sistemas qu´ımicos estudados desde a d´ecada de 1960 e mais intensamente na de 1970, quando a atenc¸a˜ o se voltava para a s´ıntese de complexos variando-se o ligante L,15–17 estabilidade desses compostos,16 cin´etica e mecanismos de troca de ligantes.15, 16, 18, 19 O nitroprussiato (L = NO) e´ um dos primeiros compostos dessa classe. Ele tem destacada importˆancia como um cl´assico agente hipotensivo, devido a` capacidade liberadora de NO.20, 21 J´a o aminopentacianoferrato (L = NH3 ), que pode ser facilLaborat´orio de Qu´ımica de Coordenac¸a˜ o – IQ Unicamp. 5.

(39) Sergio Augusto Venturinelli Jannuzzi. Cap´ıtulo 1. Introduc¸a˜ o. mente preparado a partir do nitroprussiato em meio de hidr´oxido de amˆonio, tem destacada propriedade catal´ıtica.22 Destacam-se sua capacidade de catalisar a autooxidac¸a˜ o da hidrazina23 e de eletrocatalisar a reduc¸a˜ o de CO e CO2 a metanol.24–26 Quando L = NO ou CN− , nenhuma atividade catal´ıtica e´ observada, evidenciando que a labilidade da NH3 e´ fundamental para o acesso do substrato ao metal. A elevada estabilidade da coordenac¸a˜ o do pentacianoferrato com ligantes N-heteroc´ıclicos arom´aticos permitiu seu uso como bloco de construc¸a˜ o de sistemas supramoleculares. Uma interessante aplicac¸a˜ o de pentacianoferrato est´a na construc¸a˜ o de rotaxanos. Estas estruturas s˜ao agregados supramoleculares em que uma mol´ecula c´ıclica e´ transpassada por uma mol´ecula linear contendo subsituintes volumosos nas pontas.27 Por exemplo, ciclodextrina pode acomodar no seu interior hidrof´obico uma mol´ecula an´aloga a 4,4’-bipiridina que apresente uma cadeia de grupos CH2 separando os an´eis; a coordenac¸a˜ o de pentacianoferrato nos an´eis e´ adequada para impedir que o agregado se dissocie.28 A integrac¸a˜ o do [Fe(CN)5 L]3− com outras mol´eculas pela substituic¸a˜ o de um ligante L l´abil gera compostos com propriedades espectrais, foto e eletroqu´ımicas diferenciadas. A presenc¸a de c´ations de metais de transic¸a˜ o M, tais como Fe2+ , Ni2+ , Co2+/3+ , Cu2+ , Cr3+ , e outros, causa a polimerizac¸a˜ o das unidades [Fe(CN)5 L]3− pela formac¸a˜ o de ligac¸o˜ es CN−M−NC formando-se assim uma estrutura extendida tipo azul da Pr´ussia. Com isso, o substitu´ınte L pode ser integrado a um pol´ımero de coordenac¸a˜ o extenso, que pode ancor´a-lo na superf´ıcie de um eletrodo met´alico, por exemplo. O complexo [Ru(bipy)2 (Sbipy)]2+ foi ligado ao [Fe(CN)5 ]3− pelo a´ tomo de enxofre, que por sua vez foi imobilizado na superf´ıcie de um eletrodo de n´ıquel usando-se Ni2+ eletroquimicamente gerado. Tal material apresentou fotocorrente 6. Laborat´orio de Qu´ımica de Coordenac¸a˜ o – IQ Unicamp.

