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2. AFONSO TELES, O VELHO E O ESTABELECIMENTO DA FAMÍLIA NO

3.2. A FONSO DE M ENESES E A GRANDE CRISE CASTELHANA

3.2.1. Os reinados de Afonso X e de Sancho IV

3.2.1.2. Afonso de Meneses, irmão da rainha

Curiosamente, apesar de durante alguns anos ter sido o mais distinto rico-homem da corte de Afonso X ― exceptuando os infantes ― e de se ter depois tornado, durante a guerra civil, num dos mais importantes apoiantes do infante D. Sancho, Afonso de Meneses foi sempre um personagem relativamente discreto. Algo que não deixa de gerar alguma estranheza, tratando-se do líder da linhagem de Meneses, filho de um dos mais poderosos infantes de meados do século XIII e irmão da rainha. Apesar disso, pode afirmar-se que teve um papel bastante relevante no reinado de Sancho I e nos reinados seguintes, sobretudo nas lutas travadas pela irmã, D. Maria, em defesa dos direitos da coroa.

222 Crónica de Don Alfonso X, p. 66. 223 Cf. Crónica de Don Sancho IV, p. 69. 224

Cf. Crónica de Don Sancho IV, pp. 69-70.

225 É certo, como foi visto, que em 1217 Afonso Teles e Soeiro Teles haviam entrado em conflito com as

forças de Henrique I, comandadas por Álvaro Nunes de Lara, mas aí não se tinham declarado opositores do rei mas sim deste nobre. E o seu objectivo nunca passou pela deposição do rei mas sim pelo afastamento do privado, que terá iniciado as hostilidades.

Como seria natural, Afonso de Meneses começa a testemunhar documentos de Sancho IV logo desde o começo do seu reinado226, tal como o faz João Afonso de Albuquerque, seu parente do ramo familiar de Albuquerque, cujo percurso político seria bem mais conturbado que o seu. Ora a corte castelhana, reunindo agora a maior parte dos nobres pouco tempo antes desavindos, exigia do rei determinadas medidas que garantissem a sua fidelidade e satisfação. Para tal, vai outorgar alguns ofícios a certos fidalgos que se tinham mantido sempre ao lado do pai, o que, com grande grau de probabilidade, terá de certa forma provocado alguma sensação de injustiça entre aqueles que tinham corrido o risco de o apoiar227. Afonso de Meneses não é distinguido com nenhum ofício ou cargo. Mas é Lopo Dias de Haro ― que estivera ao lado do infante desde sempre ― quem se vai lentamente assumir como o indivíduo de maior influência política junto do rei228. No início de 1287, após alguns anos em que reforça a sua posição na corte e como privado, Lopo Dias vai conseguir ser nomeado mordomo-mor do reino e receber o título de conde229, num processo em que vai afastando os seus inimigos do caminho para tomar as rédeas do poder no reino230. Paulatinamente, e com o aval do rei, que vai acedendo às suas pretensões, Lopo Dias torna-se no mais poderoso nobre castelhano e na influência mais determinante nos assuntos políticos de Castela231. O seu poder assentava tanto nos domínios que detinha como nas relações familiares que conseguira traçar: estava casado com D. Joana, filha do infante Afonso de Molina e por isso meia-irmã da rainha; uma filha sua, Maria Dias, desposara o volúvel infante D. João; e o seu irmão Diogo Lopes estava casado com a infanta D. Violante, irmã de D. Sancho IV232. Além disso, este poderoso bloco ocupava os principais ofícios. Lopo Dias era mordomo e chanceler do rei, além de deter as fortalezas que a coroa tinha em Castela e Diogo Lopes era alferes do rei e adelantado-mor de Castela233. Segundo a crónica, «el Conde tan apoderado estaba de todos los reinos, lo uno

com el infante D. Juan, su yerno, que era muy poderoso en el reino de León, é lo otro con

226 Testemunha o primeiro diploma de Sancho IV a 10 de Agosto de 1284, em Sevilha. Cf. Diego Ortiz de

Zúñiga, Anales eclesiásticos y seculares de la muy noble y muy leal ciudad de Sevilla, tomo I, Madrid, Imprensa Real, 1795, pp. 348-356.

