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Unidades de conservação instituídas

4. INSTITUCIONALIDADE E DINÂMICA SOCIOPOLÍTICA

7.1. Unidades de conservação instituídas

O Município de São Vicente apresenta remanescentes bastante reduzidos de Mata Atlântica e de ecossistemas associados em seu setor insular devido à alta densidade demográfica da Ilha de São Vicente. Entretanto, vale mencionar a existência, no setor norte da Ilha, de remanescentes de manguezais e, nos morros Santa Terezinha e Voturuá, de remanescentes de floresta ombrófila densa.

Em contraste com o setor insular, na área continental deste mesmo Município, podem ser encontrados importantes remanescentes de florestas ombrófilas Montana, Submontana e de Terras Baixas, além de ecossistemas de restinga e vastas extensões de manguezais.

A tabela 7.1 apresenta as categorias de vegetação de Mata Atlântica existentes no Município de São Vicente e suas respectivas áreas para o biênio 2004-2005.

Tabela 7.1 - Categorias de vegetação no período 2004-2005

Categorias de Vegetação Hectares

Floresta Ombrófila Densa Montana

(locais entre 500 e 1.000 metros de altitude) 1.787,0

Floresta Ombrófila Densa Submontana

(em encostas das serras entre 50 e 500 metros de altitude) 3.154,6 Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas

(altitudes inferiores a 50 metros) 36,4

Formação Arbórea/Arbustiva-herbácea de Terrenos Marinhos Lodosos

(mangue) 1.574,2

Formação Arbórea/Arbustiva-herbácea sobre Sedimentos Marinhos Recentes (restinga) 1.008,1 Vegetação Secundária da Floresta Ombrófila Densa Montana

(floresta de altitude) 643,5

Vegetação Secundária da Floresta Ombrófila Densa Submontana 1.623,2 Vegetação Secundária da Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas 158,0 TOTAL (correspondente a 67,01% da área total do Município de São Vicente) 9.985,0 Fonte: Instituto Florestal (Inventário florestal da vegetação natural do Estado de São Paulo), 2007.

165 Os atributos anteriormente descritos somados a existência de importantes ambientes para a reprodução e preservação da biota marinha acabaram por justificar a criação de três unidades de conservação no Município de

São Vicente que são expostas na tabela 7.2 e figura 7.1.47

Tabela 7.2 - Unidades de conservação existentes no Município de São Vicente

UNIDADE DE CONSERVAÇÃO ANO ATO DE CRIAÇÃO RESPONSÁVEL ÁREA (ha)

Parque Estadual da Serra do Mar 1977 Decreto Estadual nº

10251 de 31/08/1977 Fundação Florestal 8.407,68 (em São Vicente)

APA Marinha Litoral Centro 2008

Decreto Estadual 53.526 de 08/10/2008 Fundação Florestal Setor Itaguaçu 55.896,546 Setor Carijó 55.896,546

Parque Estadual Xixová-Japuí 1993

Decreto Estadual 37.536, de 27/09/1993

Fundação Florestal 347,00

(em São Vicente) Fonte: Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, 2011

A seguir, são descritas as principais condições, demandas e pontos críticos que afetam direta e indiretamente os atributos das Unidades de Conservação existentes no Município de São Vicente.

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Importante observar que o Parque Estadual da Serra do Mar e Parque Estadual compreendem 68,75% do Município de São Vicente.

Figura 7.1 – Unidades de conservação existentes no Município de São Vicente

Fonte: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), 2011; Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, 2011.7.2. Parque Estadual da Serra do Mar

O Parque Estadual da Serra do Mar (PESM) foi criado pelo Decreto nº 10.251, de 31 de agosto de 1977, e é administrado pela Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo (Fundação Florestal). Ele é o maior parque do Estado de São Paulo e, também, a maior unidade de conservação de proteção integral de toda a Mata Atlântica.

A área total do PESM abrange 315.390 hectares e engloba 23 municípios, desde Ubatuba, na divisa com o estado do Rio de Janeiro, até Pedro de Toledo no litoral sul, incluindo Caraguatatuba, São Sebastião, Bertioga, Cubatão, Santos, São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, Cunha, São Luiz do Paraitinga, Natividade da Serra, Paraibuna, Salesópolis, Biritiba Mirim, Mogi das Cruzes, Santo André, São Bernardo do Campo, São Paulo e Juquitiba (IF, 2011).

