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CAPÍTULO 3 MERCADO DE TRABALHO E DESEMPREGO

3.2 A Atividade Econômica e o Desemprego

O mercado de trabalho guarda estreito relacionamento com a atividade econômica – salários, emprego, desemprego, rotatividade e produtividade –, sendo condicionado, basicamente, pelo nível e pela flutuação da atividade econômica. O desenvolvimento econômico do País condiciona as variáveis relativas ao mercado de trabalho, e também, em parte, é condicionado por ela.

Pode-se considerar que o nível de emprego – e, portanto, o de desemprego – é afetado por três determinantes:

a) o custo da mão-de-obra, incluindo-se aqui os custos impostos pela legislação trabalhista;

b) o processo tecnológico;

c) a situação conjuntural da demanda.

O crescimento econômico leva a um crescimento na demanda por mão-de- obra, o que resulta em aumento dos salários reais. Desse modo, mais bens são

colocados à disposição da coletividade, assim como existe uma tendência ao aumento da produtividade do trabalho. O aumento de produtividade resulta em redução de preços e maior demanda.

A taxa de desemprego incorpora os trabalhadores que se encontram desem- pregados por inúmeros motivos. Seguem-se algumas classificações de desemprego:

Desemprego Estrutural

O desemprego estrutural tem sua origem no aprimoramento do processo produtivo, obtido pela utilização de novas tecnologias e novas formas de organização e administração do processo produtivo. Desta forma, diferencia-se o objeto de demanda de mão-de-obra, sendo exigida maior qualificação e expulsando-se os menos qualificados do mercado de trabalho. A grande questão é definir a partir de que ponto, de que nível, o trabalhador passa de não qualificado a qualificado, ou seja, que tipo de qualificação o trabalhador necessita ter para ser considerado qualificado. Outro aspecto a ser considerado é que a exigência de qualificação vem se ampliando, ao longo do tempo, alterando-se o que se entende por qualificação. O trabalhador que hoje é considerado como qualificado pode não sê-lo amanhã. A flexibilidade dos salários e a mobilidade dos fatores poderiam minimizar ou mesmo eliminar os efeitos deste tipo de desemprego, no entanto estes pressupostos adotados e sustentados pela Escola Neoclássica em todas as suas teorias não são observados no mundo real. A visão de que os fatores de produção obedecem a uma perfeita mobilidade, ou seja, de que o trabalhador excluído de determinado processo produtivo consegue

facilmente ser absorvido em outra atividade é de cunho clássico, embora seja de

difícil aceitação. "Da mesma forma que um jogador de críquete aprende com facilidade a jogar tênis, um operário especializado pode, freqüentemente, mudar de ofício sem grande perda de eficiência. A habilidade manual especializada a ponto de não ser transferida de sua ocupação para outra está se tornando um fator de produção de importância cada vez menor..." (MARSHALL, 1996, p.184-185).

Os aspectos relativos ao desemprego tecnológico são sentidos com mais intensidade nas economias ditas emergentes ou subdesenvolvidas. A tecnologia do processo resulta na substituição do homem pela máquina, e é representada pela maior procura de técnicos e especialistas e pela queda, em maior proporção, da procura dos trabalhadores meramente braçais.

Desemprego Friccional

O desemprego friccional tem as origens do seu estudo na Teoria Clássica, sendo posteriormente retomado por Marshall e demais autores neoclássicos. Trata-se do desemprego motivado pela mudança de emprego ou de atividade dos indivíduos. É determinado pelos fluxos de indivíduos que entram e saem do mercado de trabalho e pela velocidade com que as pessoas desempregadas encontram emprego.

Este tipo de desemprego vem ao encontro da chamada Taxa Natural de Desemprego, em que sempre existe um determinado nível abaixo do qual não é possível diminuir o desemprego. Numa linguagem figurada, é como se existisse uma piscina onde novos desempregados estão entrando, aumentando o nível da água, e trabalhadores se empregando, reduzindo esse nível.

Desemprego Involuntário

O conceito de desemprego involuntário tem sua origem na teoria keynesiana e na questão principal enfocada por Keynes que trata da insuficiência de demanda agregada sobre a oferta agregada, e da existência de trabalhadores desejosos em trabalhar pelos salários vigentes e que não conseguem inserir-se no mercado de trabalho.

Até a visão keynesiana, entendia-se que o desemprego era friccional, ou voluntário, pois só estariam desempregados os trabalhadores que estivessem "transitando" entre um emprego e outro, ou que não aceitassem trabalhar ao nível salarial existente no mercado, o que constituía o chamado desemprego voluntário.

Desemprego Sazonal

O desemprego sazonal ocorre em função da sazonalidade de determinadas atividades produtivas, sendo sazonalidade o conjunto de flutuações intra-anuais que se repetem regularmente todos os anos. A estimativa destes efeitos é necessária para que se possa analisar melhor a evolução "real" da taxa de desemprego aberto. A série livre das flutuações sazonais torna-se um instrumento refinado para a análise, no curto prazo, do impacto das mudanças econômicas na taxa de desemprego aberto.

Existem outros conceitos relacionados à questão do desemprego, principalmente no Brasil, que merecem ser tratados:

Desemprego Conjuntural

Entende-se por desemprego conjuntural o desemprego causado por fatores conjunturais, podendo obedecer a ciclos econômicos. Normalmente o principal fato gerador do desemprego conjuntural pode ser atribuído à insuficiência da demanda agregada, fazendo com que caia a demanda por mão-de-obra, tendo em vista a inflexibilidade para baixar os salários reais.

Desemprego Voluntário

Neste caso, o trabalhador está desempregado por vontade própria, ou seja, as ofertas de emprego e salário não satisfazem às suas aspirações e, por este motivo, o trabalhador permanece desempregado. Somado ao desemprego friccional, totalizam a noção de desemprego neoclássico, compondo a Taxa Natural de Desemprego.

Trabalhadores não-Remunerados

Trabalhadores não-remunerados são aquelas pessoas que exercem uma ocupação econômica sem remuneração por pelo menos 15 horas por semana, em ajuda a membro da unidade domiciliar em sua atividade econômica; em ajuda a

membro da unidade domiciliar em sua atividade econômica, em ajuda a instituições religiosas, beneficentes ou em cooperativismo; ou, ainda, como aprendiz estagiário.

Trabalhadores por Conta Própria

São aquelas pessoas que exploram uma atividade econômica ou exercem uma profissão ou ofício, sem empregador.

Taxa de Desemprego

Corresponde à relação entre o número de pessoas que sejam capacitadas e estejam dispostas a trabalhar e não encontram emprego, e o total de pessoas aptas e interessadas em trabalhar.