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A união dos ramos de Meneses e Albuquerque

2. AFONSO TELES, O VELHO E O ESTABELECIMENTO DA FAMÍLIA NO

3.2. A FONSO DE M ENESES E A GRANDE CRISE CASTELHANA

3.2.3. A união dos ramos de Meneses e Albuquerque

Afonso de Meneses, irmão de D. Maria, casou com Teresa Álvares das Astúrias325, filha de Pedro Álvares das Astúrias, chefe desta poderosa família leonesa, e de Sancha Rodrigues de Lara326. Pedro Álvares estivera inicialmente ao lado de Afonso X aquando da sublevação nobiliárquica de 1272327 onde, paradoxalmente, o seu pai participara328. Irá depois alterar a sua posição, podendo ter estado ligado aos malogrados D. Fradique e Simão Rodrigues de los Cameros antes de sair do reino em ruptura com o monarca329 e de apoiar abertamente o infante D. Sancho nas lutas que opuseram ao pai330. É, durante o reinado deste último, um personagem de elevado relevo na corte, ocupando o cargo de mordomo-mor nos primeiros anos, até à sua morte331.

Do matrimónio entre D. Afonso e D. Teresa teriam nascido o já mencionado Telo Afonso e ainda uma filha, a fazer fé no frei Angel Manrique, que nos seus Anales Cisterciences, ao referir-se aos sepulcros do Mosteiro de Matallana, hoje em ruínas, dizia que «se vem en la iglesia de Matallana los sepulcros de los príncipes biznietos del ilustre

rey don Alfonso. Don Alfonso, llamado de Molina, de su mujer Doña Teresa, y de sus hijos don Tello y doña Juana»332. Terá falecido muito jovem, pois não é mencionada pelos genealogistas, que identificam D. Telo como único filho do casal333.

Telo Afonso desposou Maria Afonso, filha do infante Afonso de Portalegre e de Violante Manuel, filha do infante D. Manuel334. Era por isso neta de Afonso III e de Afonso X. Como foi visto, D. Telo faleceu pouco depois do pai e ainda muito jovem,

325 Cf. Casa Farnese, 2º vol., p. 576, Livro do Deão, 6BD9 e Livro de Linhagens, 10C13, 21D12,

24D7.

326

Cf. Casa Farnese, 2º vol., p. 576, Livro do Deão, 6BD9, Livro de Linhagens, 24C6, Salvador de Moxó, «De la nobleza vieja a la nobleza nueva... cit.», p. 144.

327 Cf. Crónica de Alfonso X, p. 35. 328

Cf. ibidem, pp. 28-29.

329 Cf. ibidem, p. 61. 330 Cf. ibidem, p. 42.

331 Cf. Sancho IV, 1º vol., p. 195 e Salvador de Moxó, ob. cit., p. 144.

332 Tradução de Modesto Salcedo (ob. cit., p. 264) de Ángel Manrique, Cisterciensium seu verius

ecclesiasticorum: annalium a condito cistercio, tomo III, Lyon, G. Boissat, & Laurent. Anisson, 1659, cap.

VI.

333 Cf. Casa Farnese, 2º vol., p. 576, Livro do Deão, 6BD9-10 e Livro de Linhagens, 10C13-14,

21D12-13, 24D7.

334

deixando apenas dois filhos: Afonso Teles, que assim herda a chefia da linhagem, e D. Isabel335.

Árvore Genealógica 9 – Fusão dos ramos familiares Meneses e Albuquerque

Este Afonso Teles deverá ser, com grande grau de certeza, o Afonso Teles de Molina que confirma diplomas régios de Afonso XI, em Valladolid, a 2 de Agosto de 1318 e a 14 de Abril de 1320336. É um pouco estranho que tenha o apelido «de Molina»337, uma vez que o senhorio de Molina não fazia parte dos domínios da família, mas poderia tê-lo adoptado a partir do avô338. Salazar y Castro diz sucintamente que Afonso Teles, filho de Telo Afonso, confirma documentos em 1318339, o que coincide com um dos anos em que

335 Cf. Casa Farnese, 2º vol., p. 576. Os livros de linhagens portugueses não indicam qualquer outro filho

além de D. Isabel.

336

Cf. CD Alfonso XI, docs. 70 e 73, respectivamente.

337 O conde D. Pedro designa por duas vezes Afonso de Meneses, filho do infante D. Afonso de Molina,

como «Afonso de Molina» (cf. Livro de Linhagens, 10C13, 24D7), mas na documentação coeva e nas crónicas este nunca é assim mencionado, surgindo apenas como «Dom Afonso». Em relação ao seu filho Telo Afonso, nunca o apelido toponímico «de Molina» é utilizado, seja na documentação, nas crónicas ou nos livros de linhagem.

338 Fora detido pelo seu bisavô, o infante Afonso, que recebeu o senhorio pelo seu casamento com D.

Mafalda de Lara, que era de facto a senhora de Molina, mas passara para a filha destes, D. Branca (cf. Salvador de Moxó, ob. cit., p. 45.). Não tendo esta deixado descendência, o senhorio de Molina foi incorporado na coroa, e mais tarde entregue à rainha D. Maria a 23 de Maio de 1293, advindo daí o nome por que ficou depois conhecida (cf. ibidem, p. 46 e Luis Vicente Díaz Martín, María de Molina, Valladolid, Obra Cultural de la Caja de Ahorros Popular, 1984, p. 92).

339

Cf. Casa Farnese, 2º vol., p. 576.

Afonso Sr. de Meneses Teresa Álvares das Astúrias Telo Afonso Sr. de Meneses Maria Afonso Isabel Sra. de Meneses

João Afonso de Albuquerque,

o do Ataúde Sr. de Albuquerque Maior Afonso Sra. de Meneses Afonso de Molina Teresa Martins Sra. de Meneses Afonso Sanches Teresa Sanches João Afonso de Albuquerque Sr. de Albuquerque

Afonso Teles de Molina

Sr. de Meneses Afonso Teles de Córdova Sr. de Meneses Maria Anes de Lima

Afonso Teles, o Velho

Sr. de Meneses e de Albuquerque Elvira Gonçalves Girón Teresa Sanches Rodrigo Anes Sr. de Albuquerque João Afonso Sr. de Albuquerque Teresa Martins de Soverosa Berenguela Gonçalves Girón 1º 2º Joana Afonso

este Afonso Teles de Molina também o faz, contribuindo para corroborar esta hipótese. Além disso, este é arrolado nos dois documentos mencionados na coluna dos nobres castelhanos e em terceiro lugar, após João Manuel e João Afonso de Haro, senhor de los Cameros, numa posição elevada, igual à que os senhores de Meneses costumavam ocupar. Mais uma vez, um senhor de Meneses iria falecer bastante jovem e sem descendência, não se lhe conhecendo qualquer casamento.

Assim, o grande património desta casa era transmitido a D. Isabel, que mais tarde iria casar com João Afonso de Albuquerque, tal como ela descendente de Afonso Teles, o

Velho. Com este matrimónio voltavam a reunir-se, cerca de cem anos depois da morte

deste último, os dois grandes senhorios de Meneses e de Albuquerque, o que fazia do casal um dos mais poderosos do reino castelhano. E algo que mais tarde, no peculiar reinado de Pedro I, se revelaria pouco saudável340.

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