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A Importância econômica da atividade turística – Um Panorama Global.

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O TURISMO NA ECONOMIA PÓS-INDUSTRIAL

4. A Importância econômica da atividade turística – Um Panorama Global.

A intensificação da atividade turística ao longo de dois séculos, o impacto decorrente da melhoria dos transportes aéreos e de superfície e, conseqüentemente, a identificação dos fatores motivacionais dos consumidores, especialmente – turistas, nos auxilia a compreender a importância econômica e social que o turismo adquiriu ao longo dos tempos influenciando, assim, o PIB (Produto Interno Bruto) de vários países.

O World Travel & Tourism Council, entidade que congrega cerca de 176 países membros, vêm contribuindo, de forma sistemática, com pesquisas que analisam o impacto econômico das viagens e turismo nos cinco continentes. Em recente pesquisa a entidade identificou que para o ano de 2007, a taxa de crescimento anual será na ordem de 3,9 % e a tendência de crescimento de 4,3 % ao ano; representando, em termos reais, até 2018, cerca de 100% do market share de viagens e turismo. O setor espera contribuir com cerca da 2 bilhões de dólares para com o PIB mundial e com a geração de 3 trilhões de dólares para o período de 2008 a 2017.

A geração de empregos para o período será na ordem de 232 milhões de empregos no mundo, o que equivale a 8,3 % de empregos gerados pela atividade, sendo que para cada 12 ofertas de vagas de trabalho, 01 está relacionada com o setor, e a estimativa de crescimento é de 2, 8 % ao ano.

Na União Européia, em 2007, a expectativa é de gerar cerca de 3 bilhões de dólares para o mesmo período, com uma geração de empregos no setor na ordem de 2 milhões de empregos diretos e indiretos o que representa 11,8 % de empregos, com um taxa de crescimento de 10,9 % do PIB, devendo apresentar um crescimento na ordem de 2,2% no ano de 2007, com taxa de crescimento real de 3, 1% ao ano para o período de 2008 a 2017.

No Oriente Médio, com exceção da zona de conflito, o setor de viagens e turismo deve contribuir, no ano de 2007, com a geração de 172 bilhões de dólares na economia regional, sendo esperado para o mesmo período uma taxa de crescimento em torno de 5,9% e para o período de 2008 a 2017, crescimento real na ordem de 4,7%. O impacto da atividade turística na economia da região foi da ordem de 9,6% no PIB, gerando cerca de 5 milhões de empregos diretos e indiretos, o que justifica o volume de 10 % no mercado de trabalho diretamente ligado ao setor. No entanto, algumas ações isoladas contribuem para o crescimento do setor nessa região: países como Emirados Árabes, Jordânia vêm, sistematicamente, investindo no setor de hotelaria (qualificação e novas edificações) e entretenimento para turistas. O estado de Bahrein, no Golfo Pérsico, integrou recentemente o circuito mundial de Fórmula I, o que contribui para dar visibilidade externa ao país e, conseqüentemente, à região. A região asiática é a que apresenta juntamente com a Oceania as maiores taxas de crescimento. Na Ásia para este ano a WTTC, estima que serão gerados cerca de 1 bilhão de dólares na economia local, sendo que o impacto gerado é da ordem de 10,6% no PIB e, criando cerca de 9 milhões de empregos diretos e indiretos. A taxa de crescimento estimada para o setor será na ordem de 6, 5% ao ano e de 5,8 % em termos reais para o período de 2008 a 2017. Ressaltamos, porém, que a abertura e aproximação política dos países asiáticos para com os países do Ocidente, influencia, portanto, o setor de viagens.

Alguns eventos devem contribuir ainda mais para a consolidação da região como destino turístico, são eles: os Jogos Olímpicos de 2008 que serão realizados na China, em Beijing e a Expo Xangai em 2010, além de outros eventos.

A Oceania apresenta um taxa de crescimento na ordem de 3,0% para o ano e, no período de 2008 a 2017, a taxa de crescimento deve estar em torno de 3,9%. O setor deve contribuir, ainda, com a economia da região com a geração de 152 bilhões de dólares causando um impacto de 12, 7 % do PIB da região e criando cerca de 1 milhão de vagas de

trabalho, envolvido direta ou indiretamente com o setor, o que contribui com o percentual de empregos na ordem de 13,7%.