Esta Unidade de Conservação é demasiadamente importante porque se configura como um corredor ecológico que possibilita conectar os mais importantes remanescentes de Mata Atlântica do Brasil. O PESM contribui para a conservação de 19% do total de espécies de vertebrados do Brasil e 46% da Mata Atlântica. Garante também a proteção de 53% das espécies de aves, 39% dos anfíbios, 40% dos mamíferos e 23% dos répteis registrados em todo o bioma (SMA, 2007) (Tabela 7.3).

Com relação às espécies vegetais, foram catalogadas 1265 espécies de plantas vasculares, sendo 61 ameaçadas de extinção (EKOSBRASIL, 2011).

Das espécies vegetais, a palmeira juçara (Euterpe Edulis Martius) é a mais ameaçada em razão de seu alto valor

de mercado. Esta vem sendo suprimida de forma clandestina e criminosa pela ação dos chamados “palmiteiros”. O problema é demasiadamente sério em virtude das sementes do palmito juçara servirem de alimento para diversas espécies de aves, roedores e primatas ameaçados de extinção (SMA, 2007).

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Tabela 7.3 – Números de espécies da fauna catalogadas no PESM

FAUNA Espécies Risco de

extinção Principais espécies ameaçadas de extinção

MAMÍFEROS 111 21

Sagüi-da-serra-escuro, sauá, bugio e muriqui ou mono-carvoeiro. Onça pintada, anta, cateto e queixada. Paca, cotia, tatu-galinha e tamanduá-mirim

AVES 373 42

Macuco, jacutinga, papagaio-da-cara-roxa, papagaio-chauá, sabiá-cica, pararu, pichochó, cigarra-verdadeira, gavião-pombo-grande e gavião-pomba

ANFÍBIOS 144 4 -

RÉPTEIS 46 3 -

TOTAL 704 70 -

Fonte: Pacheco & Bauer, 2000; Miretzki, 2005; Haddad & Prado, 2005; Zaher et al., 2007; SMA, 2007.

O PESM possui um Plano de Manejo aprovado pela Deliberação 34/2006 do CONSEMA. Os resultados dos levantamentos realizados no Plano de Manejo foram apresentados como Temas de Concentração Estratégica, onde foram definidas as linhas de ação para a pesquisa, conservação do patrimônio natural e cultural, a proteção, o uso público e a interação socioambiental. Foram definidas 11 áreas prioritárias de manejo (principalmente para regularização fundiária e ecoturismo) (SMA/FF, 2006).

Tal documento também definiu e regulamentou o seu zoneamento, com destaque para a Zona de Ocupação Temporária (áreas ocupada por terceiros), Zona Histórico-Cultural Antropológica (comunidades caiçaras e

quilombolas), Zona de Uso Conflitante / Infra Estrutura de Base (rodovias, ferrovias, dutos, linhas de transmissão, estações de captação e tratamento de água, barragens, antenas de radio, TV e celulares).

Além disso, foram delimitadas a zona de amortecimento, as áreas sobrepostas com terras indígenas demarcadas e as áreas intangíveis ou primitivas (áreas onde qualquer atividade humana é proibida).

Em face de sua grande extensão, o PESM é gerenciado por meio de uma divisão regional em núcleos

administrativos no sentido de facilitar o seu processo de gestão. São três sedes no planalto (Cunha, Santa Virgínia e Curucutu) e cinco na região litorânea (Picinguaba, Caraguatatuba, São Sebastião, Itutinga Pilões e Pedro de Toledo), sendo que para cada núcleo há um conselho gestor consultivo.

7.1.1. O Núcleo Itutinga – Pilões do PESM

O Núcleo Itutinga – Pilões (NIP) (também conhecido como Núcleo Cubatão) é um dos oito núcleos do Parque Estadual da Serra do Mar. Ele possui 116.000 ha e abrange os municípios de Bertioga, Mogi das Cruzes, Santos, Santo André, São Bernardo do Campo, Rio Grande da Serra e Cubatão, onde se localiza o núcleo operacional e administrativo.

