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A DEFESA DOS INTERESSES EM C AMPOS E A PROMOÇÃO DE CASAS RELIGIOSAS

2. AFONSO TELES, O VELHO E O ESTABELECIMENTO DA FAMÍLIA NO

2.5. A DEFESA DOS INTERESSES EM C AMPOS E A PROMOÇÃO DE CASAS RELIGIOSAS

Apesar do empenho que demonstrava na luta contra os muçulmanos e do facto de se encontrar permanentemente junto do rei, sendo um frequentador constante da corte, o que obviamente levava a que estivesse mais afastado das regiões da Tierra de Campos, a verdade é que não podia descuidar nem descuidava os seus interesses nesta região.

204 Cf. ibidem, p. 86.

205 Este cerco e os sucessos relacionados serão observados em maior pormenor mais adiante. 206

Argote de Molina copiou o epitáfio no seu túmulo no mosteiro de Palazuelos, agora desaparecido, que data o falecimento de 1230: «OBIIT ALPHONSVS TELLI NOBILIS AMATOR TOTIVS BONITATIS FACTOR ISTIVS MONASTERII. ERA CIϽ.CC.LX.VIII.». Cf. Nobleza del Andaluzia, fl. 89v.

207 Cf. De Rebus Hispaniae, p. 347, e Crónica de Vinte Reis, p. 304. 208

O auxílio prestado por Afonso Teles a Fernando III e a D. Bereguela no processo que culminou na aclamação do primeiro como rei de Castela não deixou de ser recompensado com a doação de alguns domínios. Assim, a 26 de Maio de 1225, o rei castelhano concedia-lhe várias possessões em Villa Mofol209 e a 5 de Janeiro do ano seguinte doava- lhe os domínios que tinha em Villalba del Alcor210.

Como o seu pai, e seguindo uma direcção semelhante, também ele favoreceu algumas instituições religiosas e criou outras, mais uma vez com a ajuda de Afonso VIII. Isto indica que o monarca continuava a utilizar os mesmos esquemas de implantação de poder naquela zona, através da fundação de mosteiros por intermédio dos seus privados. A sua relação com algumas insttuições monacais denuncia uma continuidade na política empreendida por Telo Peres, e faz-se sentir logo nos últimos anos de vida deste. Em 23 de Junho de 1200, Afonso Teles fazia um importante escambo com o abade e o convento de Sahagún, recebendo a vila de Boadilla de Rioseco, com a sua igreja e moinhos, em troca de 120 jugadas de terra em Villanueva de San Mancio211. A troca era feita com o aval e consentimento de D. Elvira, sua esposa, de D. Telo Teles e de Soeiro Teles, os seus irmãos ainda vivos. Esta doação era feita na sequência de uma outra datada de 9 de Julho de 1195212, já mencionada, na qual D. Telo Peres, com o assentimento dos seus filhos, doava ao mosteiro de Sahagún as igrejas de Villanueva de San Mancio e algumas propriedades e igrejas associadas que compunham o mosteiro de San Mancio. Fazia-se desta forma, em várias etapas, a passagem da jurisdição do mosteiro de San Mancio para o mosteiro de Sahagún. A terceira fase teria lugar a 25 de Abril de 1201, quando Afonso Teles e os irmãos doam a Sahagún a vila de Villanueva de San Mancio e o que tinham em Fuentes de Angriellos, em troca de algumas rendas213. Esta transferência jurisdicional, iniciada por Telo Peres e depois continuada por Afonso Teles e os irmãos, faz supor a existência de uma estratégia política familiar que tem uma continuidade após o falecimento do líder da família e com a sucessão natural dos seus filhos na liderança dos interesses da mesma.

Há mesmo mecanismos que se reproduzem com Afonso Teles, decalcados dos vistos com Telo Peres, que não dependem apenas das acções destes nobres, e estão integradas num jogo político mais vasto conduzido por Afonso VIII. De forma idêntica ao pai, com forte ingerência régia, também Afonso Teles irá ter o seu nome associado a um mosteiro

209

Cf. CD Matallana, doc. 22.