(40) Cap´ıtulo 1. Introduc¸a˜ o. Sergio Augusto Venturinelli Jannuzzi. sob irradiac¸a˜ o de luz vis´ıvel na presenc¸a de O2 .29 De forma similar, a supermol´ecula [RuII (bipz)3 ]2+ ligada a seis unidades [Fe(CN)5 ]3− foi sintetizada30 e imobilizada na superf´ıcie de um eletrodo met´alico.31 Em outro exemplo,32 foi usada uma porfirina tetrassubstitu´ıda na posic¸a˜ o meso com grupo 3-piridil que se liga a uma unidade Fe(CN)3− 5 cada. A formac¸a˜ o de estrutura tipo azul da Pr´ussia com [Fe(CN)5 L]3− n˜ao se limita a` func¸a˜ o de funcionalizac¸a˜ o de superf´ıcies de eletrodos. Quando L e´ a uma mol´ecula hidrof´obica, tem-se um pentacianoferrato anfif´ılico capaz de adsorver numa interface.33, 34 Manipulando-se o modo de agregac¸a˜ o dessas esp´ecies, diversas nanoestruturas podem ser formadas. Culp e colaboradores35 ligaram 4-(didodecilamino)piridina ao Fe(CN)3− 5 produzindo um pentacianoferrato anfif´ılico que adsorve na interface a´ gua/ar. Atrav´es da adic¸a˜ o de Ni(NO3 )2 na fase aquosa, uma rede bidimensional com estrutura tipo azul da Pr´ussia pˆode ser formada e com ela uma estrutura supramolecular multi-camadas foi montada atrav´es da t´ecnica Langmuir-Blodgett. Em estudos posteriores, o grupo usou uma superf´ıcie hidrof´obica funcionalizada pela rede bidimensional FeII /NiII para direcionar o crescimento de an´alogos de azul da Pr´ussia com FeCl2 , Ni(NO3 )2 ·6H2 O ou CrCl2 e K3 [Fe(CN)6 ] ou K3 [Cr(CN)6 ], objetivando o estudo de suas propriedades magn´eticas.36 Num outro trabalho,37 o mesmo grupo sintetizou a rede bidimensional com Co2+ e Mn2+ ao inv´es do Ni2+ , ilustrando assim a versatilidade de estruturas tipo azul da Pr´ussia e a possibilidade do uso de interfaces para construc¸a˜ o de materiais nanoestruturados. Valendo-se de estrat´egia similar, Liang e colaboradores33 recentemente sintetizaram um metalopol´ımero formado por um copol´ımero linear tribloco poli(´oxido de etileno-co-´oxido de propileno-co-´oxido de etileno) contendo uma unidade Fe(CN)3− 5 Laborat´orio de Qu´ımica de Coordenac¸a˜ o – IQ Unicamp. 7.

(41) Cap´ıtulo 1. Introduc¸a˜ o. Sergio Augusto Venturinelli Jannuzzi. ligada a cada ponta das cadeias, como mostrado na Figura 1.1. O bloco de o´ xido de propileno e´ hidrof´obico e por isso o metalopol´ımero forma micelas num sitema tolueno/´agua, expondo as extremidades contendo o pentacianoferrato ao meio aquoso. A adic¸a˜ o de FeCl3 resultou na formac¸a˜ o de cascas esf´ericas com estruturas tipo azul da Pr´ussia de diˆametro nanom´etrico, cuja poss´ıvel aplicac¸a˜ o e´ encapsulamento.. tolueno hexadecano. Fe3+. metanol. sonicac¸a˜ o. em a´ gua. ligados nas pontas da cadeia do copol´ımero tribloco Figura 1.1: Metalopol´ımero contendo Fe(CN)3− 5 poli(´oxido de etileno-co-´oxido de propileno-co-´oxido de etileno) e seu uso na obtenc¸a˜ o de nanocascas de azul da Pr´ussia, valendo-se da capacidade de formac¸a˜ o da estrutura supramolecular de micelas. Figura adaptada da referˆencia 33.. Em um trabalho subsequente do mesmo grupo, o metalopol´ımero mostrado na Figura 1.1 foi usado na obtenc¸a˜ o de nanopart´ıculas c´ubicas ocas, chamadas pelos autores de “nanocaixas”. A variac¸a˜ o da morfologia foi observada em determinadas condic¸o˜ es experimentais de concentrac¸a˜ o do metalopol´ımero (5% em massa), quantidade de tolueno (4% em massa) e grau de modificac¸a˜ o dos grupos terminais das cadeias (∼100%-60%). Diferentemente das cascas esf´ericas,33 as “nanocaixas” s˜ao cristalinas, em vista disso, a energia de rede foi atribu´ıda como sendo a respons´avel pela estabilizac¸a˜ o da morfologia c´ubica das part´ıculas.38 8. Laborat´orio de Qu´ımica de Coordenac¸a˜ o – IQ Unicamp.