227 José-Manuel Nieto Soria, Sancho IV. 1284-1295, Palência, La Olmeda – Diputación Provincial, 1994,

P. 59. Entre outros, o infante D. João recebe o cargo de mordomo-mor; Garcia Jufre será adelantado-mor de Múrcia e João Fernandes será meirinho-mor da Galiza. Todos estes tinham permanecido em apoio de Afonso X.

228 Cf. ibidem, pp.59-60.

229 O mordomo anterior, Pedro Álvares das Astúrias, sogro de Afonso de Meneses, falecera a 25 de

Outubro de 1296. Cf. Sancho IV, 1º vol, pp. 125.

230 Cf. Sancho IV, 1º vol, pp. 141-143. 231 Cf. Nieto Soria, ob. cit., pp. 85-87. 232 Cf. ibidem, p. 86.

233

D. Diego, su hermano, que era adelantado de la frontera, é lo otro por todos los castillos del Rey que tenía el Conde en Castilla, que el Rey no podría salir de su consejo nin de su poder en todo lo que él quisiese»234.

Contudo, Sancho IV apercebe-se que o Haro se começa a tornar num factor de instabilidade no reino, ao gerar sérios descontentamentos junto dos outros nobres, que o viam receber tantos benefícios235. Sobre os perigos do cumular de poder de Lopo Dias avisa-o precisamente o seu sobrinho, o rei D. Dinis, aquando do cerco de Arronches, entre Outubro e Dezembro de 1287236. O rei português diz-lhe que fez mal em favorecer de tal maneira o seu mordomo, aconselhando-o a recuperar novamente e depressa as rédeas do poder do reino, pois de outra forma não poderia reinar de forma independente e colocava mesmo em risco os direitos sucessórios do filho, o infante D. Fernando237.

Mas por esta altura já o conde Lopo Dias, na sua incessante busca pelo reforço do seu poder, tinha cometido aquele que terá sido o seu principal erro estratégico, ao hostilizar abertamente um rival cuja habilidade política não era inferior à sua: a rainha D. Maria. A rainha opusera-se desde o início ao favorecimento excessivo de que Lopo Dias era alvo, temendo que o rei ficasse refém das suas vontades e que aquele acabasse por fazer com que D. Sancho se separasse de si. O temor tinha razão de ser, pois o casal ainda não tinha obtido a dispensa papal necessária à legitimação do casamento238. Caso tal nunca viesse a ter lugar, a rainha receava que o marido a deixasse e casasse com D. Guilherma de Moncada, que era prima de D. Lopo239. Não deixaria, por isso, de persuadir D. Sancho contra o Haro.

O próprio monarca começava a tratar de desprender-se da influência de Lopo Dias. Logo que termina o cerco de Arronches, faz as pazes com Álvaro Nunes de Lara, rival do mordomo, para desagrado deste240. Uma concórdia que não duraria muito, pois D. Álvaro morreria pouco depois241. Todavia, certamente incentivado pela esposa e pelos restantes adversários políticos de Lopo Dias, chama à corte o irmão do falecido D. Álvaro, João

234 Crónica de Don Sancho IV, p. 75. 235

Cf. ibidem, p. 76.

236 O rei português cercava o irmão, o infante D. Afonso, que se rebelara nas suas possessões raianas.

Junto deste encontrava-se Álvaro Nunes de Lara, pelo que os dois reis se unem para liquidar aquele levantamento. Cf. D. Dinis, p. 85.

237 Cf. Crónica de Don Sancho IV, p. 76. 238

Dispensa que só seria obtida em 1301, já depois da morte de Sancho IV. Cf. Díaz Martín, María de

Molina…cit., p. 90.

