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2 POLÍTICAS URBANAS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

2.5 Agenda 21 Brasileira

Para a formulação da Agenda 21 brasileira elaborada segundo metodologia participativa com parceria entre governo, setor produtivo e sociedade civil, tendo em vista a implementação de diretrizes para o desenvolvimento sustentável, foram feitas propostas em seis eixos temáticos: agricultura sustentável, cidades sustentáveis, ciência e tecnologia para o desenvolvimento sustentável, gestão dos recursos naturais, infra-estrutura e integração regional, redução das desigualdades sociais. A agricultura sustentável é um novo marco conceitual em relação às práticas da agricultura moderna, que sustentam as populações essencialmente urbanas, e que tem devastado florestas para o plantio de grãos e pastagens e resultado em freqüentes solos erodidos e empobrecidos, associados à monocultura, mecanização e abrupta alteração do ecossistema local de florestas para pastagens e lavouras. A utilização excessiva de agrotóxicos tem resultado em poluição do solo, águas, ar, lençóis freáticos e com reflexos na saúde humana. A expansão da agricultura sem critérios tem implicado em prejuízos aos ecossistemas e biomas do território brasileiro. Segundo o documento “Agricultura Sustentável: subsídios à elaboração da Agenda 21 Brasileira”:

A idéia de uma ‘agricultura sustentável’ revela, antes de tudo, a crescente insatisfação com o status quo da agricultura moderna. Indica o desejo social de práticas que, simultaneamente, conservem os recursos naturais e forneçam produtos mais saudáveis, sem

comprometer os níveis tecnológicos já alcançados de segurança alimentar. Resulta de emergentes pressões sociais por uma agricultura que não prejudique o meio ambiente e a saúde (BEZERRA; VEIGA, 2000, p. 57).

O documento “Cidades Sustentáveis: subsídios à elaboração da Agenda 21 Brasileira”, ao estabelecer como tarefa para os gestores do ambiente urbano e das cidades a reorganização do sistema de gestão, denomina os novos marcos da

gestão urbana, combinando estratégias ecológicas e sociais no contexto das

cidades:

a) mudança de escala, incentivando o surgimento de cidades

menores ou de assentamentos menores dentro da grande cidade; preferência pelos pequenos projetos, de menor custo e de menor impacto ambiental; foco na ação local;

b) incorporação da dimensão ambiental nas políticas setoriais urbanas (habitação, abastecimento, saneamento, ordenação do

espaço, etc.) pela observância dos critérios ambientais para preservar recursos estratégicos (água, solo, cobertura vegetal) e proteger a saúde humana;

c) integração das ações de gestão, para criação de sinergias, a

redução de custos e a ampliação dos impactos positivos;

d) necessidade do planejamento estratégico, colocando sérias

restrições ao crescimento não-planejado ou desnecessário;

e) descentralização das ações administrativas e dos recursos,

contemplando prioridades locais e combatendo a homogeneização dos padrões de gestão;

f) incentivo à inovação, ao surgimento de soluções criativas;

abertura à experimentação (novos materiais, novas tecnologias, novas formas organizacionais);

g) inclusão dos custos ambientais e sociais no orçamento e na

contabilidade dos projetos de infra-estrutura;

h) indução de novos hábitos de moradia, transporte e consumo

nas cidades (incentivo ao uso de bicicletas e de transportes não- poluentes; incentivo a hortas comunitárias, jardins e arborização com árvores frutíferas; edificações para uso comercial ou de moradia que evitem o uso intensivo de energia, utilizando materiais reciclados);

i) fortalecimento da sociedade civil e dos canais de participação;

incentivo e suporte à ação comunitária (BEZERRA; FERNANDES, 2000, p.34).

A premissa fundamental contida no Documento “Ciência e tecnologia para o desenvolvimento sustentável: subsídios à elaboração da Agenda 21 Brasileira” assenta-se que a Agenda 21 na temática da C&T – Ciência e Tecnologia “deve-se vincular-se a uma modernidade ética, e não apenas uma modernidade técnica” (BEZERRA; BURSZTYN, 2000, p. 15). O conhecimento científico e tecnológico para superar as barreiras que irão consolidar as Cidades Sustentável, a Agricultura Sustentável, a Infra-estrutura e Integração Regional, a Gestão dos Recursos

Naturais e a Redução das Desigualdade Sociais, requer novos paradigmas para as inter-relações entre conhecimento científico, inovações, políticas públicas, prioridades da nação, para o efetivo rumo ao desenvolvimento sustentável em todas as dimensões. Segundo, BEZERRA; BURSZTYN (2000, p. 17):

A agenda 21 Brasileira da C&T como instrumento da modernidade ética deve favorecer:

1) o processo de conscientização informada;

2) a democratização do processo de tomada de decisão em C&T; 3) a prática da gestão estratégica;

4) a geração, a absorção, a adaptação, a inovação e a difusão de conhecimentos científicos e tecnológicos.

No documento elaborado na temática: “Infra-estrutura e integração regional: subsídios à elaboração da Agenda 21 Brasileira”, seus autores esclarecem que:

O papel da Infra-estrutura na promoção do desenvolvimento sustentável [...] é o de prover bens e serviços essenciais à melhoria da qualidade de vida da população, viabilizando maior inclusão dos indivíduos nos circuitos de produção, cidadania e consumo, para lhes proporcionar acesso equânime às oportunidades no espaço nacional e internacional (BEZERRA; RIBEIRO, 1999, p. 12).

A Agenda 21 com sua abordagem sistêmica é um instrumento para a Redução das Desigualdades no Brasil, através de processos de cooperação e parceria. No documento: “Redução das Desigualdades Sociais: subsídios à elaboração da Agenda 21 Brasileira”, seus autores, afirmam o seguinte:

A Agenda 21 estimula novas formas de planejamento e gestão, permitindo que tanto o governo como a sociedade potencializem o capital social existente no país, concebido em suas diversas modalidades de associativismo, emergentes do Terceiro Setor, produzindo novos atores e novas institucionalidades. Todavia, a consolidação desses novos modelos de planejamento e gestão exige a promoção das capacidades individuais e institucionais, respondendo, assim, ao difícil problema exposto pelo despreparo de indivíduos e, conseqüentemente, das instituições orientadas para fins públicos, tanto dentro como fora do Estado. Trata-se, portanto, de considerar a relevância do capital humano como fator de desenvolvimento (BEZERRA; FERNANDES, 2000, p. 16).

2.6 Diretrizes básicas do Estatuto da Cidade para implantação de instrumentos