A vegetação deste Núcleo é composta pela Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas (também conhecida como Floresta Alta do Litoral, Floresta de Planície ou Restinga Alta) e pela Floresta Ombrófila Densa Submontana e Montana, também denominadas de Floresta da Encosta da Serra do Mar (SMA/FF, anexo 1, p. 09, 2006) (foto 01).

Foto 01 – Aspecto da vegetação do PESM em São Vicente (Vale do Rio Cubatão)

Fonte: Ronnie Peterson, n.d.

Quanto ao seu relevo, este é formado por escarpas festonadas e morros paralelos, conglomerando Floresta Ombrófila Densa Montana e de terras baixas. Solos superficiais com textura argilo-arenosa, solo de alteração na textura variada predominando os solos nilto, arenosos. Os solos de alteração em geral apresentam xistosidade bem preservada, abundância de minerais micáceos e veias de quartzo (SMA/FF, anexo 1, p. 09, 2006).

Neste núcleo foram registradas 17 espécies de mamíferos, 54 espécies de anfíbios e 7 de répteis. Existem poucos registros de espécies ameaçadas de extinção ou vulneráveis no interior deste núcleo, como é o caso dos

mamíferos gato do mato e cutia e dos anfíbios Hyla cymbalum, Phrynomedusa fimbriata e Paratelmatobius

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Foto 02 – Preguiça registrada próxima à sede do Núcleo Itutiga-Pilões

Fonte: Adriana Tempest, n.d.

Outra característica importante do Itutinga - Pilões é o seu riquíssimo patrimônio cultural que inclui a Calçada do Lorena, as Usinas Hidrelétricas do Vale do Quilombo e Itatinga, a Vila da Barragem, a Usina Henry Borden, a Vila de Paranapiacaba, a Vila de Itatinga, a Vila de Itutinga, o Polo Ecoturístico Caminhos do Mar e as artes rupestres (gravura em baixo relevo) (SMA/FF, anexo 1, p. 09, 2006).

O Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra do Mar considera que o Núcleo Itutinga - Pilões é o setor mais problemático do PESM em virtude dos vetores de pressão sobre a biodiversidade ali existentes. É neste Núcleo que estão localizadas as principais rodovias que ligam o litoral paulista ao planalto (Sistema Anchieta Imigrantes) e, também, uma complexa rede de ferrovias, torres, linhas de alta tensão, dutos, antenas e hidrelétricas. Outro problema importante é a forte concentração demográfica existente em seu entorno, uma vez que ele está situado entre as regiões metropolitanas de São Paulo e da Baixada Santista. Como consequência, as invasões, as ocupações irregulares, a caça, o corte seletivo de vegetação (principalmente a palmeira Jussara) e a poluição dos recursos hídricos ocorrem com maior intensidade (SMA/FF, 2006).

Especificamente no que tange ao Município de São Vicente, o PESM abrange 56,42% de sua área total,

englobando as áreas escarpadas do setor continental desta municipalidade, bem como o vale do Rio Cubatão.48

Tal dimensão e localização fazem com que o PESM cumpra um papel capital para a proteção dos mananciais locais, uma vez que o mesmo abarca as principais sub-bacias hidrográficas desta municipalidade (incluindo a

48

Convém mencionar que parte da cabeceira do Rio Cubatão, no Município de São Vicente, é abrangida pelo Núcleo Curucutu do Parque Estadual da Serra do Mar. A problemática inerente a este Núcleo do PESM é discutida nos relatórios municipais de Mongaguá e Itanhaém.

bacia do Rio Cubatão e as bacias dos córregos Acaraú de Cima e de Baixo), quanto na proteção de estações de captação de água para o atendimento das demandas locais, em virtude destas infraestruturas estarem localizadas em áreas lindeiras ou mesmo dentro de seus limites.

Um aspecto importante inerente ao Núcleo Itutinga - Pilões no Município de São Vicente é que ele engloba áreas de alta importância para a conservação da biodiversidade, incluindo vegetação, mamíferos, répteis e anfíbios (SMA/FF, 2006).

a. Conselho gestor

Conforme Resolução SMA 20/2008, o Conselho Gestor do Núcleo Itutinga-Pilões é formado por 24 membros titulares e 24 membros suplentes. Sendo 24 membros representantes da sociedade civil (incluindo comunidade científica, organizações não governamentais, população residente e do entorno, proprietários de imóveis no interior da unidade e setor privado atuantes na região) e 24 representantes de órgãos governamentais (quadros 7.1 e 7.2). A gestão deste Núcleo está sob a responsabilidade do biólogo Lafaiete Alarcon da Silva.

