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2. REVISÃO DE LITERATURA

3.3. Técnicas e Instrumentos de Recolha de Dados

3.3.1. O Questionamento e os Questionários

Neste estudo, a principal técnica de recolha de dados é o questionamento, utilizando como instrumento o questionário, por ser a forma mais eficaz de transformar a informação comunicada em dados passíveis de serem tratados. O questionário foi administrado a alunos de 12º ano dos cursos de Ciências e Tecnologias e aos professores do grupo de Física e Química.

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Os questionários são um instrumento de investigação que visa recolher informações a elevado número de pessoas, num espaço de tempo relativamente curto.

A administração de um inquérito por questionário neste estudo apresenta bastantes vantagens. Permite um estudo extensivo abrangendo um grande número de pessoas, facilita a organização, sistematização e análise dos resultados, permite a comparabilidade de respostas e reduz o enviesamento porque todos os alunos respondem às mesmas perguntas. Outras vantagens são o anonimato conferido a este instrumento, ajudando os alunos a exprimirem-se livremente, o facto de reduzir o tempo que é necessário despender para recolher e analisar os dados, até porque pode ser usado por vários inquiridores, nas várias escolas ao mesmo tempo e é uma das formas de os sujeitos fazerem racionalizações das suas escolhas e práticas (Oliveira, Pereira & Santiago, 2004 e Silva & Pinto, 2007).

Na elaboração de um questionário é importante ter em conta as habilitações do público-alvo, sendo necessário um conjunto de questões muito bem organizado, contendo uma forma lógica para os inquiridos, evitando as questões irrelevantes, insensíveis, intrusivas, desinteressantes, demasiado longas ou com uma estrutura demasiado confusa e complexa. Assim, as questões devem ser desenvolvidas tendo em conta três princípios básicos: Princípio da clareza (devem ser claras, concisas e unívocas), Princípio da coerência (devem corresponder à intenção da própria pergunta) e Princípio da neutralidade (não devem induzir a resposta, devendo libertar o inquirido dos juízos de valor do próprio autor).

É fundamental, também, ter especial cuidado, durante a aplicação do inquérito no que reporta à selecção dos inquiridores, à escolha do local de aplicação dos questionários, ao modo como se apresentam aos inquiridos e como os informam dos objectivos do trabalho, ao modo como aplicam os questionários, isto porque a situação de inquirição exerce sempre alguma influência nos inquiridos (Bogdan & Biklen, 1994).

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Esta metodologia apresenta também desvantagens ao não permitir o aprofundamento da informação, a introdução de novas questões, a flexibilidade de adaptação das questões à individualidade do sujeito e ainda, por permitir interpretações erróneas, por não ter significado estatístico, se realizado com pequenas amostras, e também por existir uma elevada taxa de não – respostas que dependerá da clareza das perguntas, da natureza do estudo e das habilitações literárias dos inquiridos. Relativamente à natureza do estudo, verifica-se que se esta não for de utilidade para o indivíduo, a taxa de não - resposta aumentará.

Neste estudo utiliza-se um questionário tipo misto, contendo questões abertas e fechadas. Nas questões abertas o inquirido responde como quer, utilizando o seu próprio vocabulário e fornecendo os pormenores e/ou comentários que pretender, proporcionando assim respostas de maior profundidade. No entanto, a interpretação e o resumo deste tipo de questões é mais difícil, dado que se pode obter um variado tipo de respostas, dependendo da pessoa que responde ao questionário. Nas questões fechadas, ao ser colocada a questão, é apresentada uma lista pré-estabelecida de respostas possíveis, tendo o inquirido de indicar a que melhor corresponde à resposta que deseja dar. Este tipo de questão facilita o tratamento e análise da informação, exigindo menos tempo e permitindo obter respostas comparáveis. As questões fechadas são bastante objectivas e requerem menor esforço por parte dos inquiridos (Foddy, 1996).

Construir questionários não é uma tarefa fácil, mas dedicar algum tempo e esforço na sua construção pode ser um factor favorável ao “desenvolvimento” de qualquer investigador.

Neste estudo, para a recolha de dados, procedeu-se à concepção e construção de duas formas paralelas de um questionário, uma para a amostra de estudantes do 12º ano do ensino secundário do Cursos Científico Humanísticos de Ciências e Tecnologias e outra,

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para a amostra de professores do grupo de Física e Química (510), de cada escola. Estes questionários contam com três grupos característicos de perguntas, sendo o primeiro a recolha de dados biográficos, o segundo a caracterização da escola e o terceiro, composto por um maior número de questões de resposta aberta contendo questões sobre os factores que motivam e/ou inibem a escolha das disciplinas de Física e de Química.

