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A especialização produtiva do trabalho no Município

4. INSTITUCIONALIDADE E DINÂMICA SOCIOPOLÍTICA

5.3. Mercado de Trabalho

5.3.1. A especialização produtiva do trabalho no Município

O mercado formal de produção permite melhores condições de aumento da renda e da especialização do trabalho pela verticalização do investimento em meios de produção, respectivo aumento da escala, da produtividade do trabalho e da diferenciação de produtos e serviços. Por isso, busca-se descobrir algumas tendências do mercado de trabalho, a partir das informações da distribuição do emprego formal, nas diversas atividades, as suas respectivas remunerações médias do emprego e a especialização regional das atividades locais na economia do estado (através do Quociente Locacional).

No que se refere à distribuição dos estabelecimentos pelos setores da atividade econômica, de acordo com os dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), verifica-se que, em 2010, do total de 3.687 estabelecimentos registrados no município 50,7% dedicavam-se aos serviços, 40,6% a comércio, 4,3% a indústria da construção, 4,3% na indústria extrativa e transformação e 0,1% na agropecuária. Estes dados reiteram a alta participação dos serviços e comércio, baixo nível de industrialização e da agropecuária.

Figura 3. Distribuição (%) dos estabelecimentos por setores da atividade econômica em 2010

Agropecuária; 0,1% Indústria Extrativa e Transformação ; 4,3% Indústria da Construção Civil; 4,3% Comércio; 40,6% Serviço; 50,7%

Fonte: IBGE, Perfil dos Municípios e RAIS, TEM (Elaboração do Instituto Pólis).

Em relação aos empregos formais no município em 2010 (há contabilizados neste ano 40.773 empregos formais), têm-se o seguinte cenário: 44,3% estão no setor de serviços (com destaque dos serviços de alojamento e

alimentação, reparação de automóveis); 28,8% no comércio; 12,5% na administração pública; 6,8% na construção civil; 3,9% na indústria de transformação e 3,5% nos serviços industriais de utilidade pública; nos demais setores, agropecuária e extrativismo mineral, a participação, em cada setor, não chega a 1% dos empregos. É válido mencionar que o emprego formal captado pelos dados do RAIS/MTE refere-se aos vínculos empregatícios regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e estatutários (regidos pelo Estatuto do Servidor Público), marcos institucionais formais do mercado de trabalho nacional.

A partir destes dados, percebe-se que os empregadores neste município são o setor de serviços, de comércio e a administração pública, sendo marginal a geração de emprego em outros setores. A indústria da construção, extrativa mineral, da transformação e os serviços industriais de utilidade pública, somam 14% dos empregos

91 formais. A capacidade de ocupação do mercado local é ainda mais elevada, por conta da informalidade inerente as atividades, especialmente em atividades como da construção, comércio e serviços com baixo nível de

especialização.

Figura 4. Distribuição (%) dos empregos formais, por setores da atividade econômica em 2010

Agropecuária; 0,03% Indústria Extrativa ; 0,1% Indústria de Transformação; 3,9% Indústria da Construção; 6,8% Servicos industriais de utilidade pública; 3,5% Comércio; 28,8% Serviço; 44,3% Administração Pública; 12,5%

Fonte: RAIS, TEM (Elaboração do Instituto Pólis).

De maneira geral, a renda média do salário no município foi inferior ao recebido pelos trabalhadores no estado e no país, a exceção da renda média do funcionalismo público e dos ocupados na agropecuária local. Nas atividades da indústria de transformação, indústria da construção, comércio e agropecuária, o rendimento do salário local foi mais próximo ao salário recebido na média do estado e do país. No que se refere à remuneração média auferida no município, no ano de 2010, verifica-se (Figura 5), que os maiores salários em média estavam no setor de administração publica R$ 2.715, seguido pelo salário da indústria da transformação R$ 1.540 e dos serviços industriais de utilidade pública R$ 1.491. A remuneração média na indústria extrativa era de R$ 1.257 e a

indústria da construção formal pagava ao trabalhador, em média R$ 1.121. A atividade de comércio remunerava o empregado, na média de cerca R$ 1.039, abaixo da renda do trabalhador da agropecuária, que recebia R$ 1.049, e abaixo do salário médio dos serviços que pagava R$ 1.065.

Figura 5. Remuneração média em reais por setores da atividade econômica em 2010

1.049 1.257 1.540 1.121 1.491 1.039 1.065

2.715

0

2.000

4.000

6.000

Agropecuária Indústria Extrativa Indústria da Transformação Indústria da Construção Serviços Industriais de Utilidade Pública

Comércio Serviço Administração

Pública

São Vicente São Paulo Brasil

Fonte: RAIS, MTE (Elaboração do Instituto Pólis).

Um indicador interessante para caracterização da especialização do trabalho, segundo a atividade econômica é o

Quociente Locacional (QL). Conforme Silva et al. (2008), para a identificação de aglomerações produtivas locais,

“é desejável elaborar um indicador que seja capaz de captar pelo menos três características de uma aglomeração produtiva local: a) a especificidade de um setor dentro de uma região (município); b) o seu peso em relação à estrutura empresarial da região (município) e c) a importância do setor para a economia do Estado” (p.6). Para

isso, foram coletados dados da RAIS19 para o cálculo do QL 20 das atividades econômicas no município.