Importante observar que existe uma grande demanda para se promover a capacitação e qualificação dos gestores e dos conselhos gestores dos núcleos do PESM em vários aspectos, incluindo questões administrativas, licenciamento, gestão de conflitos, instrumentos de cogestão, concessão e gestão do uso público que não vem sendo atendida (existem 250 demandas técnico-jurídicas anuais relacionadas com licenciamento ambiental, Ministério Público e delegacia de polícia no Núcleo Itutinga – Pilões). Outra demanda é a capacitação para programas de proteção (DRUMOND, 2009).

A última oficina de capacitação para conselheiros ocorreu no ano de 2007. O curso foi ministrado pela Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Lideranças (ABDL), dentro do Programa de Apoio à Gestão Colegiada do PESM.

Quadro 7.1 - Relação dos representantes governamentais do Conselho Consultivo do Parque Estadual da Serra do Mar – PESM

Entidades Tipo

Gabinete do Governador Titular

Coord. Ed. Amb.SMA Suplente

AGEM Titular

CBH/BS Suplente

Prefeitura Municipal de Sto André Titular

Prefeitura Municipal de SBC Suplente

Prefeitura Municipal de Cubatão Prefeitura Municipal de Santos

Titular Suplente

CPAI6 Titular

CPAI6 Suplente

Defesa Civil Titular Suplente

CETESB Titular Suplente

SABESP Titular

SABESP Suplente

Reserva da Biosfera TitularSuplente

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Policia Ambiental Suplente

UNESP SV TitularSuplente

PESM - Núcleo Itutinga Pilões PGE/Santos TitularSuplente

Fonte: Secretaria do meio ambiente do Estado de São Paulo, 2008.

Quadro 7.2 - Relação dos representantes da sociedade civil do Conselho Consultivo do Parque Estadual da Serra do Mar – PESM

Entidades Tipo

Cota 200 Titular

Cota 200 suplente

Água Fria Titular

Água Fria Suplente

AMA – Paranapiacaba Titular

ECOVERDE Suplente

ECOVIAS Titular

CPFL Suplente

OAB Titular

OAB Suplente

Caá-Oby (folha verde) Titular

Holos 21 Suplente

Kerigma Titular

A.P. Corridas Aventura Suplente

ECOFUTURO Titular PEABIRU Suplente CIESP Titular CIESP Suplente RPBC Titular Transpetro Suplente Unisantos Titular

Unimonte Suplente

Ass. Sitiantes do PESM/It. Pilões Titular

Ass. Sitiantes do PESM/It. Pilões Suplente

Fonte: Secretaria do meio ambiente do Estado de São Paulo, 2008.

b. Infraestrutura

O Núcleo Itutinga – Pilões possui duas bases instaladas nos municípios de Cubatão e São Bernardo do Campo.

A base de Cubatão possui centro de visitantes (275 m2), área de plantão (89 m2), além de áreas para atividades

de educação ambiental (250 m2), administração (98 m2), fiscalização e refeitório (112 m2), garagem e

almoxarifado (160 m2) e alojamento (80 m2) (SMA/FF, 2006) (fotos 03 e 04).

A base São Bernardo do Campo possui três casas funcionários de 64 m2, uma casa de funcionário de 81 m2,

escritório: (81 m2) e Galpão (90 m2) (SMA/FF, 2006).

A infraestrutura deste Núcleo é uma das mais adequada de todo o PESM. Entretanto, há necessidade de melhorias para o atendimento adequado à fiscalização e uso público em áreas extremas (DRUMOND, 2009). No Município de São Vicente, devido à proximidade com sede do Núcleo, não há nenhuma infraestrutura de controle do uso público e fiscalização instalada, o que prejudica sobremaneira os trabalhos voltados para educação ambiental, turismo ecológico, fiscalização e vigilância.

c. Recursos humanos

Existem 15 funcionários dedicados as diversas atividades inerentes ao Núcleo Itutinga-Pilões, sendo 11

profissionais da Fundação Florestal e 4 do Instituto Florestal. Destes, 3 funcionários estão voltados para a gestão e suporte técnico, 7 para a fiscalização, 1 para o uso público, 2 para o apoio administrativo e 2 para a

manutenção. Somam-se aos servidores públicos 4 estagiários, 9 funcionários de Empresa de Proteção Patrimonial e 45 pessoas contratadas para frentes de trabalho (SMA/FF, 2006).