(42) Cap´ıtulo 1. Introduc¸a˜ o. 1.3. Sergio Augusto Venturinelli Jannuzzi. Metalopol´ımeros de poli(4-vinilpiridina) e pentacianoferrato. Metalopol´ımeros de poli(4-vinilpiridina) e pentacianoferrato (P4VP-Fe(CN)5 ) foram inicialmente reportados na d´ecada de 1980. Estes estudos se inserem num contexto em que uma forte linha de pesquisa em Qu´ımica Inorgˆanica se ocupava da busca de formas de modificac¸a˜ o da superf´ıcie de eletrodos e a investigac¸a˜ o dos processos de transferˆencia de carga em tais sistemas.39–42 Dentre diversos pol´ımeros explorados, a P4VP mostrou-se apropriada na formac¸a˜ o dos chamados pol´ımeros redox, pois e´ insol´uvel em a´ gua (pH neutro) e e´ capaz de reter ´ıons eletroativos como [Fe(CN)5 ]2−/3− ,39 [Fe(CN)6 ]3−/4− ,42 [RuII/III (EDTA)],40, 41 [Ru(NH3 )5 OH2 ]2+40, 41 e Cu2+ .41 Sendo assim, foi bastante usada na imobilizac¸a˜ o de esp´ecies eletroativas na superf´ıcie de eletrodos de grafite, carbono v´ıtreo ou met´alicos seja atrav´es de coordenac¸a˜ o,39, 43 seja por atrac¸a˜ o eletrost´atica entre grupos piridina quaternizados e complexos aniˆonicos.44 Um modo de preparo comum de eletrodos modificados iniciava-se com seu recobrimento com um pol´ımero ou polieletr´olito para formac¸a˜ o de um filme. Em seguida, mergulhava-se o eletrodo modificado numa soluc¸a˜ o contendo a esp´ecie eletroativa de interesse. Procedia-se dessa forma, em parte, devido a dificuldades de se preparar uma soluc¸a˜ o em que ambos o pol´ımero e o complexo fossem sol´uveis. O par P4VP e [Fe(CN)5 L]3− tem a vantagem de ser sol´uvel numa faixa razo´avel de composic¸a˜ o de mistura a´ gua/metanol, permitindo que o complexo seja incorporado ao pol´ımero previamente a` deposic¸a˜ o. Anson e colaboradores39 conduziram um detalhado estudo acerca da transferˆencia de carga nesse sistema suportado em eletrodo de grafite, em que o filme eletroativo foi preparado de duas formas distintas: (i) pelo m´etodo Laborat´orio de Qu´ımica de Coordenac¸a˜ o – IQ Unicamp. 9.

(43) Cap´ıtulo 1. Introduc¸a˜ o. Sergio Augusto Venturinelli Jannuzzi. tradicional de imers˜ao do eletrodo contendo filme de P4VP pura numa soluc¸a˜ o aquosa de [Fe(CN)5 OH2 ]3− pH 3 ou (ii) pela deposic¸a˜ o do metalopol´ımero previamente formado. Neste u´ ltimo m´etodo de preparo, o efeito do pH da soluc¸a˜ o de eletr´olito suporte e da quantidade de complexo foram investigados. O procedimento i n˜ao resultou em resposta eletroqu´ımica quando o pH da soluc¸a˜ o de [Fe(CN)5 OH2 ]3− era neutro ou b´asico, evidenciando que o filme apesar de ter grupos piridina, n˜ao os disponibiliza para coordenac¸a˜ o do complexo. Por outro lado, ao mudar para pH 3, os grupos piridina s˜ao parcialmente protonados, causando atrac¸a˜ o eletrost´atica com o complexo. Ap´os lavagem, eliminam-se a porc¸a˜ o de [Fe(CN)5 OH2 ]3− eletrostaticamente aderida, restando somente a porc¸a˜ o que se coordenou a` s piridinas desprotonadas. Testou-se tamb´em P4VP com parte dos grupos piridina quaternizados, obtendo-se o mesmo resultado em soluc¸o˜ es de pH em que n˜ao haveria protonac¸a˜ o das piridinas. Mesmo assim, este m´etodo n˜ao resultou numa funcionalizac¸a˜ o do eletrodo t˜ao boa quanto o obtido por ii. Usando-se o metalopol´ımero (m´etodo ii), os autores obtiveram um voltamograma mais sim´etrico, com muito pouca cauda e com uma separac¸a˜ o de apenas 30 mV entre os picos de oxidac¸a˜ o e reduc¸a˜ o medidas a 50 mV s−1 . Em adic¸a˜ o, as correntes dos picos aumentaram menos rapidamente com o aumento da velocidade de varredura de potencial. A maior separac¸a˜ o entre os picos do voltamograma obtido pelo m´etodo tradicional (i) e o r´apido aumento de corrente com a velocidade de varredura s˜ao caracter´ısticas de revestimentos atrav´es dos quais a transferˆencia de carga e´ difusionalmente limitada e controlada por movimentos cooperativos de contra´ıons, segmentos de cadeia polim´erica e complexo ancorado, necess´arios para a carga se mova atrav´es do filme. Por fim, os voltamogramas obtidos com o metalopol´ımero concordam com o espe10. Laborat´orio de Qu´ımica de Coordenac¸a˜ o – IQ Unicamp.

