• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 4 – AS VARIÁVEIS E SEU POTENCIAL DECISÓRIO EM UMA

4.2 A VARIÁVEL MÍDIA COMUNICAÇÃO DE MASSA, E SEU POTEN-

4.2.3 A Importância da Imagem e sua Influência sobre o Eleitor

Em uma eleição, o político depende muito da construção da sua própria imagem na mente dos seus eleitores. Aquele antigo jargão que diz que “a primeira impressão é a que fica” é verdadeiro e atual.

A importância de se trabalhar a imagem de um candidato é vital em uma eleição. Formar uma imagem positiva e manter essa imagem ao longo de uma vida pública é uma das tarefas importantíssimas regidas pelos publicitários que atuam junto à área de marketing político.

Para Woitowicz (2004, p.26),

[...] cenas com a projeção da imagem pessoal dos candidatos – não necessariamente vinculada à sua trajetória política – tentam promover vínculos afetivos com os eleitores, que são tocados com maior conteúdo estético do que argumentativo. Esse aspecto acaba por promover algumas transformações na forma de compreender e reconhecer a política pela mídia. [...] O debate público se desloca da praça pública para os sofás, onde o sistema político na democracia contemporânea se expressa confortavelmente em meio a belas imagens e apelos retóricos.

As imagens mostradas na mídia interferem em fatos e acontecimentos, obscurecendo a versão verdadeira, assim como também acaba por obscurecer a atuação de um governo, dos partidos, de políticos, ou seja, de todos os elementos que compõem a representação pública.

Suponhamos a seguinte situação: dois candidatos estão na disputa eleitoral pela prefeitura de uma cidade. Um deles dispõe de recursos financeiros abundantes, possui uma

equipe de publicitários que podem trabalhar sua imagem, apontar seus erros, criar estratégias com objetivo de persuadir o eleitor e o outro candidato não possui nenhuma ferramenta estratégica, nenhum auxílio profissional para lhe dar o suporte necessário para competir de igual para igual com o seu oponente.

O candidato que possui todo esse staff consegue abertura para aparecer em vários programas importantes de televisão, assim como também em programas de rádio, jornais e revistas. É convidado para eventos em entidades diversas e situações diversas, que objetivam atingir a um público o mais variado possível.

Quando aparece nesses eventos, o seu discurso já é previamente planejado para vir ao encontro dos anseios e necessidades daquele público que vive naquela localidade. Quando é convidado a aparecer em algum programa de televisão, as perguntas que o candidato irá responder já foram previamente formuladas pela redação do programa em conformidade com os seus assessores. Sua equipe de marketing também irá instruir a equipe de filmagem a explorar sempre o melhor ângulo do candidato.

Tudo é editado e repetido tantas vezes forem necessárias, para que, de repente o candidato não seja pego de surpresa, coçando o nariz ou bocejando, com uma aparência cansada, desleixada, com um ar de bonachão, nada que possa passar ao eleitor uma imagem negativa e que tenha como conseqüência o descrédito.

O candidato que dispõe de recursos tem seu próprio maquiador que irá preparar sua imagem, extinguindo o ar de cansaço, escondendo olheiras e bolsas sob seus olhos para disfarçar aspectos de cansaço ou envelhecimento.

Esse trabalho de construção da imagem desenvolvido pelos profissionais de marketing político, além de incluir maquiador, estilista, produtores de áudio e vídeo, ainda inclui dentista, fonoaudiólogos, psicólogos que desenvolvem formas de abordagem pessoal e

treinamento, como também médicos (principalmente dermatologistas para cuidar do aspecto da pele e endocrinologistas para cuidarem do aspecto físico).

Atualmente percebe-se que, com todo o aparato tecnológico, a figura de um político, ou seja, a sua imagem pode ser totalmente construída em conformidade com o seu objetivo final, que pode ser desde uma Prefeitura Municipal até a Presidência da República.

Para Gomes (1994, p.83):

A propaganda política midiática, não vende um candidato pelo que ele realmente é ou, pelo menos, isso absolutamente não é o mais importante na argumentação da propaganda política. Uma proposta, posição ou candidatos políticos são vendidos em suas propriedades e qualidades conotadas.

E neste mesmo sentido, Gomes (1994, p.84) complementa “A propaganda política, é a arte da persuasão discursiva, que para tanto se serve da invenção de temas e conceitos, da invenção de estratégias argumentativas e do seu uso expressivo eficiente.”

Diante dessas afirmações é possível perceber a importância de uma imagem positiva, dos discursos persuasivos e de tudo que o marketing político engloba na construção da imagem.

A empatia e a identificação do público com um determinado candidato são capazes de promover a fidelidade desse grupo de eleitores durante toda a sua vida pública. Isso, também, aliado ao fato de ele corresponder às expectativas de seus eleitores, mostrando-se atuante, interessado pelos problemas do povo e sendo honesto.

Se um político conseguir passar por um mandato, conservando esses pontos chaves, sem envolvimentos em escândalos políticos e conseguir firmar sua imagem111 de maneira positiva com seus eleitores, dificilmente eles não lhe serão fiéis.

111

Para Aronson, op cit., p.69, a construção da imagem, a apresentação de um candidato de forma favorável e convincente é uma maneira de educar o público quanto à política e às virtudes de um candidato, fazendo-o apresentar seus pontos de vista de forma clara, eficiente e articulada tanto quanto fosse possível.

Observa ainda Woitowicz (2004, p.33) que:

A partir da perspectiva dessa chamada “cultura do espetáculo”, fica difícil falar de uma legítima representação política pelos partidos e candidatos, ao mesmo tempo em que a identificação dos princípios e dos compromissos dos atores políticos é obscurecida pelo imediatismo de algumas imagens fabricadas, que reduzem o debate público a jogos de efeito proporcionados pela mídia.

Portanto, a imagem é um ponto chave, é questão estratégica na influência que os candidatos irão exercer a fim de criar um reconhecimento e uma identificação com o seu público-alvo.