Já na América do Norte é esperado um crescimento na ordem de 3,0% para este ano, com projeções de taxa de crescimento anual de 3,9% em termos reais para o período de 2008 a 2017. Essa taxa de crescimento indica, ainda, um volume significativo nas viagens tendo o Canadá como destino final. Isso se deve, em parte, ao conjunto de ações efetivas aplicadas pelos Estados Unidos, pós 11 de setembro, o que contribuiu para um redirecionamento do fluxo de turistas.

Na América Latina, o mesmo estudo apontou um aumento na demanda por viagens e turismo na ordem de 5%, com injeção de cerca de 164 bilhões de dólares na economia da América Latina no ano de 2006. A perspectiva de crescimento na demanda é da ordem 4,2% ao ano, devendo gerar até 2016, por volta de 271 bilhões de dólares na economia desse continente. Com esses dados a América Latina representa 2,5% do market share de viagens. Esse segmento contribuiu ainda, com aproximadamente 2,7% no PIB da região. A geração de emprego, outro dado importante identificado nesse estudo, apontou para a criação de quase 13 milhões de empregos diretos e indiretos no setor de viagens e turismo e, que a taxa de crescimento foi na ordem de 6,9%.

Nesse sentido, podemos afirmar que a cada 14 vagas de oferta de empregos gerada, 01 vaga está relacionada com o setor de viagens e turismo, crescendo cerca de 2,7% ao ano conforme dados já apresentados. A geração de empregos até 2016 será de 16 milhões de oferta de vagas de trabalho.

O Brasil apresenta uma taxa de crescimento interessante, sendo seguido pela Argentina. O WTTC prevê que para o ano serão gerados 5 milhões de empregos, movimentando cerca de 80 milhões de dólares. Esses novos postos de trabalho representam 6,4% da expectativa nacional de geração de emprego. Houve um impacto de 2,63% no PIB brasileiro. Para o período de 2008 a 2017, a expectativa da entidade é que o total de empregos gerados direta ou indiretamente com a atividade, seja na ordem de 8 milhões de empregos o que representará 6,8%, com previsão de uma arrecadação na ordem de 123 bilhões de dólares até 2017.

O país é considerado pela entidade como o oitavo país em criação de empregos ligado à atividade turística, além de estar em segundo lugar em faturamento com o turismo; esse sucesso brasileiro está relacionado com a estabilidade financeira, as ações de marketing e promoção, desenvolvidas nos últimos anos, nos mercados emissores, investimentos públicos e

privados no setor de viagens e turismo e ações políticas na área de segurança pública, além de ser considerado atualmente um país com uma enorme potencialidade.

Os indicadores econômicos apresentados contribuem para a discussão sobre a importância econômica do setor de turismo na contemporaneidade.

Além de contribuir para a sistematização de dados econômicos, com pesquisas e com ações prepositivas de ordem pública ou privada, o setor deve ser visto, ainda, como uma atividade com um público consumidor cada vez mais exigente.

Essa exigência está atrelada não somente a qualidade dos serviços e produtos oferecidos, como também aos atributos emocionais do produto, à experiência da viagem e a fidelidade à marca (destino, companhias aéreas, cadeias hoteleiras, etc).

O produto turismo, conforme visto anteriormente, é composto por uma vasta cadeia produtiva, além de ser um produto de grande fragilidade e complexidade, envolvido pela idéia de sonho, magia, fuga que permeia e permeará o produto "viagem", pois numa sociedade marcada pelo efêmero, pelo consumo e por relações emocionais frágeis, característica de uma sociedade marcada pela ruptura das estruturas sociais, se cria um novo paradigma social e, as viagens se constituem uma possibilidade real para que possamos recuperar nossas energias físicas, mentais e emocionais e, dessa forma, regressarmos ao nosso cotidiano.

As estratégicas de marketing e de comunicação integrada de marketing devem, quando implementadas, apresentar estratégias eficientes para comunicar o produto – turismo com o consumidor, nesse caso o turista.

Youell (1995 apud NIELSEN, 2002, p. 162) afirma que a estratégia mais indicada para comunicarmos turismo é a utilização do princípio AIDA, que significa:

Atração – atraída para o produto turístico em particular por qualquer tipo de peça publicitária.

Interesse – manter o interesse no anúncio ao utilizar-se de imagens claras, mensagens concisas e adequadas.