(44) Cap´ıtulo 1. Introduc¸a˜ o. Sergio Augusto Venturinelli Jannuzzi. rado para um reagente redox confinado na superf´ıcie do eletrodo. Mostram tamb´em que os centros redox est˜ao mais homogeneamente distribu´ıdos, atrav´es dos quais a carga pode ser transportada mais rapidamente, pois o coeficiente de difus˜ao efetivo obtido em ii foi de 2,8 a 6,6 vezes maior do que o obtido por i. O coeficiente de difus˜ao efetivo das cargas aumenta com o aumento da quantidade ` s piridinas devido a maior concentrac¸a˜ o de centros redox de Fe(CN)3− 5 coordenado a e ao maior grau de intumescimento do filme. O aumento ocorre at´e se atingir um limite de percolac¸a˜ o, a partir do qual o coeficiente de difus˜ao efetivo n˜ao varia mais com a quantidade de complexo. De um modo geral, o coeficiente de difus˜ao efetivo aumenta com a diminuic¸a˜ o do pH, porque uma maior quantidade de grupos piridina se protonam, aumentando o grau de intumescimento e facilitando o movimento de contra´ıons e porc¸o˜ es de cadeia polim´erica. Em trabalho subsequente do grupo de F. C. Anson43 a P4VP teve parte dos grupos piridina quaternizada com cloreto de benzila, outra parte coordenada a Fe(CN)3− 5 e outra parte deixada livre para protonac¸a˜ o. A carga el´etrica da rede polim´erica pˆode 2−/3−. ser controlada eletroquimicamente atrav´es da quantidade relativa do par Fe(CN)5. e atrav´es do pH da soluc¸a˜ o de eletr´olito suporte. A carga total por grupo piridina pˆode ser variada continuamente entre 0,4− at´e 0,4+. Com isso, tanto c´ations como [Ru(NH3 )6 ]3+ e [Fe(phen)3 ]2+ quanto aˆ nions como [IrCl6 ]3− , [Fe(CN)6 ]3− e [Mo(CN)8 ]4− foram ligados ao filme polim´erico e detectados voltametricamente. Em um outro estudo,42 foram comparadas as cin´eticas de eletrodos modificados 2−/3−. com Fe(CN)5. coordenado a P4VP e com [Fe(CN)6 ]3−/4− ligado eletrostatica-. mente a P4VP protonada utilizando-se voltametria de pulso normal. A constante 2−/3−. cin´etica da reac¸a˜ o redox foi menor com o Fe(CN)5 Laborat´orio de Qu´ımica de Coordenac¸a˜ o – IQ Unicamp. do que com o [Fe(CN)6 ]3−/4− 11.

