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7 RESULTADOS DOS OBJETIVOS ESPECÍFICOS E CHECK LIST PARA ATENDER OBJETIVO GERAL

8.1 Conclusão dos objetivos propostos

Na pesquisa realizada “Gestão pública e políticas urbanas para cidades sustentáveis: a ética da legislação no meio urbano aplicada às cidades com até 50.000 habitantes”, os objetivos específicos do trabalho foram atingidos como demonstra o quadro com conclusões abaixo:

Quadro 5: Conclusões dos objetivos específicos propostos

Objetivos específicos Conclusão

Avaliar a importância da gestão pública e das políticas urbanas para o desenvolvimento sustentável de uma cidade.

A gestão pública e as políticas urbanas são importantes para conduzir o processo de gerenciamento das cidades, desde que, baseadas na gestão democrática e integradas com as políticas das demais instâncias com foco para a qualidade de vida dos assentamentos humanos conjugadas com preservação e recuperação do meio ambiente e sua biodiversidade.

Identificar parâmetros necessários a sustentabilidade municipal urbana e rural

A sustentabilidade urbana e rural, para que o homem possa prover suas necessidades materiais e não materiais aliada à proteção e recuperação da biodiversidade, basicamente decorre da: produção e consumo sustentáveis; práticas e tecnologias sustentáveis; políticas municipais integradas com políticas de proteção das bacias hidrográficas; controle do crescimento da população e distribuição espacial de forma a garantir o direito à terra urbana, habitação, infra-estrutura, serviços públicos, trabalho, educação e lazer para as atuais e futuras gerações em equilíbrio com a natureza.

Analisar o valor da ética normativa e como justificar as políticas de um Município através de instrumentos normativos como o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Rural, com base na visão holística do sistema – a ética ecológica profunda e a ética ambiental.

A ética normativa orienta o comportamento de uma sociedade, devendo ser conduzida através da gestão democrática com avaliação permanente das normas com base nos novos conceitos, necessidade de adequação, tecnologias sustentáveis e principalmente, a percepção do indivíduo e suas responsabilidades para a continuidade da vida.

Verificar a percepção de atores de municípios com até 50.000 habitantes envolvidos nos poderes públicos ou na sociedade organizada nas questões sobre o trinômio: cidades sustentáveis- políticas urbanas-gestão pública.

Os atores entrevistados percebem a importância da gestão democrática com todos os atores de um Município para efetiva participação na gestão pública e elaboração e implementação das políticas urbanas visando cidades menores sustentáveis integradas com as cidades maiores baseados em princípios éticos sistêmicos (universal).

Propor um Modelo de avaliação da ética incorporada aos planos diretores

O modelo de avaliação na forma de check list facilita a análise da ética dos Planos Diretores para cidades com até 50 mil habitantes, devendo ser atualizado e complementado sempre que houver necessidade ou situações peculiares.

Para o desenvolvimento dos aglomerados urbanos em cidades sustentáveis inseridas num ambiente sustentável, depende-se unicamente do elemento humano, das ações de todos os homens, mulheres, crianças de uma sociedade, de um país e por fim de todo o planeta. A vida é composta por uma rede de relações e cidades também são interligadas na rede de relações inter-pessoais da vida humana que envolvem relacionamentos sociais, familiares, culturais, econômicos, institucionais, além das relações entre meio rural e urbano para atendimento das necessidades básicas da sobrevivência, como apresenta a figura abaixo.

Figura 18: Cidades menores e maiores são interdependentes e interconectadas.

A interdependência das cidades menores com as cidades maiores ocorre em regiões, nas nações e no planeta como um todo. E aqui, lembra-se as palavras de John Maynard Keynes, um dos fundadores do Banco Mundial, referente às relações entre as nações:

Simpatizo, portanto, com aqueles que minimizem, e não com os que maximizem o entrelaçamento econômico entre as nações. Idéias, conhecimento, arte, hospitalidade, viagens – estas são as coisas que deveriam, por sua natureza, ser internacionais. Mas deixe-se que as mercadorias fiquem no âmbito doméstico sempre que isto for razoável e possível; e, acima de tudo, deixe-se que as finanças sejam primariamente nacionais (apud CAVALCANTI, 2001, p. 192).

A legislação com as políticas para o desenvolvimento sustentável de um núcleo urbano, além de privilegiar políticas locais, deverá atender às necessidades de recuperação e preservação das bacias hidrográficas onde estiverem inseridas e com conteúdo que privilegiem questões universais, de proteção dos elementos naturais e recuperação dos danos causados até a atualidade, onde somente no século XX ocorreram devastações sem precedentes na história da humanidade.

Municípios onde as sedes urbanas têm menor ocupação espacial são menos problemáticos para a resolução dos problemas atuais e ainda assim de difícil consecução por haver necessidade de atores públicos e privados esclarecidos na problemática ambiental atual em que o mundo se encontra e comprometidos em resolver desde os menores problemas, a partir do seu cotidiano. É a ética no cotidiano das pessoas.

Os profissionais do planejamento urbano e demais gestores públicos devem repensar a forma de gerenciar a cidade – novos paradigmas – levando em consideração, além da qualidade de vida da população, a continuidade da vida para as gerações atuais e futuras e serem comprometidos em analisar os danos que qualquer obra ou intervenção urbana possam gerar no meio ambiente.

Todas as políticas devem ser interligadas, pois todas sofrem influências simultâneas, como apresenta a figura abaixo: cada uma delas em sua hierarquia possui seus instrumentos: políticas mundiais como a agenda 21, pactos entre as nações como o protocolo de Kioto; políticas nacionais (constituição, leis específicas, estatuto da cidade, Agenda 21 Brasileira); políticas estaduais (constituição estadual); políticas regionais (gerenciamento das bacias hidrográficas) e políticas municipais (Lei Orgânica, Plano Diretor, Leis Complementares, Agenda 21 Local, Indicadores de monitoramento de todas as dimensões, em especial, do estado do meio ambiente).

Figura 19: Planeta, Nações, Estados e Municípios interferem e sofrem influências simultâneas.

O desenvolvimento de cidades sustentáveis depende basicamente e universalmente de uma gestão democrática alicerçada em princípios éticos. Princípios éticos para uma nova percepção dos homens de uma visão da vida que se fundamenta em princípios cíclicos, de relações. Sem isso não haverá gestão democrática e, muito menos, justiça social, eficiência econômica e equilíbrio ambiental, objetivos da Agenda 21, documento consensual entre 178 países para o desenvolvimento sustentável.