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5. ANÁLISE, DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

5.1. Análise Comparativa da Caracterização dos Alunos das duas Escolas

5.3.2. Os Recursos

Em ambas as escolas existe material adequado à realização de actividades laboratoriais, mas na Escola B professores e alunos são mais unânimes (60% e 55,1%, respectivamente) quanto à existência de material de laboratório em número suficiente para a realização das actividades pelos alunos. Na Escola A apenas 56,3% de professores e 37,1% dos alunos reportam a existência desse material em número suficiente. A Escola B

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está melhor equipada em termos de novas tecnologias, pois possui equipamento mais actualizado, mais acessível e em número suficiente para utilização em sala de aula.

Em termos de recursos humanos, outro factor importante para a manutenção da cultura escolar, a Escola A tem um corpo docente mais estável, isto é, com mais professores efectivos na escola há mais anos e menos professores contratados. Os professores desta escola têm também maior grau de formação académica que os da Escola B. A maioria dos professores da Escola A tem “muita” motivação para a preparação das aulas e consideram ter muita capacidade de inovação e na Escola B a maioria dos professores tem apenas “alguma” motivação e inovação, o que é responsável provavelmente por os docentes da Escola A indicarem um maior nível de satisfação profissional. Para isso, contribui também de certo a boa fama que os docentes da Escola A, afirmam que esta escola tem.

Verifica-se alguma acomodação por parte dos professores da Escola B com mais anos de serviço na Escola, daí talvez a muito fraca adesão na resposta aos questionários.

Na Escola A ficamos na dúvida quanto à existência de funcionários destacados para o apoio aos laboratórios. Existem no entanto funcionários que prestam algum ou quase nenhum apoio. Na Escola B é relatada a inexistência destes auxiliares de educação. Assim, tudo parece indiciar uma preocupação mais cuidada por parte da Escola A na manutenção do apoio aos laboratórios.

5.3.3. Cultura e Dinamismo da Escola

Como se refere na revisão de literatura “o projecto educativo é um elemento importante no reforço e uniformização da cultura escolar” (Teixeira, 1995). Por isso,

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analisámos atentamente os objectivos, prioridades e ofertas formativas mencionadas nesse documento.

Objectivos do Projecto educativo, prioridades da Escola e ofertas formativas

Nos seus objectivos e finalidades as duas escolas abordam questões importantes na área das ciências. A Escola B tem como finalidade desenvolver competências científicas e técnicas. A Escola A pretende integrar os alunos na vida escolar dinamizando projectos interdisciplinares e privilegiando a experimentação.

No campo das ofertas formativas do regime diurno notam-se algumas disparidades entre as escolas. A Escola A deixa transparecer bastante preocupação em promover a área das ciências, pois apresenta um grande leque de cursos virados para a Física, como o Curso de Educação e Formação (CEF), de nível 2, de Electricista de Instalações e os cursos profissionais de electrónica e de mecatrónica, no ensino secundário. Também a oferta de escola de 3º ciclo denota a preocupação pela área científica ao, gerir o currículo de modo a substituir a “expressão dramática” pela “educação tecnológica”. Esta escola refere também que as aulas de 90 minutos são leccionadas nos laboratórios, para facilitar a implementação de actividades laboratoriais e de investigação e que, no 3º ciclo, o tempo lectivo de 45 minutos a decidir pela escola é atribuído a CFQ no 9º Ano. A Escola B denota uma maior aposta noutras áreas, assumindo como áreas curriculares prioritárias o Português e a Matemática. As suas ofertas formativas consistem em Curso de Educação e Formação (CEF) de nível 2 de técnico-comerciais, Cursos Profissional no Ensino Secundário de secretariado, marketing, informática, gestão e apenas um curso ligado às ciências - Análise laboratorial. Esta escola no seu projecto educativo não faz qualquer referência específica às Ciências Físicas e Químicas.

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A Escola A deixa assim transparecer no seu PE, uma maior preocupação pela promoção da área científica em todo o percurso escolar (3º ciclo e secundário) optando por uma gestão curricular nesse sentido.