210 Cf. ibidem, doc. 23. 211 Cf. CD Gradefes, doc. 73.

212 Cf. CD Villanueva de San Mancio, doc. 3. 213

enquanto principal benfeitor, no caso o mosteiro de Palazuelos. Em Palência, a 28 de Julho de 1213, Afonso VIII dava a Afonso Teles e a Teresa Sanches, sua esposa, a vila de Palazuelos214. Estes, apenas quatro dias volvidos, com o beneplácito régio ― e melhor seria dizer disposição régia ― cediam a mesma vila ao mosteiro de San Andrés de Valvení, tal como a haviam recebido, com a condição de que a casa religiosa passasse para o lugar de Palazuelos e erigissem aí um novo cenóbio de rito cisterciense215. Não deixa lugar a dúvidas que a cedência deste lugar pelo monarca castelhano ao senhor de Meneses era feita com a condição que ele o entregasse aos religiosos de San Andrés. Pelos seus serviços, doava-lhe não propriamente a terra mas a possibilidade de ser reconhecido como principal patrono ― neste caso, dada a transferência, trata-se praticamente de um refundador ― de uma casa religiosa que se viria mais tarde a tornar na cabeça da Ordem de Cister em Castela216. Afonso VIII fazia com Afonso Teles o mesmo que fizera com Telo Peres relativamente aos mosteiros de Matallana e de Trianos. Ao proporcionar-lhes domínios que seriam depois direccionados para mosteiros, criava laços que uniam solidamente as três partes e que cimentavam o seu poder ― e o poder dessa rede ― na região, então ainda uma fronteira potencialmente exposta a conflitos, dados os interesses que os dois reinos vizinhos tinham nela. Concomitantemente, estas manobras do rei castelhano acabavam por beneficiar os senhores de Meneses e os mosteiros, pois também eles, ao integrar a rede de poder, se afirmavam naquele território.

Dentro da mesma rede encontrava-se o Hospital de San Nicolás del Real Camino, fundado por D. Telo, e pelo qual Afonso Teles parece ter uma especial afeição, fazendo- lhe doações e intervindo no seu funcionamento em algumas ocasiões. A 15 de Julho de 1210, com Elvira Rodrigues, sua esposa, cedia ao hospital as suas propriedades em Villalmán e Aguilar de Campos, com todas as suas pertenças e direitos, três vinhas e uma horta em Sahagún, um monte em Castrillo e outro em Rioseco, uma herdade em Villasanzo e outra em Murera217. No ano de 1221, o já então senhor de Albuquerque e D. Telo Teles, seu irmão e bispo de Palência, faziam outra concessão ao mesmo hospital. D. Telo doava, pela salvação da alma dos seus pais, o solar que tinha em Villasanzo e Afonso Teles as herdades que possuía em Villasanzo e em Carvajal, pela alma de D. Elvira, falecida

214 Cf. Afonso VIII, doc. 907.

215 Cf. Salazar y Castro, maço D-16, fl. 44. O mosteiro de San Andrés de Valvení tinha um pasado

beneditino mas à data desta doação já seguiriam orientação cisterciense (cf. Vicente Ángel Álvarez Palenzuela, Monasterios Cistercienses en Castilla…cit., p. 118).

216 Cf. Jesús Urrea Fernández, Catálogo Monumental de la Provincia de Valladolid: Antiguo Partido

Judicial de Valoria la Buena, Diputación de Valladolid, 2003, p. 51.

217

entretanto, e dos seus pais218. E em 1225, Afonso Teles e Teresa Sanches, sua segunda esposa, iriam intervir directamente na gerência do hospital, estabelecendo para os religiosos e enfermos do local as normas pela qual este se devia reger219. Em data incerta, doara ainda a esta casa algumas terras em Villa Acevedo, favor que seria em 1247 confirmado por Maior Afonso, sua filha220.

Por esta altura já havia muito que Afonso Teles se dedicava com maior empenho na defesa dos interesses que tinha a sul. Voltaria definitivamente a Campos em 1230, para repousar eternamente no mosteiro de Palazuelos, deixando atrás de si uma memória que fazia de si um dos mais reputados e poderosos nobres castelhanos dos primeiros anos do século.