Desejo – influenciar os padrões de compra em potencial, através da oferta de incentivos ou da geração de impulsos para a aquisição do produto turístico. Ação – informação ou recursos para chamar a atenção, a fim de transformar o comprador em potencial em comprador real.

Já os autores Gee & Fayos-Sola (2003, p. 107) apresentam no Quadro 03, os requisitos fundamentais para a consolidação de uma teoria sobre a motivação turística a qual também deve contribuir para identificarmos a sutileza do comportamento do consumidor.

Quadro 03 - Atributos e Descrição

Atributos Descrição

Papel da teoria Deve ser capaz de integrar as necessidades turísticas existentes, reorganizá-las e proporcionar uma nova orientação para futuras pesquisas.

Apelo da teoria Deve atrair pesquisadores especializados, ser útil em ambientes do setor turístico, ter credibilidade com profissionais de marketing e consumidores.

Capacidade de Avaliar Deve ser relativamente fácil de ser explicada a potenciais usuários e ser universal (não especificar uma determinada região) na sua aplicação. Facilidade de

comunicação

Deve ser passível de estudo empírico: as idéias devem ser traduzidas em perguntas e respostas para fins de avaliação

Abordagem multimotivacional versus abordagem única

Deve considerar-se a concepção de que os viajantes podem buscar satisfazer diversas necessidades ao mesmo tempo e devem ser capazes de modelar os padrões das necessidades dos viajantes e não somente considerar uma delas.

Abordagem dinâmica versus abordagem instantânea

Deve reconhecer que tanto os indivíduos quanto sociedade mudam ao longo do tempo; deve ser capaz de considerar ou delinear as mudanças que acontecem continuamente no turismo.

Papéis das motivações Extrínseca e intrínseca

Deve ser capaz de considerar que os viajantes são motivados por diversas formas e por objetivos intrínsecos de auto-satisfação e, em outros momentos, por recompensas extrínsecas, controladas socialmente (por exemplo, as opiniões dos outros).

Fonte: Gee & Fayos-Sola (2003, p.107)

Ao utilizar uma estratégia de comunicação, ou um conjunto de estratégias, é aconselhável escolher o veículo mais apropriado para o ato de comunicar-se com o mercado e, conseqüentemente, com o turista, além de observarmos os indicadores de durabilidade, verba, circulação e cobertura.

As várias formas de mídia massiva contribuem para a difusão do turismo, enquanto produto envolto em uma atmosfera lúcida, prazerosa e hedonista e, tem como maior desafio dos profissionais da comunicação o comunicar-se de forma eficiente com o seu consumidor – o turista.

Sendo assim, necessário se faz compreender as sutilezas e fragilidades da formação do produto "turismo", sua evolução econômica e social, bem como a importância econômica em que se encontra inserido o turismo, considerando, em alguns países, o principal produto de exportação e renda.

Os indicadores da Organização Mundial do Turismo apontam as tendências do setor para as viagens inter-regionais; - férias mais flexibilizadas; - mais facilidade na aquisição do produto – turismo, seja através de novas linhas de financiamento, ou canais de distribuição do produto; - a cultura local passa a ser um importante componente do produto e, a redução da

exigência de vistos consulares, por parte de alguns países, além das tendências apontadas neste capítulo.

A World Travel & Tourism Council analisa os impactos econômicos provenientes do setor de viagens e turismo, nos cinco continentes, confirmando assim a influência econômica do turismo no PIB e, por conseguinte, na economia local.

Já no Brasil os dados sobre a Demanda Turística de 2004, desenvolvidos pela EMBRATUR, contribuíram para a sistematização de dados sobre o setor, além de fornecer subsídios importantes para os produtores turísticos sobre os fatores que motivaram os turistas a visitarem o país, como obtiveram as informações sobre o destino escolhido, além de estabelecer o perfil econômico dos turistas que nos visitaram. Visando contribuir para o desenvolvimento do turismo nacional, o governo federal vem fomentando os municípios brasileiros a desenvolverem o turismo local e regional baseado na oferta turística, qualidade dos serviços oferecidos e na capacitação de mão-de-obra local, com fonte de geração de emprego e renda.

Sendo assim, identificar o perfil do turista, compreender o seu comportamento, seus hábitos de compras e quais as formas de mídias mais adequadas para se comunicar com ele, nos possibilitará compreendê-lo em sua essência e, dessa forma, construirmos mensagens mais elaboradas e persuasivas que os remetam ao mundo de sonho e magia.

CAPITULO II

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