Quadro 24. Quociente Locacional (QL) para o município entre 2000 e 2010

São Vicente 2000 2010 13-Alimentos e Bebidas 0,3 0,3 01-Extrativa Mineral 3,0 0,6 14-Serviço Utilidade Pública 0,9 4,5 02-Prod. Mineral não Metálico 1,0 0,5 15-Construção Civil 1,0 1,4 03-Indústria Metalúrgica 0,1 0,2 16-Comércio Varejista 1,7 1,7 04-Indústria Mecânica 0,0 0,3 17-Comércio Atacadista 0,8 0,7 05-Eletrico e Comunicações 0,4 0,0 18-Instituição Financeira 0,9 0,6 06-Material de Transporte 0,0 0,0 19-Adm Técnica Profissional 1,9 1,1 07-Madeira e Mobiliário 0,2 0,1 20-Transporte e Comunicações 1,4 1,2

08-Papel e Gráf 0,1 0,1 21-Aloj Comunic 1,1 1,8

09-Borracha, Fumo, Couros 0,0 0,1 22-Médicos Odontológicos Vet 1,0 0,5

10-Indústria Química 0,2 0,2 23-Ensino 1,0 1,2

11- Indústria Têxtil 0,1 0,1 24-Administração Pública 1,0 1,0 12- Indústria de Calçados 0,2 0,1 25-Agricultura 0,0 0,0 Fonte: RAIS, MTE (Elaboração do Instituto Pólis).

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Em relação aos dados da RAIS, cabe mencionar que sua utilização para este exercício justifica-se pela possibilidade de desagregação setorial e geográfica dos dados, o que permite desagregá-los até o nível municipal e, em termos setoriais, até o nível de subsetores da atividade econômica seguindo a Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE). Por outro lado, é sabido que esta base de dados traz consigo a restrição de somente contemplar o emprego formal, não permitindo, portanto, medir a “força” da economia/empreendimentos informais, constituída de pequenas empresas familiares e outras atividades de pequena escala; empreendimentos estes de importância nesta pesquisa. Por estas limitações, este exercício nos serviu apenas como ponto de partida para aplicação dos questionários e mapeamento de setores estratégicos e potenciais do município, e outros perfis de estabelecimentos (inúmeros informais, por exemplo) foram sido visitados e analisados a partir dos questionários e entrevistas realizadas.

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Este exercício realizou-se com base no cálculo do QL. O QL refere-se a um indicador típico na literatura de economia regional, de comparação de duas estruturas setorial-espaciais, a partir da razão entre as duas estruturas econômicas, sendo considerada, no numerador, a “economia em estudo” (município) e, no denominador, a “economia de referência” (estado). Desta forma, o cálculo leva em conta, no numerador, a relação entre o emprego do setor ou atividade “x” no município “j” em estudo e, no denominador, a relação entre o emprego do setor “x” no Estado em que está este município “j” pelo emprego total no Estado deste município.

Após os cálculos, considera-se como potenciais Arranjos Produtivos Locais (APLs) aqueles setores com QL superior a 1. Vale lembrar que há estudos que adotam como critério o QL maior ou igual a dois ou três. Em quaisquer das situações (QL superior a 1, 2 ou 3), o resultado indica que a especialização do município “j” na atividade ou setor “x” é superior à specialização do conjunto do Estado nessa atividade ou setor (Silva et al., 2008). Nossa opção por analisar os QLs superior a 1 deve-se ao fato dos municípios em análise serem pequenos, de baixa renda e/ou estagnados.

93 Os dados para o município (Quadro 23), referentes à concentração de pessoas empregadas na comparação com o estado, apontam no ano de 2010, para as seguintes atividades, com maior potencial: os serviços de utilidade pública (QL de 4,5), o destaque também da construção (QL de 1,4) e do comércio varejista (QL de 1,7). As

atividades de alojamento e comunicação, tendo em vista a cadeia do turismo, também se destacaram (QL de 1,8); assim como transporte e comunicação (QL de 1,2). Da mesma maneira, ficou acima da média regional a ocupação na atividade de administração técnica profissional (QL de 1,1) e ensino (QL de 1,2). Olhando os dados com

relação à mudança de potencial ao longo da década verificada, entre 2000 e 2010, a administração técnica e profissional perdeu um pouco da sua importância na ocupação (QL varia de 1,9 para 1,2), assim como transporte e comunicação (QL cai de 1,40 para 1,15), além da extrativa mineral (QL segue de 3,0 para 0,6) e da produção mineral não metálica (QL varia de 1 para 0,5) e outras.

As tendências do mercado de trabalho, captadas nas informações da distribuição do emprego, pode ser apresentada da seguinte maneira, os serviços em geral ocuparam 56,8% das pessoas (alojamento, alimento, administrativo público e privado e outro), comércio 28,8% e atividades produtivas 14,2% das pessoas

(construção, indústria de transformação, serviços industriais de utilidade pública, extrativa agropecuária e etc.). O salário pago pelas atividades de serviços em geral está nos piores níveis do mercado de trabalho. A exceção da administração pública, que tem o nível médio mais elevado de remuneração do município. No comércio está a pior média de nível salarial. O salário do setor produtivo está num nível superior ao da média dos serviços, com o destaque, para a indústria de transformação, que paga o segundo salário médio mais alto, seguida pelos serviços industriais de utilidade pública, extrativa mineral e construção. A concentração de profissionais acima da média do estado (QL), mostrou-se representativa nas atividades de serviços industriais de utilidade pública, alojamento e comunicação, comércio varejista, técnico profissional, construção civil, transporte e ensino.