A demanda para capacitação dos recursos humanos do PESM também é relevante. Em 2008 ocorreu um curso de capacitação em Arcgis. Também têm sido realizadas capacitações periódicas para vigilantes ministradas nos Núcleos Picinguaba, Santa Virgínia e Cunha e estão previstas capacitações em manutenção de trilhas para todos os núcleos. Entretanto, é importante observar que a demanda é muito maior do que os eventos de capacitação já desenvolvidos, especialmente a capacitação para a implementação do Programa de Proteção da Serra do Mar (DRUMOND, 2009).

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Foto 03 – Centro de visitantes do Núcleo Itutinga – Pilões

Fonte: Lygia Ravanelli, n.d.

Foto 04 – Base de fiscalização do Núcleo Itutinga – Pilões

d. Zoneamento e uso e ocupação do solo

O Parque Estadual da Serra do Mar, no Município de São Vicente, possui um bom nível de preservação da vegetação natural e, também, não apresenta ocupações irregulares significativas.

Colabora de forma significativa para este fato a existência de barreiras físicas naturais que dificultam o acesso ao Parque. Destaque para o Rio Boturoca ou Branco e para a fisionomia topográfica de “vale encaixado” do Vale do Rio Cubatão. Outro fator contribuinte é a ausência de acessos viários para a maior parte do PESM neste

Município (foto 7.5).

Foto 7.5 – Parque Estadual da Serra do Mar no Município de São Vicente

Fonte: Google Earth / Digital Globe, 2009.

A vegetação deste setor do Núcleo Itutinga - Pilões é formada, em grande parte, por floresta ombrófila densa

(Montana, submontana e de terras baixas).49

Devido ao bom nível de preservação desta vegetação, a maior parte da área do PESM no Município de São Vicente é classificada pelo zoneamento do Plano de Manejo como Zona Primitiva – ZP (vegetação em estágios sucessionais médio ou avançado que circunda e protege a Zona Intangível). Já, a região da cabeceira do Rio Cubatão possui vegetação essencialmente primitiva ou em estágio bastante avançado de regeneração sendo, portanto, classificada como Zona Intangível – ZI. Tanto a ZI quanto a ZP representam um importante banco genético para viabilização de projetos de recuperação dos processos ecológicos em outras zonas (SMA/FF, 2006) (figura 7.2).

Apesar do bom nível de preservação deste setor do Núcleo Itutinga – Pilões, parte do Vale do Rio Cubatão e as escarpas que acompanham este mesmo vale apresentam áreas compostas por ecossistemas parcialmente degradados e que, portanto, são classificadas como Zona de Recuperação - ZR pelo zoneamento do PESM (figura 7.2).

49 A Floresta Ombrófila Densa (FOD) é uma mata perenifólia (sempre verde) com dossel (estrato superior das florestas) de até 50 m. Ela possui também densa vegetação arbustiva, composta por samambaias, arborescentes, bromélias, orquídeas, samambaias e palmeiras. A FOD Montana ocorre em locais entre 500 e 1.000 metros de altitude e apresenta dossel uniforme de cerca de 20 metros. A FOD submontana ocorre em locais entre 50 e 500 metros de altitude, em solo mais seco e apresenta dossel de até 30 metros. A FOD de terras baixas ocorre em locais entre 5 e 50 metros de altitude, em sedimentos de origem quaternária e apresenta dossel de até 25 metros. Nela podem ser encontradas espécies vegetais tanto de floresta ombrófila densa montana como de restinga (IBGE, 1992).

Núcleo Itutinga – Pilões do PESM

175 A ZR é constituída por áreas onde devem ser recuperados os ecossistemas de forma a atingir um melhor estado de conservação e, portanto, áreas onde há uma grande demanda para o desenvolvimento de projetos voltados para o plantio de espécies nativas e para o enriquecimento de biodiversidade (SMA/FF, 2006).