239 Cf. Crónica de Don Sancho IV, pp. 74-75. 240 Cf. ibidem, p. 77.

241

Nunes, a quem doa os domínios do primeiro242. Desprazido com esta atitude por parte do rei, que beneficiava quem lhe era contrário, o conde D. Lopo une-se ao genro, o infante D. João, e ambos mandam Diogo Lopes de Campos, primo do primeiro, correr e devastar algumas terras no reino de Leão243. Seguir-se-iam outros abusos por parte do conde, do infante e dos seus correligionários, que conduziriam o monarca à decisão de retirar ao Haro o poder que ele próprio lhe havia proporcionado, com a ajuda dos opositores daquele: «de

alli adelante comezó el rey à catar por cuantas maneras pudo para Salir de su poder dellos, é allegó consigo cuantos caballeros é omes pudo aver en toda la tierra por si. É ellos ficiéronlo de muy buena mente, porque querian muy mal al Conde»244.

Em Junho de 1384, com o argumento de discutir o caminho diplomático a seguir depois de recebidas propostas de paz por parte dos reinos de França e de Aragão ― Lopo Dias de Haro e o infante defendiam uma aliança com Aragão; D. Maria, o arcebispo de Toledo e a esmagadora maioria dos conselheiros propunham um pacto com o reino francês245 ― Sancho IV convoca o seu conselho para Alfaro, castelo nas mãos de D. Lopo. Na tarde de 8 de Junho246, encontrando-se numa câmara o conde, o infante D. João e Diogo Lopes de Campos, D. Sancho sai e diz-lhes para ficarem ali e para discutirem o assunto para o qual tinham sido reunidos. Verificando que as suas gentes estavam em maior número que as do Haro, torna à sala e pergunta-lhes se já chegaram a uma decisão, ao que o conde diz que sim, e que entrando lhe dariam a resposta. O rei, sentindo-se fortalecido ao verificar que os que o acompanhavam eram em maior número que as gentes de D. Lopo, do infante e de Diogo Lopes, responde-lhe que pretendia detê-los até que lhes devolvessem as fortalezas que tinham por si: «Entónces aina lo acordastes, é yo com outro acuerdo

vengo, é es que vos amos que fiquedes aqui conmigo fasta que me dedes mis castillos»247. Surpreendido pela ordem de prisão de D. Sancho, o conde levanta-se e acomete em direcção do rei de adaga em riste, sendo imitado de pronto pelo infante D. João. Segue-se uma luta entre estes e alguns nobres e os homens de armas do rei. Segundo a crónica, com uma espadeirada cortam a mão a Lopo Dias, que é morto logo de seguida com um golpe de maça, apesar de o rei não chegar a dar essa ordem; o próprio monarca mata Diogo Lopes

242 Cf. ibidem, p. 77. 243

Cf. ibidem, pp. 77-78.

244 Ibidem, p. 78.

245 Cf. ibidem, p. 90, e José-Manuel Nieto Soria, ob. cit., pp. 93. 246 Cf. ibidem, p. 95.

247

com três estocadas; e o infante D. João apenas não tem sorte idêntica por intervenção da rainha, ficando detido248.

Não se deve, contudo, atribuir de forma precipitada à rainha o papel de apaziguadora neste dramático episódio. A eventual intenção do conde em separar o rei de D. Maria e em casá-lo com Guilherma de Moncada, apontada atrás, tornara-a na principal inimiga de D. Lopo. E não se tratava de uma antagonista qualquer, mas sim de uma das personagens com maior talento político da corte castelhana, como os anos seguintes se encarregariam de demonstrar. Não será por isso forçado supor que D. Maria manobrava as suas peças a fim de minar o poder de Lopo Dias, apoiando decididamente a resolução do marido em subtrair-se à sua influência, através da diminuição da sua capacidade militar e política. A preparação da explosiva situação em Alfaro poderá muito bem ter sido do conhecimento da rainha, sendo bastante plausível que a tivesse ajudado a delinear. A crónica diz-nos o nome de alguns dos indivíduos que assistiam o rei em Alfaro, que suportam e muito provavelmente incentivam a decisão de deter os três magnates. Enumera Afonso de Meneses, João Afonso de Haro e Gonçalo Gomes de Manzanedo, sendo ainda mencionados Sancho Martins de Leiva e vários eclesiásticos, designadamente o arcebispo de Toledo, D. Gonçalo, o bispo João Afonso de Palência e os bispos de Calahorra, de Osma, de Tuy, o deão de Sevilha e o abade de Valência249. Os primeiros dois ricos-homens são o irmão e um tio da rainha ― pelo casamento com Constança Afonso ―, dois familiares bastante próximos da D. Maria, que deveriam apoiá-la politicamente, certamente pelos laços familiares mas também pela animosidade geral criada pelo Lara junto das outras linhagens. Sem se poder afirmar que a rainha teria sido a principal instigadora da decisão mencionada ― embora também não se possa afastar tal hipótese ― é contudo plausível admitir que não estava alheada do processo que conduziu à tragédia narrada.

