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5. ANÁLISE, DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

5.1. Análise Comparativa da Caracterização dos Alunos das duas Escolas

5.3.5. Acções ou estratégias para Promover a Física e a Química

Reunimos todas as sugestões de acções ou estratégias que os professores e alunos consideram que as escolas devem levar a cabo de forma a promover as disciplinas de Física e de Química.

Assim, as Escolas, em termos organizacionais, deveriam melhorar as condições laboratoriais, equipar melhor os laboratórios, equipar as salas com computadores, gerir as horas não lectivas dos professores de modo a possibilitar mais apoios educativos. Deveriam ser mais dinâmicas em oferta de actividades extra curriculares e promover a Semana das Ciências, Feiras de Ciência, Laboratórios Abertos, Clubes de Ciência, projectos, investigações, concursos, Olimpíadas, visitas de estudo, aulas de apoio, workshops, exposições com os trabalhos dos alunos e palestras/conversas sobre as saídas profissionais e a importância destas disciplinas.

Enquanto os docentes deveriam, em sala da aula, diversificar as estratégias de ensino, implementar metodologias motivadoras, tornar as aulas mais dinâmicas, realizar

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mais experiências, mostrar as relações da ciência com o dia-a-dia e fomentar uma aprendizagem enriquecedora. Deveriam também promover actividades extra-curriculares e incentivar os alunos para participarem nessas actividades, conversar com os alunos sobre os programas das disciplinas e a importância da Física e da Química nos vários cursos do ramo científico, incentivá-los a serem cientistas, promover o método científico para resolver problemas e ainda, nas aulas de Área de Projecto, poderiam promover projectos relacionados com a Física e a Química.

Os alunos, quando colocados no papel de professores ou de membro do Conselho Executivo, respondem que tentariam convencer os outros alunos a escolher as disciplinas de Física e/ou de Química recorrendo a actividades extra-curriculares (experimentais, laboratoriais, demonstrações práticas e laboratoriais, visitas de estudo, semana da ciência, laboratórios abertos, acções de divulgação, projectos ao longo do ano, concursos e actividades lúdicas, exposições, palestras sobre a disciplina, acções de formação, apoios educativos), efectuadas com conteúdos das disciplinas e interligados com a sociedade e o nosso dia-a-dia, fenómenos naturais estudados, investigações, cientistas e sobre a importância da disciplina. Recorreriam também ao diálogo com os alunos sobre as vantagens, as oportunidades, as saídas profissionais, o sucesso na área, os pontos interessantes das disciplinas. Efectuavam ainda melhorias nas condições laboratoriais, compravam mais material de laboratório, escolhiam melhor os professores e tornavam as aulas mais dinâmicas.

Concluindo, em relação ao factor Escola enquanto organização, a Escola A é a que demonstra, através do Projecto Educativo, Projecto Curricular, Plano Anual de Actividades e através dos registos de observação efectuados, mais preocupação em promover a cultura escolar científica e especialmente em manter uma cultura de escola mais virada para o ensino laboratorial da Física e da Química. Na verdade, apesar de a Escola B ser mais

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recente e se encontrar melhor equipada em termos de quantidade de materiais de laboratório e de novas tecnologias, tem falta de condições físicas nos laboratórios. Já a Escola A tem melhores laboratórios, demonstra uma preocupação maior na manutenção de auxiliares de educação para apoio aos laboratórios e tem mais actividades extra- curriculares directamente relacionadas com a Física e a Química. Ainda se destaca o facto de a Escola A apresentar um corpo docente mais estável e com maior nível de satisfação profissional.

Com isto, tudo leva a querer que as convicções iniciais de que “quando as escolas são dinâmicas, possuindo ofertas extracurriculares nas áreas das ciências, como projectos de Ciência e Olimpíadas da Física e da Química entre outras, favorecem a promoção destas disciplinas, levando a um aumento efectivo de alunos inscritos no 12º ano” e “quando as escolas não são dinâmicas nas áreas das ciências, não fomentam uma cultura científica, não preservam as condições essenciais às aulas laboratoriais estas não promovem ou até podem mesmo inibir a escolha das disciplinas de Física e de Química no 12º ano” são confirmadas. Na verdade, a Escola A apresenta maior leque de ofertas extracurriculares na área das ciências e tem mais alunos inscritos nas disciplinas de Física e de Química ao passo que, a Escola B não apresenta sinais visíveis de ciência na escola, tem poucas ofertas formativas na área das Ciências Físicas e Químicas, apresenta poucas actividades extracurriculares nessa área e tem menos alunos inscritos nas disciplinas de Física e de Química, inclusive tem alunos que se encontram impossibilitados de frequentar estas disciplinas porque a escola permitiu a escolha tardia da disciplina de FQA, no 11º ano em vez de ser no 10º ano.

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5.4. A Matriz Curricular

A quarta questão deste estudo era referente à Matriz Curricular, estando redigida da seguinte forma: “De que forma a Matriz Curricular do ensino secundário promove a escolha de disciplinas das áreas da Física e da Química?”.

A Matriz Curricular tem, na opinião dos professores das duas escolas, aspectos que favorecem a escolha das disciplinas de Física e a de Química, como a implementação obrigatória da componente prático-laboratorial, o fio condutor interessante dos novos programas de 10º e 11º anos ao abordar questões da actualidade e o facto de divulgar antecipadamente as opções existentes. No entanto, segundo eles, são mais numerosos os aspectos da Matriz Curricular que inibem a escolha destas disciplinas. Os professores referem, como mais importante, vários aspectos dos programas, tais como, a grande extensão, serem muito trabalhosos, mal construídos, terem conteúdos com abordagem complexa e de elevado grau de dificuldade, linguagem pouco acessível para os alunos, serem pouco ajustados às condições das escolas e ignorarem ou descontextualizarem os pré-requisitos necessários. Os programas de Física são pouco interessantes no que reporta às actividades experimentais. É necessário um exame nacional global de 10º e 11º anos que provoca diminuição das médias. Ainda, o facto de estar prevista a escolha de apenas uma disciplina específica além da matemática, leva os alunos a escolherem as disciplinas de menor grau de dificuldade em vez de escolherem a que mais necessitam no seu prosseguimento de estudos. Porém este factor foi parcialmente “corrigido” na última reformulação da Matriz Curricular, existindo agora obrigatoriedade da frequência da disciplina de Física e Química A no 10 e 11º anos, tendo os alunos a possibilidade de frequentar a Física ou a Química no 12º ano do ensino secundário.

A nossa convicção inicial de que quando a estrutura da Matriz Curricular do ensino secundário dos cursos de Ciências e Tecnologias amplifica o leque de disciplinas possíveis

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para concluir o 12º Ano, não impondo obrigatoriedade das disciplinas de Física e de Química e quando as Universidades facilitam as entradas nos cursos científicos aligeirando os pré-requisitos necessários verifica-se um decréscimo do número de alunos inscritos das disciplinas de Física e de Química foi parcialmente comprovada. Pois, como já referimos, professores e alunos afirmaram que os alunos, tendo possibilidade de escolher, optam pelas disciplinas de menor grau de dificuldade, fugindo assim da Física e/ou da Química.