Dentre os principais responsáveis pela degradação dos ecossistemas nestes locais estão as obras empreendidas para constituição das infraestruturas rodoviária e ferroviária, bem como as atividades agropecuárias

desenvolvidas por sitiantes ao longo da trilha da usina.

No que tange as obras empreendidas para a constituição das infraestruturas ferroviária e rodoviária, a maior parte destas foram realizadas entre as as décadas de 1930 (construção da linha Mairinque – Santos da Ferrovia Sorocabana) e 1970 (construção da Pista Norte da SP 160 - Rodovia dos Imigrantes – e de sua estrada de manutenção). Deste modo, estas infraestruturas foram construídas em períodos de pouco ou nenhum controle sobre o impacto ambiental, o que resultou em grandes áreas desmatadas que, até o presente momento, se apresentam sem vegetação ou com vegetação degradada (fotos 7.6 a 7.9.1).

Como exemplo, cumpre mencionar que a construção da pista norte da Rodovia dos Imigrantes (SP 160), na década de 1970, exigiu o desmatamento de 16.000.000 m², já, a construção da pista sul, inaugurada em 2002, e, portanto, construída com melhor tecnologia e em um período de maior rigor no que tange a legislação de controle de impactos ambientais, provocou o desmatamento de apenas 400.000 m² (ECOVIAS, 2012).

Foto 7.6 – Desmatamento provocado pela construção da pista norte da SP 160

Foto 7.7 – Estrada de manutenção da SP 160

Fonte: Sérgio Trindade, n.d.

Foto 7.8 – Desmatamento para a construção do túnel 01 da linha Mairinque – Santos da Ferrovia Sorocabana

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Foto 7.9 – Área escarpada desmatada acompanhando a linha Mairinque – Santos da Ferrovia Sorocabana

Fonte: Valdo Santos, n.d.

Ademais, compete aludir que estas infraestruturas ferroviária e rodoviária são classificadas como Zona de Uso Conflitante pelo zoneamento do PESM (figura 7.2).

A Zona de Uso Conflitante é composta por áreas com usos e finalidades de utilidade pública que conflitam com os objetivos de conservação do PESM e influem diretamente nos seus processos ecológicos (SMA/FF, 2006). Apesar de estas intervenções estarem quase sempre associadas a impactos negativos relacionados aos processos ecológicos ou serem caracterizadas, invariavelmente, como vias facilitadoras da urbanização irregular, no caso do Município de São Vicente, as áreas ocupadas pela infraestrutura de base de utilidade pública não oferecem grandes problemas ao PESM.

No caso da Rodovia dos Imigrantes, por exemplo, a ligação direta entre o planalto e o litoral, em grande parte por pontes e túneis, praticamente inviabiliza as ocupações irregulares em seu entorno. Já, no caso da Ferrovia Mairinque – Santos, o seu traçado, na área do PESM, não está localizado em áreas de grande pressão urbana. Entretanto, vale fazer as seguintes ponderações:

 No sistema Anchieta - Imigrantes existe um intenso tráfego de cargas perigosas (entre 1 mil e 1,2 mil

caminhões / dia) que podem afetar negativamente a área do Parque Estadual da Serra do Mar devido a acidentes. Desta forma, sugere-se a melhoria dos trabalhos de fiscalização por parte da ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre), Polícia Rodoviária e CETESB; adequação das empresas responsáveis pelo transporte à legislação e adoção de medidas preventivas para redução ou para evitar os impactos

decorrentes de acidentes com produtos perigosos nas rodovias de acesso à Baixada Santista (CBH-BS, 2007).

 Quanto a Estrada de Manutenção da Rodovia dos Imigrantes, ocorre neste local o turismo descontrolado,

embalagens, alimentos e parte de animais). Além disso, também há o risco de incêndio. Neste caso, deve-se empreender um melhor controle e monitoramento diuturno do acesso a esta área a ser efetuado pela Ecovias, empresa concessionária responsável pela infraestrutura instalada, bem como realizar campanhas educativas para conscientizar os usuários sobre a importância do PESM e sobre os problemas de se deixar resíduos no entorno da via. Ademais, deve-se capacitar os profissionais envolvidos no controle dos acessos e, também, articular ações integradas com a Polícia Ambiental;