2.6.A DESCENDÊNCIA DE AFONSO TELES E A SUCESSÃO NAS CASAS DE MENESES E DE

ALBUQUERQUE

Afonso Teles foi progenitor de uma numerosa e prestigiada prole que ocupará nos anos após a sua morte lugares de destaque no seio das elites peninsulares. Alguns deles irão ser os primeiros membros da família a passar as fronteiras de Castela rumo a Portugal, garantindo neste reino posições de grande relevo.

Casou em primeiras núpcias com Elvira Rodrigues Girón, filha de Rodrigo Guterres Girón, rico-homem, e de D. Maior221 ou Maria Gusmão222. Rodrigo Gomes era o mais destacado membro daquela família, cujos principais domínios se situavam na Tierra de Campos. Tratava-se, portanto, de uma dama de uma linhagem cuja base de poder senhorial se situava na mesma região de origem da sua. Rodrigo Guterres fora um importante rico- homem da corte de Afonso VIII, vindo a ser seu mordomo-mor entre 1173 e 1193223, cargo que somara às tenências de Montealegre, em 1173; Gatón de Campos, em 1181; Monzón, entre 1166 e 1183; Torre Mormojón, em 1192; e de metade de Carrión, em 1186224. Tratava-se por isso de um dos mais poderosos e destacados nobres da cúria castelhana, onde convivia com Telo Peres, com quem partilhava o facto de deter importantes domínios

218 Cf. ibidem, doc. 10. 219 Cf. ibidem, doc. 12.

220 Documento de 19 de Abril. Cf. ibidem, doc. 20.

221 Cf. Casa Farnese, 2º vol., p. 553, Livro do Deão, 6AY6 e Livro de Linhagens, 15B2, 21A9. O

conde D. Pedro chama-lhe erradamente Teresa Rodrigues. Chama à sua mãe D. Maior.

222 Julio Gonzaléz diz que a primeira esposa de Rodrigo Girón é Maria Gusmão, tendo desta a maioria dos

filhos, incluindo a esposa de Afonso Teles. Cf. Afonso VIII, 1º vol., p. 359.

223 Cf. ibidem, p. 242. 224

na zona oeste do reino. A aliança entre as duas linhagens era certamente favorável a ambas.

Árvore Genealógica 6 – Filhos de Afonso Teles e Elvira Rodrigues Girón

Com D. Elvira o senhor de Meneses e de Albuquerque teve quatro filhos: Telo Afonso, Afonso Teles, Maior Afonso e Teresa Afonso225. Irão destacar-se os dois varões, cada um deles, em determinada altura, líderes da linhagem. Serão presença assídua na corte e nas campanhas de Fernando III; Afonso Teles notabilizar-se-á ainda no reinado de Afonso X226.

As duas filhas de Afonso Teles e Elvira Rodrigues, D. Maior e D. Teresa, casarão com dois destacados ricos-homens da Galiza e de Portugal: Rodrigo Gomes, Senhor de Trastâmara227; e Mem Gonçalves de Sousa, respectivamente228.

Rodrigo Gomes, filho do conde Gomes Gonçalves e de Elvira Peres, talvez o mais poderoso nobre galego na Galiza da primeira metade do século XIII, como apontado em alguns documentos, que o diziam «tenente principatur Gallecie»229, era o líder da importante linhagem de Trava, família com estreitos laços às coroas de Leão e de Portugal, sobretudo no século anterior230. Detinha importantes tenências no reino leonês,

225 Cf. Casa Farnese, 2º vol., p. 576, Livro do Deão, 6AY6 e Livro de Linhagens, 15B2, 57A1. 226 O percurso de ambos será analisado mais adiante.

227

Cf. Casa Farnese, 2º vol., p. 576, Livro do Deão, 19X4 e Livro de Linhagens, 13B2 (como Rui Gomes).

