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7 RESULTADOS DOS OBJETIVOS ESPECÍFICOS E CHECK LIST PARA ATENDER OBJETIVO GERAL

7.1 Apresentação dos resultados dos objetivos específicos

Na pesquisa realizada “Gestão pública e políticas urbanas para cidades sustentáveis: a ética da legislação no meio urbano aplicada às cidades com até 50.000 habitantes”, os resultados dos objetivos específicos foram compilados nas seções deste capítulo:

7.1.1 Resultados do objetivo específico: Avaliar a importância da gestão pública e das políticas urbanas para o desenvolvimento sustentável de uma cidade.

§ Normas de conduta universais para todos o atores da sociedade.

§ Coordenação e orientação no processo da elaboração e implementação das políticas, planos, ações, projetos.

§ Políticas internacionais, nacionais e estaduais/regionais integradas com as políticas locais. Agenda 21 versus Estatuto da Cidade, Gerenciamento de Bacias Hidrográficas e Planos Diretores dos Municípios.

§ Conduzir, na instância local, o processo de adaptação das pessoas aos novos hábitos de consumo e produção sustentáveis.

§ Preservação e recuperação do meio ambiente natural e sua biodiversidade. § Instituição da gestão democrática da cidade; co-gestão dos demais atores da

§ Plano Diretor de desenvolvimento urbano na regulação dos limites de crescimento, densificação, uso do solo, proteção de áreas naturais.

§ Estabelecimento de prioridades no tocante à política de investimentos urbanos.

§ Informação, comunicação e educação aos atores da comunidade no processo da gestão democrática.

§ Novas políticas para mudança na economia em conformidade às necessidades globais de proteção do meio ambiente natural.

§ Força política para mudar paradigmas e adoção de tecnologias sustentáveis. § Eqüidade e justiça social.

§ Qualidade de vida nos assentamentos urbanos. § Soluções locais com efeitos globais

7.1.2 Resultados do objetivo específico: Identificar parâmetros necessários a sustentabilidade municipal urbana e rural.

§ Função social da cidade.

§ Educação ambiental ou eco-alfabetização.

§ Bioconstrução ou Eco-arquitetura: novos hábitos de moradia. § Lazer, Saúde, Saneamento, Trabalho.

§ Utilização de meios de transportes coletivos e não poluentes.

§ Proteção e conservação dos mananciais e todas as fontes de água. § Proteção do solo, do ar, dos recursos naturais e da biodiversidade. § Proteção da fauna e da flora.

§ Consumo reduzido de energia e de recursos naturais. § Energias alternativas, limpas e renováveis.

§ Práticas e tecnologias sustentáveis. § Agricultura ecológica ou orgânica.

§ Políticas urbanas e gestão pública integradas com os atores da sociedade. § Gestão Democrática.

§ Planos Diretores e urbanismo em conformidade com o conceito de desenvolvimento sustentável.

§ Limites do crescimento das cidades. § Respeito à biodiversidade

§ Cidades menores ou assentamentos menores dentro das grandes cidades. § Concentração humana e densidade apropriados com os recursos disponíveis

localmente.

§ Controle do crescimento da população. § Distribuição espacial.

§ Proximidade das cidade menores, com as cidade médias e maiores, no intercâmbio de idéias, informações, conhecimento, tecnologias, culturas – cidades são interligadas e interconectadas.

§ Monitoramento e acompanhamento da sustentabilidade das cidades através de indicadores de qualidade e de sustentabilidade ambiental, social, econômica, espacial, institucional.

7.1.3 Resultados do objetivo específico: Analisar o valor da ética normativa e como justificar as políticas de um Município através de instrumentos normativos como o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Rural, com base na visão holística do sistema – a ética ecológica profunda e a ética ambiental.

§ A ética normativa e em consonância com os princípios cíclicos da natureza, conduzirá a sociedade na adoção de novos paradigmas, valores, costumes e modos de viver.

§ Políticas urbanas e gestão pública sustentáveis. § Gestão democrática.

§ Avaliação permanente das normas utilizadas para as políticas urbanas e ações da gestão pública, com base nos novos conceitos, necessidades de adequação, novas tecnologias sustentáveis.

§ Participação da população no respeito às normas universais, dependerá de mudanças de percepção do papel do indivíduo e suas responsabilidades para a continuidade da vida.

7.1.4 Resultados do objetivo específico: Verificar a percepção de atores de municípios com até 50.000 habitantes envolvidos nos poderes públicos ou na sociedade organizada nas questões sobre o trinômio: cidades sustentáveis-políticas urbanas-gestão pública.

§ Intervenções nos Municípios com cidades menores, mas integradas às cidades maiores.

§ Planejamento urbano das cidades menores para evitar os problemas existentes nos grandes aglomerados urbanos.