(45) Sergio Augusto Venturinelli Jannuzzi. Cap´ıtulo 1. Introduc¸a˜ o. para raz˜oes molares metal/grupo piridina superiores a 0,05. Isso indica que nessa faixa de concentrac¸a˜ o de complexo, a capacidade de difus˜ao dos ´ıons [Fe(CN)6 ]3−/4− os permite moverem-se mais livremente do que os grupos pentacianoferrato, porque estes est˜ao ligados a uma cadeia polim´erica volumosa e pouco m´ovel, restando-lhes apenas o mecanismo de hopping de el´etrons para transmiss˜ao de carga. Oyama e colaboradores reportam num outro trabalho45 o comportamento fotoeletroqu´ımico do metalopol´ımero P4VP-Fe(CN)3− ¸ a˜ o aquosa, variando-se 5 em soluc a quantidade de complexo incorporada, pH, intensidade de radiac¸a˜ o e tempo de exposic¸a˜ o a` radiac¸a˜ o. Numa amostra em que a raz˜ao py/Fe era 82 imersa em soluc¸a˜ o de pH 3, registrou-se fotocorrente an´odica de 0,9 µA cm−2 num potencial de 0,80V contra SSCE sob 140 mW cm−2 de intensidade de irradiac¸a˜ o. A fotocorrente aumenta com o aumento da quantidade de complexo e tamb´em com a intensidade de irradiac¸a˜ o. Entretanto, o sistema e´ pouco est´avel, pois 1 h ap´os o in´ıcio da irradiac¸a˜ o, a fotocorrente cai 80% e 30 h depois, est´a 10% do seu valor inicial. A concentrac¸a˜ o ` fotocorrente nesse intervalo de tempo. No de Fe(CN)3− 5 decai proporcionalmente a processo de desativac¸a˜ o do estado excitado do grupo Fe(CN)3− erica 5 , a cadeia polim´ pode absorver a energia, deixando-a reativa e pass´ıvel de oxidac¸a˜ o. Espectroscopia infravermelho evidenciou oxidac¸a˜ o do filme irradiado por 30 h. Concluiu-se tamb´em que a fotoaquac¸a˜ o e a subsequente dissociac¸a˜ o de ligantes, que s˜ao conhecidos na fotoqu´ımica do [Fe(CN)6 ]3−/4− em soluc¸a˜ o aquosa, parecem ser suprimidos no Fe(CN)3− erico. 5 em dom´ınio polim´ Na d´ecada de 1990, Larsson e Sharp46 conduziram um trabalho semelhante ao de Anson39 e Oyama,42 em que ligaram eletrostaticamente [Fe(CN)5 py]3− a uma matriz de P4VP parcialmente quaternizada com iodometano e suportada em eletrodo 12. Laborat´orio de Qu´ımica de Coordenac¸a˜ o – IQ Unicamp.

(46) Cap´ıtulo 1. Introduc¸a˜ o. Sergio Augusto Venturinelli Jannuzzi. de carbono v´ıtreo. Outro eletrodo foi preparado com P4VP parcialmente metilada, reticulada com 1,10-dibromodecano e coordenada a grupos Fe(CN)3− 5 . As caracter´ısticas de transporte de carga de ambos sistemas foram investigadas por voltametria c´ıclica, cronocoulometria e espectroscopia de impedˆancia e comparadas entre si. As conclus˜oes foram as mesmas dos trabalhos precessores.39, 42 Dois anos depois, o mesmo grupo aprofundou o trabalho anterior46 estudando a influˆencia da temperatura na cin´etica de transferˆencia de carga em eletrodos. O coeficiente de difus˜ao aparente de carga em func¸a˜ o da temperatura e´ descrito satisfatoriamente pela equac¸a˜ o de Arrhenius, em que o fator pr´e-exponencial e´ proporcional a` entropia de ativac¸a˜ o. No sistema eletrostaticamente ligado, a entropia de ativac¸a˜ o foi de ∆S‡ = +32±15 J K−1 mol−1 , valor relativamente maior ao encontrado em sistemas similares. Inferiuse com isso que para o aˆ nion se locomover, ele deve se livrar da interac¸a˜ o de c´ations ligados a` macromol´ecula, o que provocaria grande rearranjo e aumento dos graus de liberdade das cadeias polim´ericas. Por outro lado, quando o Fe(CN)3− 5 encontra-se coordenado ao pol´ımero, a difus˜ao e´ desprez´ıvel e a etapa limitante passa a ser o encontro de um par de s´ıtios redox. Para tanto, as cadeias polim´ericas tˆem seus graus de liberdade restringidos para se ordenarem e permitirem a aproximac¸a˜ o de grupos 2− III ‡ FeII (CN)3− 5 com grupos Fe (CN)5 , resultando num valor de ∆S bastante negativo. de −57±8 J K−1 mol−1 .47 Como pode-se notar, os estudos que envolvem o sistema P4VP-Fe(CN)3− 5 conhecidos at´e o momento restringem-se a` a´ rea de eletroqu´ımica e versam em sua maioria sobre a modificac¸a˜ o da superf´ıcie de eletrodos. A produc¸a˜ o de estruturas tipo azul da Pr´ussia usando-se [Fe(CN)5 L] aplica-se basicamente no ancoramento do grupo L na superf´ıcie de eletrodos met´alicos. Ainda e´ pouco explorada, no entanto, a formac¸a˜ o Laborat´orio de Qu´ımica de Coordenac¸a˜ o – IQ Unicamp. 13.