Assim, a primeira parte do questionário dos alunos contém questões sobre idade, género, naturalidade, agregado familiar, habilitações académicas dos pais e dos irmãos, recursos informáticos e de acesso à internet. Ainda, dados sobre a vida escolar, como os níveis frequentados na actual escola (para verificar se o facto de ter participado mais tempo na vida escolar, da escola do estudo, influencia a escolha da Física ou da Química), os motivos da escolha da escola, as relações interpessoais, as disciplinas com mais ou menos dificuldades e as preferidas, as formas de ultrapassar as dificuldades do estudo de FQ, ocupação de tempos livres, profissão pretendida e intenção de prosseguimento de estudos. Estes dados sobre a vida escolar são importantes para verificar a influência da escola e da cultura escolar nas escolhas dos alunos.

No questionário dos professores, as questões abordam idade, género, habilitações académicas, tempo de serviço e vínculo profissional e ainda, dados sobre a vida escolar como os motivos da colocação na escola, relações interpessoais, motivação e inovação na preparação das aulas, satisfação profissional e actualização de formação pois, estes aspectos, podem influenciar as suas práticas e o seu desempenho e com isso motivar, ou não, os alunos para a disciplina leccionada.

A segunda parte, que é igual nas duas formas (alunos e professores), pretende caracterizar a escola, em termos de infra-estruturas gerais, infra-estruturas específicas da área das Ciências Físicas e Químicas (onde importa saber se existem laboratórios e material adequado e suficiente à realização das actividades laboratoriais, se existem

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funcionários que prestem o devido apoio aos laboratórios) e as infra-estruturas relacionadas com as novas tecnologias, pois estas infra-estruturas são também fonte de motivação para os alunos. Neste sentido, o objectivo é saber se existem estruturas referentes às novas tecnologias para depois comparar com a prática dos professores e a respectiva utilização. Pretende ainda, averiguar o dinamismo da escola assim como, os factores promotores ou inibidores desse dinamismo, como actividades/projectos nas áreas da Física e da Química.

A terceira parte do questionário comporta um maior número de questões de resposta aberta e é idêntica nos dois tipos de questionários. Pretende procurar, de forma mais directa, as respostas a este estudo, ou seja, pretende indagar quais os factores que motivam e/ou inibem a escolha das disciplinas de Física e Química, passando por questões sobre as actividades extra-curriculares existentes, a adesão pessoal e global a estas actividades, caracterização da prática lectiva (estratégias/recursos de ensino mais utilizados nas aulas de FQA, espaços de sala de aula mais utilizados para as aulas teóricas e experimentais, frequência de utilização da componente laboratorial e das novas tecnologias, os pontos fortes e fracos das aulas de FQA). Importa frisar que estas questões sobre a prática lectiva se reportavam ao ano anterior para possibilitar um exercício de avaliação da prática lectiva e também para podermos tirar elações relativas à influência dessas práticas nas escolhas dos alunos. Porém, nesta terceira parte do questionário, as duas formas (alunos e professores) diferenciam-se em algumas questões específicas. Aos alunos, questiona-se sobre sugestões de actividades do interesse dos alunos, o que mais gostam na disciplina da área das Ciências Físicas e Químicas frequentada do 12º ano e o que os levou a escolher essa disciplina, o que fariam para convencer os alunos a escolher as disciplinas de F/Q, as qualidades do professor de FQ, a motivação/interesse pelas aulas de FQ (na linguagem comum utiliza-se o termo motivação querendo indicar o interesse

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criado perante algo, por isso neste estudo utilizaremos o termo motivação sem lhe dar qualquer conotação psicológica) e quais os factores que influenciaram as escolhas das disciplinas do 12º ano. Esta última questão reporta à totalidade das disciplinas de opção no 12º ano e não, exclusivamente, às disciplinas da área das Ciências Físicas e Químicas por estas escolhas se efectuarem também a um nível mais global. Estas questões foram colocadas no final do questionário de modo a permitir alguma reflexão sobre o assunto. A última questão reporta-se à hipótese de poder ocorrer mudança na escolha de curso após a frequência da disciplina de opção.

Aos professores questiona-se o porquê da não existência de mais actividades, a distribuição das salas para aulas laboratoriais, pede-se sugestões de acções ou estratégias a desenvolver pelos professores e pela escola para promover as disciplinas de Física e de Química e também, o que na Matriz Curricular promove ou inibe a escolha destas disciplinas. A parte final do questionário dos professores sobre a caracterização da prática lectiva só é respondida pelos docentes que leccionaram a disciplina de FQA nos últimos 3 anos pois, só estes, poderão ter sido os professores dos alunos da amostra. Pergunta-se as disciplinas leccionadas no ano anterior e no actual, pois servirão para saber quais os professores que poderão ter influenciado os actuais alunos de 12º a escolher a disciplina de Física ou de Química por terem leccionado essas disciplinas.