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2 POLÍTICAS URBANAS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

3 CIDADES E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

3.11 Indicadores locais

Indicadores locais são dados ou informações da situação existente numa dada cidade, município, região. Levantar os condicionantes, potencialidades e deficiências existentes em todas as dimensões são ferramentas que possibilitam avaliar se as medidas, políticas, ações estão atingindo o objetivo de tornar uma cidade ou todo o território do Município com melhor qualidade de vida para seus habitantes. Qualidade de vida para seus habitantes, não somente vistos do lado humano, mas também, equilíbrio do aglomerado em relação ao meio natural e todas suas formas de vida.

A construção de índices locais depara-se com o agravante da precária base de dados municipais. Além disso, um conjunto de indicadores construídos para uma cidade pode não captar as desigualdades existentes entre os bairros (que costumam ser profundas em nosso país), bem como não revelar as imensas diferenças de classe o interior da cidade (encobrindo o consumo excessivo e arrogante dos mais ricos) (CECCA, 2001, p. 31).

Os indicadores locais, aliados com os indicadores conhecidos, como o IDH-M e do IBGE, complementam o processo de comparar as melhores situações existentes em outros municípios ou encontrar melhores alternativas para a solução dos problemas de uma comunidade por meio do acompanhamento sistemático e contínuo no tempo de todo o conjunto de indicadores levantados, compilados e analisados.

Podemos ter indicadores para diversas questões, como: indicadores de qualidade de vida, indicadores sociais, indicadores de sustentabilidade, entre outros. No entanto, indicadores de sustentabilidade mostrarão a realidade municipal em todas as dimensões, necessárias para o planejamento urbano e rural.

Os indicadores de sustentabilidade são o produto do sistema de informação amplo de uma sociedade, devendo expressar os valores que a sociedade coloca em aspectos sociais, ambientais e econômicos do desenvolvimento sustentável ou da qualidade de vida, nos níveis local, nacional e internacional (CAVALCANTI, 2001, p. 174).

Ações locais desenvolvidas por agentes que provocam mudanças com o objetivo de auxiliar a comunidade na sensibilização e construção de uma consciência social e ambiental para a melhoria da qualidade de vida estão ocorrendo cada vez mais no mundo todo, através de ONGs, Conselhos, Fóruns, entre outros.

Os indicadores embora sejam importantes para o acompanhamento da realidade local em diversos momentos, não terão efeito nenhum se não houver ações concretas para melhorar ou potencializar cada uma das áreas na busca de melhor qualidade de vida. O levantamento de dados e o diagnóstico de cada um dos indicadores deve ser permanente e contínuo, preferencialmente, com uma periodicidade anual.

O desenvolvimento de indicadores de sustentabilidade é um processo social. A participação substantiva da sociedade civil é aí crucial para estabelecer-se um conjunto socialmente identificado de problemas, objetivos e soluções. Os sistemas de informação e as instituições sociais [...] deveriam facilitar esse processo, suprindo dados, desenvolvendo indicadores e dando publicidade a objetivos de sustentabilidade socialmente determinados (CAVALCANTI, 2001, p. 178).

Quais indicadores podem ser levantados para o monitoramento da qualidade de vida ou da sustentabilidade de um dado local (cidade ou município)?

No Município de Medianeira, com a criação do primeiro Fórum de Desenvolvimento do Paraná – FOPEM, que possui como objetivo geral, promover o desenvolvimento integrado de Medianeira e região, o Fórum elaborou um conjunto de indicadores que serão anualmente levantados para auxiliar a comunidade a obter uma visão geral da realidade atual e buscar com isso a melhoria da qualidade de vida. Esse conjunto de indicadores, que poderão ser complementados e/ou modificados conforme a necessidade, são divididos da seguinte forma:

Dimensão econômica: (renda per capita; percentual de transformação na agroindústria).

• Dimensão social: educação (tempo de permanência na escola; percentual de analfabetismo do eleitorado; percentual de evasão escolar; vagas ofertadas/treinados (cursos de capacitação); número de alunos universitários; taxa de investimento na educação), saúde (coeficiente de mortalidade infantil; percentual de gravidez precoce entre o número de nascimentos; coeficiente de mortalidade por infarto; percentual da população atendida pelo médico da família), segurança (número de acidentes de trânsito; relação de policial militar por habitantes; índice de criminalidade juvenil), cultura (número de eventos culturais), desenvolvimento social (índice de desemprego; taxa de favelamento).

• Dimensão ambiental (percentual de residências atendidas com esgoto; percentual de lixo reciclado; consumo per capita de água tratada; percentual de área reflorestada).

Dimensão infra-estrutura (metros per capita de área de lazer e prática de esportes; percentual de pavimentação da área urbana).