(47) Cap´ıtulo 1. Introduc¸a˜ o. Sergio Augusto Venturinelli Jannuzzi. de estruturas tipo azul da Pr´ussia ligadas a pol´ımeros. O melhor exemplo que se tem e´ o pentacianoferrato ligado um copol´ımero bloco.33, 38. 1.4. ´ Interac¸a˜ o entre azul da Prussia e an´alogos com pol´ımeros. O azul da Pr´ussia (AP) e´ o nome dado ao primeiro composto de coordenac¸a˜ o que se tem not´ıcia, descoberto em 1704 em Berlim48–51 e trata-se de hexacianoferrato f´errico. Compostos onde os FeII e/ou FeIII s˜ao substitu´ıdos por outros ´ıons de metais de transic¸a˜ o formam a mesma estrutura c´ubica do AP e por isso se chamam an´alogos do azul da Pr´ussia. A f´ormula gen´erica deste composto de valˆencia mista e´ Ax My [Q(CN)6 ]z ·nH2 O, em que o metal de transic¸a˜ o Mp+ localiza-se em todos os v´ertices e centro das faces, os grupos [Q(CN)6 ]q− ocupam os s´ıtios octa´etricos e os c´ations monovalentes de metais alcalinos A+ residem em parte dos s´ıtios tetra´edricos. Cadeias lineares de M e Q s˜ao formadas pela ponte cianeto e estendem-se nas trˆes direc¸o˜ es ortogonais da c´elula cristalina c´ubica para a formac¸a˜ o de um cristal insol´uvel em muitos solventes. Os a´ tomos Qq+ encontram-se coordenados aos a´ tomos de carbono dos ´ıons cianeto, por isso, ele se encontra num campo ligante forte. J´a os a´ tomos Mp+ coordenamse aos a´ tomos de nitrogˆenio e por conseguinte est˜ao num campo ligante fraco. A primeira consequˆencia disso e´ a cela unit´aria n˜ao ser estritamente c´ubica de face centrada, pois sempre a distˆancia Q−C ser´a menor que a M−N. Os comprimentos ˚ e FeIII −N de 2,029 A. ˚ 1 de ligac¸a˜ o m´edios no AP s˜ao FeII −C de 1,923 A A segunda consequˆencia e´ que os estados de spin de ambos metais podem se combinar atrav´es do sistema π do cianeto, resultando em interessantes propriedades 14. Laborat´orio de Qu´ımica de Coordenac¸a˜ o – IQ Unicamp.

