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B. O critério da patrimonialidade na NLAV

5. Balanço

2.2. A nossa proposta

Por tudo o que se expôs, torna-se claro que o estado atual da lei não dá uma resposta cabal às imposições da CEDH, em referência ao nosso ordenamento jurídico, podemos ainda afirmar que um tal entendimento viola o disposto no art.20.º da CRP. Em primeiro lugar, o direito de acesso à justiça deverá prevalecer sobre o princípio da autonomia das partes, e ao admitir-se que às partes não pode ser negado o acesso aos tribunais por falta de meios económicos, esse entendimento dever-se-á estender à arbitragem.

Por essa ordem de razões, acolhendo uma interpretação atualista do art.20.º da CRP, e revestindo o Direito Fundamental de acesso ao Direito e a uma tutela jurisdicional efetiva uma dimensão garantística e uma dimensão prestacional, deverá ser o Estado a garantir os meios económicos, nesse sentido, defendemos que algo mais poderá ter de se exigir.

Importa assim assegurar que a arbitragem concretize “as diversas dimensões daquele preceito e, portanto, deve ser realizadora “do direito à tutela jurisdicional

239BENSON, Imran, “In search of justice”, in KUDRNA, Jaroslav, “Arbitration…”, pág.11, nota:44, “If the claimant’s evidence as to his lack of means is inadequate, then no doubt the court will be quick to draw the inference that he is simply trying to avoid the arbitral process”.

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efetiva dos direitos e interesses legalmente protegidos dos particulares”240. Por tudo o que já tivemos oportunidade de expor, o reconhecimento do Direito Fundamental de acesso ao Direito e a uma tutela jurisdicional efetiva será meramente teórico se não for o Estado assegurar os meios, como o apoio judiciário, tendentes a evitar a denegação da justiça por insuficiência de meios económicos.

Ressalvando o facto de que, como referem GOMES CANOTILHO E VITAL MOREIRA, “A nossa Constituição não determina a gratuitidade dos serviços de justiça, (…). Mas o direito de acesso à justiça proíbe seguramente que eles sejam tão onerosos que dificultem, de forma considerável, o acesso aos tribunais, (…) terão os encargos de levar em linha de conta a incapacidade judiciária dos economicamente carecidos e observar, em cada caso, os princípios básicos do Estado de direito, como o princípio da proporcionalidade e da adequação”241

.

Sendo os tribunais arbitrais criados e entendidos como tribunais mais apropriados ou adequados à resolução de determinados litígios, parece-nos legítimo defender que a melhor solução passa pela alteração da Lei do Apoio Judiciário no sentido de admitir expressamente a extensão do apoio nos casos de constituição de Tribunal arbitral.

À luz do nosso ordenamento jurídico parece-nos legítimo afirmar que, não se admitindo uma extensão da Lei do Apoio Judiciário à arbitragem, comportará mais um caso de inconstitucionalidade. Nas palavras de CLÁUDIA SOFIA MELO FIGUEIRAS, tal figurino padece de “uma justiça arbitral adepta de um certo fascismo social, o que não se pode admitir-se num Estado de Direito”242.

240FONSECA, Isabel Celeste, “A Arbitragem…”, pág. 46.

241CANOTILHO, J. J. Gomes e MOREIRA, Vital, “Constituição…”, Vol.I, pág. 411. 242FIGUEIRAS, Cláudia Isabel, “Arbitragem… “, pág. 185.

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