228 Cf. Casa Farnese, p. 576, Livro do Deão, 1A6 e Livro de Linhagens, 22D12. 229 Cf. Fernando III, 1º vol. p. 172.

230 Sobre a família, veja-se María del Carmen Pallarés, e Ermelindo Portela, «Aristocracia y sistema de

parentesco en la Galicia de los siglos centrales de la Edad Media: el grupo de los Traba», Hispania: Revista española de historia, vol. 53, nº 185, 1993 pp. 823-840; Salvador de Moxó, «De la nobleza vieja a la nobleza nueva... cit.», pp. 88-90; Margarita Torres Sevilla-Quiñones de León, Margarita, Linajes nobiliários de León y Castilla… cit., pp. 312-341; idem, «Relaciones fronterizas entre Portugal y León en tiempos de Alfonso VII: el ejemplo de la casa de Traba», Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Historia, nº.

Afonso Teles

2º Senhor de Meneses e 1º Senhor de Albuquerque

Elvira Rodrigues Girón

Telo Afonso

3º Senhor de Meneses

Teresa Afonso Maior Afonso

Rodrigo Guterres Girón

Mordomo-mor de Afonso VIII Maria Rodrigues de Gusmão

Rodrigo Gomes Senhor de Trastâmara Afonso Teles 4º Senhor de Meneses Mem Gonçalves de Sousa

Maria Mendes Martim Afonso Afonso IX

Rei de Leão

Ligação ilegítima

Teresa Gil de Soverosa

designadamente a Galiza, Trastâmara, Monterroso, Montenegro, Lemos e Sarria231. Importante membro da corte de Afonso IX, é um dos primeiros magnates de Leão a encontrar-se junto de Fernando III após a aclamação deste, logo em 1230, confirmando documentos até 1252 e sendo arrolado nas listas como um dos principais nobres leoneses232. O seu casamento foi tratado anteriormente à união dos dois reinos e à integração dos nobres leoneses na corte de Fernando III, pois em 1222 já estava casado com Maior Afonso233. Associou-se às campanhas de Fernando III contra os muçulmanos, tendo-se distinguido na expedição a Jerez234, na tomada de Córdova235 e no cerco de Sevilha236, vindo a ser beneficiado no repartimiento desta última cidade237.

Após a sua morte, que terá acontecido pouco depois de deixar de subscrever os diplomas de Fernando III, em 1252, a sua viúva, D. Maior, irá entregar, no dia 16 de Julho de 1261, Villa Sardón238 à Ordem de Santiago, de quem a tinha em vida. Dará ainda outras herdades que ela e o marido, Rodrigo Gomes, deveriam ceder conforme anteriormente combinado, e onde se incluía Santa Vocalla. O mestre de Santiago, à altura o famoso Paio Peres Correia, em nome da ordem, entrega-lhe em contrapartida 300 maravedis anuais a receber na portagem de Castrotorafe, pelo Natal239.

Junto de D. Maior, Rodrigo Gomes tinha anteriormente, a 19 de Abril de 1247, confirmado a doação de Villa Acevedo ao hospital de San Nicolás feita por Afonso Teles, doando o casal quanto possuíam em herdades na mesma vila240. E em 1255, a 26 de Dezembro, tinham efectuado uma permuta com a Ordem de Calatrava, doando alguns bens não enumerados no documento, mas que deveriam ter sido consideráveis, dado aquilo que recebiam em troca. A ordem transferia para a sua posse, em vida, a vila de Santa María de Bedoya; o que tinha em Peñafiel e no seu termo; os lugares de Lengaio e Canaleias; tudo o que tinham em Olmos e no seu termo com todos os direitos e pertenças; tudo o que tinham

15, 1, 1998, pp. 301-312;, Vicente Ángel Álvarez Palenzuela, «La nobleza del reino de León… cit.», pp. 283- 284. Para o período e indivíduo em questão, Fernando III, 1º vol., pp. 171-173.

231 Cf, ibidem, p. 172 e Margarita Torres Sevilla-Quiñones de León, Margarita, Linajes nobiliários de

León y Castilla… cit., p. 339.