Morto Lopo Dias e aprisionado o infante D. João, até aí os dois principais elementos desestabilizadores do reino, Sancho IV necessitava agora de se reapoderar das fortalezas havidas pelo primeiro e de garantir que os partidários dos dois não encetariam represálias pelo ocorrido. Era igualmente necessário rodear-se desta vez de homens de confiança e não voltar a cometer o mesmo erro de entregar demasiado poder a apenas um indivíduo. A queda de D. Lopo vai assim provocar alterações significativas nos ofícios da corte. O mordomado virá a ser ocupado por João Fernandes, primo do rei e neto de Afonso IX, logo

248 Cf. ibidem, p. 79. 249

a partir de 8 de Agosto250, e mais tarde Afonso de Meneses seria nomeado alferes-mor251. Esta é a primeira nomeação de um senhor de Meneses para um ofício da administração cortesã em Castela. Apesar do poder e prestígio da família, até aqui apenas tinham detido tenências e alcaidarias. Para esta nomeação em concreto, não sendo alheio o facto de Afonso de Meneses ter sido um dos apoiantes de Sancho IV desde os tempos da rua revolta enquanto infante, contribuía decisivamente o facto de ser irmão da rainha, que acabara de afastar o seu mais perigoso inimigo no reino. A verdade é que esta nomeação, como escreveu Gaibrois de Ballesteros, se revelou uma escolha acertada252.

Afonso de Meneses não demoraria muito a tornar-se útil ao cunhado enquanto alferes-mor, pois anunciavam-se conflitos com os inimigos de Sancho IV. Em Jaca, a 18 de Setembro de 1288, Afonso III de Aragão, Diogo Lopes de Haro ― irmão de Lopo Dias que saíra para Aragão decidido a fazer a guerra ao rei castelhano como vingança pelas mortes em Alfaro ―, Gastón de Bearne ― pai da repudiada Guilherma de Moncada ― e Afonso de Lacerda assinavam um convénio contra Sancho IV, proclamando o último dos signatários como rei de Castela253. Como resposta, o monarca castelhano vai assegurar as boas relações com Portugal e França254. O ano terminava com guerra declarada entre Castela e Aragão, cujo rei dirigira cartas a muitos ricos-homens castelhanos para que tomassem por monarca Afonso de Lacerda255. Logo no início de 1289, marchava desde Portugal um exército enviado por D. Dinis em apoio de Sancho IV, um auxílio militar conseguido após encontro entre os dois em Sabugal256.

O primeiro palco de acção deste exército e do novo alferes seria precisamente a guerra castelhano-aragonesa em 1289. Em Abril deste ano, estando Sancho IV em Almazán de caminho para Bayonne a fim de se encontrar com o seu homólogo francês, deixa a chancelaria e os seus oficiais em Burgos e entrega o comando das suas hostes ao recentemente nomeado alferes, assistido por João Afonso de Haro, Fernão Peres Ponce e João Fernandes de Lima: «[Sancho IV] dejó por mayoral de la hueste para en la guerra á

don Alfonso, hermano de la Reina, é que Fernand Perez, amo del infante don Fernando, é don Juan Alonso de Haro, é don Juan Ferrandez de Limia, é todos los otros ricos omnes

250 Cf. Sancho IV, 1º vol., 219.

251 Cf. ibidem, p. 219. Já surge como tal a 10 de Dezembro de 1288, ao confirmar um privilégio de

Sancho IV em Burgos (cf. ibidem, doc. 225), apesar de poder ter recebido o ofício em data anterior.

