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A ESTRUTURA E O FUNCIONAMENTO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

4. O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

4.1 A ESTRUTURA E O FUNCIONAMENTO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

Com base principalmente nas informações contidas na página332 da Internet, do

Ministério de Desenvolvimento Social, serão traçadas aqui as principais características e o funcionamento do Programa Bolsa Família.

Trata-se de um Programa de transferência de renda sob determinadas condições (as chamadas condicionalidades), que beneficia famílias em situação de pobreza, cujo critério atual baseia-se na renda mensal de R$ 60,01 a R$ 120,00 de renda per

capita, ou seja, a soma dos valores recebidos por todos os membros familiares

dividida pelo número de integrantes; e de extrema pobreza (renda mensal por integrante da família de até R$ 60,00). Como citado inicialmente, o Programa foi legalmente criado pela medida provisória nº 132, em outubro de 2003, que veio a ser convertida na lei 10.836, de 09 de janeiro de 2004, cujo caput do artigo 18, trata dos valores estabelecidos para os critérios de pobreza e extrema pobreza, alterado pelo Decreto nº 5.749, de 11 de abril de 2006.

O Bolsa Família integra o Programa Nacional Fome Zero, que tem como objetivo assegurar o direito humano à alimentação adequada, promovendo a segurança alimentar e nutricional e contribuindo para a erradicação da extrema pobreza e para a conquista da cidadania pela parcela da população mais vulnerável à fome.

Consta na página do MDS, a previsão de unificação dos Programas Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Auxílio Gás e Cartão Alimentação, caracterizados como programas remanescentes que estão sendo gradativamente transferidos para o Bolsa Família.

Pode tornar-se participante333 do Programa, a família que enquadrar-se nos critérios

de pobreza e extrema pobreza , já descritos, e que possua um ou mais membros de 0 a 15 anos de idade. A renda familiar considera salários e aposentadorias. Não

332 MDS Brasil. Brasília: Governo Brasileiro. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/ o_programa_bolsa_familia/o-que-e>. Acesso em: 19 mai. 2007.

entram na composição da renda familiar os valores oriundos de benefícios de outros programas, como do PETI ou do Agente Jovem.

É interessante observar que afora aqueles unificados pelo Bolsa Família, pode-se acumular o benefício de outros programas, contemplando os casos específicos abrangidos por outros projetos, interagindo e auxiliando outros programas conforme a necessidade do beneficiado.

O Programa Bolsa Família prevê a participação, em cooperação, das três esferas governamentais: Municípios, Estados e Distrito Federal e União. A esfera responsável pela operacionalização do Programa é o município de residência da família beneficiada, que deve verificar se a família se encaixa numa das faixas de renda definidas pelo Programa e cadastrar o beneficiado no cadastro único. Tem-se, portanto, grande responsabilidade municipal em um dos aspectos principais do Programa, qual seja , o controle e alimentação dos dados do cadastro único.

Não são todas as famílias cadastradas que são atendidas, há um critério de seleção334 baseado nas informações inseridas pelo município no Cadastro Único dos

Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). O CadÚnico é um instrumento de coleta de dados que tem como objetivo identificar todas as famílias em situação de pobreza existentes no país. Cada município tem um número estimado de famílias pobres considerado como meta de atendimento do Programa naquele território específico. Essa estimativa é calculada com base numa metodologia desenvolvida com apoio do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), e tem como referência os dados do Censo de 2000 e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), de 2004, ambos do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Dessa forma, o cadastramento não implica na entrada imediata dessas famílias no Programa. Com as informações inseridas no CadÚnico, por meio de sistema desenvolvido para esse fim, o MDS seleciona, de forma automatizada, as famílias que serão incluídas no Programa a cada mês. O critério central é a renda

per capita da família e são i ncluídas primeiro as famílias com a menor renda.

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É importante frisar que a seleção é feita automaticamente pelo sistema, o que nos remete a outra questão, de como é feito o cadastramento?335 Ele pode ser realizado

por meio de visita domiciliar, por meio de montagem de postos de cadastramento, ou pela conjugação dessas duas formas. É destacado que o primeiro modo é o mais indicado, porque permite verificar in loco as reais condições sócio-econômicas em que se encontra a família, além de implicar em menores custos de comunicação e transporte para as famílias, já que não precisam se deslocar de sua moradia para se cadastrar.

Quando o município opta pela montagem de postos de atendimento, deve divulgar à população as datas, locais e períodos de atendimento, bem como a relação de todos os documentos necessários, a fim de evitar o deslocamento desnecessário da família ao local de atendimento. Esta forma de cadastramento é a última indicação por implicar em custos de transporte para as famílias e não possibilitar o controle da fidedignidade das informações declaradas. Sendo, portanto, recomendado, ao menos, a combinação das duas formas descritas acima.