(48) Cap´ıtulo 1. Introduc¸a˜ o. Sergio Augusto Venturinelli Jannuzzi. Figura 1.2: Estrutura cristalina c´ubica de face centrada do Fe4 [Fe(CN)6 ]·14H2 O, tamb´em conhecido como ´ “azul da Pr´ussia“. Atomos de C s˜ao mostrados em cinza, N em azul, O em vermelho, Fe(II) s˜ao as esferas laranjas ligadas a a´ tomos de C, e Fe(III) s˜ao as ligadas a N. Existem vacˆancias na rede cristalina em que CN− s˜ao substitu´ıdos por H2 O, com o oxigˆenio ocupando aproximadamente o s´ıtio do N.1. magn´eticas nessa classe de compostos.51 Em virtude disso, hexacianometalatos s˜ao blocos de construc¸a˜ o vers´ateis para produc¸a˜ o de magnetos moleculares,52 permitindo s´ıntese de compostos com spin variando de 3/2 at´e 27/2 ou exibindo magnetizac¸a˜ o fotoinduzida,53, 54 por exemplo. As temperaturas de transic¸a˜ o Curie tamb´em poII e 315 K no dem variar numa ampla faixa: de 5,6 K no FeIII 4 [Fe (CN)6 ]3 ·14H2 O at´ III 51, 55 A5 VII 2 [Cr (CN)6 ]3 .. As propriedades magn´eticas s˜ao frutos da combinac¸a˜ o estrutura cristalina e composic¸a˜ o dos compostos dos cianometalatos (proporc¸a˜ o entre A, M e Q). Uma pesquisa recente de crescente relevˆancia investiga o mecanismo de crescimento desses cristais, bem como o controle das suas morfologias e ordenamento em escala supramolecular.50, 56, 57 Este aspecto e´ importante porque magnetos moleculares necessitar˜ao de produc¸a˜ o e processamento caso sejam incoporados em dispositivos. Uma estrat´egia usada na s´ıntese do azul da Pr´ussia passa pelo confinamento de Laborat´orio de Qu´ımica de Coordenac¸a˜ o – IQ Unicamp. 15.

(49) Sergio Augusto Venturinelli Jannuzzi. Cap´ıtulo 1. Introduc¸a˜ o. (NH4 )3 [FeIII (CN)6 ] e (NH4 )3 [FeIII (C2 O4 )3 ] em micelas reversas de a´ gua em isooctano seguido da fotoreduc¸a˜ o do [FeIII (C2 O4 )3 ]3− a [FeII (C2 O4 )3 ]4− , que por sua vez libera lentamente ´ıons FeII . A reac¸a˜ o de FeII com [FeIII (CN)6 ]3− forma os n´ucleos de AP. c. e o crescimento dos cristais e´ dado pela lenta difus˜ao entre got´ıculas de. a´ gua e pela coalescˆencia das mesmas. Como resultado, ap´os a sa´ıda do solvente observaram-se cubos com tamanho de 16,0±2,7 nm agregados em redes bidimensionais tamb´em c´ubicas com at´e 200 nm de extens˜ao (60-100 nanocubos), espac¸ados entre si por 2-3 nm, o que condiz com uma bicamada do surfactante adsorvida nas faces dos nanocristais.50, 56 Substituindo-se [Fe(CN)6 ]3− por [Fe(CN)5 NO]2− , s˜ao formadas nanopart´ıculas cubo-octa´edricas que se arranjam em redes bidimensionais hexagonais.50, 57 Em geral, o tamanho m´edio das part´ıculas variou com a concentrac¸a˜ o dos precursores, tempo de envelhecimento e composic¸a˜ o a´ gua/isooctano. Al´em de micelas, uma outra forma comum de controlar o crescimento de cristais e´ pelo uso de pol´ımeros fracamente coordenantes, dentro os quais o mais comum e´ a poli(N-vinil-2-pirrolidona) (PVP). Ela e´ usada vastamente na s´ıntese de nanopart´ıculas met´alicas, semicondutoras e tamb´em de AP.59–62 O mecanismo de ac¸a˜ o passa pela coordenac¸a˜ o de grupos l´abeis, como a amida da PVP, fazendo com que o pol´ımero envolva o cristal em crescimento, diminuindo assim a difus˜ao dos reagentes e a velocidade de crescimento dos cristais. Adicionalmente, acredita-se que ele disperse a nucleac¸a˜ o e dificulte a agregac¸a˜ o das part´ıculas, aumentando assim a estabilidade da suspens˜ao. Kong e colaboradores59 reportam a s´ıntese de part´ıculas de 45-60 nm de uma s´erie de an´alogos do azul da Pr´ussia M3 [Fe(CN)6 ]2 , cujas morAcreditava-se inicialmente que o produto da reac¸a˜ o entre FeII e [FeIII (CN)6 ]3− era distinto do azul da Pr´ussia e fora denominado azul de Turnbull. Por´em, diversas evidˆencias experimentais comprovam que ambos os produtos s˜ao o II 1, 58 mesmo, de f´ormula FeIII 4 [Fe (CN)6 ]3 ·14H2 O. c. 16. Laborat´orio de Qu´ımica de Coordenac¸a˜ o – IQ Unicamp.

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