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A supervisão pedagógica no agrupamento a partir da ótica oficial

5.1. O agrupamento de escolas onde se desenvolveu o estudo

5.2.2. A supervisão pedagógica no agrupamento a partir da ótica oficial

Dentre os vários objetivos delineados para esta investigação, consideramos que os documentos orientadores nos poderiam ajudar na caracterização das práticas de supervisão pedagógica no agrupamento e, igualmente, na importância, ou não, atribuída à implementação de práticas supervisivas por parte de quem é responsável pela execução desses documentos. De forma similar, percebemos como relevante indagar a forma como a implementação da supervisão pedagógica foi avaliada pela equipa de avaliação externa. Deste modo, começamos precisamente pelo RAE61 onde pode ler-se que:

Considerada inexistente no primeiro ciclo de avaliação externa, a supervisão da prática letiva em sala de aula enquanto estratégia formativa, rendibilizando os saberes profissionais, continua a carecer de um maior investimento. Embora existam situações de coadjuvação e assessorias não estão instituídas práticas generalizadas de acompanhamento e supervisão da prática letiva em sala de aula (p. 8).

Daí que, a equipa de avaliação tenha considerado que uma das áreas onde o Agrupamento devia incidir prioritariamente os seus esforços para a melhoria devia ser “a supervisão da atividade letiva em sala de aula enquanto medida destinada à melhoria das práticas de ensino, das aprendizagens e dos resultados” (p. 11). Aliás, já em 2013, no PID, esta referia que uma das fragilidades do agrupamento era a “falta de mecanismos de supervisão e acompanhamento da prática letiva em contexto de sala de aula” (p. 13), propondo algumas medidas que ajudassem a superar esta debilidade, nomeadamente a implementação de “mecanismos de acompanhamento e supervisão da prática letiva, em sala de aula” e a “otimização das práticas de coaching” (p. 23).

A partir destas apreciações, tornam-se patentes as medidas, que os órgãos de gestão, nomeadamente, a Direção e o Conselho Pedagógico, tentam implementar para colmatar este ponto negativo. Senão vejamos: no Plano de Melhoria para o biénio 2015/2017, dois objetivos formulados, no domínio Prestação do Serviço Educativo, consistem em: (i) “alargar processos de supervisão pedagógica no sentido da melhoria das práticas profissionais”; (ii) “sistematizar e monitorizar a supervisão da prática letiva em sala de

61 No ciclo de avaliação externa que se iniciou em abril de 2019 (Terceiro Ciclo de Avaliação Externa das Escolas) e segundo consta de um documento de trabalho do IGEC (Inspeção-Geral da Educação e Ciência), a metodologia de trabalho assenta, além de outros, na “observação da prática educativa e letiva” e esta “observação incide, preferencialmente, na interação pedagógica, nas competências trabalhadas e na inclusão de todos os alunos”.

Um dos princípios deste novo ciclo de avaliação externa é a “promoção da supervisão das práticas pedagógicas, nomeadamente em sala de aula”.

aula” (p.4). Para a consecução destes objetivos são propostas várias ações a serem implementadas ao longo dos dois anos letivos a que o plano se refere: (i) “promoção da coobservação, enquanto estratégia para facilitar a reflexão, regular a prática pedagógica e promover a partilha de boas práticas científico-pedagógicas, através de formação de pares de docentes”; (ii) “implementação, numa 1.ª fase, da troca de turmas entre os docentes do 1.º CEB, com o intuito de registar, de forma anónima, aspetos de referência ou a melhorar, que servirão para numa 2.ª fase, estabelecer linhas orientadoras a observar na realização da supervisão da prática letiva em sala de aula”; (iii) “promoção de momentos de partilha sobre o feedback das supervisões da prática letiva em sala de aula realizadas entre pares”; iv) “definição de instrumentos de análise e de monitorização”; (v) “definição de um plano de supervisão da prática letiva em sala de aula entre pares”; (vi) “consolidação das práticas de acompanhamento e supervisão da prática letiva em sala de aula existente nos 2.º e 3.º ciclos, ensino secundário e ensino profissional”; (vii) “monitorização da prática letiva no que concerne ao desenvolvimento do currículo e das práticas pedagógicas, numa perspetiva de desenvolvimento profissional dos docentes”; (viii) “implementação de ações de acompanhamento para superação de eventuais dificuldades” (p. 4). Como responsáveis na implementação destas ações surgem os Coordenadores de Departamento Curricular, os Coordenadores de Conselho Docentes do Ensino Pré-Escolar, os Coordenadores de Conselho Docentes do 1.º Ciclo Ensino Básico, os Coordenadores de Curso (profissionais) e os Coordenadores de Diretores de Turma.

No PAA62 (2017/2018)63, as referências à implementação de práticas de supervisão são várias: “visando, qualidade da ação educativa, serão promovidos mecanismos de supervisão pedagógica e de acompanhamento da prática letiva, em sala de aula, enquanto processo de melhoria da qualidade do ensino e de desenvolvimento profissional dos docentes” e, ainda “quer o plano de melhoria do agrupamento, quer o PAE (medida 4 - Supervisão entre pares), preveem a realização de práticas voluntárias e autónomas, de supervisão pedagógica, numa perspetiva formativa, integrando diversas atividades” (p. 24), atividades estas já supracitadas no Plano de Melhoria. De referir, que o Plano de Ação Estratégica (PAE) foi elaborado no âmbito do Programa Nacional para a Promoção do

62 O Plano Anual de Atividades de um agrupamento visa a prossecução dos objetivos delineados no Projeto Educativo. Para isso, são elaborados vários eixos estratégicos com os respetivos objetivos estratégicos, que, por sua vez, dão origem a diversos objetivos operacionais.

Sucesso Escolar (PNPSE) para o biénio 2016/2017, sendo uma das quatro medidas presentes a supervisão entre pares (ensino básico e ensino secundário).

Em jeito de síntese, e depois desta análise aos principais documentos orientadores do agrupamento, julgamos que algumas asserções se impõem. Evidencia-se a presença, em todos eles, da necessidade de práticas supervisivas, com um carácter formativo e voluntário o que se constitui um indicador muito positivo. De facto, partindo desta análise, somos levados a pensar que a supervisão pedagógica se encontra instituída, ou em vias de o ser, no quotidiano do agrupamento, como uma prática formativa e desenvolvimental com o objetivo de melhorar os resultados e as aprendizagens dos alunos. Contudo, e atendendo ao facto de estarmos perante documentos orientadores, a realidade vivenciada poderá ser diferente e muitas destas medidas e vontades podem não ter passado disso mesmo. A triangulação com a análise das entrevistas realizadas e com as narrativas escritas ajudar- nos-ão a tirar ilações mais próximas da realidade.