232 Cf. Fernando III, 1º vol., pp. 171-173.

233 Cf. ibidem, p. 172. Margarita Torres Sevilla (ob. cit., p. 339), seguindo trabalho de María del Carmen

Pallarés, e Ermelindo Portela (ob. cit., p. 838) toma a esposa de D. Rodrigo Gomes como D. Maior Afonso, filha de D. Afonso IX, ao contrário do que indicam os livros de linhagens, já citados, e Salazar e Castro, que fazem de D. Maior Afonso filha de Afonso Teles (cf. Casa Farnese, 2º vol., p. 576).

234 Cf. Crónica de Vinte Reis, p. 308. 235 Cf. Crónica Latina, p. 101. 236

Cf. Primera Crónica General, tomo II, pp. 758-759.

237 Cf. Fernando III, 1º vol., pp. 172.

238 Deverá tratar-se da actual localidade de Sardón de los Frailes, no vale do Douro, a oeste de Salamanca. 239 Cf. Salazar y Castro, maço D-16, fl. 82.

240

em Castriello; e o que tinham em Valadolid, casas e vinhas e herdades com todos os seus direitos. Quando morressem, tudo reverteria a favor da Ordem241. Não houve descendência deste enlace.

Quanto ao esposo de Teresa Afonso, Mem Gonçalves de Sousa, filho de Gonçalo Mendes de Sousa e de Teresa Soares de Riba Douro242 era, também ele, um membro distinto da sua família, fortemente implantada no vale do rio Sousa, que lhe daria o nome243. Os Sousa eram uma das cinco linhagens apontadas pelo Livro Velho de Linhagens como «dos bons homens filhos d’algo do reino de Portugal dos que devem a

armar e criar e que andaram a la guerra a filhar o reino de Portugal»244. Uma família que se manteve ao longo dos séculos XII e XIII no topo da hierarquia nobiliárquica portuguesa, detendo durante este período, por várias ocasiões, importantes cargos da administração central245.

É possível que Mem Gonçalves tenha falecido em vida do seu pai246, o que impediu que viesse a ocupar a chefia da linhagem, detida por este último. D. Gonçalo Mendes de Sousa fora mordomo-mor de Sancho I entre 1292 e 1211, monarca de quem foi importante privado247. Afastado na corte no início do reinado de Afonso II, viria a tornar-se seu opositor, saindo para o reino Leão durante alguns anos248 e apoiando as infantas Teresa, Sancha e Mafalda nas disputas que estas mantiveram com o rei português249. Iria recuperar a sua preponderância política no reinado seguinte, reocupando o mordomado em 1224250 e detendo várias tenências na Beira251.

Considerando as relações do seu pai com Afonso II, é estranho que Mem Gonçalves de Sousa seja apontado como um dos cavaleiros que por volta de 1220 liderou as forças de Afonso II nos combates que se seguiram à invasão de Martim Sanches ao território de Portugal, reclamando a reparação dos ataques de que fora alvo por parte de alguns

241 Cf. Salazar y Castro, maço I-40, fls. 95-95v. 242

Cf. Linhagens Medievais Portuguesas, vol. 1, p. 211.

243 Para esta família, veja-se, como ponto de partida, Odília Filomena Alves Gameiro, A construção das

memórias nobiliárquicas medievais. O passado da linhagem dos senhores de Sousa, Lisboa, Sociedade

Histórica da Independência de Portugal, 2000.

244 Livro Velho, prólogo, 1.

245 Cf. Linhagens Medievais Portuguesas, vol. 1, p. 203. 246 Cf. ibidem, pp. 210-211.

247 Cf. D. Sancho I , p. 271. 248

Em 1219, porém, já confirma documentos de Afonso II. Cf. D. Afonso II, pp. 70-72.

249 Cf. ibidem, pp. 70-72, e Linhagens Medievais Portuguesas, vol. 1, pp. 210-211. 250 Cf. D. Sancho II, p. 276.

251 Designadamente Lamego (1221-1222 e 1234-1236), Pinhel (1223), Trancoso (1219-1225) e Viseu

apoiantes do rei português252. No reinado seguinte confirma alguns documentos de Sancho II até 1224253, e a partir daí não se conhecem mais notícias suas, pelo que terá falecido nesse mesmo ano ou pouco depois.