• Dimensão político/institucional (taxa do déficit público; investimento da união e estado no município).

• Dimensão científico/tecnológico (número de pessoas trabalhando em pesquisa e desenvolvimento).

A vantagem na elaboração de indicadores locais constantemente atualizados colabora no desenvolvimento local com a formação de redes de parcerias na comunidade organizada que se propõe a entender e modificar a realidade local. Isso ocorre a partir da percepção de um problema e das necessidades de mudanças para a busca da ação pró-ativa por parte de seus agentes.

No desenvolvimento local a formação de uma rede de parceiros é fundamental para o processo. [...] Quando uma comunidade está organizada, ela tem condições de dar soluções aos seus problemas, e aproveitar suas potencialidades, pois é ela quem mais conhece a sua própria realidade. Os principais parceiros locais são: lideranças comunitárias, empresariais e políticas, clubes de serviço, associações, dirigentes de entidades e igrejas, e qualquer pessoa que tenha interesse em melhorar a condição de vida do seu município. O resultado desejado, para a comunidade, é o fortalecimento do capital social, para a busca da melhoria da qualidade de vida da população local, através da mobilização das forças vivas da comunidade (SEBRAE-PR, 2004).

Elencar indicadores específicos, além dos indicadores comumente levantados e de acordo com a realidade de cada município e suas sedes urbanas corrobora a análise de uma situação local e espelha as necessidades reais de cada comunidade. Analisando os indicadores locais levantados pelo Fórum de Desenvolvimento de Medianeira, na dimensão ambiental, considerando o estado do meio ambiente local, somente um indicador do Fórum (percentual de área reflorestada) contribui para essa análise. Portanto, devem ser levantados novos indicadores para monitoramento adequado do estado natural do município como um todo. Como, por exemplo:

• Água: qualidade da água na captação da estação de tratamento de água (ETA), saída da estação de tratamento de esgoto (ETE) e em todos mananciais do município; consumo de água; estado das nascentes; áreas de preservação de mananciais (conforme normas ambientais) florestadas ou não.

• Ar: qualidade do ar em várias regiões do Município (áreas urbanas e rurais). • Solo: estado do solo - qualidade do solo; focos de erosão, acidificação, áreas

de encostas protegidas ou não (florestadas); produtividade do solo por tipo de grão (alimentos); quantidade utilizada de fertilizantes, agrotóxicos e pesticidas no município e por área plantada.

• Energia: consumo de energia; energia renovável.

• Uso do solo: focos de poluição local; percentual de área urbana (perímetro urbano); percentual de área plantada (agricultura); percentual de área de pastagens; percentual de áreas de preservação ambiental ou protegidas ou não; percentual de áreas florestadas (matas virgens e reflorestadas por tipo de vegetação)

• Recursos naturais: quantidade de matéria prima retirada em solo municipal e/ou adquirida de fora (tipo); recuperação de áreas degradadas.

• Resíduos: coleta - quantidade coletada de lixo orgânico, quantidade coletada de lixo reciclável (por tipos), compostagem doméstica, lixo hospitalar, lixo de demolição e construção (entulhos); tratamento de esgoto.

• Políticas: diretrizes prioritárias para preservação e recuperação do meio ambiente natural; práticas sustentáveis.

• Atores: percentual da população envolvida nas questões ambientais.

Estas informações em geral, podem ser levantadas em todas as comunidades, que poderão variar conforme peculiaridades locais. Todavia, exigem uma constante atualização da base de dados do Município.

Na maioria das cidades quando se fala de qualidade de vida ou da sua ausência, associam-se elementos ambientais como: áreas verdes, poluição do ar e das águas, ruído, tratamento de lixo e esgoto. Evidentemente todos estes aspectos são também fundamentais para qualquer avaliação da situação atual ou futura do nosso município; no entanto, dadas as suas particularidades, deveríamos levar em conta outros dados como a ampliação ou redução de áreas protegidas, recuperação de ecossistemas degradados, particularmente a recuperação das encostas e dos mananciais, a situação da diversidade dos ecossistemas locais e a preservação do visual paisagístico. Também as mudanças dos serviços sócioambientais básicos, como coleta e tratamento dos resíduos sólidos e dos esgotos são, determinantes para a avaliação da qualidade de vida urbana. Por outro lado, a evolução das políticas institucionais de meio ambiente [...] principalmente no que se refere a políticas urbanas de planejamento e infra-estrutura, permitem avaliar como a questão ambiental é tratada institucionalmente. Outro indicador fundamental é o grau de comprometimento e participação direta dos moradores na resolução dos problemas urbanos e ambientais do bairro ou da cidade (CECCA, 2001, p. 38).