A Portaria GM/MDS nº 555, de 2006 define as responsabilidades336 de cada um dos

entes governamentais. O governo federal, através do MDS é o gestor do Programa Bolsa Família em âmbito federal, cuja operacionalização fica ao encargo da Secretaria Nacional de Renda e de Cidadania – SENARC.

De acordo com o mencionado, os governos municipais são os principais gestores do Programa junto às famílias. Os gestores municipais, como executores locais do Programa Bolsa Família, podem identificar mudanças socioeconômicas das famílias e realizar as devidas atividades de gestão de benefícios. O gestor deve, também, ficar atento à mobilidade geográfica, promovendo os ajustes necessários nos cadastros das famílias beneficiárias. São competências desses gestores:

335 MDS Brasil. Brasília: Governo Brasileiro. 336 Ibid.

? verificar, periodicamente, se as famílias do Programa Bolsa Família e dos programas remanescentes atendem aos critérios de elegibilidade traçados pelos respectivos programas, utilizando para isso técnicas de amostragem estatística;

? realizar o credenciamento dos funcionários da prefeitura e dos integrantes da instância de controle social municipal ao SIBEC (Sistema de Benefícios ao Cidadão), bem como capacitar os usuários;

? atender aos pedidos de informações e de esclarecimentos da rede pública de fiscalização;

? divulgar as informações relativas aos benefícios do Programa Bolsa Família e dos programas remanescentes aos demais órgãos públicos locais e à sociedade civil organizada;

? manter a SENARC informada sobre os casos de deficiências ou irregularidades identificadas na prestação dos serviços de competência do Agente Operador ou de sua rede credenciada na localidade (correspondente bancário, agentes lotéricos etc).

Os valores dos benefícios337 variam de R$ 15,00 (quinze reais) a R$ 95,00 (noventa

e cinco reais), de acordo com o critério já explanado. No caso de famílias que migraram de programas remanescentes o valor do benefício pode ser maior, pois se baseia no valor recebido anteriormente. Os benefícios são de dois tipos, de acordo com a composição familiar: básico, no valor de R$ 50,00, concedido às famílias com renda mensal de até R$ 60,00 por pessoa, independentemente da composição familiar; variável: no valor de R$ 15,00, para cada criança ou adolescente de até 15 anos, no limite financeiro de até R$ 45,00, equivalente a três filhos por família.

Existe também o Benefício Variável de Caráter Extraordinário (BVCE) que é concedido às famílias dos programas remanescentes cuja migração para o

337 MDS Brasil. Brasília: Governo Brasileiro. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/ o_programa_bolsa_familia/beneficios-e-contrapartidas>. Acesso em: 19 mai. 2007.

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Programa Bolsa Família implique em diminuição financeira do benefício. Nestes casos, o valor concedido é calculado de acordo com o caso concreto, possuindo prazo de prescrição. Este benefício também deixa de ser pago nos termos da Portaria MDS/GM no. 737, de 15/12/2004.

O quadro338 abaixo resume os valores de benefícios que as famílias integrantes do Programa podem receber, oferecendo uma visão global dos tipos de benefícios existentes conforme a composição familiar e os critérios para recebimento:

Critério de Elegibilidade Ocorrência de crianças / adolescentes 0-15 anos, gestantes e nutrizes Quantidade e Tipo de Benefícios Valores do Benefício (R$) Situação das Famílias Renda Mensal per capita Situação de Pobreza De R$ 60,01 a R$ 120,00 1 Membro (1) Variável 15,00 2 Membros (2) Variável 30,00 3 ou + Membros (3) Variável 45,00 Situação de Extrema Pobreza Até R$ 60,00

Sem ocorrência Básico 50,00 1 Membro Básico + (1) Variável 65,00 2 Membros Básico + (2) Variável 80,00

3 ou +

Membros Básico + (3) Variável 95,00

Sobre as condicionalidades, pode-se dizer que elas são simples de serem fiscalizadas, contribuindo para a transparência do Programa. Essas condições se resumem em três obrigações que as famílias beneficiadas devem cumprir: manter as crianças e os adolescentes freqüentando a escola, cumprir o calendário de vacinação para as crianças entre 0 e 6 anos de idade, seguir a agenda pré e pós- natal para as gestantes e mães em amamentação.

Com estas informações já se tem a visão de como está estruturado e como funciona o Programa.

338 MDS Brasil. Brasília: Governo Brasileiro. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/ o_programa_bolsa_familia/beneficios-e-contrapartidas>. Acesso em: 19 mai. 2007.