§ Limitação do crescimento populacional, aliada a educação quanto ao planejamento familiar responsável, controle de natalidade com planejamento familiar, educação para entender o processo cíclico da natureza, resolução dos problemas ambientais, melhor distribuição da população no território. § Principais problemáticas que devem ser priorizadas: escassez e poluição das

águas; poluição dos solos; poluição do ar; superpopulação; resíduos sólidos. § Concordam com a importância do Plano Diretor no planejamento de uma

cidade ou organização de todo o município, de forma geral, os atores entrevistados esclareceram que o Plano Diretor ordena e disciplina o crescimento e o desenvolvimento de uma cidade para evitar problemas ambientais.

§ A maioria entende as dimensões necessárias que integram o conceito de desenvolvimento sustentável e da necessidade de preservar o meio ambiente para as atuais e futuras gerações.

§ Os atores desconhecem em sua maioria os indicadores de sustentabilidade do IBGE, mas são unânimes em conhecer o IDH-M e da necessidade em utilizar outros indicadores a serem levantados e pesquisados no próprio município para avaliar e monitorar as questões ambientais.

§ Integração de normas – legislação federal, estadual, regional, municipal, com indicadores e sistemas de gestão ambiental para a gestão ambiental do Município.

§ Políticas para o desenvolvimento sustentável do Município devem contemplar as pesquisas de ponta com novas técnicas para produção de acordo com os princípios da natureza.

§ Normas que regulamentam o desenvolvimento, como o Plano Diretor, exigidos pela Constituição Federal e o Estatuto da Cidade, devem ser passar por uma análise se elas são boas ou más (na visão ética) para visar o desenvolvimento sustentável da cidade.

§ A legislação é o instrumento mais utilizado pelos atores entrevistados para agir em questões ambientais.

§ A legislação deve visar o desenvolvimento sustentável e precisa ser aprimorada, atualizada e revisada constantemente.

§ O gestor público tem papel importante na elaboração das políticas para o desenvolvimento sustentável.

§ Necessidade da adoção de princípios éticos na formulação e implementação de políticas.

§ Necessidade das políticas como norma de conduta da sociedade.

§ Resultados das ações para o desenvolvimento sustentável devem ser compromisso universal e ter benefícios universais, adequada à realidade espacial, social, econômica e ambiental do município.

§ O principal destaque da percepção dos atores, é a necessidade de consenso com todos os atores da sociedade - importância da participação de todos os agentes do município para sucesso na implementação das políticas elaboradas de forma consensual.

7. 2 Atendimento ao quinto objetivo específico: Propor um Modelo de avaliação da ética incorporada aos planos diretores.

Após as pesquisas e entrevistas realizadas para concluir o atendimento ao objetivo geral do trabalho: “Trazer subsídios para a análise ética das diretrizes do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Rural de Municípios com até 50.000 habitantes, de acordo com a ética ecológica profunda e com os princípios para o desenvolvimento de uma cidade sustentável” propõe-se um modelo de avaliação da ética incorporada aos planos diretores.

A ética é subjetiva e difícil de ser mensurada, mas pode ser avaliada dialeticamente, como propõe Vazquez, nos critérios de justificação abordados no capítulo sobre Ética e Desenvolvimento Sustentável. As características universalistas são estabelecidas no Modelo de avaliação da ética incorporada aos

planos diretores que será apresentado na forma de um check list (lista de verificação) como um instrumento para oferecer um resultado rápido na avaliação de Planos Diretores de Municípios com até 50.000 habitantes.

O check list consiste numa listagem de perguntas simplificadas para analisar se as diretrizes do Plano diretor de desenvolvimento urbano e rural de um Município com até 50 mil habitantes estão de acordo com a ética ecológica profunda e com os princípios para o desenvolvimento de uma cidade sustentável.

A aplicação do check list pode ser realizada por qualquer agente do processo de gestão democrática, podendo ser ator da gestão pública, profissional na área de urbanismo ou da sociedade em geral.

O check list, apresentado nas duas páginas seguintes, contém 44 perguntas, subdividas em 10 seções. As 5 primeiras seções foram baseadas nos cinco critérios de justificação dos juízos morais comentados no capítulo sobre Ética e Desenvolvimento Sustentável.

As perguntas, mesmo quando a resposta for positiva ou negativa podem ser analisadas e suas considerações poderão servir para melhorias contínuas nos Planos Diretores elaborados recentemente ou com vistas a facilitar a revisão de Planos Diretores existentes para o desenvolvimento de cidades sustentáveis.

Quadro 4: Check list para avaliar a ética dos Planos Diretores

continua

Modelo de avaliação da ética incorporada aos planos diretores Municípios com até 50.000 habitantes

Check list Folha nº 1

contemplado Aspectos a serem analisados

sim não Considerações I – Questões sociais

1. A norma atende às necessidades e interesses sociais da comunidade?

2. Normaliza a função social da propriedade?

3. Promove a educação ambiental ou eco-alfabetização e todas as formas de educação para esclarecer a população? 4. Assegura o direito à terra urbana, habitação, infra-

estrutura, serviços públicos, trabalho, educação e lazer para as atuais e futuras gerações em equilíbrio com a natureza? II – Questão prática

5. A norma é adequada às condições do Município como um todo?

III – Questão Lógica

6. A norma é coerente com as demais normas existentes? IV – Questão científica

7. A norma é baseada no conhecimento científico de ponta existente?

V – Questão dialética

8. No atual nível evolutivo do homem, a norma possui

conteúdo favorável para a realização de uma norma superior e universal?