252

Cf. ibidem, 1º vol., p. 219.

253 Cf. Crónica de Don Sancho IV, p. 79 e Nieto Soria, ob. cit., p. 98. 254 Cf. ibidem, p. 97.

255 Cf. ibidem, p. 80. 256

que y eran que el aconsejasen, porque las hustes fuese guiadas así commo cumplia»257. Ao tomar conhecimento que Afonso III de Aragão, Afonso de Lacerda e Gastón de Bearne se encontravam em Calatayud, Afonso de Meneses conduz o exército real para Monteagudo, enquando as forças adversárias avançavam para Monreal de Ariza, distando uma localidade da outra não mais de uns dez quilómetros. Assim permanecem durante mais de vinte dias, desafiando-se mutuamente para a lide258. Sancho IV acaba por não se encontrar com o monarca francês e regressa rapidamente para junto do seu exército. Este, ainda em Monteagudo e liderado por Afonso de Meneses, trava o avanço das forças inimigas, que pareciam querer fazer-se à batalha259. Uma vez reunido ao seu exército, Sancho IV opta por passar ao ataque. Depois de os seus adversários regressarem a Aragão, invade este reino, entrando pelas terras de Agreda em direcção a Tarrazona e ao vale do Ebro sem que lhe seja dada batalha, assolando muitas terras antes de tornar a Castela260. Ao longo dos meses seguintes irão ter lugar operações de menor monta de parte a parte ao longo da fronteira aragonesa, mas então o monarca castelhano estava mais interessado em retomar e concluir as negociações com Filipe IV de França, vindo a ratificar com este a aliança entre os dois reinos, a 9 de Abril de 1290, em Baiona261. Com este acordo Sancho IV conseguia que o rei francês desistisse da causa dos infantes de Lacerda, garantindo uma quase total segurança política.

Até ao final deste reinado, Afonso de Meneses irá desempenhar o ofício de alferes régio, mantendo a mesma discrição que parece ter sido seu apanágio. Poucas mais notícias se têm das suas acções políticas, apesar de se saber que terá estado ao lado do rei como fiel vassalo ao longo do período.

Surge ainda mais uma vez com algum destaque em 1290. Depois da aliança com Filipe IV, João Nunes de Lara, o defensor dos direitos dos infantes de Lacerda que se encontrava exilado em França, reconcilia-se com Sancho IV e vem para Castela262. Contudo, geram-se novamente alguns desaguisados entre os dois que vêm a ser resolvidos após negociações onde a rainha D. Maria tem um papel de relevo. Combina-se então o casamento do filho de João Nunes, de nome idêntico ao do pai, com D. Isabel de Molina, levando esta senhora algumas fortalezas para o casamento, nomeadamente San Estebán de Gormaz, Castrojeriz, Fermoselle e Trastâmara. Enquanto estas não fossem cedidas seriam

257 Crónica de Don Sancho IV, p. 80. 258

Cf. ibidem, p. 80.

259 Cf. ibidem, p. 81. 260 Cf. ibidem, p. 81.

261 Cf. Nieto Soria, ob. cit., pp. 104-105. 262

entregues como reféns alguns nobres escolhidos por João Nunes263. Entre eles estava Afonso de Meneses, que seria de imediato libertado após a transferência dos castelos.

O facto de João Nunes o ter escolhido como refém devia-se obviamente ao facto de ser um dos mais importantes homens da entourage real, não apenas um destacado oficial e poderoso magnate ao serviço do rei mas ainda o principal aliado político da sua irmã, a rainha, que tinha conduzido as negociações. Com efeito, D. Maria começava a apresentar as qualidades que lhe seriam tão úteis ― e úteis à coroa castelhana ― nos reinados seguintes, criando uma sólida rede de relações que sustentavam a sua influência e onde Afonso de Meneses tinha papel determinante. Qualidades que seriam brevemente necessárias, pois D. Sancho IV iria falecer a 25 de Abril de 1295, deixando como herdeiro um filho que ainda não completara dez anos264.