A morte precoce poderá explicar o facto de ter tido apenas uma filha do seu casamento com Teresa Afonso: Maria Mendes, que desposaria Martim Afonso, filho ilegítimo de Afonso IX de Leão com D. Teresa Gil de Soverosa254. Este casal, que não deixaria descendência, seria o fundador, em 1268, do mosteiro santiaguista feminino de Sancti Spiritus de Salamanca255.

Observadas as ligações, percebe-se que no momento de combinar casamentos Afonso Teles mantinha-se ambicioso. Os cônjuges das suas filhas tratavam-se tão-só dos líderes ― no caso de Mem Gonçalves, presumível líder, uma vez que viria a falecer em vida do pai ― das linhagens de Trava e Sousa, as mais poderosas então na Galiza e em Portugal, respectivamente.

Após a morte de D. Elvira Rodrigues Girón, que terá tido lugar pouco depois de 2 de Fevereiro 1211256, o senhor de Meneses casa com D. Teresa Sanches, filha bastarda de D. Sancho I de Portugal e de D. Maria Pais Ribeira, a famosa Ribeirinha257.

Árvore Genealógica 7 – Filhos de Afonso Teles e Teresa Sanches

252

Cf. D. Afonso II, p. 230-231, Monarquia Lusitana IV, fls. 78-79, e Livro de Linhagens, 25G3. Martim Sanches era filho bastardo de Sancho I e encontrava-se então na corte de Afonso IX.

253 Cf. D. Sancho II, p. 128. 254

Cf. Livro Velho, 1M10, Livro do Deão, 1A6, 14I11, e Livro de Linhagens, 22D12-13, 25A4. Segundo Rades e Andrada, D. Maria Mendes era a terceira esposa de D. Martim Afonso. Cf. Crónica de

Santiago, fls. 33v-34.

255 Cf. ibidem, fls. 33v-34, e CD Sancti Spiritus de Salamanca, pp. 11-16.

256 Neste dia D. Elvira ainda está viva e confirma a troca de Villulíes, em posse de Afonso Teles, pela

torre de Malamoneda, tida por Roberto de Wales Cf. Salazar y Castro, maço D-16, fº 54. Sobre este assunto, veja-se a nota nº 66 deste capítulo.

257 Cf. Brasões da Sala de Sintra, vol. I, pp. 105-106. Já estavam casados a 28 de Julho de 1213, quando

Afonso VIII cede a Afonso Teles e à sua esposa Teresa Sanches a vila de Palazuelos (cf Alfonso VIII, doc. 907).

Afonso Teles 2º Senhor de Meneses e

1º Senhor de Albuquerque Teresa Sanches João Afonso

2º Senhor de Albuquerque Alferes-mor de Afonso III

Martim Afonso

Maria Pais Ribeira A Ribeirinha Afonso Teles O Tição Ligação ilegítima Maria Afonso Abadessa de Gradefes Sancho I

Deste enlace nasceram quatro filhos: João Afonso; Afonso Teles, o Tição (Tizón); Martim Afonso; e Maria Afonso258. Nada mais se sabe sobre esta última, além do facto de ter seguido a vida religiosa, vindo a ser abadessa de Gradefes259.

Os três varões ganharam destaque não em Castela mas no reino de Portugal, para onde os dois primeiros se terão dirigido na década de 1240 em apoio de Afonso, conde Boulogne, na sua pugna pela coroa portuguesa, sendo seguidos anos depois por Martim Afonso260.

Com a morte de Afonso Teles, os seus extensos senhorios ― de onde se destacavam Meneses de Campos e Albuquerque ― viriam a ser repartidos pelos seus filhos. Apesar de aparentemente estes herdarem os vários domínios de forma partilhada, vão-se criar dois ramos familiares a partir dos seus dois casamentos. Este aspecto veio provocar uma divisão