Sinais externos de ciência na Escola

Na observação que efectuámos às escolas estivemos atentos aos primeiros sinais visuais de ciência que pudessem gerar curiosidade nos alunos e com isso promover as disciplinas. Neste campo denota-se uma grande dissonância entre as duas escolas, pois na Escola A verificámos a existência uma estação meteorológica, logo na entrada da escola, cartazes de projectos de Física e de Química elaborados pelos alunos na disciplina de Área Projecto de 12ºAno, cartazes sobre Olimpíadas de Física, Química e Astronomia e vitrinas com material de laboratório antigo no piso de acesso principal. Já na Escola B não se destacavam nenhuns sinais de ciência no primeiro contacto visual com a Escola. Ou seja, a Escola A deixa transparecer através das suas formas de comunicação visual que é uma escola com a preocupação de promover a cultura escolar científica.

Actividades Extra-curriculares e dinamismo da escola

Em ambas as escolas, os dados dos questionários e dos documentos das escolas apontam para a existência de actividades extracurriculares relacionadas com a Física e a Química, em especial Aulas de apoio, Olimpíadas e Salas de Estudo. No entanto, a Escola A apresenta um maior leque de ofertas.

Na Escola A existe ainda:

• Clubes (Ciência Viva; Núcleo de Ciência e Tecnologia);

• Projectos (Actividades experimentais e de pesquisa; MEDEA; Master Class; Eco-Escolas);

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• Concursos (Jovens Cientistas e Investigadores; Escola − Electrão);

• Visitas de estudo (Museus de Ciência, Centros de Ciência Viva, Fábricas de produtos químicos, Universidades, Parques Naturais, Central Eléctrica);

• Semana da Ciência e Tecnologia com Exposições e Palestras (“Crime na Sala de Ensino ”; “Física de Partículas e LHC”).

Na Escola B, além das três actividades já reportadas e comuns com a Escola A, existe apenas:

• Clube de Saúde;

• Educação para a Sexualidade;

• Dia da Escola;

• Laboratórios Abertos.

A Escola A tem assim mais actividades extra-curriculares e mais actividades directamente relacionadas com a Física e a Química, o que nos faz supor que os professores deste grupo serão mais empenhados na promoção destas actividades e decorrentemente, empenhados em promover a cultura científica na escola.

No geral apenas cerca de 20% dos alunos adere a estas actividades, sendo as “aulas de apoio” a actividade com mais adeptos. A não adesão é justificada com a falta de interesse, falta de divulgação/motivação ou impossibilidade de horário.

Os alunos da Escola A gostariam de participar em actividades como Feiras de Ciência, Clubes, Laboratórios abertos, investigações, ao passo que os da Escola B, além destas, referem mais actividades nomeadamente, visitas de estudo, Concursos, Olimpíadas, Semana das Ciências, projectos científicos e palestras, o que confirma a existência de menos actividades extracurriculares na Escola B relativamente à Escola A.

Em ambas as escolas a impossibilidade de horário e a falta de espaço são apontados como os factores que impedem a realização de mais actividades.

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Ambas as escolas são consideradas pela maioria dos alunos como escolas dinâmicas. Globalmente as razões apontadas para o dinamismo são a promoção de actividades essencialmente desportivas, clubes, projectos, terem boas condições, bom ambiente e boas interacções entre a comunidade escolar. Na Escola A são também salientadas as Olimpíadas, os Laboratórios Abertos, as exposições, as palestras e os professores serem dinâmicos. Na Escola B salientam-se os passatempos, o “Dia da Escola”, as visitas de estudo e a preocupação com o rendimento escolar. Verifica-se portanto por parte da Escola A mais referências a actividades relacionadas com as Ciências, confirmando assim as intenções dos projectos educativos, já referidas anteriormente.

Os cerca de um terço dos alunos de cada escola que consideram que a escola não é dinâmica apontam as suas razões, que diferem de escola para escola. Na Escola A, os alunos referem a falta de iniciativa, a falta de organização, a falta de apoios, a falta de divulgação, a diminuição de interactividade e o desencontro de interesses entre as actividades propostas e os interesses dos alunos. Na Escola B, há essencialmente poucas actividades e projectos, falta de recursos e material de laboratório, falta de incentivos e um estado de estagnação da escola.