VI – Questões ambientais

9. Estabelece prioridades para impedir a poluição e a escassez das águas doces nas suas diversas fontes (rios, nascentes, aqüíferos)?

10. Condena a poluição dos solos? 11. Impede a poluição do ar?

12. Restringir implantação de atividades agressivas em locais sensíveis?

13. Monitorar atividades de mineração?

14. Promove a recuperação de áreas degradadas? 15. Limita o desmatamento?

16. Determina o reflorestamento de áreas frágeis, encostas, áreas de preservação de mananciais e um percentual mínimo no município?

17. Controla áreas naturais para manter a biodiversidade local?

18. Cria novas áreas de preservação permanente? VII – Questões rurais

19. Coíbe a degradação do solo?

20. Monitora a vazão dos mananciais no uso agrícola para irrigação?

21. Controla o uso de agroquímicos? 22. Incentiva a agricultura orgânica?

Quadro 4: Check list para avaliar a ética dos Planos Diretores

conclusão

Modelo de avaliação da ética incorporada aos planos diretores Municípios com até 50.000 habitantes

Check list Folha nº 2

contemplado Aspectos a serem analisados

sim não Considerações VIII – Questões urbanas

24. Controla o crescimento da cidade, estabelecendo os limites urbanos, rurais e de proteção ambiental?

25. Monitora a densidade de acordo com a infra-estrutura e os serviços públicos disponibilizados e sem prejuízos ao meio ambiente natural?

26. Possui políticas, através da educação, para estabilizar o crescimento da população?

27. Estabelece normas edilícias para a bioconstrução? 28. Orienta a utilização de energias limpas e renováveis? 29. Prioriza o reaproveitamento e reciclagem dos resíduos? 30. Incentiva o uso de transportes não poluentes?

31. Promove uma distribuição espacial mais heterogênea facilitando moradias e atividades afins entre si?

IX - Questões econômicas

32. Estabelece sistemas de produção e consumo sustentáveis?

33. Exige que os custos ambientais sejam de responsabilidade de quem produz?

34. Limita emissões nas águas, no ar e no solo?

35. Incentiva a pesquisa para criação ou uso de práticas e tecnologias sustentáveis?

36. Orienta para a aplicação de SGA – Sistemas de Gestão Ambiental em todas as atividades de produção?

37. Cria incentivos fiscais para manter áreas florestadas, além das reservas legais?

X - Políticas e gestão

38. As políticas do Plano Diretor são integradas com as políticas municipais, regionais (gerenciamento de bacias hidrográficas), políticas estaduais, nacionais (Constituição Federal, Estatuto da Cidade e Agenda 21 Brasileira) e mundiais (Agenda 21 e Tratados Internacionais)?

39. As políticas privilegiam todas as dimensões do conceito de desenvolvimento sustentável (social, ambiental,

econômica, espacial e institucional)?

40. Regulamenta a gestão pública na forma de elaborar as políticas e implementar a legislação?

41. Adota a gestão democrática na elaboração e implementação das políticas?

42. Estabelece a constante revisão das normas para adequação às mudanças necessárias no tempo? 43. Assegura o constante monitoramento através de indicadores de desenvolvimento sustentável local?

44. Promove o intercâmbio de idéias, práticas e tecnologias para qualidade de vida da população aliada à proteção da biodiversidade?

8 CONCLUSÃO

Espera-se que cada vez mais pessoas se sintam responsáveis pelos alimentos e produtos que consomem, pelas atividades que, geralmente, geram ônus somente ao meio ambiente, pela qualidade de vida das atuais gerações, pela preservação e recuperação da biodiversidade do planeta, pela águas limpas, pelo ar puro, pelos solos não contaminados, pelo respeito às todas formas de vida e às futuras gerações humanas. Que elas possam usufruir o que nós ainda podemos usufruir. Foram as pessoas do século XX que colaboraram em acelerar o processo de degradação ambiental, principalmente, os países industrializados e são as pessoas que vivem no século XXI que necessitam reverter e desacelerar o processo de exaustão, para que a própria natureza consiga assimilar e recuperar os ecossistemas formando um planeta sustentável novamente.

Não existe meio-termo. O desafio é construir uma economia sustentável ou continuar com nossa economia insustentável até seu declínio. Não é um objetivo negociável. De uma forma ou de outra, a escolha, que afetará a vida na Terra por todas as gerações futuras, terá que ser feita por nossa geração (BROWN; FLAVIN; FRENCH, 2000, p. 21).